CONSELHO DE SEGURANÇA
ONU autoriza intervenção militar na Líbia
Agências internacionais
O Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem uma resolução que permite uma intervenção militar contra a Líbia. O objetivo é proteger civis e áreas urbanas onde se concentram rebeldes sob ameaça de ataque das forças do ditador Muamar Gadafi. Segundo fontes, as aviações francesa e britânica estariam prontas para começar a bombardear forças líbias. As operações podem começar hoje.
A resolução foi aprovada por 10 votos a 0, com 5 abstenções. O texto autoriza a criação de uma zona de exclusão área em partes do território líbio - na qual aviões líbios estarão proibidos de voar - e "todas as medidas necessárias" para proteger a população civil. O documento, porém, não prevê a "ocupação por forças estrangeiras ou de qualquer outra forma de qualquer parte do território líbio".
Rússia e China, que têm poder de veto no Conselho, se abstiveram. O embaixador russo na ONU disse que a resolução poderá levar a uma intervenção em larga escala na Líbia. Brasil e Alemanha também optaram pela abstenção.
O governo da Itália disse ontem que suas bases estavam prontas para ajudar na operação na Líbia, segundo uma fonte do governo. A base aérea de Sigonella, na Sicília, fornece apoio logístico para a Sexta Frota dos EUA e é uma das bases da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) mais próximas da costa da Líbia.
"Nós temos muito pouco tempo", disse o ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, antes da aprovação da resolução. "A cada dia, a cada hora vemos o cerco se fechando à população civil. Não devemos chegar tarde."
Ao longo do dia, jatos líbios atacaram os arredores da cidade de Benghazi, principal reduto rebelde. Em um pronunciamento, Gadafi disse que tropas fiéis ao governo estavam se movendo dali a algumas horas para a cidade - a segunda maior do país. Há um mês, manifestantes e rebeldes armados têm feito pressão pela queda de Gadafi, que está há quatro décadas no poder. Movimentos semelhantes iniciados no fim do ano passado em diversos países árabes levaram à queda de outros regimes autocráticos na Tunísia e no Egito.
AVIAÇÃO
Embraer foca Oriente Médio, Ásia e América Latina
Virgínia Silveira | Para o Valor, de São José dos Campos
O Oriente Médio, a Ásia e a América Latina, são as regiões que têm hoje maior potencial de vendas para os jatos comerciais da Embraer, que atuam no segmento de 60 a 120 assentos. Segundo o vice-presidente de Aviação Comercial da Embraer, Paulo César de Souza e Silva, a companhia quer aumentar a sua presença na Ásia e entrar em novos mercados como a Índia e Indonésia, além de manter seus negócios na China, onde já vendeu um total de 115 aeronaves, das quais 85 foram entregues.
Sobre o futuro da fábrica na China, Souza disse que existe a expectativa de um acordo com o governo chinês durante a visita da presidente Dilma Rousseff àquele país, no próximo mês. "Estamos discutindo várias possibilidades, entre elas a produção de jatos executivos e de jatos comerciais maiores, como o 190 e, inclusive, a possibilidade da fábrica ser fechada", explicou.
No fim deste mês, segundo Souza, a fábrica da Embraer na China entregará as duas últimas encomendas de jatos ERJ-145, de 50 assentos da unidade e, a partir daí, ficará ociosa. O executivo disse que o fato da China estar desenvolvendo jatos na mesma categoria dos E-Jets da Embraer representa um grande problema a ser resolvido, pois o governo chinês naturalmente vai querer proteger suas empresas da competição internacional.
No Oriente Médio, por sua vez, a expectativa é a de incrementar a sua participação para algo em torno de 20% a 30% ainda este ano. Atualmente, segundo ele, 65 jatos comerciais da Embraer operam nessa região. " A África também é uma região que está na mira da Embraer e onde a empresa pretende intensificar suas campanhas de vendas a partir deste ano", comentou o executivo.
Para a América Latina, segundo Souza, a previsão é a de encerrar 2011 com um total de 134 jatos em operação. Ontem, a Embraer entregou a centésima unidade do modelo 190, de 120 lugares, para a companhia aérea Azul.
A participação da América Latina nas vendas da Embraer, segundo o diretor da empresa para essa região, Eduardo Munhós de Campos, deve aumentar de 14% para 16% até o fim deste ano. Em dez anos, a previsão é que esse percentual cresça para até 20%. "Nos Estados Unidos o número de voos per capita é de 2,5 e na América Latina esse número é de 0,3, o que mostra que ainda existe um grande potencial de crescimento na região", disse.
A Embraer tem 42% de participação no mercado mundial de vendas de jatos na faixa de 60 a 120 assentos. Na região da América Latina e Caribe essa participação é de 79%. "Análise recente feita pela companhia sobre a região mostra que o mercado tem evoluído muito rápido e que existe a necessidade de 180 aeronaves do porte dos E-Jets para os próximos 10 anos", disse Campos.
O mercado de aviação comercial, na opinião do vice-presidente, Paulo César de Souza, ainda está em fase de recuperação, mas bem melhor que em 2009, quando a empresa vendeu apenas 20 aviões. "O ano de 2010 já representou uma grande melhora em relação a 2009, com a venda de 98 jatos", disse. De janeiro até agora, de acordo com Souza, a Embraer já anunciou a venda de 15 jatos.
Gol passa a TAM pela primeira vez
Tarso Veloso | De Brasília
A Gol assumiu, em fevereiro, a liderança do mercado doméstico de aviação pela primeira vez desde sua criação, dez anos atrás, e depois de oito anos de hegemonia da TAM. A empresa respondeu, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), por 39,77% da demanda por voos nacionais, contra 39,59% da TAM. No mercado internacional, a TAM permanece na liderança isolada, com 85,8%, do mercado, ante 12,9% da Gol.
A Gol já havia ficado muito próxima do primeiro lugar em julho de 2009, quando conquistou 42,88% do mercado, chegando perto dos 43,15% da TAM. No mês seguinte, porém, a líder conseguiu manter e ampliar a liderança, abrindo três pontos percentuais para a segunda colocada.
"É legal a liderança, mas não nos cobramos em relação a isso. Estamos sempre buscando a rentabilidade. Se tivermos que escolher entre fatia de mercado e rentabilidade vamos focar na segunda opção", afirma o vice-presidente financeiro da Gol, Leonardo Pereira.
A liderança da Gol foi obtida no mês em que o transporte aéreo de passageiros no Brasil registrou crescimento de 9,34%, em comparação com fevereiro de 2010. Foi a primeira vez, em 18 meses, que o desempenho do mercado doméstico cresceu menos de 10%.
Brasil fecha acordos e 'abre os céus' para EUA e Europa
Cristiano Romero | De Brasília
O Brasil vai liberalizar os voos internacionais com os dois principais mercados do país: a Europa e os Estados Unidos. A negociação do acordo com a União Europeia foi concluída ontem e deve ser assinado em meados de junho. O acordo com os EUA, cujas negociações foram concluídas em dezembro, será assinado hoje, em Brasília, pelos chanceleres dos dois países e será mencionado em discurso pelo presidente Barack Obama como um dos trunfos de sua visita ao Brasil no fim de semana.
Os termos dos acordos foram antecipados ao Valor. No caso da UE, a liberalização total, conhecida no jargão da aviação como "open skies" (céus abertos), será feita em etapas e concluída em três anos, para dar tempo às empresas aéreas de se prepararem para a livre concorrência. No acerto com os Estados Unidos, a liberalização completa ocorrerá em 2015.
"A implantação dos acordos em fases dá previsibilidade às companhias aéreas e evita instabilidade no mercado", disse o superintendente de relações internacionais da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Bruno Dalcolmo. A ideia é que as empresas tenham tempo para montar suas estratégias de investimento.
A liberalização significa que as companhias aéreas brasileiras, americanas e europeias poderão escolher livremente o número de voos que pretendem operar, as cidades a serem atendidas (a chamada liberalização dos quadros de rotas) e as tarifas, que não serão sujeitas a preços mínimos nem a bandas de variação. Com a liberalização, haverá mais voos de diferentes cidades brasileiras para países europeus e os EUA, a preços menores e com concorrência.
O acordo com os EUA será implementado em cinco etapas. Na primeira, prevista para outubro deste ano, a Anac autorizará a realização de mais 14 voos para destinos americanos a partir do aeroporto do Galeão, no Rio, além de outros 14 saindo de outras cidades, à exceção de São Paulo. Em outubro de 2012, haverá nova liberação do mesmo número de voos e com as mesmas condições. Em outubro de 2013, serão liberados mais 21 voos para o Galeão, 21 para outras cidades e 14 para São Paulo, a depender da disponibilidade dos aeroportos paulistas.
Num primeiro momento, o objetivo dessas regras, além de induzir o processo de liberalização, é a desconcentração dos voos em São Paulo e o estímulo do uso do Galeão, que opera atualmente só com 56% de sua capacidade. Em 2014, haverá nova liberação de voos, idêntica à de 2013. A partir de outubro de 2015, a liberalização será completa. A política de "open skies" não inclui voos domésticos por empresas estrangeiras.
Brasil abre o céu e tráfego cresce 50%
Cristiano Romero | De Brasília
A política de ampliação de voos internacionais e de liberalização desse mercado, posta em prática pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desde 2007, aumentou em quase 50% o tráfego de passageiros nos últimos quatro anos. Segundo a Anac, entre 2000 e 2006, o tráfego internacional cresceu 4,5% ao ano no Brasil. De 2007 a 2010, a taxa de crescimento anual saltou para 8,1%. No ano passado, foram transportadas quase 15 milhões de pessoas nesse segmento do mercado, face a 7,8 milhões em 2000.
O Brasil tem hoje acordos bilaterais de transporte aéreo com 15 países europeus. Com o acordo fechado ontem com a União Europeia (UE), passará a ter acesso a 27 países daquele continente. A liberalização completa, pelo sistema "open skies" (céus abertos), será concluída num prazo menor que o do contrato negociado com os Estados Unidos - em quatro fases, em vez de cinco. A data de implementação dependerá, no entanto, do momento em que o acordo for assinado entre o chanceler brasileiro e o comissário europeu. O acordo com os EUA, cujas negociações foram concluídas em dezembro, será assinado hoje, em Brasília, pelos chanceleres dos dois países.
O superintendente de Relações Internacionais da Anac, Bruno Dalcolmo, diz que o acordo com a UE será assinado em meados de junho. Na primeira fase, que entrará em vigor imediatamente, será autorizado um aumento de 20% no número de voos semanais (ou frequências) para quaisquer aeroportos do país, à exceção de São Paulo. A mesma regra será aplicada em 12 a 24 meses depois da primeira liberação. Depois de 36 meses, a liberdade será completa.
Na prática, os acordos facilitarão a conectividade de passageiros brasileiros com diferentes partes do mundo. Hoje, dos 83 acordos bilaterais firmados pelo Brasil, apenas 18 são "open skies". Com os contratos firmados com os Estados Unidos e a União Europeia, passarão a ser 20. Nos últimos quatro anos, a Anac fechou 41 acordos, dos quais, 28 já existiam e foram modernizados e 13 são novos.
Graças a esses contratos, brasileiros podem fazer hoje voos, alguns diretos, para 17 novos destinos internacionais, entre eles, Istambul, Dubai, Doha, Cingapura, Hong Kong e Moscou. "O Brasil precisa de maior e melhor conectividade com o mundo. O que nós queremos é conectividade e mobilidade", disse Dalcolmo ao Valor. "Antes, eram poucos passageiros, poucos voos, poucas empresas e preços altos."
O número de voos internacionais por semana avançou de forma significativa. Entre 2007 e 2010, cresceu 17%, desconcentrando um pouco os embarques e desembarques no eixo Rio-São Paulo. O aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, por exemplo, tinha 14 voos em 2007. Hoje, tem 54. Curitiba não tinha nenhum. Hoje tem sete.
Até 2005, 90% dos voos eram concentrados no eixo Rio-São Paulo. No ano passado, esse percentual caiu para 60%. "Ainda é alto, mas já diminuiu bastante", diz Dalcolmo. No caso das rotas para os Estados Unidos, tem ocorrido um aumento nos voos para o Galeão. Em 2005, eram apenas sete voos para os EUA. Em 2010, chegaram a 41. Já o número de voos para o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, passou de 116 para 120 no mesmo período.
A liberalização e a ampliação dos voos internacionais, uma política adotada pela atual presidente da Anac, Solange Vieira, cujo mandato termina amanhã, têm fortalecido, até o momento, as empresas nacionais. A TAM, informou Dalcolmo, não tinha voos para a Europa há cinco anos. Graças à política posta em prática pela Anac, detém hoje 23% desse mercado, que é menor apenas que o da portuguesa TAP, com 29%. Na América do Sul, a TAM é a líder, com 34% do mercado. A Gol, a segunda, tem 28%.
A TAM tem posição de destaque também nos voos para a América do Norte. Responde por 27% do mercado, um ponto percentual apenas abaixo da posição detida pela American Airlines. Neste momento, segundo a Anac, a TAM está em fase de implementação de voos entre o Rio de Janeiro e Frankfurt, Londres e Nova York. Isso ajudará a empresa a reforçar sua posição nesses mercados.
Por definição, explicou Dalcolmo, a política de "open skies" não inclui voos domésticos realizados por empresas estrangeiras. Este é um tabu existente em todo o mundo. Em geral, os voos locais, com exceção do mercado europeu, são feitos por empresas nacionais. Por outro lado, os acordos que o Brasil tem firmado lá fora estão permitindo estabelecer voos diretos que antes não existiam.
No contrato feito com Cingapura, por exemplo, ficou estabelecido que a Singapore Airlines poderá transportar brasileiros para e a partir de Barcelona, na Espanha. Hoje, essa rota não existe.
O sucesso da política de flexibilização de voos internacionais dependerá, no entanto, do desenvolvimento da infraestrutura dos aeroportos nos próximos anos. Sem isso, as empresas não terão como ampliar o número de rotas. É por essa razão que o governo Dilma Rousseff planeja investir pesadamente nessa área, com a criação da Secretaria Nacional da Aviação Civil ligada à presidência da República e a nomeação de um executivo do mercado para comandá-la.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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