PRIMEIRA PÁGINA
Chuva ameniza perdas na soja
Precipitações, ainda abaixo da média, trazem
alento.
Davos
encara protestos globais
Movimento inspirado no Ocupem Wall Street ronda
Alpes Suíços.
EDITORIAL
Desafio
urgente
Relatório divulgado esta semana pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) revela que o mundo tem hoje 27 milhões de
trabalhadores desempregados a mais do que em 2007, quando começou a crise
econômica global. A entidade chama a atenção para o "desafio urgente"
de gerar 600 milhões de empregos ao longo da próxima década, para que as nações
possam manter níveis de crescimento sustentável e coesão social. De acordo com
o documento intitulado Tendências Mundiais de Emprego 2012, o desemprego já afeta
200 milhões de pessoas em nível mundial.
E a tendência é de agravamento da situação, devido
à perspectiva de maior deterioração da atividade econômica nos próximos anos. A
OIT alerta que um em cada três trabalhadores em todo o mundo está desempregado
ou vive na pobreza, pelo que a criação de postos de trabalho tem que ser
encarada como prioridade inadiável. Diante da constatação de que 40 milhões de
pessoas entrarão no mercado de trabalho a cada ano, a urgência se acentua.
Nesse cenário, ganha mais importância ainda a
política de pleno emprego vigente no Brasil, que precisa ser intensificada com
a retomada do Programa de Aceleração do Crescimento, que foi poupado dos cortes
orçamentários. De acordo com dados divulgados ontem pelo Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, foram criados no
país, no ano passado, 1,94 milhão de empregos. É um número significativo, mas
inferior ao de 2010, quando o país registrou a criação de 2,52 milhões de
empregos com carteira assinada.
Mas o PAC, sozinho, não garante a manutenção dos
níveis de emprego alcançados nos últimos dois anos. Tanto que, na primeira
reunião ministerial do ano, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo
vai preservar investimentos e programas sociais dos cortes orçamentários
previstos para fevereiro, para que o país cresça pelo menos 4% (contrariando o
Fundo Monetário Internacional, que ontem previu para o Brasil um máximo de 3%).
Também informou que os bancos públicos emprestarão mais e com juros menores,
que serão adotadas medidas protecionistas e cambiais em favor da indústria e,
principalmente, que o país continuará apostando no mercado interno.
O desafio urgente que a OIT lançou para o mundo
também vale para o Brasil, que passou ao largo da fase mais aguda da crise, mas
vem obtendo crescimento inferior às suas próprias necessidades de
desenvolvimento. Porém, é importante lembrar que crescimento econômico não
depende apenas do governo. O desafio de criar empregos passa também pelas
lideranças empresariais, pelos sindicatos, pelos educadores e se estende a toda
a sociedade.
OPINIÃO
Repensando
a sustentabilidade
Luiz Fernando
Záchia
Porto Alegre se orgulha de ser a terra natal do
ambientalista José Lutzenberger, pioneiro no país na discussão sobre meio
ambiente. Há 40 anos, o gaúcho dava início à então carreira solo na luta pela
preservação da natureza. Tachado de louco por uns e chamado de messias por
outros, Lutz, como era conhecido entre os amigos, já defendia a
sustentabilidade no começo da década de 1980. "Se quisermos que sobreviva
a nossa civilização tecnológica, algo teremos que aprender com as tecnologias
naturais. Nossa tecnologia terá de se tornar sustentável", dizia.
Quase 10 anos depois, Lutzenberger assumiu a
Secretaria Nacional de Meio Ambiente com a missão de organizar a Eco-92, a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
realizada no Rio. No evento, que consolidou o conceito de desenvolvimento
sustentável, líderes de 179 países assinaram a Agenda 21 para a promoção de uma
política de desenvolvimento pautada na responsabilidade ambiental.
Agora, 20 anos depois, temos todos (entes públicos,
privados e a sociedade civil) a oportunidade de repensar com responsabilidade o
caminho que percorremos até aqui e os rumos urgentes que pretendemos trilhar
para garantir um futuro melhor para nossos filhos e netos. O Fórum Social
Temático – Crise do Capitalismo, Justiça Social e Ambiental – e o 2º Encontro
Brasileiro de Secretários do Meio Ambiente, eventos preparatórios para a Rio+20
(Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre em
junho no Rio), inserem Porto Alegre novamente no centro das discussões
mundiais. Mais do que nunca, está em nossas mãos agir localmente para atingir
resultados globais.
É acreditando nisso e criando alternativas
sustentáveis para a gestão pública que a prefeitura trabalha. Projetos
importantes irão avançar em 2012, como o da revitalização da orla do Guaíba e
do Arroio Dilúvio, a qualificação das áreas verdes e a intensificação das ações
de educação ambiental. É urgente que, por meio do compartilhamento de
responsabilidades,
Cerca de 2 milhões de pessoas morrem todo ano no
mundo vítimas da má qualidade do ar. Um dos grandes vilões desta história são
os veículos que trafegam sem as devidas condições de segurança. No Rio Grande
do Sul, a frota hoje é de cerca de 4,5 milhões de carros – a terceira maior do
país. E a previsão é de que até 2020 ela cresça cerca de 6%. Ou seja, deve
chegar a 7 milhões de veículos nos próximos oito anos. Isto tornará críticos os
índices de emissão de gases caso não se comece, desde já, a construir as soluções
capazes de garantir um ar mais saudável para os gaúchos. E para os brasileiros.
O sistema de inspeção veicular ambiental, em
discussão há 10 anos no país e um dos temas em pauta na Assembleia Legislativa
do RS, é uma das iniciativas capazes de reduzir em até 80% as emissões de
monóxido de carbono, hidrocarbonetos e fumaça preta, além de diminuir em até 5%
o consumo de combustível. Atualmente, no Brasil, somente as cidades de São
Paulo e Rio de Janeiro têm sistemas de inspeção veicular em funcionamento.
Pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) durante 2010 mostrou
que, em três anos de inspeção veicular na maior cidade do país, houve uma
redução de até 13% na emissão de partículas poluentes. Isto resultou em
significativa queda do número de internações e mortes e em uma economia de
cerca de R$ 300 milhões para o município.
O Rio Grande do Sul é um dos Estados que se
mobilizam neste momento, ao lado de Santa Catarina, Paraná, Goiás e municípios
do interior de São Paulo, para implementar em seu território um sistema que há
mais de duas décadas já é prática corriqueira na Europa e nos Estados Unidos.
Na América do Sul, somente o Brasil, a Bolívia e o Paraguai ainda não adotaram
a inspeção veicular de forma estruturada. E as estatísticas mostram que esta é
uma urgência nacional.
Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro Veicular
(IBV) quanto às condições da frota brasileira em várias regiões do país, ao
longo de uma década – envolvendo veículos leves e pesados e uma diversidade de
idades e modelos –, apontou uma situação preocupante: pelo menos um em cada
quatro veículos apresenta sérios problemas em seus sistemas de segurança. Esta
era a realidade em 2001. De lá pra cá, de acordo com balanço publicado pelo
Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), a frota nacional cresceu 119%. O
Brasil fechou o ano de 2010 com exatos 64.817.974 milhões de veículos
registrados, o que representa a média de um veículo automotor para cada 2,94
habitantes.
Os impactos na saúde e o custo social dessas
estatísticas só não são mais alarmantes porque não há pesquisas que os
desnudem. Para começarmos a neutralizar este imenso volume de emissões de gás
carbônico, temos duas alternativas: estruturar um sistema eficaz de inspeção
veicular para o país ou ampliar em 11 vezes o tamanho de nossa Mata Atlântica.
*Diretor superintendente do Instituto Brasileiro
Battisti
vive dia de celebridade
Italiano foi ao Piratini conhecer pessoalmente o
governador que, quando ministro da Justiça, contribuiu para sua libertação
Livre da prisão há pouco mais de seis meses,
irradiando alto astral e curtindo momentos de celebridade, o ex-ativista
italiano Cesare Battisti circulou com desenvoltura ontem pelo centro de Porto
Alegre, onde permanecerá até sábado. De cabelos pintados e óculos escuros,
conversou com pessoas que cruzavam o seu caminho, posou para fotos e comeu
tainha assada no Mercado Público.
Pela manhã, o italiano cumpriu uma tarefa que
idealizava há tempos: agradecer ao governador Tarso Genro pela concessão de
refúgio político no Brasil. Em viagem patrocinada pelo Sindicato dos Petroleiros
do Rio de Janeiro, Battisti está em Porto Alegre para o pré-lançamento, hoje,
do romance Ao Pé do Muro, em evento integrado ao Fórum Social Temático 2012.
Trata-se de uma obra de ficção que se mistura com relatos dos mais de quatro
anos em que ele permaneceu preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em
Brasília. A detenção decorreu da sua condenação à prisão perpétua, em 1987, na
Itália, sob a acusação de ter matado quatro pessoas, nos anos 70.
Battisti, que nega a autoria dos crimes,
surpreendeu ao aparecer no Piratini em ato vinculado ao Fórum. O ex-ativista só
não foi extraditado para a Itália porque Tarso, em 2009, ainda como ministro da
Justiça, concedeu a ele o status de refugiado político, ato que estremeceu as
relações entre Brasil e Itália. Em 31 de dezembro de 2010, o então presidente
Lula referendou esta posição. A libertação foi determinada pela Justiça em maio
de 2011.
O italiano se nega a falar sobre política – chegou
a alegar que o estatuto do imigrante o impede de fazê-lo. Já Tarso fez defesa
contundente da decisão do Planalto de manter o ex-ativista no Brasil:
– O presidente Lula fez o que devia fazer, pela
Constituição do país, ao mantê-lo aqui e não entregá-lo aos fascistas e
corruptos italianos que queriam levá-lo para o seu país.
Battisti, bastante assediado por populares, disse
que até sábado pretende provar o chimarrão e o churrasco, além de fazer um
passeio de barco pelo Guaíba. Vaidoso e descontraído, chegou a comentar que
também gostaria de encontrar "uma namorada gaúcha".
Obra de ficção, mas nem tanto
No livro Ao pé do muro, Cesare Battisti faz uma
mescla entre fantasia e a realidade vivida por ele nos mais de quatro anos de
cadeia. Escrita no período em que ele estava na prisão, a obra se constitui a
partir de uma narrativa em primeira pessoa. O protagonista conta como chegou à
condição de presidiário e, ao visualizar os demais detentos, descreve a
história de cada um deles, abrindo janelas para fatos ocorridos nos mais
recônditos lugares do Brasil. Battisti tem mais de uma dezena de livros.
CARLOS
ROLLSING E JULIANA BUBLITZ
ENTREVISTA
"Tinha muita vontade de conhecer Tarso"
Cesare Battisti, ex-ativista político italiano
Na companhia de duas amigas cearenses do grupo
Crítica Radical – ambas lhe prestavam solidariedade no período de reclusão –, o
ex-ativista político Cesare Battisti conversou com Zero Hora por cerca de 30
minutos, ontem, no Mercado Público, sobre a vida após a prisão.
Zero Hora – O senhor conhecia Porto Alegre? O que
está achando da cidade?
Cesare Battisti – É a primeira vez que venho aqui.
Estou gostando muito da cidade.
ZH – As pessoas o reconhecem nas ruas?
Battisti – Alguns me reconhecem. No bairro onde
moro, no Rio, todos os dias sou reconhecido por alguém.
ZH – O que faz no Rio?
Battisti – Estou trabalhando na livraria Martins
Fontes. Leio livros para ver quais vale a pena traduzir, faço resenhas.
ZH – O que acha do Rio?
Battisti – Eu gosto, estou lá há dois meses. Me
parece uma síntese do Brasil. Não é tanto pela praia, até porque existem outras
mais bonitas. E eu não vou muito à praia. Mas respirar o ar do Rio é como uma
elipse, eu apago o período de cadeia.
ZH – Pretende regressar à França, onde também foi
refugiado?
Battisti – Não, isso é o que escreveram (na
imprensa), mas quero ficar no Brasil. Na França tenho minhas duas filhas, mas
estou esperando elas virem. Não se trata de uma escolha. Não posso mais sair do
país.
ZH – E o seu agradecimento ao governador Tarso
Genro?
Battisti – Tarso como homem, ministro e hoje
governador é uma pessoa que mostrou ter um valor muito alto de ética e de
coragem política. Quando ele teve de se expressar e decidir sobre o meu caso,
mostrou tudo isso. Eu tinha muita vontade de conhecê-lo pessoalmente e de
apertar a mão dele, como hoje aconteceu.
ZH – E ele lhe respondeu de que maneira?
Battisti – O governador desejou que eu fizesse bom
proveito da liberdade. Que eu aproveitasse a generosidade do povo brasileiro.
ZH – O ex-presidente Lula esperou até o último dia
de governo para manter o seu status de refugiado. Já agradeceu a ele também?
Battisti – Ele esperou o último dia, mas a decisão
foi boa. Não conheço Lula, nunca o vi, mas também gostaria de apertar a mão
dele. Agora infelizmente ele está com essa doença. Desejo que supere. Mas é
claro que eu gostaria de encontrar com ele, com certeza.
ZH – A Itália ainda reclama a sua extradição por
conta da acusação de quatro assassinatos.
Battisti – Desculpe, mas eu não posso me pronunciar
sobre esse assuntos que envolvem questões políticas e jurídicas da Itália e do
Brasil. Seria dar pretexto aos meus inimigos.
Cúpula
do evento vai receber presidente
Com desembarque previsto para amanhã à tarde, a
presidente Dilma Rousseff virá a Porto Alegre para prestigiar o Fórum Social
Temático 2012.
Está confirmada a participação dela em ato no
Gigantinho, às 19h, onde discursará diante de um público estimado em 5 mil
pessoas.
A agenda presidencial, contudo, recebeu a inclusão
de um segundo compromisso. Uma reunião com integrantes da direção do Fórum
Social Temático ocorrerá por volta das 17h, no Hotel Plaza São Rafael.
Participarão do encontro reservado com Dilma cerca
de 30 líderes ligados à cúpula do evento, entre eles Oded Grajew, um dos
idealizadores do Fórum.
– Não existe uma reivindicação ou pauta específica.
O importante é fazer uma troca de ideias e falar um pouco sobre o que a
sociedade civil está preparando para o Rio+20 – explicou Oded, citando a
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorrerá
em junho, no Rio de Janeiro.
Oded ainda ressaltou a intenção de afirmar, diante
de Dilma, "a necessidade de os governos avançarem com decisões práticas e
concretas em direção ao status de diálogo entre governos e sociedade".
Além de prestigiar o Fórum, Dilma visitará, nos
próximos dias, o Haiti, país mais pobre da América Latina.
Gaúcho
descarta "inventar a roda"
À frente da Ciência e Tecnologia, o gaúcho Marco
Antonio Raupp disse que seu papel na pasta não será inventar a roda, mas
"fazê-la girar em um ritmo acelerado". Raupp fez um discurso informal
no qual se declarou "fã" da presidente Dilma Rousseff. Arrancou risos
dos presentes quando não conseguiu momentaneamente achar a primeira página de
seu discurso.
Raupp fez questão de enaltecer o seu antecessor,
Aloizio Mercadante. que, segundo ele, é "polivalente" e
"trabalha com afinco" . Destacou a atuação conjunta com a Educação,
que definiu como um "eixo estruturante para o desenvolvimento". Raupp
afirmou que foram vários os ministros que contribuíram para a evolução da
ciência e tecnologia brasileiras e destacou a atuação de Sérgio Rezende, que
ocupou a pasta entre 2005 e 2010.
Antes de assumir o ministério, Raupp, 73 anos, era
presidente da Agência Espacial Brasileira. Com uma longa trajetória em
pesquisas, é doutor em matemática, foi professor da Universidade de Brasília
(UnB) e integrou a equipe do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Graduado em física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é
especialista em matemática pela Universidade de Chicago e livre-docente pela
Universidade de São Paulo (USP). Foi ainda pesquisador do Laboratório Nacional
de Computação Científica, professor da UnB e pesquisador do Inpe.
Brasília
MP Eleitoral vai fiscalizar
Em ano de eleições municipais, os albergues
mantidos pelas prefeituras serão fiscalizados de perto pelo Ministério Público
Eleitoral. Embora sejam considerados regulares por serem mantidos por entidades
públicas e não por deputados, os albergues deverão manter critérios rígidos
para não serem usados como forma de propaganda eleitoral.
O Procurador Regional Eleitoral, Carlos Augusto da
Silva Cazarré, disse que orientará às promotorias especializadas em primeiro
grau para acompanhar o processo e fiscalizar as casas.
– Em ano de eleição, é proibida a oferta de
qualquer benefício ou vantagem ao eleitor, a não ser em casos de calamidade
pública e emergência, ou de programas aprovados por lei que já estavam em
execução no ano anterior – salienta.
Conforme Cazarré, estas casas também não podem ser
mantidas por instituições como ONGs, que sejam vinculadas a candidatos.
ECONOMIA
Criação
de emprego com carteira recua
Mesmo em queda, geração de vaga foi a segunda melhor da
história do país
O aumento dos juros e a adoção de medidas para
travar o crédito, adotadas no início de 2011, tiveram um efeito retardado sobre
o mercado de trabalho formal, fazendo com que o setor perdesse o ritmo de
crescimento ao final do primeiro ano do governo Dilma Rousseff. Além disso, a
piora da crise mundial contribuiu para que o país não chegasse nem a 2 milhões
de novas vagas e atingiu em cheio setores vulneráveis ao comércio externo, como
calçados e têxteis.
Impulsionado pelo setor de serviços e do comércio,
foram criados 1,944 milhão de empregos no ano passado, segundo dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo
Ministério do Trabalho. O resultado representa redução de 23,5% em relação à
criação recorde de vagas vista em 2010, um total de 2,543 milhões de postos com
carteira assinada. Mesmo assim, 2011 é o segundo melhor da história.
Outro indicador do mercado de trabalho, a taxa de
desemprego calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), ainda não teve divulgado o dado final de 2011. Mas a taxa apresentou
queda no desemprego entre setembro e novembro. Os números do Caged referem-se a
contratações com carteira assinada, enquanto a taxa calculada pelo IBGE mostra
quem está procurando emprego.
A desaceleração da abertura de postos foi
generalizada em todas as regiões, assim como em todos os setores de atividade
na comparação com 2010. O baque mesmo foi sentido no setor de confecções, que,
ao longo do ano, mais demitiu do que contratou. O governo já se deu conta do
problema e prometeu lançar medidas que incentivem o setor.
No Rio Grande do Sul, o saldo foi de 122.286 postos
no ano passado, queda de 32,34% em relação a 2010. A criação de vagas deveu-se
principalmente à expansão nos setores de serviços e do comércio (confira quadro
acima).
A piora do desempenho do emprego foi acentuada no
mês passado, quando o saldo ficou negativo em 408 mil postos no país e 22,7 mil
no Estado. O dado, entretanto, não é uma surpresa, porque nos meses de dezembro
sempre há mais desligamentos.
Especialistas projetam a recuperação gradual do
mercado nos próximos meses. Com base na retomada do crescimento econômico e na
queda dos juros, o economista da LCA Consultores Fabio Romão espera uma
situação de melhoria na indústria.
Brasileiros
deixaram US$ 21,2 bi no Exterior
O brasileiro viajou como nunca para o Exterior nos
últimos meses e a fatura ficou salgada: os turistas pagaram US$ 21,2 bilhões em
despesas e compras em outros países em 2011. A festa, porém, tende a perder o
brilho em breve. O Banco Central diz que o sobe e desce do dólar visto desde
agosto já preocupa alguns viajantes e deve moderar o ritmo do turismo internacional
em 2012.
Dados apresentados ontem pelo Banco Central (BC)
mostram que a fatura das viagens internacionais cresceu 29% em 2011 na
comparação com o ano anterior. O desempenho chinês do turismo no Exterior
aconteceu mesmo após o salto impressionante de 2010, quando os gastos dos
brasileiros já haviam crescido 51% em um ano.
Com os dois anos seguidos de avanço, a fatura do
turismo no Exterior já soma valor equivalente a cerca de 10% do total das
importações brasileiras, que atingiram US$ 226 bilhões no ano passado.
– O gasto nesse item é bastante sensível à taxa de
câmbio, que tem oscilado mais. A incerteza econômica também contribui para que
brasileiro seja um pouco mais cauteloso. Para 2012, temos uma perspectiva de
comportamento mais moderado – disse o chefe do departamento econômico do BC,
Túlio Maciel.
Estrangeiros também desembolsaram mais em viagens
ao Brasil. Conforme o BC, eles deixaram US$ 6,7 bilhões no ano passado no país,
valor 14% superior à conta paga em 2010. Mesmo com o aumento, o gasto por aqui
foi insuficiente para cobrir o rombo gerado pelos brasileiros no Exterior.
Por isso, o ano terminou com a conta de turismo
internacional com saldo negativo de US$ 14,6 bilhões, aumento de 38% na
comparação com o ano anterior e novo recorde histórico. Para 2012, o BC prevê
que o déficit do turismo deve estacionar no atual nível e fechar o ano em US$
14,5 bilhões.
GERAL
Banqueiro
vai gerir fundo global de aids
A maior instituição de financiamento do combate à
aids no mundo convocou ontem um banqueiro colombiano-brasileiro para resgatar
sua credibilidade e gerenciar bilhões de dólares para o combater a epidemia. O
Fundo Global contra Aids, Malária e Tuberculose anunciou a escolha de Gabriel
Jaramillo como gerente-geral da entidade, que tem mais de US$ 10 bilhões até
2013 para programas de saúde.
Jaramillo, nascido em Bogotá e com cidadania
brasileira, atuou como banqueiro nos últimos 30 anos. Foi o CEO do Citibank no
México e presidente do Santander e do Citibank na Colômbia nos anos 90. Mas foi
no Brasil que ele ganhou destaque como um dos líderes do setor financeiro. Em
1999, foi Jaramillo quem coordenou a ofensiva do Santander para sair vencedor
no leilão do Banespa, no ano seguinte, pelo qual o grupo espanhol pagou US$ 7
bilhões.
Ao deixar o banco, em 2009, o Santander era a
oitava instituição financeira do mundo. Jaramillo seguiu para os Estados
Unidos, onde assumiu o Sovereign Bank e se aposentaria dois anos depois. Em
2010, foi escolhido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para ser o
enviado especial para o combate à malária.
Agora, terá a função de gerenciar o processo de
transformação e garantir que os bilhões de dólares dados a governos de todo o
mundo sejam de fato aplicados na luta contra as doenças. Nos últimos meses, o
fundo tem sido assolado por suspeitas de fraudes.
– Minha prioridade no Fundo Global é a de obter a
máxima eficiência, controle e resultados concretos que salvam vidas – declarou
Jaramillo.
Criado em 2002, o Fundo se transformou no maior
financiador de programas de saúde no mundo, distribuindo US$ 22,6 bilhões a
mais de mil projetos em 150 países.
Voo
Paris-Rio é interrompido
Passageiro relata explosão após decolagem em Paris durante
voo da TAM que teve de retornar às pressas para o aeroporto
Um avião da TAM que faria a rota Paris-Rio
apresentou problemas técnicos logo após decolar, no final da tarde de ontem, e
teve de retornar ao Aeroporto Internacional Charles de Gaulle com cerca de 160
passageiros a bordo. Em uma nota oficial, divulgada às 20h18min, a TAM não
especificou que tipo de problema motivou a interrupção da viagem rumo ao
Brasil. Depois do pouso, a aeronave A330-200 foi removida para o setor de
manutenção do aeroporto parisiense.
Conforme o depoimento do passageiro Stéphane
Monclaire "o motor do avião teria feito muito barulho poucos minutos após
decolar". Ouviu-se um barulho que o passageiro classificou como
"explosão muito forte". O susto teria deixado os demais passageiros
com "muita angústia", conforme Monclaire, mas relatou que não chegou
a haver pânico.
O voo JJ8055 decolou de Paris às 17h9min (horário
de Brasília) e logo apresentou problemas que motivaram a configuração de
situação de emergência.
Em vez de seguir o trajeto rumo ao Brasil, a
aeronave fez uma curva para o norte e seguiu até o Canal da Mancha, que separa
a França da Grã-Bretanha, onde permaneceu sobrevoando em círculos. Esse
procedimento costuma ser realizado para liberar combustível a fim de diminuir o
peso do avião e permitir o pouso com maior segurança.
Comandante recebeu palmas da tripulação
Em alguns casos, o combustível também é liberado sobre
o oceano, mas a TAM não confirmou se essa medida foi adotada. Depois de algumas
voltas, conforme demonstra o trajeto registrado pelo site
www.flightradar24.com, que monitora voos ao redor do mundo em tempo real, o
JJ8055 seguiu novamente em direção ao Charles de Gaulle, onde pousou em
segurança às 18h37min no horário de Brasília.
– Foi uma explosão de alegria. O comandante recebeu
muitas palmas, gritos de alegria. – disse o passageiro Stéphane Monclaire por
telefone, de Paris, a Zero Hora.
A assessoria da TAM informou, ontem à noite, que
ainda estava sendo estudada a melhor maneira de encaminhar os cerca de 160
passageiros para o Brasil – tanto o voo como o horário em que a nova viagem
teria início não estavam confirmados até as 21h.
Em nota, a empresa declarou que "o comandante
seguiu o procedimento recomendado para a situação e não seguiu com o voo",
e que "lamenta os transtornos causados aos clientes e reforça que está
prestando toda a assistência necessária".
O problema com o voo da TAM traz lembranças tristes
de outro do mesmo trajeto, entre a capital francesa e o Rio de Janeiro. Na
noite do dia 31 de maio de 2009, um Airbus da Air France que partiu do Rio em
direção a Paris caiu sobre o Oceano Atlântico. O voo AF 447 levava 228 pessoas.
Não houve sobreviventes.
MUNDO
Obama
mira a classe média
Em tradicional discurso anual no Congresso, o
presidente dos EUA prometeu apoiar empresas que criem empregos
Quatro anos depois do slogan "Yes, we
can", o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tenta convencer os
americanos de que pode mais uma vez. No tradicional discurso do Estado da
União, pronunciamento anual para prestar contas e sinalizar o que o governo
deve submeter ao Congresso, Obama prometeu proteger a classe média da ameaça da
desigualdade econômica.
Por ser ano eleitoral, inevitavelmente, o discurso,
que começou às 21h de ontem em Washington (0h de hoje em Brasília), assumiu um
tom político. O próprio tema da fala do presidente americano já continha doses
de um novo slogan: "uma economia feita para durar". É uma forma de
lançar a sua agenda estratégica, na qual o "trabalho duro compensa e a
responsabilidade é recompensada", e de se fortalecer em um momento em que
apenas os pré-candidatos republicanos dominam os debates.
– É a hora de aplicar as mesmas regras tanto para
os de cima quanto para os de baixo: nem planos de resgate nem dádivas, nem
escapatórias. Um país que perdure necessita que cada um assuma suas
responsabilidades – disse o presidente.
Popularidade de Obama está em recuperação
A importância do evento para Obama encontra
paralelo com a histórica manifestação do também democrata Bill Clinton, em
1996, que turbinou sua popularidade. À época, Clinton enfrentava a maioria
republicana no Congresso, como ocorre agora na Câmara dos Deputados.
Quando estreou nesse tipo de pronunciamento, em
2009, Obama foi aplaudido mais de 50 vezes. Agora, com a popularidade em
recuperação, depois de ter batido na casa dos 42%, o democrata encarna como
nunca o papel de defensor da classe média para marcar posição contra os
republicanos.
– Eu vou enfrentar a obstrução com ação. Vou me
opor a qualquer esforço para retornar às mesmas políticas que trouxeram essa
crise econômica – reforçou o presidente, em referência direta à atuação
republicana na Câmara.
A mensagem do primeiro presidente negro dos EUA e
que já ganhou um Nobel da Paz pode ser essencial para convencer os americanos
de que, apesar do alto índice de desemprego e da lenta recuperação econômica,
merece governar por mais quatro anos.
Washington
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