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quarta-feira, 30 de março de 2011

30 de março de 2011 - JORNAL DO BRASIL


OBITUÁRIO - JOSÉ ALENCAR
“Foi uma grande honra ter convivido com Zé Alencar”

O ex-vice-presidente José Alencar é considerado um dos grandes responsáveis pela eleição do ex-presidente Lula, em 2002. Mas nem por isso se furtou a criticar o governo – sempre mantendo a lealdade, como ele mesmo dizia – nos momentos em que considerava necessário. Principalmente, no que referia à política de juros. Mineiro de Muriaé, Alencar morreu ontem, às 14h45, no Hospital Sírio-Libanês, após mais de 13 anos de uma luta incessante contra o câncer.

Vencendo a resistência de parte dos empresários
A entrada na política foi por muitos considerada tardia. Apenas em 1993, Alencar decidiu ingressar na vida pública. Ele se filiou ao PMDB e no ano seguinte se candidatou ao governo de Minas, quando ficou em terceiro lugar. Em 1998, no entanto, ele disputou uma vaga ao Senado e foi eleito com quase 3 milhões de votos.
Alencar conheceu Lula apenas dois anos antes da candidatura vitoriosa. Ele foi presidente da Associação Comercial de Ubá e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), além de vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Sua postura no Senado fez com que ele fosse cortejado pelo PSDB e pelo PT para a candidatura majoritária. E ele ficou com o PT. Já filiado ao PR, Alencar, que tinha excelente trânsito com os empresários brasileiros, foi fundamental para quebrar a resistência da classe, que via com muita desconfiança o ex-operário que queria se tornar presidente e que anos antes pregava o não pagamento da dívida externa, entre outras medidas extremas.
Já como vice-presidente, não deixava de fazer críticas à política de juros, assim como ao excesso de gastos da administração pública. Em 2005, deixou o PL, que estava envolvido no escândalo do mensalão, e partiu rumo ao PRTB, após ser disputado por diversas legendas, inclusive o PMDB. Durante os dois mandatos, Alencar esteve como presidente por pouco mais de um ano durante as viagens internacionais de Lula. Até 2006, ele acumulou a contragosto o cargo de Ministro da Defesa.

O empreendedor
José Alencar nasceu em 17 de outubro de 1931 e era um dos 15 filhos do comerciante Antônio Gomes da Silva e da dona de casa Dolores Peres Gomes da Silva. Com 18 anos, abriu a loja A Queimadeira, onde vendia desde tecidos até calçados, chapéus e sombrinhas. Três anos depois, decidiu mudar de rumo – depois de trabalhar como representante de uma fábrica de tecidos e assumir os negócios do irmão mais velho, que morreu em 1959.
Oito anos mais tarde, o ex-vice- presidente fundou em Montes Claros a Companhia de Tecidos de Minas (Coteminas) junto com o empresário e deputado federal Luiz de Paula Ferreira. A parceria deu certo, e a Coteminas se transformou em um dos maiores grupos do ramo do país. Atualmente, o grupo tem cinco unidades nos Estados Unidos, uma na Argentina e outra no México e conta com cerca de 15 mil funcionários.

Batalha pela vida durou mais de 13 anos
A luta contra o câncer começou em 1997, quando o ex-presidente José Alencar descobriu um tumor no rim e outro no estômago – os dois foram retirados no mesmo ano. Foram 13 anos de luta contra a doença e 17 cirurgias. No ano passado, deixou os planos de voltar ao Senado de lado para se dedicar ao tratamento do câncer, que se espalhou. Em 2009, Alencar começou um tratamento experimental nos Estados Unidos, como voluntário. Mas, devido a complicações da doença, teve que abandonar o tratamento e voltar às sessões de quimioterapia.
Na posse da presidente Dilma Rousseff, em 1º de janeiro deste ano, Alencar tentou até o último minuto acompanhar a cerimônia. Impedido pelos médicos devido à saúde frágil, ele fez questão de trocar a roupa do hospital por um terno e gravata e falou aos jornalistas.

DNA
No ano passado, o juiz José Antonio de Oliveira, da Comarca de Caratinga, permitiu que a professora Rosemary de Morais adotasse o sobrenome de Alencar. O processo de reconhecimento de paternidade começou em 2001.
A professora, de 55 anos, afirma que sua mãe, Francisca Nicolina de Moraes, começou um relacionamento com o então comerciante em 1953. Alencar negou a paternidade e se recusou a fazer o teste de DNA, o que foi considerado como presunção da paternidade.
Rosemary disse que tentou aproximar-se do ex-presidente, mas que ele nunca permitiu. Em dois encontros que tiveram, não houve conversa. José Alencar era casado com Mariza Campos Gomes da Silva e deixa três filhos – Josué Christiano, Maria da Graça e Patrícia – e cinco netos.


GUERRILHA DO ARAGUAIA
Ex-líder da repressão no Araguaia é preso no DF

Diversos documentos, um computador e uma arma de fogo foram apreendidos nesta terça-feira pelo Ministério Público Federal (MPF) durante operações de busca e apreensão nas duas residências do oficial da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, conhecido como major Curió, no Distrito Federal. Ele foi um dos líderes da repressão à Guerrilha do Araguaia (1972-1975) durante a ditadura militar.
Segundo a promotora Luciana Loureiro, "as buscas e apreensões são uma tentativa de localizar documentos que possam revelar o paradeiro de corpos de militantes políticos que participaram da guerrilha do Araguaia".
Por iniciativa própria, o major Curió prestou, também na manhã desta terça-feira, novo depoimento à Justiça e ao MPF. Em seguida, o oficial foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal e foi preso em flagrante por porte ilegal de arma. Em recente entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele disse que pelo menos 41 militantes foram executados após serem rendidos pelo Exército na época


INFORME JB
Leandro Mazzini

Reza no mar
Veja que legal. A Marinha do Brasil abriu 270 vagas no seu quadro para engenheiros, ciências náuticas, administração, informática e... capelães, entre outros.


COISAS DA POLÍTICA
Mauro Santayana

O messianismo e a soberania
O pretexto para a intervenção militar na Líbia é a defesa dos “direitos humanos”. O argumento para as cruzadas foi o da “defesa dos lugares santos”. A causa alegada para uma intervenção estrangeira na Amazônia é a defesa do meio ambiente e dos direitos dos indígenas.
Contra o princípio secular da não intervenção nos assuntos internos, ergue-se o espírito de missão de alguns países que, sentindo-se poderosos, dispõem- se, isoladamente ou mediante coalizões, a invadir o território alheio.
A soberania dos estados é a extensão da inviolabilidade do lar. A razão que o homem usou, para construir uma casa em que se protegesse e protegesse a família das intempéries e dos predadores, é a mesma que orienta a criação dos estados. Jean Bodin, pensador francês do século 17, resume a ideia ao identificar os estados como societates quae superiorem non recognoscent. Em suma, o estado exerce, sobre seus súditos e seu território, a sum - ma potestas, não admitindo poder superior. A eventual violação desse princípio por um súdito ou por um príncipe não empenha o estado em sua situação pura. No caso em que haja submissão a outro estado, ela só pode ser compreendida como concessão temporária de soberania, atendendo a uma conveniência recíproca, ou adesão ideológica ou religiosa, como no caso dos estados teológicos, entre eles os muçulmanos e os pontifícios. Ou, a fatalidade da derrota militar.
A lógica da sensatez indica que só as guerras defensivas são justas. Quando os submarinos alemães afundaram navios brasileiros na costa de Sergipe, em águas nacionais, tínhamos que declarar guerra ao Eixo. O mesmo ocorreu na Guerra do Paraguai: revidamos a uma agressão.
Um terceiro país pode ir ao socorro do agredido, daí os pactos militares conhecidos, as ententes e as grandes e pequenas coalizões. A doutrina da intervenção para impor a ordem interna dos outros só pode ser definida com a frase crua de Perón: “La fuerza es el derecho de las bestias”.
Como qualquer outra locução adjetiva, direitos humanos dependem da escolha de cada um. Os direitos se associam à vontade e à liberdade individual, dentro da visão de Stuart Mill, de que “liberty is to make a choice”. Os meus direitos, eu os escolho, e serão legítimos se não violarem os alheios. Eu posso ter o direito de, se quiser, fazer-me escravo de outra pessoa – o que é frequente nas relações amorosas – ou de uma ideia, ou mesmo de uma seita. A única intervenção de terceiros contra essa servidão voluntária é pregação libertária, que, nas sociedades laicas e inteligentes, se exerce a partir da educação.
Há dias em seminário na Amazônia, americanos como Bill Clinton e o vezeiro James Cameron receberam de líderes indígenas apelo aberto à intervenção estrangeira contra a construção da usina de Belo Monte. A simples presença de Mr. Clinton e de Mr. Schwarzenegger, em Manaus, para discutir os problemas amazônicos já constitui intervenção intolerável. Suponha o leitor que, em resposta, os americanos decidam bombardear as usinas hidrelétricas brasileiras. Ou que, “comovidos”, alguns paises ricos com a situação de miséria de nossas crianças resolvam enviar tropas a fim de salvá-las. Pensar nisso hoje pode parecer absurdo, como absurdo era imaginar que, depois de 1945, ainda houvesse expedições militares messiânicas, como as do “Libertador” Hitler contra o Leste da Europa.
Em 1936, quando Franco, com tropas estrangeiras (marroquinas) e o apoio dos nazistas, se levantou contra o governo legítimo da República, a França e a Inglaterra esquivaram- se de intervir, em nome da soberania espanhola. Como se vê, as doutrinas mudam de acordo com a conveniência. Na Espanha não há petróleo.
E, antes que alguém lembre o episódio, tive a mesma posição quando, em 1968, o Pacto de Varsóvia invadiu a Tcheco- Eslováquia, com o pretexto de “salvar o socialismo”.


TRÁFICO DE ARMAS
A Polícia Federal deve satisfações à sociedade

Foi de deixar o cidadão fluminense preocupado o primeiro depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o tráfico de armas no estado do Rio. Preso há 47 dias na Operação Guilhotina, da Polícia Federal, o ex-subchefe operacional da Polícia Civil do Rio, delegado Carlos Oliveira, deixou sua cela para falar aos deputados estaduais.
Oliveira, acusado de desviar 42 mil munições apreendidas, afirmou que a atual gestão da Polícia Federal no Rio nada faz para evitar que entrem no estado armas, drogas e contrabando. Dizendo-se vítima de racismo e desqualificando seu acusador – “me arrumaram um X-9 (delator) viciado e paranoico – o delegado disse que terá mais a dizer quando estiver diante do juiz.
É bom lembrar que a Operação Guilhotina custou o cargo ao ex-chefe de Polícia Civil do Rio, Alan Tournowski. Flagrado em escuta telefônica avisando policiais civis de que a PF estava no seu encalço, Tournowski, no entanto, escapou da prisão. Dos males, o menor...
Apesar das provas contra os policiais civis, é fato que a Polícia Federal faz muito pouco para impedir a entrada de armas e drogas no Rio de Janeiro e no país. Basta ver os arsenais apreendidos nas favelas, assim como as toneladas de drogas vendidas semanalmente em cerca de 800 favelas fluminenses aonde as Unidades de Polícia Pacificadora ainda não chegaram.
A sociedade, portanto, espera que a PF, além de combater a corrupção nas outras polícias, cumpra com mais esmero seu papel constitucional.


POLÊMICA
Jair Bolsonaro dá entrevista polêmica no 'CQC'. Veja
Preta Gil vai processar deputado por declaração racista

O programa CQC, da Rede Bandeirantes, exibiu nesta segunda-feira uma polêmica entrevista com o deputado federal Jair Bolsonaro, do Partido Progressista (PP-SP). Ele respondeu a perguntas do público e falou sem rodeios de questões como ditadura, drogas, racismo e homossexualidade. Durante uma resposta à cantora Preta Gil, o deputado deu a entender que seus filhos não se relacionariam com negras porque foram "bem educados". A cantora afirmou, por seu Twitter, que vai processar Bolsonaro. Mais tarde, o deputado afirmou que não havia entendido bem a pergunta e disse que, se fosse racista, "não seria maluco de declarar isso numa televisão".

FONTE: JORNAL DO BRASIL

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