CONSELHO DE SEGURANÇA
Dilma não admite Brasil fora de conselho
MANAUS – Um dia após o presidente americano Barack Obama ter deixado o Brasil, depois de uma visita em que disse ter “apreço” pela campanha em torno de o País ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), a presidente Dilma Rousseff disse ontem que não considera “concebível” a nação ficar de fora do organismo. Para Dilma, o aceno de Obama é visto como um reconhecimento de que o Brasil “tem um papel a cumprir nessa área”.
“Não existirá um conselho da ONU reformada sem alguns países importantes, como a Índia e o Brasil, que são países continentais, com enorme população. Hoje somos a sétima economia, daqui a pouco seremos a quinta, a quarta. Não é concebível uma ONU reformada sem o Brasil”, declarou Dilma, em Manaus, depois de lançar um programa de prevenção e combate ao câncer de colo do útero e de mama.
Ainda sobre a visita do presidente americano, Dilma lembrou dois acordos firmados entre Brasil e Estados Unidos, um na área científica e outro de caráter educacional. Com a ressalva de que são dois países com posições comuns e também divergentes, a mandatária brasileira assegurou que se trata de duas nações que têm de ser tratadas em igualdade de condições. A presidente destacou um projeto para a construção de um satélite do clima, que monitoraria também a Amazônia.
“Também acertamos uma parceria na área educacional. Obama levantou a possibilidade de nós mandarmos estudantes para lá e eles mandam estudantes para cá. O presidente falou em abrir 100 mil vagas para os estudantes brasileiros nos Estados Unidos”, disse ela.
INFILTRADOS
Apesar de voltar a responsabilizar “agentes infiltrados” por jogar dois coquetéis molotov contra o consulado americano, na última sexta-feira, a direção do PSTU no Rio não informou que providência vai tomar para que o caso seja investigado.
O partido convocou uma entrevista coletiva ontem com a participação de nove dos seus dez militantes presos após o protesto contra a visita do presidente americano Barack Obama. Todos os homens tiveram os cabelos raspados. No total, 13 pessoas foram presas depois da manifestação.
“Isso foi uma das maiores armações a que já assistimos. Foi coisa de gente infiltrada. Aqui não tem marginal. Tem trabalhadores e estudantes”, afirmou o presidente do PSTU no Rio, Cyro Garcia, ressaltando que vai lutar para que o processo contra os militantes seja arquivado. Segundo ele, o partido vai entrar na Justiça para responsabilizar o Estado “por essa arbitrariedade”.
O dirigente do PSTU e seus advogados não souberam dizer quem seria o responsável pela infiltração. Para Antonio Modesto da Silveira, um dos advogados dos militantes, os coquetéis molotov foram lançados “por pessoas que foram muito bem pagas para realizar essa provocação”.
VOO 447
MPF em Pernambuco faz investigação paralela
A pedido de familiares das vítimas no Brasil, a Procuradoria da República no Estado apura o acidente independentemente das autoridades francesas, responsáveis pelo inquérito principal sobre o desastre
Wagner Sarmento
A Procuradoria da República em Pernambuco (PRPE), órgão vinculado ao Ministério Público Federal (MPF), está realizando uma investigação paralela sobre o acidente envolvendo o Airbus A330 da Air France que caiu no Oceano Atlântico quando fazia o voo 447, entre Rio de Janeiro e Paris, na noite de 31 de maio de 2009, matando as 228 pessoas a bordo.
O inquérito é comandado pelo procurador da República em Pernambuco Anderson Vágner Gois dos Santos, que ontem recebeu em seu gabinete o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 (AFVV447), Nelson Marinho, e um ex-piloto contratado pela entidade que representa os parentes de alemães mortos no desastre. Eles entregaram a Gois dos Santos um relatório que ajudará na apuração do caso.
A investigação principal do acidente é feita pelo Escritório de Investigação e Análise para a aviação Civil da França (BEA), para quem é impossível determinar as causas do desastre sem as caixas-pretas, que ainda não foram encontradas. Air France e Airbus iniciaram ontem a quarta fase de buscas marítimas pelas caixas-pretas e destroços da aeronave. A varredura ocorrerá numa área de 10 mil quilômetros quadrados, num raio de 72 quilômetros, e terá o emprego de três robôs-submarinos com tecnologia de última geração. O trabalho deve ocorrer até a primeira semana de julho.
“Estivemos com o procurador das 11h às 13h e o encontro foi produtivo. Entregamos a ele mais um documento, elaborado por esse ex-piloto alemão, que mostra que houve negligência por parte de Air France e Airbus. É um relatório contundente”, afirmou Nelson, por telefone, do Aeroporto Internacional do Recife, pouco antes de voltar ao Rio do Janeiro, onde vive. A AFVV447 já havia repassado a Gois dos Santos um outro documento, com mais de 700 páginas, elaborado por um sindicato de pilotos franceses, durante visita em janeiro ao país europeu.
A investigação da PRPE foi iniciada após um pedido da associação brasileira à Procuradoria Geral da República (PGR). A PGR repassou o caso para o órgão em Pernambuco, pois o arquipélago de Fernando de Noronha foi a área mais próxima do desastre com o voo 447.
A assessoria de imprensa da Procuradoria da República no Estado confirmou ontem que a investigação está em curso, mas disse que Gois dos Santos não se pronunciará porque o caso corre em sigilo. Ainda de acordo com o setor de comunicação social do órgão, o procurador está na fase de colhimento de informações. Não há prazo para conclusão do inquérito. A PRPE atua em questões de interesse público e faz uso de medidas administrativas.
JUÍZA
A juíza francesa Sylvie Zimmerman, responsável pelas investigações da Justiça da França sobre o acidente, esteve no Recife em 13 de fevereiro. A magistrada veio a Pernambuco para encontro com o procurador Anderson Vágner Gois dos Santos. Também estiveram presentes na reunião representantes do BEA, da Polícia Federal (PF) e do Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 3).
Sylvie Zimmerman foi a juíza que indiciou, na semana passada, a Air France e a Airbus por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) pelas 228 mortes ocorridas no acidente com o voo 447. Um dia antes, a Airbus havia sido acusada formalmente pelo mesmo crime. Na França, a Lei Perben, criada em 2006, permite que pessoas jurídicas sejam processadas penalmente.
CLÁUDIO HUMBERTO
Fortuna
O Exército pagou R$ 34 milhões por 121 viaturas operacionais. Quais? A “informação é muito técnica”, esquivou-se o comando. Ah, bom.
Fama precede
Assessor da Casa Civil, Marcelo Guaranys quer voltar à Agência Nacional de aviação Civil como presidente, para alegria das empresas aéreas. Seu maior feito, como diretor, foi obter desconto de 75% para dirigentes da Anac em viagem de serviço e de nem tanto serviço assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário