Primeira Página
Aumento dos aposentados será discutido em fevereiro
Presidente Dilma Rousseff encaminhou aos ministros
ofício marcando a retomada das negociações
POLITICA
Aposentadorias em jogo
Ministros e sindicatos vão retomar, em reuniões a partir de
fevereiro, o diálogo para definir o aumento dos benefícios do INSS para quem
ganha acima do salário mínimo
Paulo de Tarso Lyra
Brasília – A presidente Dilma Rousseff vai iniciar
um ano eleitoral, no qual os políticos tendem a ser mais benevolentes com os
gastos públicos para beneficiar aliados nos pleitos eleitorais, tendo à mesa a
demanda de aproximadamente 9 milhões de aposentados que ganham acima de um
salário mínimo (R$ 622). Após a pressão feita pelo deputado Paulo Pereira da
Silva, o Paulinho (PDT-SP), durante a votação do Orçamento de 2012, Dilma
encaminhou, em 26 de dezembro, aos ministros da Secretaria-Geral da
Presidência, Gilberto Carvalho, e da Previdência, Garibaldi Alves, um ofício marcando
a retomada do diálogo com os sindicatos a partir de fevereiro.
Dilma, contudo, resiste à ideia de conceder
aumentos. A presidente quer segurar os aumentos em 2012 para privilegiar os
investimentos públicos. Com isso, planeja garantir um crescimento maior do PIB
– a meta presidencial é de 5% –, impedindo que a crise internacional faça seus
estragos aqui.
O cálculo também é político. Com um PIB robusto em
2012, ela poderá dar um reajuste no salário mínimo consistente em 2014, ano em
que provavelmente concorrerá à reeleição, já que a regra do aumento define que
o percentual seja calculado com base na inflação do ano anterior (2013) mais o
PIB de dois anos antes (2012). Como é adepta do rigor fiscal, a presidente não
quer deixar para a inflação a tarefa de vitaminar esse percentual do mínimo.
Aumento Paulinho afirmou que a conversa que
pretende ter com Gilberto e Garibaldi a partir de fevereiro – o ofício foi
encaminhado ao Sindicato Nacional dos Aposentados, filiado à Força Sindical –
não passa apenas pelo aumento do vencimento dos aposentados. "Eu estou
cobrando do governo a promessa feita durante a campanha presidencial de Dilma
Rousseff de criar uma política específica para esse setor da população",
declarou. Isso passa, além do reajuste, por ações como a redução no preço dos
medicamentos e outros benefícios aos aposentados.
O deputado está disposto a negociar os limites do
reajuste que ele mesmo propôs como emenda ao Orçamento de 2012. Os 11,76% de
reajuste são a inflação mais 80% do PIB do ano anterior. "Podemos pensar
em 70%, 60%, vamos ver o que o governo tem a dizer para nós". Paulinho
calcula que o impacto no orçamento nem é tão grande diante da multidão que será
beneficiada pela medida. Segundo os cálculos, são R$ 6 bilhões de aumento nos
gastos públicos para atingir 9 milhões de pessoas com potencial suficiente para
acelerar o crescimento da economia. "80% desses aposentados recebem até
dois salários mínimos", completou.
A pressão da Força é feita ao mesmo tempo que a
central negocia uma parceria com o PSDB e o PSD, reforçando a independência em
relação ao governo federal. "Somos contra essa política restritiva. Para
nós, o combate à crise se faz com aumento salarial e fortalecimento do poder de
compra", completou Paulinho.
Pressão
Confira detalhes sobre o reajuste para aposentados
do INSS que recebem mais de um salário mínimo
Proposta: 11,7%
Público alvo: 8,9 milhões
80% ganham até dois salários mínimos (R$ 1.244)
Impacto estimado:
R$ 7 bilhões
Outras categorias que poderão pressionar
Servidores do Judiciário: cobram aumento de 56%
Aposentados no serviço público: não há reajuste
previsto, mas eles também pleiteiam recomposição salarial.
Pleito dos servidores da União
A mera sinalização da presidente Dilma Rousseff de
que poderá ouvir o pleito de aposentados do INSS que ganham acima do salário
mínimo poderá abrir a porta para outras reclamações de reajustes represados por
Dilma. Dois deles se apresentam como ameaças concretas e reais: o aumento de
56% para os servidores do Judiciário, que o Palácio do Planalto consegue
embarreirar há dois anos, e o reajuste para os aposentados do serviço público
federal.
No caso do Judiciário, a tendência é que o PMDB
mantenha o apoio à reivindicação. Alguns observadores políticos disseram que os
peemedebistas arrefeceriam a pressão depois da posse de Jader Barbalho
(PMDB-PA) no Senado. Mas os caciques do partido planejam o crescimento da
legenda nas disputas municipais, e a bandeira de reajustes salariais sempre soa
simpática aos olhos do eleitorado.
Ministros do Supremo Tribunal Federal ouvidos pelo
Estado de Minas asseguram que a pressão continua. "Estamos perdendo
quadros para o Tribunal de Contas da União (TCU) e outros ramos do
funcionalismo que oferecem salários menores", confirmou um integrante da
principal corte do país.
É a mesma situação dos servidores públicos
federais, que nos últimos dois anos também não tiveram qualquer tipo de aumento
salarial. Segundo o Ministério da Previdência, são quase 950 mil aposentados
ante 1,1 milhão de servidores na ativa. (PTL)
Debandada
A presidente Dilma Rousseff tirou duas semanas de
férias, e sua equipe aproveitou para fugir de Brasília, deixando o Palácio do
Planalto e a Esplanada dos Ministérios esvaziados neste início de ano Enquanto
a presidente descansa na Bahia, todos seus ministros palacianos entraram em
recesso, algo raro nos últimos anos. Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Helena
Chagas (Secretaria de Comunicação) e o general José Elito (Gabinete de
Segurança Institucional) voltam ao batente no mesmo dia planejado pela chefe,
na segunda-feira. Ideli Salvatti (Relações Institucionais) fica no exterior até
o dia 16. Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) viajaria ontem para uma praia de
Pernambuco e retorna no dia 22. Na Esplanada, dos 38 ministros, apenas 11
estarão trabalhando durante a primeira semana do ano.
Mina de recursos públicos
A 84 quilômetros de Belo Horizonte, São Gonçalo do
Rio Abaixo vive um boom de crescimento. Entre 2006 e 2012, o orçamento da
cidade saltou de módicos R$ 12 milhões para R$ 120 milhões em 2012, o que a
colocou na décima quarta posição entre as mais ricas do estado. Depois da
implantação, há cinco anos, da maior mina de minério de ferro a céu aberto do
mundo – a de Brucutu –, o prefeito Raimundo Nonato Barcelos (PDT) acompanhou a
virada de um orçamento dependente em 50% das transferências constitucionais do
FPM para o novo momento. "O ICMS responde hoje por quase metade das
receitas da cidade", registra Barcelos.
Os ganhos, entretanto, não permitem ilusões. Os prejuízos ambientais
começam a aparecer e, com as nascentes de água dentro da mina, há problemas de
abastecimento à vista. "A água está comprometida, vai acabar. Vamos ter de
tratar água de rio, fazer nova captação", afirma Barcelos. "E como o
minério é finito, a cidade precisa se planejar para diversificar as atividades
econômicas", considera.
Também em Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte, o prefeito Marcelo Pinheiro (PR) atribui o crescimento de 3.781% entre
2000 e 2010 à extração mineral. Lá, as minas são antigas, mas mudança na gestão
garantiram o salto. "Passamos a fiscalizar com muito rigor o VAF, evitando
fraudes", explica o prefeito. O resultado é que a movimentação econômica
que deriva do carregamento do minério, antes de 2005 não contabilizada, passou
a ser declarada, elevando os impostos que voltam para a cidade. "Hoje a
nossa principal receita vem do ICMS. Mas ainda dependemos muito do FPM",
diz. Do orçamento de R$ 57 milhões para este ano, R$ 20 milhões são do ICMS e
R$ 8 milhões do FPM. O crescimento da receita garantiu recursos para
contratações nas áreas de saúde e educação, mas não é hora de relaxar. "O
minério acaba. Temos de nos preparar, expandir os distritos industriais",
diz o prefeito.
Em Belo Vale, maior produtor de mexerica poncan no
estado, parte do crescimento também é atribuído à fiscalização da atividade
mineradora no município – manganês e minério de ferro. Com um orçamento para o
ano que vem previsto em R$ 22 milhões, dos quais um terço deriva do ICMS, ainda
há grande dependência em relação ao FPM, que corresponde a quase um quarto das
receitas da cidade. "Temos problemas graves de infraestrutura, e a saúde
demanda mais e mais recursos", conta o prefeito Wanderlei de Castro (PMDB).
Nas 10 cidades com as mais altas variações da
movimentação econômica o crescimento superou em mais de 100 vezes os índices
dos 10 municípios mais ricos de Minas: Belo Horizonte, Betim, Uberlândia,
Contagem, Ipatinga, Nova Lima, Itabira, Mariana, Uberaba e Juiz de For a. A
movimentação econômica das maiores variou entre 169% (em Juiz de Fora) e 1.355%
(Mariana). Ipatinga, Betim e Belo Horizonte registraram evolução inferior
à média no estado, de 268,8%.
Reféns da ajuda de deputados
Na lanterna do crescimento um grupo de cidades
mineiras aumenta sua dependência dos deputados estaduais e federais para atrair
convênios e de programas estaduais e federais que supram carências sociais e de
infraestrutura. Botumirim e Cristália, no Norte, Fortaleza de Minas, no Sul,
além de Ipiaçu, no Triângulo Mineiro, perderam entre 25% e 48% de sua
movimentação econômica no período. Em situação não muito diferente estão
cidades como Cachoeira da Prata e Raposos, na Região Central, Nova Belém e São
Sebastião do Anta, no Vale do Rio Doce, Fruta de Leite, no Norte, e Claraval,
no Sul de Minas. Elas tiveram um crescimento pífio, que variou de 8,94% a
21,98%.
"O Fundo de Participação dos Municípios (FPM)
e as boas graças dos deputados nos sustentam. Todo município pequeno como o
nosso vive esse drama", admite o prefeito Valdeci Dornelas (PSD), de Nova
Belém, cidade no 848º lugar no ranking do crescimento entre 2000 e 2010. Com
3,8 mil habitantes, a cidade não tem produção significante. As ofertas de
emprego vêm da administração municipal. "O salário da prefeitura é a maior
fonte de renda da população. Temos 230 empregados", conta Dornelas.
O estado mantém cerca de 40 professores na cidade e
o Bolsa-Família, incrementa a renda de 500 famílias. "Se somarmos aqueles
que trabalham na prefeitura, os professores do estado e beneficiários do
Bolsa-Família, atingimos quase todos os domicílios da cidade", diz
Dornelas. Para este ano, Nova Belém prepara um orçamento de R$ 9 milhões. A
receita de ICMS não chega a 10% desse valor, revela.
ECONOMIA
Faculdade mais 'salgada' este ano
Reajuste nas mensalidades de instituições particulares
supera em cinco vezes o índice de inflação oficial do país
Pedro Rocha Franco
O sonho do primeiro carro aos 18 anos é um dilema
na vida do estudante Pedro Campos e muitos outros estudantes: a aprovação na
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ou numa instituição pública pode lhe
render o presente dos pais. Isso porque a salgada conta do ensino particular
será convertida na prestação de um automóvel zero quilômetro. "Se não
passar na Federal, fica mais complicado ganhar o carro", afirma o jovem,
que, confiante no presente, diz ter debruçado-se sobre os livros nos últimos
meses. No caso de Pedro, a conta mensal é de R$ 872 para uma vaga no curso
noturno de administração da PUC Minas. Em relação ao ano passado, a mensalidade
teve reajuste de 9,82%. Mas a variação na universidade católica está longe de
ser a mais pesada para o bolso do consumidor. Em algumas instituições, pode
superar em cinco vezes o acumulado da inflação no ano passado.
Pesquisa do site Mercado Mineiro mostra que as
instituições de ensino superior de Minas reajustaram os preços das mensalidades
em até 32,64%, enquanto o acumulado de janeiro a novembro de 2011 do Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado para medir a inflação oficial do país,
ficou em 5,97%. Mesmo na comparação com a fração do indicador cheio, calculado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que já tem os
dados de dezembro, o consumidor leva desvantagem: de janeiro a dezembro do ano
passado, o IPCA-15 fechou em 6,56%. Ao todo, foram pesquisados 69 cursos de 21
instituições de ensino superior, sendo que 43 deles apresentaram índices acima
da inflação.
É o caso do curso de arquitetura do Centro
Universitário UNA, que para os estudantes ingressos em 2011 custava R$ 919,
enquanto para os deste ano a mensalidade será de R$ 1.219. O segundo maior
aumento também é da UNA: 16,62% do curso de jornalismo, que passou de R$ 728
para R$ 849.
As mensalidades mais caras são do curso de
medicina. Na Unifenas, o aluno tem que pagar R$ 4.851,30. Considerando que até
a formatura são cinco anos de estudos para tornar-se médico, o estudante deverá
arcar com R$ 350 mil – valor aproximado ao de um apartamento de três quartos
novo num bairro de classe média de Belo Horizonte – apenas com a mensalidade. A
estudante Olívia Santos Garcia foi aprovada em medicina na Faculdade de
Ciências Médicas, mas tenta escapar do alto preço na segunda etapa do
vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Estou
confiante na aprovação na UFMG, pois a mensalidade particular é pesada",
comenta a vestibulanda. No entanto, em caso de reprovação, seus pais terão que
custear prestações de R$ 3.728 – montante suficiente para comprar um carro por
ano.
VARIAÇÃO O levantamento mostra ainda a variação de
preços entre cursos semelhantes em instituições distintas. A maior diferença é
para quem vai cursar administração (noturno): 317,95%. A mensalidade mais
barata é de R$ 322,52, enquanto a mais elevada é de R$ 1.348 (veja quadro). O
Estado de Minas entrou em contato com as instituições de ensino superior
citadas pelo Mercado Mineiro, mas não obteve retorno.
Diferença é justificada
A diferença na variação de preços entre os mesmos
cursos pode ser explicada pela infraestrutura, carga horária, grade de aulas,
metodologia e outros serviços, segundo o diretor-executivo do site Mercado
Mineiro, Feliciano Abreu, que cita a reformulação de grades curriculares como
justificativa das instituições para reajustes muito acima da média da inflação.
Ele também atenta que não são raros os casos de
faculdades que custam até três vezes menos que colégios particulares. Por
exemplo, o curso de administração (noturno) no Ibhes custa R$ 322, enquanto a
mensalidade de escolas como Loyola, Santo Agostinho e Bernoulli superam R$ 1
mil para alunos que cursam o 3º ano do ensino médio. "Educação é um
investimento. Tem que pesquisar além dos preços, pois não basta ter diploma, é
preciso valer o investimento. Será que aceitação do diploma da mais barata é a
mesma da mais cara?", questiona Abreu. O Ibhes tirou nota 4 em 5 na última
edição do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
O Ibhes e a Faculdade Metropolitana de Belo
Horizonte são as duas únicas instituições que reduziram o valor da mensalidade
na comparação com o ano passado, segundo o Mercado Mineiro. Nos dois casos,
foram comparados os preços dos cursos de administração e direito e, na
contramão das demais faculdades, as duas reduziram os valores das parcelas. No
caso da Faculdade Metropolitana, a redução é de 6,45% no curso de
administração, passando de R$ 700 para R$ 654.
Sonho com R$ 77 a mais
Victor Martins e Geórgea Choucair
Para 47,6 milhões de brasileiros que recebem um
salário mínimo, o ano começa com uma boa notícia: um reajuste de 14,13%. Serão
R$ 77 a mais, o que vai elevar a renda desses trabalhadores e aposentados de R$
545 para R$ 622 — um ganho que possibilitará a compra de mais feijão, arroz,
carne e até itens considerados supérfluos. Nos cálculos do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), esse
incremento injetará R$ 47 bilhões na economia, sobretudo em regiões mais pobres
do Norte e Nordeste, onde o funcionalismo municipal recebe esse piso.
O aumento vai aparecer na conta dos trabalhadores a
partir de fevereiro e o comércio já começa a fazer cálculos com o incremento.
Na visão de especialistas, esse dinheiro a mais será direcionado, em grande
parte, para compras, principalmente de alimentos. A quitação de dívidas também
deve ser uma das prioridades dos brasileiros, principalmente por
tradicionalmente o início do ano carregar o peso de contas adicionais, como
impostos, gastos com material escolar e parcelamentos de presentes de Natal.O
que você vai fazer com os R$ 77 extras que vão entrar no seu bolso a partir do
próximo mês?
"Eu vou usar para comprar mais comida, como
arroz, feijão e macarrão. Vou tentar incluir mais carne no cardápio
também", afirma o ajudante de pedreiro José Dias. Ele lembra, no entanto, que
apesar de o mínimo subir, os gastos também ficam mais altos. "A passagem
de ônibus, por exemplo, está mais cara". O também ajudante de pedreiro
Israel Pinheiro dos Santos quer pagar contas e comprar mais comida, mas sonha
em ter troco. "Se sobrar, vou tentar comprar remédio para minha mulher.
Ela sofre de diabetes e pressão alta, mas nunca há dinheiro para o
remédio", afirma.
O aposentado Francisco Campos, 62, e a esposa
Terezinha Ermínio da Conceição, 61, acreditam que a elevação do mínimo vai
deixar a mesa um pouco mais farta em casa. Campos recebe dois salários e a
esposa não tem rendimentos. Com a aposentadoria, sustenta seis pessoas.
"Gasto mais de um salário mínimo com alimentação, o restante vai para as
contas de luz, água e telefone. Sobra pouquíssimo para uma roupa e outras
coisas", explica.
NACIONAL
Risco de tragédia assusta moradores
Famílias abandonam casas em Nova Friburgo, na Região
Serrana do Rio, por causa de chuva desde o fim de semana
Guilherme Amado
Brasília – Perto de completar um ano da tragédia da
Região Serrana do Rio de Janeiro, em 11 de janeiro, moradores de Nova Friburgo,
Teresópolis e Petrópolis voltam a ser ameaçados pela força das chuvas e ameaças
de inundações e deslizamentos. Em muitos locais, as marcas do tsunami de lama
que varreu comunidades inteiras no ano passado ainda são visíveis e a
infraestrutura básica nem mesmo foi refeita. Depois de um temporal atingir a
região no fim de semana e ontem, com volume de água atingindo em apenas 48
horas o esperado para todo este mês em algumas cidades, a Defesa Civil emitiu
alertas e começou a evacuar bairros em situação de risco.
Cerca de 300 moradores da Região Serrana tiveram de
deixar suas casas e se dirigir a alojamentos providenciados pela Defesa Civil.
Ao longo do período de chuvas, um sistema de alarmes com sirenes dispara cada
vez que o índice pluviométrico atinge o nível de alerta. Em Nova Friburgo,
desde domingo, elas têm tocado a cada 15 minutos para que moradores deixem suas
casas.
Segundo o engenheiro civil Alexandre Conti, o
governo não tomou providências suficientes para evitar que uma nova catástrofe
se repita neste ano. Para ele, o nível de realização das obras de drenagem dos
rios assoreados e de contenção das encostas para que não desabem está longe de
ser adequado. "Houve muito desvio de verbas que deveriam ser destinadas às
obras, um verdadeiro oba-oba com o dinheiro liberado porque os gastos não
precisavam ser justificados em situações de emergência", lamenta,
referindo-se aos desvios de recursos que deveriam ser destinados ao socorro das
vítimas em Teresópolis e em Nova Friburgo.
Alexandre Conti diz que os trabalhos do Serviço
Geológico do Brasil (CPRM) e da Defesa Civil do Rio apresentaram evolução, com
a preparação de planos de contingência. Mas, segundo ele, essas ações não serão
suficientes "É um cenário muito complicado, pessoas morando em áreas de
risco. Não está descartada uma tragédia como a que ocorreu no ano
passado." (Com agências)
Caos nos aeroportos
As chuvas que atingem o Rio provocaram ao longo do
dia atrasos e cancelamentos de 24% dos voos no Aeroporto Santos Dumont, no
Centro da capital fluminense. Passageiros enfrentaram filas e tiveram de
aguardar horas para conseguir embarcar ou ser realocados em outros voos. No
Aeroporto Internacional do Galeão, também no Rio, os atrasos chegaram a 54%. Em
todo o país houve atrasos e caos nos terminais. Em Minas, Brasília, Goiás,
Santa Catarina e Espírito Santo também houve problemas nos terminais por causa
do mau tempo.
GERAIS
Mineiro retira prêmio da Mega-Sena na CEF
O sortudo de Carmo do Cajuru procurou a Caixa
Econômica Federal na tarde de on tem para retirar o prêmio de R$ 35 milhões da
Mega-Sena da Virada. Ele é um dos cinco ganhadores a dividir o prêmio
milionário. A bolada é suficiente para distribuir R$ 1 mil a cada um dos 20 mil
habitantes do pequeno município do Centro-Oeste de Minas e ainda embolsar um
"trocado" de R$ 15 milhões.
Mas o ganhador ainda é um anônimo para os moradores
da cidade a 125 quilômetros de Belo Horizonte. "Só sei dizer que, desta
vez, não fui eu", garante o cajuruense Anderson Miguel dos Santos que em
2002 coordenou o bolão de 20 pessoas da mesma cidade que faturou o prêmio
principal da Loto Mania, de R$ 1.940.000. Na partilha, foram R$ 97 mil para
cada.
"Cajuru é pé-quente", define Santos,
sócio do pai no Bar do Seu Neném, localizado no Centro da cidade. Ele lembra
que na época retirou o prêmio em uma segunda-feira e levou até sexta-feira para
encontrar todos os participantes do bolão e dividir a quantia. "Quem
administrava o bolão era eu. Tinha gente que nem se lembrava de ter jogado. Era
o caso do Chico, que fazia hemodiálise. Com parte do dinheiro recebido, pagou
um transplante de rim e está aí com a gente até hoje, 10 anos depois",
comemora o comerciante, que quitou a casa, comprou carro e investiu o restante
do valor em oito lotes.
Depois da divulgação das seis dezenas da sorte, no
último sábado (03 – 04 -29 – 36 – 45 – 55), passou a correr na cidade o boato
de que o ganhador seria Andinho, apelido do Anderson, com outras quatro
pessoas. Tal informação chegou a constar do blog de Carmo do Cajuru, mas foi
desmentida com veemência pelo ex-ganhador. Já no domingo, o provável nome do
milionário seria outro: primeiro Leo, trabalhador da construção civil, e
depois, com mais força, os boatos apontava para Liu, funcionário da Mobiliadora
Líder, na função de colador de sofás, com cerca de 40 anos, casado, dois filhos
e um enteado. Toda semana, apostava dois cartões simples, de R$ 2 cada.
"Cajuru inteira está dizendo que foi ele e
que, no sábado, ele teria chamados os irmãos, amigos e colegas para comemorar o
prêmio no bar, na passagem do ano. Provavelmente pagou a conta, porque agora
ele está podendo!", comenta a dona de casa Cristina Rodrigues de Menezes,
de 41 anos, ex-vizinha da família. "No domingo o rapaz desapareceu do
mapa. Deve ter caído a ficha e ele ficou apavorado. A família passou a
desmentir tudo", afirma ela, que está torcendo para que seja ele mesmo.
"Se for ele, o prêmio é merecido, porque é um homem trabalhador, assim
como o pai dele, de origem humilde, com sete filhos, que batalhou a vida
toda", diz.
12 candidatos fazem prova com liminar
Enquanto Justiça
Federal não julga o mérito da ação dos estudantes que questionam sistema de
bônus adotado pela UFMG, eles têm direito assegurado de prestar exame
Sandra Kiefer
Entre os 15.318 candidatos que começam hoje a
disputar uma vaga na segunda etapa do vestibular da UFMG, estão 12 estudantes
que vão fazer a prova por força de liminar que, até ter o mérito analisado pela
Justiça Federal, terão assegurado o direito ao programa de bônus. Segundo a
assessoria de imprensa da universidade a maioria das liminares reivindica o
benefício do programa de bônus a candidatos que cursaram aulas não presenciais,
supletivos na rede pública. Hoje, a UFMG defende que só tem direito ao bônus de
até 15% na nota os alunos que comprovarem sete anos de estudo nas escolas
públicas.
Para esses candidatos e para os demais concorrentes
às 6.670 vagas oferecidas nos 76 cursos da universidade, a orientação é sair
mais cedo de casa e prestar muita atenção ao horário das provas indicado no
comprovante para não perder o exame. Ao todo, 18.624 candidatos fazem o
vestibular, mas nem todos começam as provas hoje. Alguns, como os concorrentes
a uma vaga no curso de relações econômicas internacionais, só entram na disputa
amanhã.
Segundo Vera Rezende, coordenadora-geral da
Comissão Permanente do Vestibular (Copeve), as chuvas podem congestionar o
trânsito em direção ao câmpus da, além de provocar alagamentos e pequenos
acidentes, atrasando o fluxo de veículos em direção ao câmpus da Pampulha. Além
da Avenida Catalão, a outra via de acesso à universidade é a Avenida Antônio
Carlos, que enfrenta transtornos em função das obras do Bus Rapid Transport
(BRT).
As provas serão realizadas das 8h30 às 11h30 e das
15h30 às 18h30 e os portões serão fechados nos horários previstos para o início
das provas. Pela manhã, o acesso às salas será liberado às 7h30 e, à tarde, os
candidatos poderão entrar nas salas às 14h30. Para ter acesso ao local das
provas, o candidato deve imprimir e apresentar o comprovante definitivo de
inscrição, disponível no site www.ufmg.br/copeve e documento de identidade.
No comprovante constam informações sobre local,
data e horário das provas. "O candidato deve ficar atento, pois poderá ter
provas pela manhã ou à tarde. Para um grupo reduzido, que fará o exame de
percepção visual, as provas serão em dois turnos", alerta a
coordenadora-geral da Copeve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário