PRIMEIRA PÁGINA
Socorro à seca usa verba represada pela burocracia
Verba parada há um ano socorre gaúchos
Dinheiro que havia sido destinado para estiagem do
verão passado deve servir agora para evitar falta de água.
EDITORIAL
Seca não é fatalidade
Enquanto os governos federal e estadual anunciam
medidas emergenciais para atenuar o drama da seca que castiga o Rio Grande do
Sul, é importante enfatizar advertências como a feita pelo jornalista Irineu
Guarnier Filho. No artigo intitulado "Seca não é destino", o
especialista em questões agrárias alerta que os Estados sulinos não podem incorrer
no mesmo erro dos integrantes da Região Nordeste, habituados por décadas com a
ajuda de Brasília. O agravante, no caso, é que essa ajuda, historicamente,
pautou-se mais por critérios políticos do que técnicos, dando margem a crônicos
desvios como os denunciados agora no âmbito do Ministério da Integração. É por
isso que tanto as consequências simultâneas da estiagem prolongada no Estado e
em Santa Catarina quanto as das chuvas em diferentes regiões do país devem ser
atribuídas mais a problemas gerenciais do que simplesmente a imposições
climáticas.
Certamente, o fenômeno atual – percebido pela falta
de água tanto para a população quanto para a safra de grãos e para a pecuária –
se deve à ausência de chuvas provocada pelo fenômeno La Niña. Assim como em
2005, porém, quando foram registrados prejuízos bilionários que amea- çam se
repetir agora, faltaram medidas preventivas, capazes de evitar ou pelo menos
atenuar a repetição do drama. A justificativa de sempre é a escassez de verba
orçamentária, tanto em âmbito federal quanto estadual. As consequências de
problemas cíclicos como a atual escassez de água, porém, devem ser explicadas
mais pelo mau gerenciamento das medidas de prevenção do que pela falta de
recursos financeiros.
O fato de ser aplicado muito menos do que o
necessário nesta área pode ser comprovado pelas dotações orçamentárias a cada
ano mais tímidas para irrigação, por exemplo, mesmo depois da última seca. Por
mais que os governantes aleguem investir na construção de barragens, açudes e
poços artesianos, ainda há muito a fazer nesta área. Objetivamente, o Estado
avançou pouco em obras para armazenamento e abastecimento de água e enfrenta
dificuldades para tornar real o seu Plano Estadual de Recursos Hídricos. Por
isso, o andamento dessas providências deveria ser acelerado, para que não
voltem a ser lembradas apenas no próximo episódio.
Assim como as chuvas, secas como a atual não se
constituem em desafio apenas para os governos federal e estadual, mas também
para as comunidades e os prefeitos que as representam. As alternativas,
portanto, precisam ser buscadas sempre de forma conjunta e permanente, de
preferência voltadas para a prevenção. É o modo mais eficaz de evitar
contratempos para o cidadão e prejuízos ao agronegócio e à economia de maneira
geral, com repercussões importantes sobre o consumo, o emprego e a arrecadação.
O consumidor indefeso
Reportagem do programa Fantástico que comprovou um
esquema de esbulho ao consumidor por parte de postos de combustíveis de três
capitais brasileiras mostra claramente o desamparo do cidadão diante de
vigaristas protegidos pela incompetência da fiscalização. Por meio de um sistema
de controle remoto, bombas de combustíveis fornecem aos consumidores menos do
que o especificado nos marcadores. Mais do que ladroagem, o que a reportagem
evidenciou foi a negligência do poder público na proteção aos direitos do
consumidor. Rio, São Paulo e Curitiba, as cidades focadas pelo programa da
Globo, certamente não são exceção. Se os repórteres ampliassem o trabalho a
outras capitais, é provável que a fraude seria constatada, como tantas outras
que se disseminam pelo país.
O que mais preocupa na denúncia é a defasagem dos
órgãos de fiscalização em relação à atualização da delinquência, que recorre a
todos os avanços da tecnologia. É surpreendente também o fato de que a Rede
Globo, que se dispôs a desvendar os golpes, tenha conseguido em pouco tempo,
simulando atrativos para os criminosos, flagrantes que instituições públicas
não conseguiram, com toda a estrutura de que dispõem. Não há desculpas
razoáveis para a impunidade. Órgãos gigantescos, como o Inmetro, a Agência
Nacional do Petróleo e os institutos estaduais de pesos e medidas não podem
simplesmente alegar que as quadrilhas estão melhor equipadas do que as
autoridades.
A questão da tecnologia é apenas um dos aspectos a
serem considerados. A reportagem mostrou que um dos responsáveis pela fraude trabalha
com desenvoltura, e isso independe de equipamentos. Como um adulterador de
bombas de combustível atua por tanto tempo e presta serviços a tantos postos
sem ser importunado? A investigação dos jornalistas revelou outra face das
fraudes que não é nova e igualmente se mantém sem muita incomodação, a da venda
de combustíveis sem nota. O que a reportagem passou foi a sensação concreta de
que estamos desprotegidos diante da ação de quem ajusta bombas para fornecer
menos combustível do que o declarado e de quem sonega impostos oferecendo
produtos de origem duvidosa e possivelmente adulterados.
POLITICA
13º para secretários vira projeto
Proposta para pagar R$ 11,5 mil a auxiliares de
Tarso está sendo elaborada na Casa Civil e chegará à Assembleia em fevereiro
A próxima demanda salarial a ser enfrentada pelo
Piratini é de um grupo pequeno: 30 pessoas. São os secretários estaduais, que
foram se queixar ao governador Tarso Genro no final do ano por não receberem a
gratificação de Natal. No início de fevereiro, o Executivo enviará à Assembleia
projeto de lei prevendo o pagamento do 13º salário ao primeiro escalão.
A proposta está sendo redigida pela Casa Civil. Se
for aprovada pelos deputados, cada secretário receberá, já no final de 2012, um
salário extra. O subsídio da categoria hoje é de R$ 11.564,76. O impacto
financeiro anual da medida será de cerca de R$ 347 mil.
O secretário Carlos Pestana afirmou ontem que o
projeto será de autoria do Poder Executivo, contrariando entendimentos de que
somente o Legislativo poderia versar sobre a matéria.
– A competência é da Assembleia quando se trata do
vencimento do governador, do vice e dos secretários. Mas não vamos alterar
salários. Apenas garantiremos um direito – comentou Pestana.
O texto não está finalizado, mas a Casa Civil
definiu que o projeto não terá caráter retroativo e só irá abranger o primeiro
escalão. O governador e o vice também não recebem o 13° salário, mas o Piratini
optou por não incluí-los na proposta.
Seguro de que não haverá desgaste político, Pestana
conta que a situação somente foi detectada no final de dezembro. Enquanto os
secretários que têm mandato de deputado receberam a gratificação natalina (eles
podem optar por manter a remuneração do Legislativo), os demais se frustraram
ao perceber que nenhum real havia sido depositado em suas contas.
– Tenho convicção de que a sociedade vai
compreender que os secretários devem receber o 13° como qualquer trabalhador.
Seja ele do poder público ou da iniciativa privada – disse o chefe da Casa
Civil.
Futuro presidente demonstra apoiar ideia
Do lado da oposição, a proposta foi recebida com
reservas. O líder da bancada do PMDB, Giovani Feltes, criticou as intenções do
Piratini afirmando que a prerrogativa de alterar vencimentos é da Assembleia
Legislativa. Já o futuro presidente da Casa, o também peemedebista Alexandre
Postal, que toma posse no dia 31 deste mês, demonstra concordância:
– Eu já fui secretário de Estado e, como eu era
deputado, no final do ano acabava recebendo o 13°. E os demais colegas não
recebiam. Acho que isso não é justo.
carlos.rollsing@zerohora.com.br
CARLOS ROLLSING
Lupi reassume comando do PDT sob protestos
Pouco mais de um mês depois de deixar o governo por
suspeitas de corrupção, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi reassumiu ontem a
presidência nacional do PDT, da qual estava licenciado, sob protestos do
militantes.
Integrantes do Movimento de Resistência Leonel
Brizola, os dissidentes fizeram manifestação em frente ao Instituto Alberto
Pasqualini, no centro do Rio, onde Lupi se reuniu com a executiva nacional do
partido. O pedetista deixou o ministério depois de uma série de denúncias de
fraudes em convênios com ONGs e da revelação de que foi funcionário fantasma da
Câmara dos Deputados e da Câmara de Vereadores do Rio.
"Dilma, eu te amo: Cadê minha boquinha?",
dizia um dos cartazes de protesto, em referência a uma declaração de Lupi feita
quando ainda tentava se manter no ministério. Houve princípio de tumulto, logo
controlado, entre os manifestantes e aliados do ex-ministro. O mandato de Lupi
no comando do PDT vai até março de 2013. O ex-ministro vai percorrer o país
organizando o partido para as eleições.
– Nem Cristo conseguiu unanimidade. Tenho a
compreensão de que quem ocupa um espaço está tirando espaço de alguém – afirmou
Lupi.
O ex-ministro disse ter sido injustiçado, mas que
não guarda mágoas:
– Não há um inquérito sequer aberto contra mim. Fiz
minha retirada estratégica e agora o tempo vai dizer quem tinha razão.
Ministro recebe apoio de Dilma
Presidente considera inconsistentes denúncias contra
Bezerra e decide prestigiar titular da Integração
Foco da primeira crise do governo federal em 2012,
o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, disse que teve uma
"boa e longa conversa" com a presidente Dilma Rousseff e que recebeu
o apoio dela para manter-se no cargo. Na quinta-feira, o ministro deverá
comparecer a audiência no Congresso para explicar supostas irregularidades.
Ao decidir blindar Bezerra, Dilma escalou o ministro
como porta-voz da reunião realizada ontem, no Palácio do Planalto, para criar
uma força-tarefa que atuará em áreas de risco de Estados afetados pelas chuvas.
Dilma avaliou como inconsistentes as denúncias que apareceram até agora contra
Bezerra e não quer comprar briga com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos
(PSB), padrinho do ministro.
Ao voltar a despachar ontem no Planalto, após as
férias, a presidente fez questão de demonstrar que Bezerra continua tendo a sua
confiança.
– Se não contasse com a confiança e o apoio da
presidenta Dilma eu não estaria nessa solenidade – afirmou o ministro durante
entrevista coletiva.
Bezerra está envolvido em suspeitas de
favorecimento ao seu Estado, Pernambuco, e também ao seu filho, o deputado
federal Fernando Coelho (PSB-PE), que teve todas as emendas destinadas à pasta
liberadas. Ele responde ainda sobre suspeitas de irregularidades cometidas em
Petrolina. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo de ontem revelou que o
ministro utilizou recursos públicos para comprar um mesmo terreno duas vezes,
quando era prefeito da cidade.
Em nota, Bezerra negou ter havido irregularidade.
Segundo ele, um equívoco levou a prefeitura a comprar pela segunda vez o mesmo
imóvel. A primeira aquisição do terreno, em 1996, não foi registrada em
cartório pelo governo subsequente. A área serviria para abrigar um aterro
sanitário.
– Estamos tranquilos que nenhuma dessas denúncias
irá prosperar, porque nunca prosperou uma denúncia em relação a minha pessoa e
nunca tive nenhuma conta rejeitada em toda minha vida pública – disse Bezerra.
As suspeitas
Os integrantes da comissão representativa do
Congresso querem explicações do ministro sobre três questões:
A
transferência para seu Estado, Pernambuco, de 90% dos recursos da sua pasta destinados
a evitar os estragos provocados pelas enchentes
- A denúncia de que burlou a Lei do Nepotismo, ao
manter seu irmão Clementino Coelho na presidência interina de uma estatal por
quase um ano
- O suposto favorecimento de seu filho, deputado
Fernando Coelho Filho (PSB-PE), na distribuição de recursos do ministério para
emendas parlamentares
Padre obtém visto para ficar no país
Após o retorno ao Brasil 31 anos depois de ter sido
expulso pelo regime militar, o padre italiano Vito Miracapillo conseguiu
regularizar o visto de permanência no país.
No sábado, o religioso celebrou a primeira missa em
Pernambuco. Em 1980, ele foi expulso pelo último presidente da ditadura, João
Figueiredo, por se recusar a celebrar uma missa em homenagem ao Dia da
Independência, na paróquia de Ribeirão, litoral de Pernambuco, como forma de
protesto contra os militares.
Miracapillo pôde retornar ao Brasil beneficiado por
decisão do Ministério da Justiça. Em outubro, o governo deu ao padre o direito
de renovação do visto permanente. Na terça-feira da semana passada, Miracapillo
se mostrou emocionado por voltar ao Brasil. A expectativa é de que o padre
reassuma a paróquia de Ribeirão. Mas a decisão depende de acordo entre o
Vaticano e as Igrejas do Brasil e da Itália.
ECONOMIA
Calçadista fecha e demite cerca de 700 funcionários
Empresa alega dificuldades financeiras, e as dívidas
trabalhistas devem atingir até R$ 1,5 milhão
O ano começa com cerca de 700 novos desempregados
no Estado. Esse é o saldo do fechamento da empresa Doublexx, indústria de
calçados de Estância Velha, no Vale do Sinos, e que mantinha filiais em Boa
Vista do Buricá, Horizontina e Humaitá.
Alegando dificuldades financeiras, a companhia deu
férias coletivas aos trabalhadores no dia 20 de dezembro. A retomada estava
marcada para ontem, mas as portas das quatro fábricas permaneceram fechadas.
Exportadora, a empresa concentrava a produção em
calçados com maior valor agregado, com clientes na Europa, Ásia e América. O
principal mercado da Doublexx eram os Estados Unidos. De acordo com a advogada
da empresa, Adriana Müller, as dificuldades começaram em 2006, quando um
problema em um componente fez com que um pedido fosse devolvido à companhia.
– De lá para cá se vinha tentando recuperar, mas no
ano passado um pedido que não foi pago piorou a situação. As dificuldades
financeiras já não permitiam que a Doublexx conseguisse arcar com os custos da
folha de pagamento, dos acordos trabalhistas e da matéria-prima – afirma
Adriana.
Todos os funcionários terão de recorrer à Justiça
para receber os valores a que tem direito. A advogada acredita que as dívidas
trabalhistas cheguem a R$ 1,5 milhão, valor que deve ser pago com a venda da
sede em Estância Velha, avaliada em R$ 4 milhões.
Na família de Claudio Padilha Gomes, 34 anos, de
Boa Vista do Buricá, o drama de estar desempregado por causa do fechamento de
uma fábrica se repete pela terceira vez. Há sete anos ele e a mulher, também
funcionária da Doublexx, saíram de Santo Antônio do Inhacorá para trabalhar em
fábricas calçadistas.
– As duas primeiras empresas fecharam, mas não saí
do ramo. Este era meu terceiro emprego no setor. Eu e a mulher trabalhamos lá.
Os empregos é que garantiam o sustento dos nossos três filhos – conta Gomes.
O impacto
- Criada em 1997, a Doublexx mantinha 315
funcionários em Boa Vista do Buricá, 106 em Horizontina, 198 em Humaitá e cem
em Estância Velha, dos quais pelo menos 70 já haviam sido demitidos em novembro
e dezembro.
- O fechamento da empresa traz dificuldades
econômicas aos municípios. Em Boa Vista do Buricá, por exemplo, a companhia
respondia por 30% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS). E dos 315 empregados da fábrica, cerca de 250 são da cidade.
- Em Humaitá, a empresa respondia por 15% da arrecadação e mantinha 198 funcionários. O município estuda formas de ajudar os demitidos, principalmente na ação judicial para recebimento dos direitos trabalhistas.
- Em Humaitá, a empresa respondia por 15% da arrecadação e mantinha 198 funcionários. O município estuda formas de ajudar os demitidos, principalmente na ação judicial para recebimento dos direitos trabalhistas.
- Em Horizontina, a preocupação não é com a
arrecadação, que era pequena na cidade, mas com os 106 desempregados.
alisson.coelho@zerohora.com.br
roberto.witter@zerohora.com.br
ÁLISSON
COELHO E ROBERTO WITTER
Teto da Previdência sobe para R$ 3.912,20
O teto de benefícios para aposentados e
pensionistas da Previdência Social aumentou para R$ 3.916,20. Na sexta-feira
passada, o governo anunciou aumento de 6,08%, de acordo com o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor (INPC) de 2011, para os benefícios acima de um salário
mínimo.
Portaria publicada no Diário Oficial de ontem
também fixou as novas alíquotas de contribuição do INSS para empregadas
domésticas e para quem trabalha por conta própria. Confira abaixo a
contribuição mensal ao INSS conforme o valor recebido:
Até R$ 1.174,86 - 8%
De R$ 1.174,87 a R$ 1.958,- 10 9%
De R$ 1.958,11 a R$ 3.916,20 - 11%
Infraero terá de fazer aporte extra
O governo federal terá de fazer uma injeção
adicional de R$ 403 milhões nas empresas que serão constituídas após a
concessão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília para garantir a
participação acionária de 49% no negócio. O leilão está marcado para 6 de
fevereiro. A previsão inicial da Infraero era de entrar com R$ 195,8 milhões.
Porém, as alterações no edital de leilão dos aeroportos após avaliação do
Tribunal de Contas da União (TCU) fizeram com que o desembolso previsto
saltasse para R$ 598,8 milhões.
CAMPO E LAVOURA
Brasil avança na produção avícola
País está próximo de superar a China e ficar em segundo
lugar, atrás apenas dos Estados Unidos
Ao alcançar produção recorde de 13,05 milhões de
toneladas em 2011, o setor avícola brasileiro está muito próximo de desbancar a
China e se tornar o segundo maior produtor mundial. O desempenho é atribuído ao
aumento do consumo per capita da carne de frango no país e à diversificação dos
mercados exportadores.
Hove crescimento de 6,8% na produção avícola
brasileira (inclui aves em geral e ovos) em 2011 na comparação com o ano
anterior, conforme números divulgados ontem pela União Brasileira de Avicultura
(Ubabef).
– Tudo indica que iremos superar a produção chinesa
em 2012 e chegar ao segundo lugar – aposta Francisco Turra, presidente da
Ubabef, acrescentando que incentivos fiscais para o setor e obras de
infraestrutura são fundamentais para garantir o resultado.
Terceiro maior produtor nacional, o Rio Grande do
Sul aumentou 8% a receita exportada, para R$ 1,47 bilhão, mas amargou queda de
7,1% no volume de embarques.
– O alto custo do milho, principal ração das aves,
e a volatilidade do câmbio nos prejudicaram, sem contar a reestruturação de
grandes indústrias instaladas no Estado – explicou José Eduardo dos Santos,
diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura.
Animais são sacrificados
Sob fiscalização internacional, 168 cabeças de gado
foram sacrificadas ontem no departamento de San Pedro, no Paraguai, onde foi
confirmado na semana passada surto de febre aftosa. O país pretende recuperar
seu status sanitário em seis meses.
Os animais foram mortos pelo método chamado rifle
sanitário, empregado por integrantes das forças armadas, e enterrados em uma
fossa com cem metros de extensão. Segundo o Serviço Nacional de Saúde e
Qualidade Animal, 154 animais abatidos eram da fazenda Nazareth.
Ontem, o Conselho de Desenvolvimento e Integração
Sul decidiu sacrificar os 11 animais apreendidos em duas propriedades gaúchas
de Novo Machado, por estarem em situação irregular. O procedimento deverá ser
realizado hoje, em um frigorífico no município de Santo Cristo.
– A medida é preventiva, não há foco de aftosa no
Estado. Mas, como a procedência dos animais não foi comprovada, a decisão foi
por abatê-los – explicou o chefe da Defesa Agropecuária da Secretaria Estadual
da Agricultura, Eraldo Leão.
REPORTAGEM ESPECIAL
Dilma prepara plano para os pequenos produtores
Para atenuar os efeitos da falta de chuva, a
presidente Dilma Rousseff mandou a Casa Civil elaborar um pacote de combate à
seca. As propostas, que serão entregues até o final do dia à presidente, devem
priorizar investimentos em infraestrutura e apoio aos pequenos produtores
rurais.
A determinação presidencial foi discutida em
reunião no Palácio do Planalto entre a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e
os ministros Mendes Ribeiro (Agricultura), Fernando Bezerra (Integração
Nacional) e Nelson Barbosa (interino da Fazenda). Segundo Bezerra, as primeiras
medidas de auxílio, incluindo liberação de recursos emergenciais, devem ser
anunciadas amanhã.
– A prioridade da presidente é assistir aos
pequenos produtores, que estão perdendo suas safras, sobretudo, nas culturas de
milho, feijão e soja – afirmou.
O esboço desenhado pela Casa Civil sugere que os
recursos da União sejam empregados em obras de infraestrutura. O objetivo é
reforçar as reservas de água nas áreas rurais afetadas pela seca, com a construção
de cisternas, aguadas e adutoras.
O Planalto também organiza mutirões para avaliar as
perdas nas lavouras gaúchas. Com a retaguarda do governo estadual, técnicos do
Ministério do Desenvolvimento Agrário analisam 15 mil pedidos de produtores
castigados pela seca no Rio Grande do Sul.
A força-tarefa pretende acelerar a conclusão de
relatórios que estimam o tamanho do prejuízo em cada propriedade, pavimentando
a liberação do Seguro da Agricultura Familiar (Seaf). No Estado, 223 mil
agricultores familiares que contrataram o Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar (Pronaf) têm direito ao benefício.
Seguro para perdas superiores a 30%
O valor segurado soma R$ 1,5 bilhão. Serão
contempladas aquelas áreas nas quais as perdas nas lavouras foram superiores a
30%.
A indenização oscila conforme a perda identificada
pelo perito. Em casos específicos, o agricultor poderá receber, além do valor
do financiamento, um subsídio que pode atingir até R$ 3,5 mil.
– Já conversamos com os bancos gaúchos e com os
técnicos da Emater para priorizar o trabalho de perícias e laudos no campo –
disse o secretário da Agricultura Familiar do MDA, Laudemir Müller.
Além deste socorro, o ministério analisa outras
medidas para auxiliar os pequenos produtores. Conforme a pasta, o governo
federal estuda a possibilidade de adiantar as ações governamentais para a safra
de inverno, possibilitando que o produtor se planeje com antecedência.
fabiano.costa@gruporbs.com.br
kelly.matos@gruporbs.com.br
FABIANO COSTA E KELLY MATOS | Brasília
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