Pesquisar

quinta-feira, 24 de março de 2011

24 de março de 2011 - AGÊNCIA BRASIL


23/03/2011 17:35

Governadores do Nordeste admitem rever construção de usinas nucleares na região

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília - O acidente nuclear ocorrido há duas semanas na Usina de Fukushima, no Japão, voltou a colocar em pauta, em todo o mundo, a segurança das usinas nucleares. E, no Brasil, alguns governadores do Nordeste decidiram reavaliar se região deve receber uma das quatro novas usinas que o governo federal pretende construir no país até 2030.
"Quem é que vai, em meio à atual discussão, [dizer] "eu quero agora uma usina nuclear para o meu estado". Só se for idiota. E eu não sou idiota", disse o governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), à Agência Brasil, hoje (23). Martins fez questão de frisar que "não recuou" da disputa com outros estados nordestinos cotados para abrigar uma das usinas, mas deixou claro que o projeto a cargo do Ministério de Minas e Energia deve ser "repensado".
"Agora, mudou tudo. O mundo inteiro está repensando os investimentos em energia nuclear, até então considerada segura e limpa. E o Piauí, assim como o Brasil como um todo, não vai deixar de repensar também", afirmou o governador, alegando que a situação exige bom-senso.
O governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), também já havia mencionado, em nota, a necessidade de o país rediscutir a expansão da matriz nuclear com segurança. "A pretensão do estado de Sergipe em disputar a instalação de uma usina no nosso território pressupõe garantias plenas de segurança das instalações. Sem essas garantias, não há como defender tais empreendimentos”, afirmou o governador, cuja preocupação recebeu o apoio inclusive do setor produtivo sergipano.
"Apoiamos a decisão de que a instalação de uma usina nuclear em Sergipe deve ser precedida por uma reavaliação dos sistemas de segurança atualmente em vigor", manifestou o Fórum Empresarial de Sergipe em um documento redigido durante a reunião da última terça-feira (15). "Cabe-nos, porém, alertar que uma ação isolada de Sergipe não é eficaz, pois o risco para nossa população é semelhante se [uma usina for] instalada em regiões limítrofes, sendo assim sugerimos uma ação integrada com os demais estados nordestinos".
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), também tem repetido que a população pode ficar tranquila pois qualquer decisão quanto à instalação de novas usinas deve demorar ao menos quatro anos, tempo suficiente para que os aspectos de segurança sejam discutidos. A cidade pernambucana de Itacuruba, a 460 quilômetros da capital, Recife, foi apontada pela Eletronuclear como uma das melhores opções para a instalação de uma usina nuclear no Nordeste.
“Entendemos as preocupações de muitos quando ocorrem eventos como os do Japão. De fato, é preciso avançar ainda mais nos estudos sobre a segurança das plantas, inclusive em situações extremas, como o recente terremoto. No caso brasileiro, porém, temos que entender que nosso programa nuclear é muito maior que uma usina nuclear e não pode ser estigmatizado. Visa, por exemplo, a desenvolver aplicativos para a área médica, propiciando diagnósticos e tratamentos de muitos males, como o câncer. No tocante à geração de energia, é preciso ter em mente que não há qualquer decisão para a construção de novas usinas no Brasil. É só olhar nosso planejamento plurianual para ver que não há previsão orçamentária nem decisão política tomada pelo governo”, disse


23/03/2011 15:04

Físico diz que Brasil precisa rever plano de construção de novas usinas nucleares

Brasília – Após o vazamento de material radioativo no Japão, devido ao terremoto e ao tsunami que devastaram o Nordeste do país, o Brasil precisa rever os planos de construção das novas usinas nucleares. A afirmação foi feita hoje (23) pelo físico da Universidade de São Paulo (USP) José Goldemberg, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.
Para ele, as autoridades brasileiras precisam adotar uma nova postura diante do programa nuclear. “Seria conveniente que as autoridades brasileiras olhassem os problemas com certa humildade, e fizessem uma avaliação antes de se envolverem em planos de expansão”, disse.
Atualmente, estão em funcionamento, gerando energia, as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2. Além da usina nuclear Angra 3, que deve ser concluída em 2015, estão previstas pelo menos mais quatro usinas, duas no Nordeste e duas na Região Sudeste.
Goldemberg lembrou que, na década de 70, cerca de 30 reatores eram postos em funcionamento por ano, no mundo. Atualmente, estão sendo instalados de três a quatro. Uma das razões para essa estagnação, segundo ele, foi o aumento do custo dos reatores provocado pela necessidade de melhorar a segurança das usinas.
“O custo da instalação de um reator nuclear triplicou entre 1985 e 1990. Por isso, alguns países estão buscando outros caminhos.Na Alemanha, por exemplo, serão desativados todos os reatores com mais de 30 anos.”
De acordo com o físico, o tempo útil de um reator nuclear é relativo. À medida que as peças ficam gastas, vão sendo substituídas. Existem, hoje, reatores com mais de 40 anos de uso. Perguntado sobre a segurança dos reatores brasileiros, Goldemberg afirmou que são equipamentos seguros. “A segurança das usinas nucleares brasileiras é de nível internacional. Não são piores, nem melhores [as usinas brasileiras]. É seguro, assim como os japoneses também achavam [que os reatores deles eram seguros]”, concluiu.


23/03/2011 20:14

Especialistas aconselham Brasil esperar evolução tecnológica para optar por mais usinas nucleares

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Brasil deve aguardar o desenvolvimento de novas tecnologias de construção e funcionamento de usinas nucleares antes de tomar a decisão de incrementar o Programa Nuclear Brasileiro. A opinião é do professor Luiz Pinguelli Rosa, da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
Segundo ele, na próxima década, a partir de 2020, começará a instalação de usinas de terceira e quarta geração, que serão mais seguras, econômicas, produzirão menos rejeitos e terão controle digital.
Em audiência pública no Senado, Pinguelli disse hoje (23) que projetos de terceira geração já estão em andamento em outros países, e o programa brasileiro deveria aguardar. “O Brasil pode esperar”, aconselhou, ao lembrar que o país já domina boa parte da tecnologia nuclear, tem uma usina em construção (Angra 3) e está gerando conhecimento ao construir, em parceria com a Argentina, um reator multifuncional.
Pinguelli foi ao Senado junto com o professor Aquilino Senra Martinez, também da Coppe. Segundo Martinez, o plano plurianual da Empresa de Pesquisa Energéticas (EPE) não prevê uso de energia nova vinda de outras usinas, além das usinas instaladas atualmente ou da Usina Angra 3, que deverá estar pronta em 2020.
Juntos, os dois especialistas sugeriram aos senadores cobrar da empresa estatal Eletronuclear – responsável pelas usinas Angra 1, 2 e 3 – informações sobre o posicionamento dos geradores de emergência que são acionados em caso de falha no fornecimento de energia para o resfriamento dos reatores, problema ocorrido na Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, após o terremoto do dia 11 no Japão, seguido de tsunami.
Pinguelli e Martinez disseram que os senadores devem cobrar da Defesa Civil (nas esferas municipal, estadual e federal) informações sobre o plano de evacuação de Angra dos Reis, no litoral sul fluminense, em caso de acidente nas usinas. Segundo Pinguelli, “os planos de emergência internos às usinas são adequados”, mas o plano de emergência externo, não. “Eu não gostei quando as Forças Armadas saíram do plano porque não tinham equipamento”.
Martinez chamou atenção para a falta de destinação correta dos resíduos de baixa e média atividade radioativa, que não podem ser reaproveitados e que, hoje, são mantidos nas usinas. Segundo ele, esse procedimento está fora do procedimento previsto na legislação (Lei 10.308/2001). “A Cnen [Comissão Nacional de Energia Nuclear] tem condições financeiras e técnicas de executar o que esta Casa mandou? Isso deve ser, de imediato, cobrado”.
Após a audiência pública, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) chamou atenção para o fato de não haver no país uma agência reguladora para a área nuclear.
Na próxima semana, as comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática; e Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle deverão convidar, para uma nova audiência pública sobre o tema, o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva.
23/03/2011 13:13

Senadores verificarão se usinas de Angra representam riscos para população

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Senado enviará ao Rio de Janeiro uma comissão para averiguar se a proximidade com usinas nucleares instaladas em Angra dos Reis implica risco para a população local. Formada por dez senadores – cinco titulares e cinco suplentes – a comissão deverá viajar ao ao local já na semana que vem, segundo o autor do requerimento, Lindbergh Farias (PT-RJ).
“Pode até ser coincidência, mas eu liguei para várias pessoas de lá [Angra dos Reis] e todas disseram que nunca participaram de nenhum exercício [sobre procedimentos em caso de vazamento de radiação]. Falta um plano adequado e bem elaborado de treinamento. Isso é feito apenas uma vez por ano, e apenas com a participação de pessoas voluntárias”, disse Farias. “A gente precisa ir lá. Precisa ver e conversar com as pessoas”, acrescentou.
A cidade fluminense está localizada a 20 quilômetros das usinas Angra 1 e 2. “Estamos preparados? As pessoas sabem o que fazer [no caso de algum acidente nas usinas]? Sei que o risco é baixíssimo, mas o dano é altíssimo. Por isso vamos a Angra, a fim de obter informações com as autoridades e com o prefeito. Se ficar claro quer não há segurança, vamos propor a suspensão das atividades das usinas”, afirmou o parlamentar.
Segundo o senador, as conclusões da comissão serão apresentadas ao governo de forma a contribuir para que procedimentos adequados em relação à segurança sejam tomados. Apesar de ainda não haver data prevista para a visita às instalações das usinas, Lindbergh acredita que ela ocorrerá na próxima semana.


23/03/2011 16:55

Brasil está preparado para evitar contaminação radioativa em aeroportos, afirma diretor da Cnen

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Brasil está preparado para evitar que pessoas, alimentos ou objetos contaminados pela radiação das usinas nucleares japonesas afetadas pelo terremoto no Japão contaminem também os aeroportos brasileiros. A garantia foi manifestada à Agência Brasil pelo diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Laércio Antônio Vinhas.
“O Brasil não só está preparado como sempre esteve preparado”, disse ele hoje (23), depois de participar de uma audiência pública no Senado. “E tão logo aconteceu o acidente no Japão, eu orientei as equipes e os nossos técnicos, para que se mantivessem preparados. Foram, então, feitas novas verificações de todos os equipamentos que possam vir a ser utilizados. Todos já foram recalibrados”, informou o diretor do Cnen.
“Estamos prontos, quer seja para monitorar pessoas, quer seja, quando necessário, para fazer as medidas em alimentos e outros produtos que venham do Japão”, acrescentou. Laércio explica que, até o momento, é muito baixo o risco de pessoas contaminadas chegarem ao Brasil, porque a contaminação atingiu, efetivamente, apenas um pequeno público.
“E as pessoas contaminadas se contaminaram de forma muito leve. Basta dizer que, em Taiwan, lá perto de onde o acidente ocorreu, estão monitorando todas pessoas. Por dia, apenas cerca de dez pessoas são detectadas com contaminações leves e são liberadas imediatamente sem sequer ficarem retidas”, informou o especialista.
Uma das razões apontadas por ele para mostrar que é reduzido o risco de os aeroportos brasileiros serem contaminados é o fato de não haver voos diretos do Japão para o Brasil.
“Essas pessoas vão descer em algum outro aeroporto, e é quase certeza de que elas vão ser monitoradas nesses outros locais. Alguns desses aeroportos, por exemplo os norte-americanos, monitoram as pessoas independentemente do acidente ocorrido no Japão, pelo receio de que alguém chegue com material radioativo e cometa algum atentado terrorista com bomba suja”, acrescentou.

FONTE: AGÊNCIA BRASIL

Nenhum comentário:

Postar um comentário