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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

12 de janeiro de 2012 - ZERO HORA


PRIMEIRA PÁGINA

SUS pagará a troca de silicone
O governo voltou atrás e decidiu bancar substituição de implantes de seios rompidos.

EDITORIAL
Questão de segurança

Por mais que o tom da polêmica entre o prefeito da Capital, de um lado, e o Ministério Público e o Judiciário, de outro, seja emocional, o fato tem pelo menos uma vantagem: a de alertar para a pouca preocupação de órgãos públicos de maneira geral com a questão da segurança de quem frequenta prédios que não obedecem a normas mínimas de prevenção e proteção contra incêndios. A origem dos desentendimentos é uma ação do Ministério Público, acolhida pela Justiça, que questionava as condições da Usina do Gasômetro e do barracão das associações carnavalescas no sambódromo.
A interdição dos locais desencadeou uma reação por parte da prefeitura, que se sentiu discriminada pelo MP e pelo Judiciário. De acordo com o prefeito José Fortunati, muitos prédios de órgãos públicos estaduais, do MP e da Justiça, além da Assembleia Legislativa, também deveriam ser interditados, por não cumprirem as normas de segurança. Ao insinuar que outros locais públicos deveriam receber o mesmo tratamento dispensado às duas instalações municipais, com prejuízos para o Réveillon programado pela prefeitura no Gasômetro e para os desfiles do Carnaval, o prefeito acabou chamando a atenção para o descaso com os frequentadores dos endereços citados. Para a população, ficou a impressão de que as autoridades somente se preocupam com prevenção contra incêndios quando as medidas são forçadas por decisões da Justiça e provocam confrontos políticos.
Esta deveria ser uma preocupação permanente, não só em relação a prédios do setor público e tampouco com ações limitadas ao combate do risco de incêndio. Há outras ameaças e um sentimento generalizado de que os órgãos fiscalizadores agem muito mais na tentativa de reparação de danos do que na prevenção. São exemplos de omissão alguns prédios históricos completamente degradados, com partes que ameaçam ruir no centro de Porto Alegre. O município alega que a manutenção dos prédios é de responsabilidade dos proprietários, mesmo que estes sejam parte do patrimônio histórico. A alegação não exime a área de fiscalização de suas atribuições. Assim como o debate em torno das recentes interdições não pode ser encerrado sem o encaminhamento de soluções, como se tudo se resolvesse numa declaração de trégua.

COLUNAS
Brasília

Carolina Bahia

Pacote capenga
O pacote de ajuda aos agricultores castigados pela seca representará um alívio de curto prazo. Prorrogar dívidas por 90 dias representa um fôlego para quem perdeu tudo e não tem seguro. Mas a pegadinha está aí. Cerca de 80% das lavouras da agricultura familiar estão asseguradas. O grande problema é se os bancos apresentarem a tradicional demora para cobrir os contratos. Na Região Sul, o peso da cobertura do seguro nas contas do Tesouro pode chegar a R$ 1 bilhão. As medidas estarão capengas se não houver dinheiro novo para os municípios. Os R$ 18 milhões que sobraram do ano passado não consolam, porque não poderão ser utilizados integralmente em investimentos. Sem um plano de trabalho, até a noite de ontem, os ministérios não se entendiam quanto ao socorro ao Estado.

Só lamento
A bancada gaúcha no Congresso não reservou recursos no Orçamento da União deste ano para ações de prevenção a catástrofes. A Defesa Civil conta com um total de R$ 524 milhões, dos quais apenas R$ 5 milhões de recursos próprios. O restante depende de emendas dos Estados.

No sal
Levantamento da União mostra que, ao longo de todo o ano passado, Rio Grande do Sul e Santa Catarina não tiverem nenhum projeto de prevenção à seca ou enchente habilitados pela Defesa Civil. O Estado chegou a encaminhar 250 propostas, nenhuma foi adiante.

Mala e cuia
Desmotivado após a reunião com o Ministério da Integração, o secretário de Obras, Luiz Carlos Busato (foto), já estava no aeroporto quando foi surpreendido por uma ligação. Do outro lado da linha, o secretário de Política Agrícola, Caio Rocha:
– Venha já para o Palácio do Planalto. Estamos reunidos para discutir o pacote contra estiagem.
Depois de desmarcar a passagem de volta para Porto Alegre, Busato entrou no Palácio de mala e cuia.

RECORTE E COBRE
Pai da criança - A indefinição sobre a data e o local do anúncio do pacote para socorrer os municípios atingidos pela seca passa pelo gabinete da presidente Dilma. Preparados para desembarcar no Estado amanhã, os ministros Mendes Ribeiro (Agricultura) e Fernando Bezerra (Integração) podem ter os planos alterados caso Dilma resolva comandar o anúncio, em Brasília. Ontem, cada ministro divulgava um palco diferente.

POLITICA
Dois discursos, um problema
Depois de a Fazenda afirmar que o governo não tem como pagar piso nacional do magistério, Casa Civil desmentiu informação

Um jogo de declarações entre secretários do governo Tarso Genro, ontem, demonstrou que o Piratini ainda não sabe o que fazer para elevar o salário básico dos professores ao patamar do piso nacional da categoria. Pela manhã, o pagamento foi considerado impraticável pelo secretário da Fazenda, Odir Tonollier, durante apresentação do balanço financeiro de 2011. Horas mais tarde, em entrevista, ele foi desmentido pelo chefe da Casa Civil, Carlos Pestana.
A implantação do piso é uma promessa de campanha de Tarso, que desde o dia 3 está de férias em Cuba (leia mais sobre a viagem na página 20). Tonollier avaliou que o básico da categoria se tornará inalcançável caso o Ministério da Educação confirme o reajuste de 22%, assegurado por cálculo que leva em consideração a arrecadação do Fundeb (o fundo da Educação Básica) e o custo por aluno. A remuneração dos professores pularia de R$ 1.187 para aproximadamente R$ 1.450, gerando impacto de R$ 3 bilhões nas contas do Estado.
O secretário da Fazenda avaliou que o mais adequado seria modificar a lei e adotar como indexador o INPC, que mede a inflação, atualmente na casa dos 6,5%.
A declaração de Tonollier, que já estava sendo interpretada como "calote eleitoral" pela oposição, teve repercussão imediata. À tarde, Pestana e Tonollier, que mantêm uma relação de trabalho marcada pela afinidade, conversaram por telefone. A tarefa de apagar o incêndio coube a Pestana. Ele disse que o Piratini irá pagar o piso mesmo que a correção de 22% seja confirmada no início de março pelo MEC.
– O secretário da Fazenda, na verdade, procurou destacar as dificuldades para se chegar a esse patamar – afirmou Pestana, negando constrangimento com a situação.
Nos bastidores, o Piratini pressiona pela aprovação de uma emenda, na Câmara, que fixa o INPC como indexador do piso. No final de dezembro, a proposta foi aprovada em caráter terminativo na Comissão de Finanças e Tributação. Somente não seguiu para a sanção presidencial porque foi apresentado um recurso solicitando a votação da medida em plenário.
A presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, criticou o governo por "não privilegiar" a educação:
– Não estamos surpresos, já sabíamos que isso iria acontecer.
CARLOS ROLLSING

Cassados serão cobrados por custo de novo pleito

A Advocacia Geral da União (AGU) vai cobrar de eventuais prefeitos cassados os custos das novas eleições que forem convocadas nos municípios.
Pelo acordo firmado com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após o prefeito ser julgado definitivamente, os Tribunais Regionais Eleitorais vão acionar a AGU para que sejam tomadas as providências necessárias para cobrar, por meio das ações judiciais, as despesas geradas pela convocação de nova votação.
O acordo tem validade de cinco anos e deve ser seguido pela Justiça Eleitoral em todo o país.
A AGU também vai pedir indenização por dano moral coletivo pelos transtornos causados aos eleitores que tiveram que votar mais uma vez. "O contribuinte não pode ser responsabilizado por pagar os custos que o Estado não deveria ter, gerados por fraude no processo eleitoral", afirmou o advogado-geral da União Luís Inácio Lucena Adams, em nota divulgada no site da AGU.
Em 2008, o TSE gastou mais de R$ 430 milhões para realizar o pleito, média de R$ 3,39 por eleitor. Pelas contas da AGU, isso significa que, em um município com 100 mil habitantes, o prefeito cassado teria de arcar com uma média de R$ 340 mil.

MPF vai analisar denúncias contra ministro

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decidiu encaminhar para a primeira instância do Ministério Público Federal o pedido feito pelo DEM para investigar o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.
Gurgel entende que os fatos devem ser analisados pela primeira instância, pois, por ora, não haveria indícios da prática de crime. Caso o MPF entenda que haja irregularidades, o ministro será investigado por improbidade administrativa. Bezerra é suspeito de privilegiar seu Estado, Pernambuco, no repasse de verbas e de favorecer o filho.

ECONOMIA
Mercado interno garante investimento da indústria
Levantamento da Fiergs mostra efeito de importados na produção

Cautelosas diante de um cenário global incerto e da crescente concorrência de importados, indústrias gaúchas devem diminuir a velocidade dos investimentos neste ano. Com a dificuldade em competir nos mercados externos, a saída será focar as vendas no Brasil.
A preocupação é demonstrada na pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) sobre intenções de investimentos em 2012. Conforme o estudo, que ouviu 176 pequenas, médias e grandes empresas, 84,9% planejam investir neste ano, percentual menor do que o ano passado, de 88,1%.
– A indústria está preocupada, especialmente para o cenário do primeiro semestre – disse o presidente da Fiergs, Heitor Müller, acrescentando que o segmento manufatureiro está se preparando para atender o mercado interno, já que as exportações são reduzidas ano a ano.
Ainda de acordo com o levantamento, em 2011, 46% dos investimentos planejados foram realizados apenas parcialmente. Entre os setores mais afetados, conforme Müller, estão calçadista, moveleiro, vitivinícola e têxtil. Impactadas pelos produtos importados, as quase 2 mil indústrias têxteis gaúchas não conseguiram concretizar nem metade do investimento programado.
– Os produtos asiáticos entraram com muita força no nosso mercado. Com a valorização do câmbio, até conseguimos um fôlego. Nossos custos de produção são muito altos – enfatiza Ervino Renner, presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis do Rio Grande do Sul.
Apesar de manter desempenho positivo nas vendas em 2011, as indústrias metalmecânicas de Caxias do Sul também se ressentem dos custos de produção e da consequente perda de mercado externo. Há seis anos, 20% do faturamento médio de R$ 18 milhões das empresas do setor vinha das exportações. Hoje, não passa de 10%.
– Compensamos a perda de espaço lá fora com o aumento das vendas para o mercado brasileiro – diz Getúlio Fonseca, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul.
Setor de alimentos se moderniza e cresce
Na outra ponta, a indústria de alimentos conseguiu modernizar os processos industriais, além de diversificar os produtos. Fortalecidas por um mercado interno crescente, empresas investiram em automação para aumentar a produção e criar diferenciais.
– Tentamos nos desprender da política de preços para nos focar na criação de valor agregado – diz Marcos Oderich, vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Alimentação.
Para fazer frente à competição com outros mercados, interno e externo, a indústria alimentícia investiu em tecnologia, readequou embalagens e aumentou a qualidade e variedade dos produtos.

General Motors volta ao topo nas vendas mundiais
A japonesa Toyota perde a liderança para a GM e cai para terceiro lugar, atrás da alemã Volkswagen

Depois de perder o posto de montadora número 1 em vendas no mundo em 2008, ir quase à falência e receber ajuda do governo norte-americano, a General Motors (GM) deve ter confirmada o seu retorno ao topo. A montadora divulga hoje seus números, e a expectativa varia entre 8,5 milhões e 9 milhões de veículos.
O resultado será suficiente para recuperar o posto perdido à Toyota. Está certo que o terremoto seguido de tsunami e acidente na usina nuclear de Fukushima, que abalou o Japão em março passado, comprometeu a produção da companhia nipônica. A Toyota informou que suas vendas chegaram a 7,9 milhões de unidades.
Mas a General Motors também fez seu dever de casa: criou produtos de interesse do mercado, reduziu o peso de sua estrutura corporativa e buscou crescer onde havia espaço – ou seja, fora dos Estados Unidos (confira quadro ao lado). Os EUA representavam, em geral, a metade das vendas da empresa. Desta vez, serão cerca de 30%.
No Brasil, a GM perdeu participação de mercado, em parte devido à desatualização da linha de produtos. Mas o país é importante para a empresa. Afinal, é o segundo maior mercado da marca Chevrolet. Um novo plano de investimentos deverá ser anunciado nos próximos meses, voltado para novos produtos e modernização das fábricas.
A manutenção da liderança também deverá ser testada neste ano com a recuperação da Toyota dos desastres no Japão e os avanços da Nissan-Renault e, em especial, da Volkswagen. A montadora alemã, aliás, superou a Toyota no ano passado, com 8,156 milhões de veículos, impulsionada pelo seu desempenho nos Estados Unidos e no resto do mundo. A meta da Volkswagen é chegar ao topo em 2018.

Eike vende 10% da MPX à gigante alemã

Após dias de especulações no mercado, o empresário Eike Batista oficializou ontem a entrada da gigante alemã E.ON no capital de sua companhia de energia, a MPX, em operação intrincada. Eike vai repassar os valiosos ativos de carvão da empresa na Colômbia para uma nova companhia, retirando-os do negócio, e depois venderá 10% da MPX para a E.ON por R$ 850 milhões. Por fim, criará uma joint venture com o grupo de participação igualitária. A MPX vai manter 50% da sua carteira de empreendimentos térmicos não contratados e repassará a outra metade à joint venture.

BC americano vê economia mais forte

Em relatório divulgado ontem, os diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) ressaltam que, na melhor das hipóteses, a economia norte-americana entrou num ritmo "moderado" de crescimento. As semanas finais de 2011 foram as mais fortes desde a aparente recaída numa recessão vista no término da primavera.

GERAL
Seca impõe perda bilionária na soja
Previsões indicam uma queda em torno de 20% na principal safra de grãos do RS

Olevantamento sobre os reflexos da seca na agricultura que o governo gaúcho divulga hoje vai mostrar que os danos chegaram à soja, impondo perdas bilionárias no carro-chefe do agronegócio do Estado.
Em zonas de grande produção, como nas regiões de Passo Fundo e Santa Rosa, a última coleta de dados, realizada até o dia 23 de dezembro, sequer registrava previsão de prejuízos. Passados menos de 20 dias, a estimativa dos escritórios da Emater apontam para quebras de 20% e 21%, respectivamente (veja no mapa ao lado).
O relatório apresentado semana passada pelo Estado – com base em dados de dezembro –, mostrava uma expectativa de redução de apenas 4% na safra 2011/2012 em comparação com o volume inicialmente esperado – 10,3 milhões de toneladas. Os dados a serem divulgados hoje refletem a situação das lavouras até segunda-feira.
A consultoria Safras & Mercado, partir de informações compiladas até a semana passada, projeta perda de 20%. Se a situação a partir de agora se estabilizasse, a produção chegaria a 8,2 milhões de toneladas de soja – 2,1 milhões a menos do que o projetado.
– Chegou à soja (o prejuízo). E agora a planta entra no período de floração, então a cada dia de sol a situação piora – diz o secretário Estadual de Desenvolvimento Rural, Ivar Pavan.
Com a colheita prevista para o final do verão, a situação pode piorar.
– Se o clima continuar ruim, o prejuízo vai aumentando – pondera o analista de soja da Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez.
E há estimativas ainda mais pessimistas. Para a Cooperativa dos Agricultores em Plantio Direto (Cooplantio), que monitora a situação da cultura em suas 28 unidades pelo Estado, a redução já é de 30%, com tendência de o quadro se deteriorar.
– E para colhermos em torno de 7 milhões de toneladas vai ter de chover bem daqui para a frente – afirma Dirceu Gassen, gestor técnico da Cooplantio, que semana passada percorreu as regiões produtoras da Metade Norte.
Com o preço médio da saca de 60 quilos a R$ 43, o prejuízo poderia variar de R$ 1,5 bilhão a R$ 2,2 bilhões, sem contar os reflexos negativos no comércio de cidades que vivem da lavoura e na indústria do agronegócio.

ZH lança blog Rede da Seca
Em busca de relatos sobre o dia a dia da situação nas lavouras gaúchas, ZH deu início a uma rede de contatos, que vai interligar as regiões mais afetadas. Produtores, técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos se reúnem em um canal direto com a redação do jornal, enviando suas impressões diárias sobre o problema – que já afeta um milhão de gaúchos.
Estes colaboradores integram, em sua maioria, cooperativas regionais de produtores rurais e realizam análises e levantamentos permanentes das perdas e danos nas plantações. Serão as vozes do campo, retratadas no blog Rede da Seca.
Fotos e informações sobre suas lavouras. Acesse o blog em www.zerohora.com, confira imagens e boletins das regiões e saiba como participar.

Motor da economia
- Responsável por 46% dos R$ 17,7 bilhões de valor bruto da produção (VBP) da agricultura gaúcha ano passado, a soja é o motor da economia de centenas de municípios gaúchos e move indústrias importantes do Estado, como máquinas e insumos.
- Responde por 16,5% das exportações do Rio Grande do Sul, liderando a lista de produtos. Até novembro, foram US$ 2,84 bilhões exportados em grãos.
caio.cigana@zerohora.com.br
CAIO CIGANA

Fronteira tem racionamento

A falta de chuva começa a ser refletida no abastecimento aos moradores de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste. Somada ao alto consumo de água pela população, a carência de precipitações obrigou o Departamento de Água e Esgoto (Dae) a cortar a água por sete horas diárias.
O número de moradores atingidos está estimado entre 20 e 25 mil pessoas, o que representa 20% a 25% dos 86 mil habitantes. Três regiões são atingidas: Zona Alta, Brigada Militar e Vilson Tabatinga.
O racionamento de água será realizado entre 14h e 21h. Atualmente, 32 poços artesianos abastecem 20 reservatórios, que repassam a água às casas.

SUS vai bancar a troca de próteses rompidas
Determinação vale para os produtos de empresas francesa e holandesa

O Sistema Único de Saúde (SUS) bancará a troca de próteses de silicone de seios que estejam rompidas de mulheres com implantes das marcas francesa Poly Implant Protheses (PIP) e da holandesa Rofil. Serão atendidas pacientes que fizeram o implante para uma reconstrução mamária ou por fim estético nas redes pública ou particular.
Anteriormente, o Ministério da Saúde havia informado que o atendimento estava garantido para as pacientes que tivessem feito somente o implante mamário por causa de questões de saúde, como retirada de um seio por causa de câncer. A rede pública faz cirurgias de implantes de silicone nos seios somente para reparação.
A mudança ocorreu depois de determinação da presidente Dilma Rousseff, segundo o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano.
– A partir do momento que se identifica a ruptura do implante, é entendida como uma cirurgia reparadora. O SUS ampara e vai amparar as mulheres independentemente da origem da prótese – disse Barbano, após reunião com representantes dos cirurgiões plásticos e mastologistas.
A rede pública irá financiar a retirada da prótese e também a colocação de outra. Estima-se que 12,5 mil brasileiras usam implantes da PIP e 7 mil da Rofil. As duas empresas usaram silicone industrial, não indicado para próteses de seio. O produto aumenta o risco de ruptura do implante ou vazamento, o que provoca inflamação da mama ou outros problemas de saúde.
De acordo com Barbano, 39 mulheres enviaram queixas a Anvisa de ruptura da prótese da PIP desde abril de 2010. Elas relataram dores e deformidade no implantes e, após exames, foi constatada a ruptura. As usuárias, segundo o diretor, já fizeram a troca do implante.
A Anvisa e os médicos farão um rastreamento das pacientes para chamá-las para uma avaliação clínica. A agência deve divulgar um protocolo e uma lista de quais exames as pacientes devem fazer e os serviços de saúde públicos a serem procurados.
A Anvisa mantém a posição que o implante deve ser removido somente em caso de ruptura ou risco aparente e descarta uma retirada preventiva, como foi recomendada pelo governo francês e a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética.

MUNDO
Irã é denunciado na ONU

Perante a Organização das Nações Unidas (ONU), quatro embaixadores ocidentais acusaram ontem o Irã de cometer uma "clara ruptura das resoluções do Conselho de Segurança" da entidade, ao produzir urânio enriquecido a 20%. Na segunda-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou que o país persa começou esse processo em sua usina de Fordo, localizada em uma área montanhosa, de difícil acesso.
O enriquecimento de urânio a 20% não é suficiente para produzir combustível para bombas atômicas, mas o Ocidente teme que seja o primeiro passo para que o Irã atinja um arsenal desse tipo. Grã-Bretanha, França, Alemanha e EUA disseram que a nova usina não tem um "uso civil confiável". O Irã nega que a intenção seja construir um arsenal nuclear.

Mistério na morte de cientista

Iraniano assassinado em atentado em Teerã é o quarto pesquisador do programa nuclear eliminado desde janeiro de 2010

A cidade: Teerã, capital do Irã. O alvo: o cientista nuclear Mostafa Ahmadi Roshan. O ataque: uma bomba magnética colocada por um motociclista embaixo de um Peugeot 405 de Roshan, ontem, às 8h30min do horário local. O autor: desconhecido. O que torna o caso mais intrigante – e mais atrativo às teorias da conspiração – é que essa é a quarta morte de um cientista ligado ao programa nuclear iraniano desde janeiro de 2010.

Roshan, 32 anos, era professor de química da Universidade de Teerã e trabalhava na usina de enriquecimento de urânio de Natanz, na região central do país. Sua função era desenvolver membranas de polímeros para a difusão de gases – parte do processo necessário para o enriquecimento de urânio, que dá origem ao combustível nuclear.

A explosão ocorreu exatamente dois anos depois da morte de Masoud Ali Mohammadi, cientista morto na frente de casa por uma bomba acionada por controle remoto colocada em uma moto estacionada na rua. Embora ninguém tenha reivindicado a responsabilidade pelas mortes, os dedos das autoridades iranianas apontavam ontem dois países como culpados: Estados Unidos e Israel.

– Os inimigos do Irã deveriam saber que não podem parar nosso progresso, realizando atos terroristas como esse – afirmou o vice-presidente do país, Mohammad Reza Rahimi.

A Casa Branca negou qualquer envolvimento no fato, e o governo israelense, como é comum nesse tipo de episódio, não se manifestou sobre o assunto. A morte ocorre em um contexto explosivo entre o Irã e o Ocidente: a tensão entre as duas partes está em um nível perigoso. As sanções impostas pelos EUA e pela Europa por causa do programa nuclear do país já provocam a perda de valor da moeda iraniana.

Mortes podem afastar estudiosos do programa

Paralelamente, a República Islâmica tenta articular uma aliança estratégica com nações na América Latina – tradicionalmente críticas aos EUA, como Venezuela, Equador, Cuba e Nicarágua – e ameaça fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa a maior parte da produção de petróleo mundial. Uma guerra na região afetaria também a economia global.
Mesmo que não se saiba quem é o mandante dos assassinatos, a eliminação de pesquisadores nucleares iranianos vem ao encontro dos interesses americanos e israelenses. É o método da guerra dissimulada – incapaz de deter um programa grande e complexo, mas suficiente para afastar os cérebros iranianos das pesquisas nucleares.
Em agosto de 2010, os sistemas digitais das usinas de enriquecimento de urânio do país foram atingidos por um vírus de computador chamado Stuxnet.

Caçada no cinema
Os assassinatos seletivos que estariam ocorrendo no Irã lembram o filme Munique (2005), de Steven Spielberg. A obra mostra a caçada do serviço secreto de Israel aos extremistas responsáveis pela morte de atletas israelenses durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 1972.
Teerã

A vida dos haitianos no RS
Pelo menos 19 estudantes tentam reconstruir suas histórias no Estado

Exatos dois anos após o terremoto que devastou Porto Príncipe, haitianos que vivem no Estado acompanham à distância a reconstrução – e apresentam um Haiti diferente do usualmente retratado, destacando cultura, belas paisagens e pessoas felizes. Há pelo menos 19 haitianos no Rio Grande do Sul: cinco estudantes de graduação da UFRGS e 14 na Congregação Oblatos de São Francisco de Sales.
A situação dos imigrantes é diferente da realidade dos 10 trabalhadores que devem ser contratados por uma empresa de massas de Gravataí, revelada ontem por ZH. Nenhum integra a leva de refugiados que têm entrado no Brasil desde janeiro de 2011.
Prestes a completar seu terceiro ano no país, o estudante de Administração da UFRGS Jean Marie Augustin, 25 anos, lê pela internet os jornais haitianos e acompanha as notícias sobre a migração de seus conterrâneos:
– A chegada desse pessoal não é algo que está acontecendo só no Brasil.
Mesmo longe, detecta a lentidão na reconstrução após o terremoto que deixou mais de 200 mil mortos:
– O governo e as ONGs não gastam bem o pouco dinheiro que têm. Mais coisas poderiam ter sido feitas.
Augustin, que perdeu amigos no terremoto, lamenta a falta de divulgação das qualidades do Haiti na imprensa:
– Não é um país que está morto, um inferno, como as pessoas pensam. É um país que tem alegria, pessoas lutando para mudar as coisas, que estão trabalhando e felizes. Não vou falar que é uma maravilha, mas tem um outro lado, que ninguém vê.
O mesmo ponto de vista é defendido pelo pós-noviço Honoré Eugur, 39 anos. Ele está no Brasil desde fevereiro de 2010, para concluir em Viamão sua formação em Teologia. Eugur estava com a fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, no momento do terremoto que matou a missionária. Ele trouxe as últimas anotações e fotografias de Zilda – além do conhecimento do verdadeiro Haiti, que, afirma, não aparece na imprensa.
– É como se em uma reportagem sobre o Brasil, mostrassem apenas o Complexo do Alemão – afirma Eugur.

Gaúcho ilustre
Uma das entradas dos imigrantes haitianos, o município de Assis Brasil, no Acre, homenageia um gaúcho ilustre, Joaquim Francisco de Assis Brasil, o maior rival de Borges de Medeiros. Ele atuou na Questão do Acre, que culminou na assinatura do tratado entre Brasil e Bolívia, que assegurou a posse do Acre e a exploração da borracha na região.

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