PRIMEIRA PÁGINA
Bezerra Coelho nega favorecimento
Ministro da Integração rebate acusações de ter
privilegiado Pernambuco na liberação de verbas, nega interferência do Planalto
em sua pasta e garante que está forte no cargo.
Dilma, segundo ele, sabia que parte do dinheiro seria para um complexo
de barragens no Estado
Lula faz primeira radioterapia
Ex-presidente chegou ao Hospital Sírio-Libanês pela
manhã, realizou os tratamentos e deixou o local no final da tarde
Revisão inédita no Enem para nota de fera
Fera ganha nota na Justiça
No mesmo dia em que vários estudantes se reuniram
em pelo menos dez capitais brasileiras, entre elas o Recife, para protestar
contra as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011, a Justiça de
São Paulo deu uma sentença que pode abrir precedentes. Um aluno bolsista de um
colégio particular conseguiu a revisão da pontuação obtida na redação do exame,
depois que a prova dele foi anulada. Por decisão judicial, por meio de liminar,
a nota passou de zero para 880 pontos, em uma escala que vai até mil. Com o
pedido de revisão encaminhado pela Justiça ao Ministério da Educação (MEC),
para que o aluno pudesse ter acesso à redação, uma nova banca avaliadora foi
escalada para corrigir novamente o texto.
COLUNAS
Cláudio Humberto
Minas e as chuvas
Os órgãos de Defesa de Minas Gerais emitiram, desde
outubro de 2011, pelo menos 13 alertas sobre o risco de chuva intensa no
Estado. Apesar dos avisos, as águas destruíram 66 municípios, causaram seis
mortes e deixaram centenas de desalojados. O governador tucano Antônio
Anastasia afirma que adotou medidas preventivas, mas alega que o volume de água
foi “sem precedentes”. Dentre as medidas estão investimento da companhia
energética Cemig, na ordem de R$ 118 milhões, além de obras e capacitação de
pessoal. O ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) garante que o
sistema de monitoramentos de chuvas “tem feito todos os alertas”. Enquanto
Minas naufraga, nem assessores sabem em que país está o senador Aécio Neves
(PSDB). O ex-governador quer a Presidência. Dos 56 municípios brasileiros com
risco de desastre por chuvas, apenas dois receberam verbas do programa de
prevenção do governo.
Ciro não é indicação do PSB
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE – foto)
acredita que “só por escolha pessoal de Dilma” o correligionário Ciro Gomes
poderá assumir a pasta da Ciência e Tecnologia, conforme se especula há dias.
“O partido já tem sua cota na Esplanada”, resume o senador. Questionado se
Ciro, conhecido pelo temperamento explosivo, estaria cotado porque ficaria
“contido” no ministério, Valadares foi taxativo: “Dilma não se intimida com
nada. Se ela escolher Ciro, será pela competência”.
Educação virtual
Fez um ano ontem (4) o post do ministro Aloizio
Mercadante no Twitter, com seu discurso de posse na Ciência e Tecnologia. O
único de 2011.
Trabalheira
O Tribunal Regional do Trabalho multou em R$ 74 mil
a construtora Cotebrás, por descumprir contrato. Não poderá ter outros no TRT.
1,2, 3...6!
Alimentos da cesta básica têm, pelo menos, seis
tributos: PIS, Cofins, IR, ICMS, IPI, contribuição previdenciária, e
contribuição sobre o lucro.
Bala perdida
O deputado federal Guilher Mussi (PSD-SP) quer dar
banana a macaco com seu projeto prevendo placas especiais identificando
deputados e senadores. Muitos evitam até usar em público o broche parlamentar.
My precious
Da senadora Kátia Abreu (TO) sobre a batalha
judicial do PSD para conseguir o precioso tempo de televisão: “A bagagem de um
político é seu tempo de TV. Sem ele, a gente não tem nada”.
Al mare
A Marinha comprou três barcos patrulha da inglesa
BAE, por 133 milhões de libras, com transferência de tecnologia, construídos
para Trinidad e Tobago, que desistiu do contrato. A BAE estava no vermelho.
Lá como cá
A paulista Vetec não entregará a segunda ponte só
para cargas entre Foz do Iguaçu (PR) e Puerto Franco, Paraguai, prometida para
julho de 2010, diz o jornal ABC Color. Lula firmou o acordo em 2008.
Fim da picada
O ex-jogador Ronaldo pegou dengue na Bahia. O
mosquito engordou seis quilos.
Frase
O novo EcoSport terá muito axé!”–
Ministro Aloizio Mercadante, louvando a ciência e
tecnologia do carro made in Bahia
Líder em vaias
Prefeita Luizianne Lins (PT) ganhou título de
campeã de vaias após réveillon promovido por ela em Fortaleza (CE). Foi vaiada
ao aparecer no telão e, não satisfeita, recebeu do palco coro entoado por 1,5
milhão de pessoas. Ela jura que só ouviu aplausos.
Mico histórico
O ex-presidente Lula fica na segunda colocação. Foi
vaiado maciçamente por 90 mil pessoas na abertura Pan, em 2007, no Rio. À
época, o governo alegou que a vaia foi orquestrada pelo ex-prefeito Cesar Maia
(DEM).
OPINIÃO
Não às drogas
Elias Gomes
Entre os anos de 2008 e 2010, o município de
Jaboatão dos Guararapes alcançou um índice inimaginável anos atrás: chegou a
reduzir em 40% os assassinatos dos jovens entre 18 e 24 anos.
O esforço conjunto dos governos federal, estadual e
municipal, baseado em ações de combate aos grupos de extermínio, assistência
direta aos jovens em idade vulnerável e uma ação mais efetiva do policiamento,
foi responsável por esta redução.
A partir de agora, embora as medidas acima
continuem fundamentais, há que se pensar em um trabalho mais efetivo sobre uma
variável que é recorrente no caso dos assassinatos, que é a presença das
drogas.
E neste aspecto todos os municípios pernambucanos
têm um longo caminho a percorrer, dos maiores aos menores, principalmente
depois que surgiu, no cenário dos alucinógenos, o crack, droga que vicia logo
após os primeiros experimentos.
Jaboatão que, pelas estimativas, tem no momento de
três a quatro mil dependentes de crack, iniciou, com este objetivo, um dos mais
amplos programas de atuação neste campo no Grande Recife, que é o seu Plano
Municipal de Ações Integradas sobre Drogas, baseado em quatro eixos principais:
prevenção, repressão, atendimento e reinserção da população, sobretudo dos
jovens viciados, na sociedade.
Assim foi criado o Conselho Municipal sobre Drogas,
integrado por representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
pelos representantes das Igrejas e das sete regiões administrativas municipais.
No campo da prevenção, se criou o Programa de
Educação para Paz, com a participação de 9.072 jovens em 36 escolas de ensino
médio e fundamental, capacitação de 400 professores em cerca de 50 escolas,
capacitação de 450 agentes comunitários de saúde, conseguindo com isso chegar a
67.500 famílias, programas de esporte e lazer e várias outras ações que visam
conscientizar os jovens e suas famílias sobre o perigo que as drogas
representam para todos.
No eixo do atendimento o município reequipou os
conselhos tutelares, agora funcionando a todo vapor. Implantou centros de atendimento
à população de rua, consultórios de rua com mapeamento dos pontos de consumo e
atendimento imediato, Programa de Proteção à Vida (PPVida), que já atende a 150
jovens desde 2009, e o centro de apoio psico-social, em parceria com o Estado,
que assiste no momento a 90 usuários.
No que se refere à reinserção, o município iniciou
a implantação, entre outros, de centros da juventude com o objetivo de atender,
cada um, 200 beneficiários, totalizando 800 pessoas em vulnerabilidade e risco.
A repressão não é, por acaso, o quarto eixo do
plano tocado em parceria com o Estado e voltado à identificação e prisão dos
traficantes.
O município não descansará um minuto no seu
propósito de enfrentar seriamente esta questão. Prepara projeto de lei para
enviar à Câmara Municipal sobre vendas de bebidas alcoólicas para crianças e
adolescentes por estabelecimentos próximos às escolas e decidiu limitar à
meia-noite a realização de shows de qualquer natureza em área pública, por
entender que, depois desse horário, é mais difícil o controle da violência e do
consumo de bebidas e drogas pelos adolescentes.
Elias Gomes
é prefeito de Jaboatão
POLÍTICA
Não guardo rancor, ódio, de ninguém”
Paulo Augusto e Bruna Serra politica@jc.com.br Vito
Miracapillo não tirava o sorriso do rosto. Em sua primeira coletiva após ser
autorizado a renovar seu visto permanente para o Brasil, o padre italiano,
expulso em 1980, falou sobre muita coisa. A alegria do retorno, a incerteza
sobre o futuro, perdão e política. Confira.
O RETORNO
“Para mim foi uma grande alegria a comunicação que
recebi de que o ministério irá me dar o visto de permanênci. A festa de ontem
(terça) no aeroporto foi não só dos amigos que estavam presentes, mas do povo
que sentiu a expulsão. O Brasil todo, naquele ano (1980, quando foi expulso),
se movimentou, apoiando a minha pessoa, o trabalho pastoral que a gente fazia
na diocese de Palmares e só mesmo o regime (militar) e os poucos que apoiavam o
regime estavam me expulsando do País. Então foi uma grande alegria essa volta.
Eu disse (na chegada) que o avião da expulsão encontrou a possibilidade da
volta. Sempre que eu voltei (ao Brasil), depois de 1993, quando foi revogado o
decreto (de expulsão) do presidente Figueiredo, eu sempre disse que que me
sinto em casa e mesmo de 1980 a 1993, sem poder entrar no País, centenas de
brasileiros foram lá na minha casa, me encontrar e falar da solidariedade do
povo. Houve também muitos que não me encontraram aqui no Brasil e só me
conheceram na Itália. Para mim é uma grande alegria acolher os amigos, irmãos
brasileiros e viver aqueles momentos de comunhão, mesmo sem eu poder entrar no
País. Estou contente por esse encontro.”
PERMANÊNCIA
“Meu desejo é voltar e ficar no Brasil, continuando
aquele trabalho que estava fazendo. Agora é claro que, sendo padre, é o bispo
quem tem que autorizar. De maneira particular, o bispo da diocese onde
trabalho. Temos que trabalhar um pouquinho (no que se refere ao bispo italiano
o autorizar a voltar em definitivo) porque o problema de todo bispo é não
perder os padres que têm. Por outro lado, sou pároco numa grande paróquia, e
quando o pessoal soube desse visto de permanência, todo mundo aplaudiu, mas
depois disseram: ‘E agora? O que vai acontecer? Você vai embora? Porque se for,
a gente vai falar com o bispo para não ir...’ Então, temos que ver um
pouquinho, seja com a comunidade lá, seja com o bispo, para que seja facilitada
também a volta.”
PERDÃO
“Eu perdoei (os responsáveis pela expulsão) desde
aquele dia, quando Pedro Eurico e eu saímos do interrogatório da Polícia
Federal, aqui no Recife (1980). Eu disse ao capitão que me interrogou que não
tenho nada contra sua pessoa e não conservo mágoa de ninguém porque acho que o
problema não era de relacionamento pessoal, era uma questão de regime. É claro
que algumas pessoas se incluíram, mas acho que o problema não era com a pessoa,
e sim com o sistema legal da ditadura.”
SEVERINO
“Não tenho problema (em se encontrar com Severino
Cavalcanti). Eu soube que nesse período (em que ficou sem poder vir ao Brasil)
ele continuava falando contra mim, como padre subversivo, mas a gente nunca se
encontrou. Quando voltei em 1993 e fomos à Assembleia Legislativa, ele não
participou (da sessão). Naquele tempo os jornais falaram que podíamos nos
encontrar, mas ele não foi. Para mim não havia nenhum problema encontra-lo e
apertar sua mão também. Porque sou padre, sou pessoa humana. É claro que a fragilidade
muitas vezes existe, é de se entender. Mas não tenho e não guardo raiva,
rancor, ódio de ninguém.”
PERDAS
“Estava me recordando, quando o avião estava
aterrissando... Na hora da saída, quando fui expulso, a polícia me acompanhava
quando fui daqui para o Rio e eu pensava quando o avião levantava vôo: ‘quem
sabe quando poderei voltar’. E é claro que naquela hora eu sofria porque no
aeroporto houve manifestação de solidariedade de centenas de pessoas, tumulto
porque o povo não queria que eu saísse, e diante do povo que cantava, exultava
e vinha me abraçar, naquela hora as lágrimas caíam. No processo todo não tive
problemas em ficar tranquilo, sereno. Mas na hora da separação, senti mesmo e
estava chorando. É claro que aquilo foi um problema de grande sofrimento não só
para mim, mas para o povo todo que botou o sinal de luto na igreja de Ribeirão
e em todas as casas. Foi o mesmo que sentir a morte. Mas, depois, com as
visitas que tive de brasileiros, eu sentia que continuava essa comunhão com o
País e com o povo todo do Brasil.”
POLÍTICA
“Quando eu fui expulso, disseram que eu estava
preparando uma greve de camponeses com 240 mil pessoas e então entrou no
processo essa história também. Eu nunca pertenci a partido, sindicato ou
qualquer outra coisa pública. Só fazia o meu trabalho pastoral. O que me
preocupava eram só a vida do povo e aquilo que precisava transformar também
para que todo mundo pudesse gozar de uma vida digna. Agora, o pecado foi
aquilo. Mesmo voltando, não é que vou entrar em política ou outras coisas que
não pertencem à ação pastoral, mas acho que toda pessoa humana, todo cidadão,
de qualquer jeito, faz política. E é claro que a ação pastoral pode ser também,
ao mesmo tempo, ação política, e se torna transformadora da realidade. Não precisa
ser político de profissão para fazer política. Agora, muitas vezes isso pode
desagradar governo ou quem tem poder na mão. Acho que um padre não pode fechar
os olhos e os ouvidos diante do que acontece ou diante do que o povo pode pedir
de ajuda para sua própria vida.”
COMISSÃO
(Nesse momento, especulou-se sobre a possibilidade
de Maciel, governador quando Miracapillo foi expulso, integrar a Comissão da
Verdade). “Não sei quem foi chamado, agora eu lembro que, na época, a única
coisa boa que Marco Maciel fez foi não falar. Ficou em silêncio, sem tomar
posição praticamente, mesmo fazendo parte do governo ou não sendo a favor da
gente.”
PUNIÇÕES
“Quem julga está lá em cima, é Deus quem julga a
pessoa e o que se faz neste mundo. Agora, é claro que a sociedade, o povo, tem
direito que o mundo reconheça o que tem acontecido contra a própria vida do
povo. É preciso que cada país, revendo sua história, possa julgar também os que
tenham cometido crimes.”
Barragens estão “dentro do cronograma”
Letícia Lins
Agência O Globo
CUPIRA e LAGOA DOS GATOS – Alvo da polêmica
envolvendo o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que teria lhes
enviado 90% das verbas destinadas à prevenção de desastres em 2011, as
barragens Panelas II e Gatos dificilmente devem ficar prontas em setembro, como
prometido, mas, pelo menos, não estão paradas. Elas começaram a ser construídas
há quatro meses, e a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) garante que deverão
ser entregues até o fim do ano, com previsão de entrar em funcionamento no próximo
inverno.
Ontem, a Agência O Globo, visitou o canteiro de
obras das duas represas e constatou que as construções estão em ritmo lento: 70
operários trabalham em Panelas II, em Gatos, são apenas 16. Mas, segundo os
encarregados das obras, ambas estão dentro do cronograma previsto.
As represas integram um sistema do qual fazem parte
outras três barragens, cuja construção deve demandar um investimento total de
R$ 497 milhões, 50% dos quais serão financiados pelo governo federal. O
restante será bancado pelo Estado.
O sistema tem por objetivo funcionar como barreira
de contenção para as constantes inundações na Mata Sul, onde 68 municípios
foram atingidos em 2010, sendo que 11 deles ficaram em estado de calamidade
pública e 30, em situação de emergência. Segundo o governo do Estado, 400 mil
pessoas da região vivem em situação de vulnerabilidade devido às constantes
cheias do Rio Una. As duas últimas, em 2010 e 2011, causaram um prejuízos
estimado em R$ 2 bilhões.
Enquanto as barragens de Panelas II e Gatos estão
em construção, as três outras – Serro Azul, Igarapeba e Guabiraba – permanecem
em fase de licitação. A de Panelas II deve acumular 17 milhões de metros
cúbicos de água, represando o Rio Panelas, que atravessa o município de Cupira.
A de Gatos é menor: terá capacidade para 6,3 milhões de metros cúbicos de água
do Rio dos Gatos, que corta a cidade de Lagoa dos Gatos. As duas represas
deverão custar R$ 27 milhões, sem falar nas vias de acesso e desapropriações.
Até o momento, 63 fazendas e sítios da região foram
desapropriados, segundo a SHR. Em Cupira – a 169 km do Recife –, a construção
de Panelas II está mais adiantada. A via de acesso foi concluída e a pedreira e
a central de concreto funcionavam ontem às margens da PE-123. Além disso, o
canal que vai permitir o desvio do Rio Panelas para construção das paredes da
barragem está em construção. Conforme o engenheiro José Cláudio Mesquista, da
Novatec Construções e Empreendimentos Ltda., responsável pela represa Panelas
II, a barragem terá paredes de 40 metros de altura, com um espelho de água de
280 metros de extensão por 42 metros de largura. Ele não soube dizer, no
entanto, se ela estará concluída até setembro.
Em Lagoa dos Gatos, a 181 quilômetros da capital, o
lavrador Adauto Manoel da Silva, 49, viu sua casa ficar com 70 centímetros de
água na última enchente. Ele não consegue acreditar que as barragens farão a
contenção das inundações com as quais se habituou a conviver: “Perdi as contas
das vezes que minha casa ficou inundada”.
Ação contra o auxílio-moradia
Chegou à Justiça ontem a primeira ação popular
contra o pagamento de auxílio-moradia retroativo a ex-deputados e deputados
estaduais das legislaturas de 1994 a 1997. Dez moradores do Coque, Centro do
Recife, subscreveram a proposta ao TJPE com solicitação de liminar, a fim de
suspender o repasse do benefício. O juiz que está respondendo pela 2ª Vara da
Fazenda Pública da Capital, Djalma Andrelino, deve anunciar hoje se defere o
pedido.
A medida cautelar pede que a Assembleia Legislativa
revele a lista com os nomes dos ex-deputados estaduais em cujas contas as
parcelas do auxílio estão sendo depositadas. Além disso, prevê que se
especifique quanto já foi pago a cada parlamentar. “Se a Justiça conceder a
liminar, o pagamento fica suspenso até o julgamento final da ação”, sublinha a
ex-candidata a senadora Renê Patriota (PV), que colheu assinaturas para a ação.
De acordo com o Portal da Transparência do Estado,
50 ex-deputados estaduais e outros dois que ainda exercem mandato embolsaram,
desde 20 de setembro, R$ 876 mil referentes às três primeiras parcelas do
auxílio-moradia. A ordem de pagamento saiu em meio a uma ata da mesa diretora
da Assembleia publicada no Diário Oficial em dezembro de 2010, porém os
repasses só iniciaram-se nove meses depois por falta de caixa.
No entanto, o rol dos beneficiários nunca foi
publicado. O escândalo veio à tona duas semanas atrás. Os parlamentares
requereram o auxílio atendo-se ao princípio da isonomia entre os Poderes. Como
os deputados federais recebiam auxílio-moradia entre 1994 e 1997, membros do
Judiciário pediram na Justiça a equiparação salarial. Grupo de deputados
estaduais que não recebeu a verba na época entendeu que também teria direito e
obteve a aprovação pela mesa diretora da Alepe.
Emergência em 66 municípios
BELO HORIZONTE – Temporais voltaram a atingir
várias regiões de Minas Gerais ontem, com a destruição de casas, o alagamento
de cidades inteiras e mais mortes confirmadas. Quatorze novos municípios
decretaram situação de emergência – medida que desburocratiza a obtenção de
verbas públicas para reconstrução –, elevando para 66 o total de cidades neste
estado em Minas. A Defesa Civil confirmou a morte de oito pessoas desde o
início do período chuvoso, em outubro. Seis delas morreram neste início de
janeiro.
O corpo de mais um taxista foi localizado ontem em
Ouro Preto. É a segunda vítima do deslizamento de terra que destruiu parte do
terminal rodoviário da cidade na madrugada de terça. Os bombeiros não descartam
a hipótese de novas vítimas. Os dois motoristas aguardavam nos carros a chegada
de passageiros do último ônibus vindo de Belo Horizonte, quando uma encosta do
Morro dos Piolhos desabou sobre parte do terminal. As buscas devem continuar
hoje.
Em Guidoval, Zona da Mata, foi achado o corpo de um
homem levado pela correnteza ao descer da árvore em que se abrigava com a
família. A cidade é uma das mais afetadas e parte dela ainda estava debaixo
d’água ontem, quando recebeu a visita do governador Antônio Anastasia (PSDB).
Foi determinada a reconstrução da ponte sobre o Rio Pomba, que corta a cidade,
e a construção de um acesso provisório com a ajuda do Exército.
Comunidades e distritos de cidades da Zona da Mata,
como Guiricema, Ubá, Dona Euzébia e Cipotânea, estão isoladas. Há relato de
deslizamentos e inundações em Lamim, São Pedro dos Ferros, Senador Firmino e
Viçosa. O Rio Piranga, que corta a cidade de Ponte Nova, continua com nível
acima do habitual – em alguns trechos em até seis metros. Pelo menos duas mil
casas foram atingidas e até mesmo a distribuição de donativos está
inviabilizada.
No total, 119 municípios foram atingidos em Minas,
afetando cerca de 2,1 milhões de pessoas. Destas, 9.864 pessoas estão
desalojadas (em casa de amigos e parentes) e 436 estão desabrigadas (em abrigos
e hotéis). Pelo menos 183 pontes foram destruídas ou danificadas.
Em Belo Horizonte, voltou a chover forte na tarde
de ontem, inundando bairros e gerando mais transtornos. Na Região
Metropolitana, cidades como Brumadinho, Mário Campos e Raposos continuam
inundadas. Em dezenas de cidades, faltam também água e luz.
Economia
ENERGIA
Conta de luz: R$ 63 bi em tributos
Instituto analisa a mordida fiscal sobre o consumo de
energia da população. A cada R$ 100, R$ 45 vão para os governos
O Instituto Acende Brasil fez um levantamento
mostrando que os brasileiros pagaram R$ 63,5 bilhões em tributos cobrados na
conta de luz em 2011. “É um absurdo. A cada R$ 100 pagos numa conta de energia,
R$ 24 foram para as distribuidoras, R$ 26 destinados a geração, R$ 5 ficaram
com a transmissão e R$ 45 com os governos (federal, estadual e municipal)”,
explica o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales. O valor foi
estimado por uma consultoria com base nos dados das empresas que respondem por
64% da geração, 80% da transmissão e 84% da distribuição de energia no País.
Dos R$ 63,5 bilhões de impostos cobrados, R$ 29,5 bilhões
foram de impostos estaduais, R$ 21,9 bilhões de tributos federais e R$ 12
bilhões de encargos setoriais. “É fácil para o governo tributar energia, porque
é um setor organizado e que atende a 99% da população, mas é uma tributação
perversa, porque não é um bem supérfluo”, comenta.
Na conta de luz, estão embutidos 12 tributos e 11
encargos setoriais. Os impostos se dividem nas três esferas de governo, já os
encargos são recolhidos aos cofres da União ou órgãos federais. “Entre os
tributos, o que tem maior peso é o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) que significa, na média nacional, 21% da conta de luz”, afirma
Sales. O ICMS é recolhido pelos Estados. Ele acrescenta que “se os governos
reduzissem 10% do ICMS, isso traria uma diminuição de 2% na conta do
consumidor”.
“Muitos encargos setoriais não têm mais razão de
existir”, defende. Ele citou como exemplo o encargo Reserva Global de Reversão
(RGR) que deveria ser extinto em 2010. “O governo federal prorrogou a RGR por
mais 25 anos. Os recursos arrecadados pela RGR formaram um fundo que tem R$ 16
bilhões e a União só conseguiu empregar R$ 7 bilhões desse total”, lamenta. A
cobrança da RGR tem um impacto de 2% na conta de luz do consumidor.
Pescadores vão à ONU contra Suape
Adriana Guarda
A Colônia de Pescadores do Cabo de Santo Agostinho
encaminhou denúncia à Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), na
Suíça, contra o governo de Pernambuco. Os pescadores alegam violação dos
direitos humanos e descaso das autoridades locais com os danos ambientais
provocados pela implantação de grandes empreendimentos no Complexo de Suape.
“As obras de dragagens realizadas para contemplar a
instalação de um polo naval na região estão levando ao desemprego e à expulsão
dos pescadores e moradores tradicionais, sem que ocorram as devidas
compensações”, diz o ecólogo e assessor dos denunciantes, Leslie Tavares.
O especialista afirma que o descaso com os recursos
naturais e com a ocupação dos moradores da região desrespeitam preceitos
fundamentais estabelecidos na Declaração dos Direitos Humanos e da Organização
internacional do Trabalho (OIT). “Foi com base nesses fundamentos que
encaminhamos à denúncia à ONU”, explica, lembrando que o trabalho tradicional
como a pesca precisa ser preservado.
O vice-presidente do Complexo de Suape, Frederico
Amâncio, diz que chegou à diretoria a informação de que os pescadores teriam
formalizado uma denúncia na ONU, mas que desconhecia o conteúdo do documento e
se ele teria sido elaborado por apenas uma pessoa ou pela Colônia como
liderança.
“A verdade é que o governo do Estado e órgãos como
o Ministério Público Federal nos viraram as costas. Há 2 anos ingressamos com
uma ação civil reclamando dos impactos da dragagem e nada foi feito”, lamenta o
pescador da Colônia Z-8 da Praia de Gaibu, Ednaldo Rodrigues de Freitas,
conhecido pelos colegas como Nal. Ele diz que a pesca na região caiu 80% depois
das dragagens realizadas por Suape. O pescador conta que sua renda das famílias
que dependem da pesca despencou desde 2010.
Cada família pede R$ 16 mil ao governo
As conversas entre os pescadores da região e a
diretoria do Complexo de Suape se estendem desde 2010. A última delas
aconteceu, ontem, no Centro Administrativo do porto. Prejudicados pela escassez
do pescado, a diminuição da renda e o desemprego provocado pelas obras, um grupo
de 71 pescadores pleiteia o pagamento de uma indenização pelos danos causados.
“Estamos pedindo R$ 16 mil para cada uma das famílias por um período de 6
meses, referente à primeira dragagem, realizada para permitir a implantação do
Estaleiro Atlântico Sul (EAS). Além do pagamento de dois salários mínimos como
alternativa de renda para os pescadores. E esse pagamento não pode vigorar
apenas até junho quando a obra vai acabar, mas para garantir o sustento dessas
pessoas depois que a draga devastar os berçários marinhos e os estuários”,
defende o pescador da Coluna Z-8 da Praia de Gaibu, Ednaldo Rodrigues de
Freitas.
Segundo os representantes da Z-8, na reunião de
ontem a diretoria de Suape ofereceu uma cesta básica no valor de R$ 70 e a
discussão de projetos que seriam implantados a médio e longo prazo.
O vice-presidente de Suape, Frederico Amâncio,
afirmou que não existem estudos comprovando os impactos provocados pelas obras
de dragagem na pesca mas que, “como pode estar afetando”, a diretoria do porto
está disposta em ouvir os pleitos dos pescadores e discutir alternativas.
O executivo também contestou a informação da
Colônia de que as obras de dragagem estariam sendo tocadas sem Estudo e
Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) para cada intervenção. O que se faz é
uma avaliação do impacto ambiental, levando em consideração do EIA-Rima antigo
de Suape, elaborado em 2000. “E 2000 é antigo? Em setembro do ano passado
encaminhamos os estudos complementares à CPRH (órgão ambiental do Estado) e
eles vão fazer as análises para atualizar o documento e ter um EIA-Rima do
porto referente a 2012”, observa.
Diante da falta de consenso durante a reunião de
ontem, pescadores e diretoria de Suape marcaram uma nova reunião para amanhã. O
encontro está marcado para às 9h, na Escola Santo André, na Ilha de Tatuoca. Na
ocasião, Suape também vai apresentar o novo projeto da Agrovila para as 72
famílias de ilhéus. O projeto vem sendo discutido desde 2007 e vai mudar de
endereço pela quarta vez.
CAPA DOIS
Rápidas - MEC divulga lista de universidades que vão
oferecer bolsas do ProUni
O Ministério da Educação divulgou ontem à tarde a
relação de universidades e centros universitários que vão oferecer bolsas para
o ensino superior pelo programa ProUni. Serão oferecidas neste semestre 195.030
bolsas de estudo. Desse total, são 98.728 integrais e 96.302 parciais – que
cobrem 50% do valor da mensalidade. As vagas serão oferecidas por 28
universidades e 39 centros universitários. A relação com as faculdades deve ser
divulgada pelo MEC nos próximos dias. A relação das universidades e centros universitários
está no site www.mec.gov.br. O ProUni é um programa que oferece vagas em
instituições particulares para estudantes com renda familiar entre 1,5 e 3
salários mínimos por pessoa (R$ 933 e R$ 1.866). Em troca, as universidades
recebem isenção de alguns tributos.
BRASIL
Chuva em Minas agrava enchente no RJ
RIO – Os transtornos da chuva se agravaram ontem
nos municípios do norte e noroeste fluminense, com o volume dos Rios Pomba,
Muriaé e Paraíba do Sul aumentando em conseqüência das chuvas que caíram em
Minas Gerais. De acordo com a Defesa Civil estadual, 22.800 pessoas estão
desalojadas em oito municípios, como em Santo Antônio de Pádua (12 mil pessoas),
Itaperuna (5 mil) e Laje de Muriaé (2.500).
Em Santo Antônio de Pádua, o comércio e os bancos
não funcionaram. O abastecimento de água foi suspenso e faltou energia elétrica
em alguns bairros. A prefeitura de Pádua decidiu dar alta a 20 pacientes que
estavam internados no único hospital da cidade, transferindo outros dez para
Miracema.
Integrantes do Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia do Rio visitaram ontem pontos de Nova Friburgo com risco de
deslizamentos e constaram que o poder público não realizou as obras necessárias
para reduzir a chance de uma nova tragédia. No município, 428 pessoas morreram
devido às chuvas de janeiro passado. No Espírito Santo, 12 mil pessoas foram
afetadas pelas chuvas.
CIDADES
Clima piora situação da dengue no Sertão
SAÚDE Alternância de chuva e sol contribui para
proliferação do mosquito transmissor da doença na região. Desde novembro, o
número de casos aumentou em Ipubi, Ouricuri e Exu
A alternância de chuva e sol tem ajudado a
proliferar o mosquito da dengue, o Aedes aegypti, no Sertão do Araripe, em
Pernambuco. Ipubi, Ouricuri e Exu enfrentam desde novembro um aumento de casos
da doença. “Nossa área é endêmica e acredito que vivemos um surto no fim de
2011”, avaliou a secretária de Saúde de Ouricuri, Maria Lislene Araújo. O
Estado, por sua vez, avalia que não há surto, mas um aumento de doentes em
razão das condições climáticas e maior registro pressionado pela vigilância
epidemiológica.
Nos dois últimos meses, segundo a secretária de
Ouricuri, foram notificados na cidade de 66 mil habitantes 417 suspeitas de
dengue, mas só seis foram de fato confirmadas. A doença atinge a zona rural,
onde há dificuldades no abastecimento d’água, e o centro da cidade.
“Precisamos descentralizar os testes laboratoriais.
O sangue das pessoas com dengue é examinado no Lacen, no Recife”, contou Maria
Lislene. Ela diz que é preciso unir forças, na região, para conter a doença.
No Hospital Municipal José Pinto Saraiva, em Exu, o
diretor administrativo, Calmon Teixeira, confirma o aumento de casos nos
últimos meses. Uma enfermeira do serviço conta que cerca de 200 pessoas foram
encaminhadas para teste de sorologia, para identificar se estavam com dengue.
Na cidade, há famílias inteiras doentes.
Tatiane Portal, responsável pela 9ª Gerência
Regional de Saúde, em Ouricuri, diz que já em outubro foi percebido um aumento
de casos em Ipubi, cidade com maior taxa de incidência da doença no Estado (142
casos por 100 mil). “Fizemos uma mobilização intensa nessa cidade e em outras
da região. Com isso, aumentou a notificação. A lotação dos principais hospitais
nas últimas semanas de dezembro tem a ver com o período de recesso das equipes
do Saúde da Família”, informou. Além disso, ela diz que as confirmações têm
sido baixas. Na região, uma outra virose, com sintomas parecidos com os da
dengue e de causa desconhecida, estaria afetando os moradores. Por enquanto, os
registros oficiais do Estado são de 240 casos em Ouricuri, 14 em Araripina e 19
em Exu, além de 32 em Ipubi.
DINHEIRO
Municípios pernambucanos terão adicional de R$ 6
milhões para gastar no controle da dengue. Foram aprovados pelo Ministério da
Saúde, que habilitou 111 projetos encaminhados. Os recursos correspondem a um
acréscimo de 20% no Piso Fixo de Vigilância e Promoção à Saúde, repassado
rotineiramente aos municípios. O valor a ser liberado para cada cidade pode ser
conhecido no www.saude.gov.br.
INTERNACIONAL
Rápidas - Chile tira palavra ditadura de escolas
O Ministério da Educação do Chile mudou a expressão
“ditadura militar” por “regime militar” para se referir à ditadura de Augusto
Pinochet nos textos escolares. O ministro Haral Beyer explicou que se buscou
usar uma “palavra mais geral” para se referir ao período.
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