EDITORIAL
Obama só atestou o que os brasileiros já percebiam
Quando o presidente norte- americano, Barack Obama, e sua família levantaram voo, ontem pela manhã, deixaram para trás um Brasil diferente do que existira até a chegada da comitiva, no sábado. Após o histórico pronunciamento feito no palco do Teatro Municipal, no domingo, Obama mostrou aos brasileiros um país que talvez já sentissem, mas que agora foi legitimado pelo mais alto mandatário dos Estados Unidos.
Há muito, nossos indicadores econômicos nos colocam num patamar entre as maiores economias do mundo. A redução das desigualdades sociais nas últimas décadas nos permite esperanças de que nosso Índice de Desenvolvimento Humano logo corresponda à pujança do crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro.
A descoberta de quantidade impensável de petróleo na camada do pré-sal, aliada aos nossos rios e florestas, coloca o Brasil na dianteira na corrida para um futuro onde a carência e o esgotamento de recursos são palavras de ordem.
Dessa forma, o simpático discurso de Obama mostrou que os Estados Unidos sabem que não podem dispensar um parceiro como o Brasil, alçado agora à categoria sênior nas mesas de negociações.
Disse bem o presidente dos EUA que o Brasil já deixou de ser o país do futuro e apresenta possibilidades concretas de tornar-se um dos líderes mundiais já no presente.
A vaga no conselho de segurança da Organização das Nações Unidas é questão de tempo. E os americanos querem que estejamos sentados, a seu lado, também ali.
SERVIÇOS PÚBLICOS
Guarulhos e o caos aeroportuário
Humberto Viana Guimarães - Engenheiro civil e consultor
"A rodoviária do Rio está muito melhor que o aeroporto (Tom Jobim). Ele é uma vergonha para o povo do Rio de Janeiro”. Quem disse essa frase foi o governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, durante a inauguração da 14ª UPP, no Morro São João, conforme publicado neste Jornal do Brasil, na edição de 31 de janeiro (“Aeroporto Tom Jobim é uma vergonha para o povo do Rio, diz Cabral”).
Por certo, o governador fluminense não tem utilizado o Aeroporto André Franco Montoro, também conhecido como Cumbica, em Guarulhos. Pois, a rodoviária da cidade de São Paulo, também, está muito melhor do aquele terminal aeroviário. Estou falando do aeroporto da quarta maior aglomeração urbana do mundo e da cidade que detém 13% do PIB nacional.
Para que não fique dúvida a respeito da minha afirmação, relato aos leitores a experiência por mim vivida no dia 13/02/11, um domingo. O meu voo da American Airlines que vinha de Dallas (Texas) pousou exatamente às 9h45. As demonstrações da deficiência aeroportuária começaram a seguir.
Quando cheguei à área de controle de passaportes, o salão já estava lotado e a fila a perder de vista. O problema é simples de explicar: não há espaço físico para que se possam colocar mais guichês para a Polícia Federal – o aeroporto está totalmente saturado –, e o pessoal faz o que pode. Soma-se a esse desconforto o fato de que o ar-condicionado não estava funcionando plenamente, e o calor aumentava à medida que chegavam mais voos! Depois de uma hora em pé e com passageiros já na escada, não restou outra alternativa à PF: um agente, educadamente, avisou aos passageiros brasileiros que abrissem o passaporte na folha onde estava o retrato para uma vistoria simples (os passageiros estrangeiros continuaram amontoando-se).
Quando cheguei à área para retirar a minha bagagem, a situação era simplesmente caótica, para ficar nesse adjetivo. As esteiras superlotadas e travando devido ao excesso de volumes, bagagens caindo pelo chão e somente dois funcionários para tentar pôr ordem na situação. Tendo em vista o tempo que havia passado no controle de passaportes, a minha mala já havia sido retirada da esteira e colocada junto às demais (além de etiqueta, utilizo outras formas de reconhecimento).
Na sequência, passei na Aduana para a declaração de bagagem. Mais outra fila interminável, e o calor aumentando, pois ali, também, o ar-condicionado estava capenga. O que mais se ouvia era: 1º) Uma pergunta: “Como o Brasil vai fazer a Copa do Mundo e a Olimpíada, com esse caos?”; e 2º) Uma afirmação: “Perdi a minha conexão”.
Em se falando de conexão, a minha era para Salvador, mas às 17h. De qualquer forma, dirigi- me ao check-in da Gol. A funcionária disse-me que havia um voo às 14h e disponibilidade... mas eu teria que remarcar o bilhete na loja da empresa, onde havia somente uma funcionária e outra longa fila. Desisti de remarcar a passagem e voltei para o guichê anterior, onde a mesma funcionária, gentilmente, remarcou o bilhete.
Entrei imediatamente para o embarque doméstico e, depois de quase três horas em pé, finalmente, sentei! Com quase 61 anos de idade, só aguentei o tranco, porque tenho boa saúde, pratico exercício físico e, acima de tudo, já não me estresso com a incompetência generalizada das nossas autoridades.
Na seção Cartas desse JB, do dia 11/03/11 (pág. 3), o leitor Roberto Castro (SP) referindo-se às “manifestações de clientes” da Infraero, na qual 661 (3,01%) eram de elogios, definiu com extrema competência o panorama: “Deve ser proveniente dos usuários de jatos executivos ou dos jatinhos da FAB”. Acrescentaria algo mais: são das autoridades e de seus apaniguados que utilizam os passaportes diplomáticos.
Solução existe. Privatizem a Infraero. O governador Sérgio Cabral deu o tom: “Acho que o governo brasileiro não tem que gastar dinheiro investindo em infraestrutura aeroportuária. Em todos os lugares do mundo, este investimento vem do setor privado. O Estado brasileiro tem que receber recursos do lucro das empresas que vão explorar os aeroportos”.
INFORME JB
Leandro Mazzini
Mapa do risco
Um desastre natural que mexesse com a estrutura das usinas de Angra colocaria em risco pelo menos 1 milhão de moradores nas cidades de um raio de 100 quilômetros no estado. É um dos temas que serão debatidos no Senado esta semana.
FONTE: JORNAL DO BRASIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário