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sexta-feira, 25 de março de 2011

25 de março de 2011 - VALOR ECONÔMICO


SETOR AÉREO
Infraero quer PPP em obra de terminal de Cumbica

Claudia Safatle | De Brasília

A Infraero está com todos os estudos prontos para a construção do terceiro terminal no aeroporto de Cumbica (SP), por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP). O presidente da estatal, Gustavo do Vale, que tomou posse ontem, informou que está aguardando a nomeação do ministro da nova Secretaria da Aviação para encaminhar a proposta de contratação de uma empresa especializada na montagem de PPP.
Pelo cronograma da Infraero, essa empresa teria até outubro para entregar os subsídios técnicos e jurídicos que vão viabilizar a licitação da obra para concessão. A licitação deve ocorrer no início de 2012. Trata-se de investimento estimado em R$ 1,5 bilhão. A empresa que vencer, além de construir o terceiro terminal, poderá explorar a parte comercial da área.
"Queremos estar com esse projeto na rua assim que o ministro chegar", disse Vale. Se o modelo der certo para Guarulhos, poderá ser replicado em outros aeroportos como Viracopos (Campinas), Confins (Belo Horizonte) e Juscelino Kubitschek (Brasília).
Para o presidente da Infraero, o grande problema do setor aeroportuário está diagnosticado: descasamento entre oferta e demanda. Enquanto em 2010 a demanda pelo transporte aéreo cresceu 21%, somando 155 milhões de passageiros, a oferta aumentou 15% (medida pelo número de movimentos de pouso e decolagem das aeronaves). A expectativa da estatal é que haja, agora, uma estabilização da demanda - o que já foi registrado em janeiro e fevereiro.
Se a infraestrutura aeroportuária não dá conta do aumento do número de passageiros em situação normal, imagina o caos que será na Copa de 2014. Essa é uma pergunta que todos fazem ao novo presidente da Infraero. "A Copa do Mundo pode ser hoje", garante ele.
Essa tranquilidade vem seguida de alguns fatos. Primeiro: o governo saberá com dois anos de antecedência o volume de passageiros-torcedores, pois as vendas de ingressos são feitas bem antes dos jogos. Segundo: a experiência de outros países indica que grande parte dos voos serão "charter". Bastaria, portanto, escalonar os desembarques nos horários em que os aeroportos das cidades-sede estão praticamente vazios (entre 14h e 18h e de madrugada.
Uma terceira informação reforça essa avaliação: a África do Sul recebeu 350 mil torcedores no mês da Copa. Os aeroportos brasileiros movimentam cerca de 400 mil passageiros por dia. "Não estou minimizando os problemas, só focando fatos existentes", disse Vale.
A presidente Dilma Rousseff, disse, em entrevista ao Valor, que as concessões devem ser uma das portas para novos investimentos na construção e ampliação dos aeroportos. O presidente da Infraero concorda, mas salienta que esse é um caminho cheio de pedras. "Estamos, agora, fazendo concessão para o estacionamento em Guarulhos. Tivemos 8 impugnações e 256 dúvidas sobre o edital." Como é um processo demorado e cheio de dificuldades, as concessões não poderão, por enquanto, substituir os investimentos públicos, estimados em R$ 9 bilhões nos próximos sete a oito anos.
Outra hipótese que não está colocada para soluções de mais curto prazo é a abertura de capital da Infraero. "A BM&F, que como a Infraero não tinha ativos, levou dois anos para conseguir abrir seu capital", comentou. No prazo de três anos, acredita o novo presidente da estatal, será possível que a Infraero abra seu capital na bolsa. A ideia é perseguir uma identidade semelhante a de empresas como Petrobras e Banco do Brasil, companhias de capital misto em que o governo é o sócio majoritário.


Aeroporto deve proteger a arqueologia
Serra da Capivara: Maior acervo de pinturas rupestres do mundo aguarda os benefícios da renda do turismo

Sergio Adeodato | De São Raimundo Nonato

A obra se arrasta por mais de dez anos, foi paralisada por problemas nas licitações e já consumiu R$ 12 milhões. Ao que tudo indica, o desfecho está próximo. Com 1,6 mil metros, a pista de pouso e decolagem tem iluminação noturna e está pronta para receber jatos de grande porte, em área antes habitada por bodes e jumentos. Se mais R$ 5 milhões de uma emenda ao Orçamento da União apresentada pelo deputado federal Paes Landim (PTB-PI), aprovada ano passado, forem liberados conforme o previsto, o terminal de passageiros deve ser concluído em seis meses, quando finalmente o aeroporto da pequena São Raimundo Nonato, no sertão do Piauí, terá condições de receber voos regulares com turistas ávidos por novidades.
O que justifica o investimento em região tão pobre e distante? A resposta está no Parque Nacional Serra da Capivara, com seus paredões repletos de arte rupestre. Situado a 35 km da sede do município, o lugar está entre os maiores santuários arqueológicos do mundo, concentrando mais de 1,1 mil sítios com vestígios do homem primitivo - 172 abertos a visitação. "Sem um aeroporto, tudo estará perdido", adverte a arqueóloga Niède Guidon, pesquisadora que coordenou as descobertas na região e há quase 30 anos se dedica à conservação daquele patrimônio, à frente da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham).
A instituição administra o parque em regime de cogestão com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do Ministério do Meio Ambiente. "Devido às condições de clima e solo, a agricultura não vinga no semiárido, o que exige alternativas econômicas para gerar renda", argumenta Niède. Ela ressalta: "A única maneira de proteger o parque é o desenvolvimento da região."
Para transformar o legado do homem pré-histórico em motor da economia, a pesquisadora liderou mudanças. Sob seu comando, o lugar ganhou estrutura de visitação de padrão internacional: rampas e passarelas iluminadas para acesso às grutas com painéis de arte rupestre, mirantes, sinalização, trilhas, centro de visitantes e de convenções, laboratórios, museu com acervo paleontológico - tudo comparável ao que existe nos parques arqueológicos mais famosos do mundo.
O investimento superou US$ 22 milhões, parte do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do governo japonês. "Só o turismo poderá garantir a sustentabilidade aqui", diz Niède, informando que a fundação adquiriu terras no entorno das inscrições rupestres para a construção de hotéis em parceria com redes internacionais.
"Hoje poucos se aventuram a chegar à Serra da Capivara por estradas precárias", lamenta a pesquisadora. Estudo de uma empresa de consultoria suíça revelou que a Serra da Capivara tem potencial para receber 3 milhões de visitantes por ano - hoje, o número não chega a 30 mil.
Criado em 1979, o parque é considerado patrimônio mundial pela Unesco, mas ficou abandonado até meados dos anos 1980. Diante dos limites do poder público para sua proteção, a estratégia foi a parceria com a fundação, que assumiu a responsabilidade pela manutenção dos sítios arqueológicos, das pesquisas e da estrutura de visitação. A vigilância e o controle de incêndios estão a cargo do ICMBio. "Por falta de pagamento pelo governo, o serviço de fiscalização, prestado por empresa terceirizada, está há dois meses paralisado", lamenta Ítalo Carvalho, chefe do parque, lembrando que o fogo e a caça são as maiores ameaças.
No modelo de cogestão, a arrecadação com os ingressos é repassada para o governo federal, que por sua vez deveria enviar recursos para o pagamento de salários e manutenção do parque. Para os próximos dois anos, foram aprovados R$ 1,2 milhão, com a perspectiva de mais R$ 417 mil destinados a pesquisas.
A principal fonte de recursos provém de projetos financiados por organismos internacionais e empresas, como a Petrobras, que repassa R$ 2 milhões por ano com desconto no importo de renda via Lei de Incentivo à Cultura. Em Guaribas (PI), um dos municípios mais pobres do país, onde foi lançado o programa Fome Zero do governo federal, os recursos são investidos na construção de açudes e adutoras. O objetivo é o abastecimento da população em torno da Toca do Enoque, sítio arqueológico onde os pesquisadores descobriram vestígios da convivência dos antigos homens com a água.
"A causa da miséria no Nordeste é o assistencialismo, a troca de benefícios por votos", declara Niède. Ela construiu com mão de ferro as bases para um novo eldorado em pleno sertão. Contrariou o coronelismo e, ao movimentar recursos superiores à arrecadação municipal, atraiu críticas e desavenças. O trabalho contribuiu para mudar as feições da região. A partir do empreendimento na Serra da Capivara, o município de São Raimundo Nonato entrou no mapa. A cidade ganhou bancos, restaurantes, lojas, pousadas, redes de supermercados e até universidade.
Os serviços em geral melhoraram. "Em 1986, quando chegamos, existia apenas um telefone público", exemplifica Rosa Trakalo, responsável pela captação de recursos da fundação. "Hoje os homens estão retornando do êxodo para as capitais", completa. "O maior movimento no comércio reflete-se na demanda por computadores e serviços de automação", diz Antônio Júnior, proprietário da empresa Oxente Informática.
Novos investimentos estão por vir, apostando na conclusão do aeroporto. Cerca de R$ 3,2 milhões serão aplicados no projeto que construirá um atlas sobre a relação do homem pré-histórico com a água. Rios que no passado remoto tinham quilômetros de largura hoje se restringem a córregos no semiárido. Limpeza e recuperação de poços e açudes fazem parte da iniciativa. E, para atrair visitantes da Copa do Mundo de 2014, será erguido em meio aos desfiladeiros um prédio em espiral para abrigar o Museu da Natureza, ao custo de R$ 12 milhões. O acervo terá a reconstituição do ambiente e da fauna ao longo de 400 milhões de anos, até a atual caatinga.
O parque acolhe encontros científicos internacionais e shows artísticos como o I Festival de Cultura Acordais, que reuniu em novembro mais de mil pessoas no anfiteatro diante da Pedra Furada - principal monumento geológico do lugar. "Nada será protegido se a comunidade não estiver envolvida e reconhecer o valor do acervo natural e arqueológico", reforça Rosa. Apesar dos problemas, o projeto está longe de um sonho frustrado. "A estrutura está pronta; agora falta a vontade política", conclui.


MERCADO AEROESPACIAL
Odebrecht compra controle da Mectron

Virgínia Silveira | Para o Valor, de São José dos Campos

O grupo Odebrecht deu ontem um importante passo para se consolidar no negócio de defesa. Depois de meses de negociação, formalizou a aquisição do controle acionário da Mectron Engenharia, fabricante de mísseis e de produtos de alta tecnologia para o mercado aeroespacial. O valor da operação não foi divulgado por ambos, mas pelo acordo a Odebrecht passou a deter mais de 50% do capital da Mectron.
A aquisição da Mectron pela Odebrecht também confirma a tendência de fusão das grandes empresas do setor com as companhias de pequeno e médio porte que hoje atuam em áreas promissoras. Este é o caso da Embraer, que no dia 15 deste mês anunciou a compra de 64,7% do capital social da divisão de radares da OrbiSat da Amazônia S.A. Segundo fontes do mercado, a Embraer também estaria em negociação para o controle da Atech, empresa brasileira que atuou no projeto Sivam e é especializada na integração de sistemas estratégicos.
O superintendente da Odebrecht Engenharia Industrial, Roberto Simões, disse que a compra da Mectron demonstra que a empresa acredita muito no mercado de defesa, apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor, especialmente agora, com os cortes orçamentários anunciados recentemente pelo governo, um grande cliente.
Independentemente disso, a Odebrecht tem como meta se tornar o maior "player" nesse segmento no Brasil. Com a aquisição da Mectron, segundo Simões, o grupo pretende diversificar seu portfólio de produtos militares e ampliar a sua atuação, tanto no mercado de defesa nacional quanto no internacional.
"A Mectron é uma empresa estratégica para o Brasil e a Odebrecht ajudará a companhia a se fortalecer para que continue atendendo as demandas das Forças Armadas e, principalmente, para que se torne uma base de exportação de produtos de alta tecnologia", afirmou. "A Odebrecht tem um modelo de gestão consagrado no país e no exterior. Sua estrutura financeira sólida ajudará a Mectron a obter, com mais facilidade, linhas de crédito que acelerem o desenvolvimento e a conclusão de nossos projetos", disse o presidente da Mectron, Rogério Salvador.
O executivo afirmou que a parceria com a Odebrecht vai abrir oportunidades, não só na área de defesa, mas também no setor civil. "Trata-se do uso dual da tecnologia de defesa, que poderá ser aproveitada para o desenvolvimento de outros produtos e em atividades importantes de engenharia da Odebrecht", disse.
Dos cinco sócios controladores da Mectron, quatro continuarão na companhia. "Essa foi uma condição que impusemos. Só entraríamos se ficassem, pois são eles que detêm todo o conhecimento estratégico da empresa", explicou Simões. A participação do BNDES na Mectron, de 27%, também será mantida, segundo o executivo. A empresa tem 300 funcionários e faturou R$ 80 milhões em 2010.
A Odebrecht começou a atuar mais fortemente nesse setor com a participação no projeto do submarino para o governo brasileiro, como subcontratada da francesa DCNS. No ano passado, fechou parceria com o grupo europeu Cassidian, da europeia EADS, visando negócios em radares e sistemas de proteção de fronteiras.


INICIATIVA PIONEIRA
Para alcançar classe C, TAM vai às rodoviárias

Alberto Komatsu | De São Paulo

A TAM Linhas aéreas deu ontem mais um passo para alcançar a meta de ter até 20% dos seus passageiros oriundos da classe C nos próximos cinco anos - atualmente essa fatia está entre 6% e 8%. Oito meses depois de iniciar a venda de passagens nas lojas das Casas Bahia, a TAM vai começar a oferecer bilhetes em rodoviárias, iniciativa pioneira no mercado brasileiro, por meio de um acordo com a Pássaro Marron, maior empresa de transporte rodoviário interestadual e municipal do Vale do Paraíba.
A partir de hoje, tem início um projeto piloto de três meses para a venda de passagens da TAM no guichê da Pássaro Marron da rodoviária de São José dos Campos. Em contrapartida, a loja da TAM Viagens nessa mesma cidade do interior paulista, mais outra unidade da capital, vão oferecer passagens da Pássaro Marron.
"Esse acordo faz parte do nosso projeto, anunciado em julho de 2010, de reformular o produto, popularizar a TAM", afirma a diretora de marketing da TAM, Manoela Amaro, sobrinha do fundador da empresa, comandante Rolim Amaro, que faleceu em 2001 num acidente de helicóptero.
Julho de 2010 foi quando a TAM anunciou a parceria com as Casas Bahia. Manoela contou que nessa época a ideia era já ter anunciado o acordo com a Pássaro Marron. No entanto, isso não foi possível por uma questão regulatória do transporte rodoviário, a impossibilidade de uma empresa desse setor fazer a venda de passagens conjugada com o modal aéreo.
O diretor de transportes da Pássaro Marron, Miguel Petribu, diz que foi preciso mudar o objeto social original da empresa, agregando a ele a atividade de agência de viagem.
A mudança foi oportuna também porque as lojas da empresa de ônibus, além de vender passagens da TAM, poderão oferecer estadias em hotéis, com o apoio das redes conveniadas com a TAM Viagens. "O meu passageiro vai se beneficiar com a complementaridade, pois agora são duas empresas juntas oferecendo um serviço único", afirma Petribu. Ele lembra que o passageiro de São José pode ir de ônibus para o Aeroporto de Guarulhos (Cumbica) e de lá pegar um voo internacional, por exemplo.
Após os três meses de projeto piloto, a ideia das duas empresas é vender passagens em todas as lojas instaladas no país. No caso da TAM Viagens, são atualmente 79 unidades e o objetivo é fechar 2011 com 200 estabelecimentos. A Pássaro Marron, por sua vez, está presente em 50 rodoviárias.
A TAM negocia com outras empresas de ônibus interestaduais acordos similares ao anunciado ontem. De acordo com Manoela, também sobrinha da presidente do conselho de administração da TAM, Maria Cláudia Amaro, "dá para contar nos dedos das mãos", a quantidade de empresas em negociação, "mas o importante é a capilaridade. Queremos cobrir todo o território nacional".
fonte: VALOR ECONÔMICO

Um comentário:

  1. Informática em São Raimundo Nonato com o nome de Oxente é brincadeira....... deve estar a altura da regiao!!!!!!!!!!!!!
    Rsrsrsrssr

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