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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

16 de janeiro de 2012 - ZERO HORA


PRIMEIRA PÁGINA
Chuvas alcançam 60% das lavouras de soja do Estado
Sobrevida à lavoura

Chuva que caiu sobre o território gaúcho nos últimos cinco dias alcançou 60% da área plantada de soja, amenizando os prejuízos com a seca.

Pacientes do SUS aguardam por albergues
Albergues não saem do papel

Governo promete aprovar em fevereiro projeto de criação de casas de passagem para pacientes, uma promessa eleitoral.

EDITORIAL
O escândalo das próteses

Prevaleceu o bom senso na solução do impasse provocado pelo escândalo das próteses mamárias que se rompem, com danos para milhares de mulheres em todo o mundo. No Brasil, depois de alguns desencontros, governo e planos de saúde chegaram ao entendimento de que as pacientes devem ser socorridas e ter reparação pelos pre- juízos provocados. Esse socorro prevê cirurgias, custeadas pelo SUS e pelos planos privados, que não só retirem as próteses defeituosas como assegurem a substituição das mesmas. Uma solução parcial seria condenável. Não há como imaginar que as pacientes poderiam ter apenas as próteses extirpadas, sem a garantia de substituição. Nesse caso, governo e planos estariam, na tentativa de evitar maiores danos, provocando mutilações.
Também não interessa a ninguém saber se as mulheres que têm direito a cirurgias fizeram implante de silicone para reparar sequelas ou com fins estéticos. O que importa é que governo e planos de saúde providenciem atendimento às que tiveram rompimento da prótese, ou que correm esse risco. Igualmente não é do interesse das prejudicadas saber quem pagará a conta pela correção de um caso que configura crime e uma sucessão de omissões. A Advocacia-Geral da União já anunciou que tentará responsabilizar fabricantes e importadores, para que arquem com os custos das cirurgias e do implante de novos silicones.
Para quem sofreu prejuízos, o que importa é a resolução do problema, que se junta a outras lições, especialmente para o governo, de como uma ação criminosa, que é a produção e a venda de um produto inadequado, prospera por anos impunemente. É preciso que, além dos diretamente envolvidos na produção, importação e recomendação de uso das próteses, o governo procure descobrir onde falhou ao permitir que os implantes fossem comercializados no Brasil. Como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária não seguiu indícios, apontados por outros países, como os EUA, e por queixas das próprias pacientes, de que as próteses apresentavam falhas? As respostas, que não podem demorar, evitarão casos semelhantes.

POLITICA
Albergues não saem do papel
Governo promete aprovar em fevereiro projeto de criação de casas de passagem para pacientes, uma promessa eleitoral

Com atraso de um ano, o projeto do governo estadual para a criação de albergues públicos voltados a pacientes do SUS ainda não saiu do papel. Durante a campanha eleitoral, Tarso Genro prometeu implantar as chamadas Casas de Solidariedade em pelo menos seis cidades-polo para tratamento de saúde, sendo que a intenção era fazer as três primeiras em 2011 – o que não aconteceu.
Procurado ontem por ZH, o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, afirmou que a intenção é aprovar a proposta na Assembleia em fevereiro (leia ao lado). O projeto chegou a ser incluído no pacote apresentado aos deputados janeiro de 2011. Questionamentos da oposição levaram o Executivo a voltar atrás.
– Argumentamos que a ideia precisava ser melhor discutida e fomos atendidos. Não era ruim, mas tinha alguns buracos – afirma o deputado Paulo Borges (DEM).
Ao todo, segundo a deputada Marisa Formolo (PT), presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, foram feitas cerca de 10 audiências públicas sobre o tema, para colher sugestões da população. Além disso, secretários de Estado envolvidos diretamente no tema foram ouvidos pela comissão.
– Chegamos a um acordo. Ficou claro que as casas precisam ter critérios de seleção e dar prioridade aos pacientes mais pobres e que moram mais longe – ressalta Marisa.

Fonte de financiamento é cobrada pela oposição

O resultado das reuniões foi encaminhado à Casa Civil entre o fim de outubro e o início de novembro. Desde então, o projeto está parado, gerando descontentamento entre integrantes da Secretaria de Trabalho e Assistência Social. Agora, a intenção do governo é que o projeto finalmente volte à Assembleia. A aprovação é dada como certa, mas a oposição avalia o caso com cautela.
– O projeto apresentado em 2011 não passava de um protocolo de boas intenções, sem nenhum aprofundamento. Essa nova tentativa só vai dar certo se o governo conseguir estabelecer claramente algumas questões, como a fonte de recursos e quem será o responsável – adianta Giovani Feltes, líder da bancada do PMDB.

juliana.bublitz@zerohora.com.br
JULIANA BUBLITZ

Secretário quer parcerias

Caso o projeto seja aprovado, o secretário estadual do Trabalho e Assistência Social, Luis Augusto Lara, pretende firmar pelo menos nove convênios até o fim do ano para começar a cumprir a promessa eleitoral.
– Não vamos construir novos prédios, mas fazer parcerias com instituições sem fins lucrativos e com prefeituras que já fazem esse trabalho de acolhimento. Com isso, o resultado será mais rápido e exigirá um volume menor de recursos – diz Lara.
A fiscalização dos convênios ficará a cargo dos conselhos estaduais de Saúde e de Assistência Social, que criarão os critérios de avaliação. A intenção do secretário é começar por Porto Alegre e, aos poucos, atingir todos os polos regionais de saúde. Os recursos, segundo ele, sairão do orçamento da secretaria e já estariam garantidos.
– Esse modelo é fantástico, porque com apenas R$ 15 mil ou R$ 20 mil por mês para cada convênio será possível ampliar as vagas nas casas de passagem e beneficiar muita gente – diz o secretário.
Lara assegura que a iniciativa não vai resultar em um aumento da "ambulancioterapia", isto é, o envio de pacientes aos grandes centros em busca de atendimento. Segundo ele, só serão aceitos nos abrigos aqueles que tiverem recebido prescrição prévia.

Filho de ministro beneficia aliados
Deputado destinou ao menos R$ 2 milhões para empresas ligadas a aliados do pai em Pernambuco

Pelo menos R$ 2 milhões em emendas do deputado Fernando Coelho Filho (PSB-PE) beneficiaram três empreiteiras ligadas a filiados ao PSB e a ex-assessores do ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), pai do parlamentar. O valor foi destinado nos últimos dois anos e representa 14% das emendas apresentadas pelo deputado ao ministério nesse período.
As informações foram publicadas ontem pelo jornal Folha de S.Paulo. As empresas contratadas por uma estatal vinculada ao ministério, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), ficam em Petrolina, base eleitoral dos Coelho. O diretor da área de obras da companhia até a última quinta-feira era Clementino Coelho, irmão do ministro. O superintendente regional da estatal em Petrolina, responsável direto pelas contratações, foi indicado ao cargo pela família Bezerra.
As empresas que receberam o dinheiro das emendas foram a Solo Construções e Terraplanagem, a Evel Terraplanagem e a SCS Construções. Os contratos se referem a obras de infraestrutura. A Solo e a Evel têm entre seus funcionários Aerolande Amós da Cruz, filiado ao PSB e aliado do ministro. A primeira recebeu R$ 1,8 milhão, e a segunda, R$ 70 mil.
A contratação da SCS Construções, no valor de R$ 146 mil, feita no mês passado, ocorreu via convite, modalidade na qual o órgão público seleciona as empresas que participarão. O empresário Belmiro Humberto dos Santos Filho, da SCS Construções, também é filiado ao PSB e trabalhou como assessor na gestão de Bezerra como prefeito de Petrolina.
O dinheiro recebido pelas empresas não se limita a verbas de emendas. Entre 2010 e 2011, elas assinaram contratos de R$ 13 milhões com a Codevasf.

Reajuste para servidor federal apenas em 2013

Diante da anunciada greve geral do funcionalismo por reajuste, que pode mobilizar até 1 milhão de trabalhadores e deve ocorrer em abril, o governo federal planeja ampliar o diálogo com os servidores.
O secretário de Recursos Humanos, do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, afirma que o governo vai criar uma secretaria exclusivamente para intermediar os debates.
– Achamos natural. É o papel do sindicato mobilizar mesmo, já esperávamos. O que vai evitar o conflito é a negociação – ponderou.
No entanto, as propostas de aumento, caso sejam aceitas, só devem ser concretizadas na folha de 2013.
– Negociamos em um ano o orçamento do ano seguinte. Gastos com pessoal para 2012 já estão definidos, todas as negociações serão para 2013.

Pressionados, europeus prometem acelerar reformas
Líderes políticos procuram acalmar mercados depois de rebaixamento de notas na zona do euro

O rebaixamento da nota da qualidade das dívidas de nove países da União Europeia mobilizou líderes das quatro maiores potências do bloco em torno de uma palavra-chave: reforma. Alemanha, França, Itália e Espanha anunciaram planos para acelerar a implantação do novo Pacto de Estabilidade que reunirá 26 dos 27 países do mercado livre, mas também prometeram mudanças internas.
Em Paris, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, garantiu que reestruturará o mercado de trabalho, enquanto em Roma, o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, advertiu para a gravidade da crise e prometeu liberalizar a economia. Tudo nesta semana.
Desde o rebaixamento da nota, na sexta-feira à noite, chefes de Estado e de governo se alternaram frente aos microfones para assegurar que a Europa vai se reformar, motivada pela decisão da agência Standard & Poor"s de retirar o triplo A da França e da Áustria, além de rebaixar Itália e Espanha e outros cinco países da zona do euro.
A sucessão de declarações e de anúncios dos líderes políticos ocorreu no final de semana em uma tentativa de tranquilizar os mercados financeiros antes da abertura das bolsas de valores na manhã de hoje. O pregão será o primeiro após o anúncio oficial do rebaixamento dos nove países da zona do euro.
Especialistas europeus concordam que as bolsas de valores haviam antecipado a decisão da Standard & Poor"s, mas ainda assim a abertura das negociações gera expectativa na Europa.
Paris

A vez da moda em calçado
Fabricantes apresentam na Couromoda, que começa hoje em São Paulo, modelos para consumidor disposto a pagar mais

Indústrias calçadistas estão conseguindo driblar as dificuldades do setor investindo em produtos pelos quais conseguem preços melhores. O foco é no cliente que procura qualidade – e está disposto a pagar por isso.
Reflexos desse segmento serão vistos nas vitrinas do próximo outono/inverno. Uma mostra dessa tendência estará de hoje até quinta-feira na 39ª Feira Internacional de Calçados, Artigos Esportivos e Artefatos de Couro, a Couromoda, em São Paulo.
A iniciativa segue uma tendência apontada por especialistas – de oferecer um produto mais caro – como uma das soluções para a perda de competitividade do calçado brasileiro no mercado internacional. O produto passa, dessa forma, a se destacar pela qualidade e pelo design. Nem por isso deixam de escapar de disputa internacional no segmento.
Para Rubens Bender, especialista em marketing na área calçadista, um sapato de maior valor agregado também enfrenta concorrência no Exterior:
– Temos custos que outros países não têm, como os impostos mais altos. Portanto, o problema não é a China, mas as nossas condições.
A opção de um produto mais caro foi seguido pela Werner, empresa de Três Coroas. Observando o mercado, a indústria ampliou investimentos em design, qualidade dos materiais e mão de obra. Nos últimos 10 anos, a inflação acumulada chegou a cerca de 85%. Nesse período, o calçado produzido na empresa aumentou seu custo de produção em 166%. Apesar de o preço final ter aumentado – atualmente custa em média R$ 300 –, a empresa informa que as vendas cresceram. Além disso, 35% da produção é vendida para mais de 40 países.
– Sempre tivemos um calçado de qualidade diferenciada, mas nos últimos anos intensificamos esses investimentos. Não produzimos sapatos, produzimos moda e trabalhamos com os melhores materiais – explica Werner Arthur Müller Junior, diretor comercial da empresa.
Para apoiar empresas gaúchas, o governo do Estado está presente na Couromoda. Por meio da Secretaria de Desenvolvimento, financia estandes para calçados e acessórios e outro para máquinas e equipamentos. Conforme o secretário Mauro Knijnik, 43% das empresas gaúchas apoiadas pelo Estado estarão expondo pela primeira vez na feira.

O repórter Álisson Coelho viajou para São Paulo a convite da Couromoda
Retração nos embarques
Exportações de calçados do Brasil em 2011 e a variação sobre o ano anterior:
Receita US$ 1,296 bilhão -12,83%
Pares 112,967 milhões -20,98%
Preço médio US$ 11,47 +10,29%
Fonte: Fonte: Abicalçados

alisson.coelho@zerohora.com.br
ÁLISSON COELHO | São Paulo

GERAL
MEC altera nota de redação do Enem

O Ministério da Educação (MEC) acatou decisão da Justiça e alterou nota de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de mais uma estudante. Esse é o primeiro caso em que o MEC teve de alterar nota por decisão judicial.
A candidata Bianca Peixoto, 17 anos, do Rio de Janeiro, teve a nota modificada de 440 para 680. Ela foi uma das estudantes que conseguiram ter vista da redação depois de ficar insatisfeita com sua nota.

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