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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

25 de janeiro de 2012 - JORNAL DO COMMERCIO


PRIMEIRA PÁGINA

RMR liderou criação de empregos em 2011
Grande Recife foi a região metropolitana do Brasil com melhor desempenho, com geração de mais de 66 mil novos postos, segundo dados do Ministério do Trabalho.

Fera do Enem perde direito de ver provas
Tribunal Regional Federal da 5ª Região cassa liminar que dava acesso ao exame de 2011 a todos os candidatos.

Planalto decide afastar diretor-geral do Dnocs
GOVERNO Acusado de irregularidades, Elias Fernandes Neto será demitido do cargo. A decisão do afastamento já foi comunicada ao PMDB, que procura substituto para a função
Agência O Globo

Despedida de Haddad com cara de campanha
GOVERNO Com a presidente Dilma e o ex-presidente Lula, troca de comando no Ministério da Educação marca o início da campanha informal do petista à Prefeitura de São Paulo

EDITORIAL
Erro socioeducativo

Uma rebelião que termina em tragédia, com três jovens assassinados, um deles decapitado, tem que ser a gota d’água para uma mudança profunda na política de recuperação de menores, infratores ou não, em Pernambuco. Chamar de “reeducandos” indivíduos encarcerados em condições desumanas é eufemismo comparável ao título de “unidade socioeducativa” para uma prisão para menores. É certo que o problema foi repassado da antiga Febem, mas a alteração do nome prometia a revisão do modelo que provocava insatisfação dentro e fora das unidades. Isso não ocorreu, e a sociedade agora tem a impressão de que piorou, tamanha a barbárie cometida na Funase do Cabo.
A vigília em frente ao Palácio do Campo das Princesas, realizada no dia 19, em memória dos falecidos no último dia 10, foi a imagem do desconsolo resultante de uma situação limite. A panela de pressão que contém os “reeducandos” explodiu, e a violência pede urgente reformulação no sistema que de socioeducativo não tem nada. Os adolescentes detidos convivem, na verdade, em um ambiente de tráfico e consumo de drogas, prostituição, favores e intimidação, que contrasta com o panorama esperado para a recuperação social. Segundo o coordenador do Fórum Estadual da Criança e do Adolescente, Silvino Neto, as vigílias devem continuar, enquanto o governo não apresentar medidas que estanquem a sangria nas unidades da Funase.
E as autoridades não podem alegar surpresa com o que ocorreu. No ano passado, a Ordem dos Advogados do Brasil encaminhou denúncia à Organização das Nações Unidas relatando violações de direitos humanos na Funase. No entanto, mesmo diante da constatação do caos, o governo de Pernambuco preferiu pagar para ver a tragédia se concretizar e não tomou providências para impedi-lo. Entre essas violações, constavam no relatório produzido pelo Conselho Nacional de Justiça a tortura e maus-tratos dos internos, dificuldades de contatos com os familiares, superlotação e deficiência nas ações de educação e cultura que deveriam configurar o objetivo principal da recuperação.
Em entrevista ao JC, o presidente da Funase minimizou as questões que levaram ao quadro atual. Para Alberto Melo, a unidade do Cabo “vinha há quatro anos sem apresentar problemas”. O maior flagelo, segundo ele, é a superlotação, que será equacionada com a abertura de 600 vagas até 2014. A capacidade do sistema é de 850 adolescentes, mas as unidades abrigam cerca de 1.500. O presidente da entidade afirma que a política de infância e juventude é prioritária para a gestão.
Sendo assim, em face da crise na Funase, fica evidenciada a incapacidade do Estado de lidar com um sistema de atendimento socioeducativo falido. Por outro lado, resta a esperança de que o investimento na criação de novas vagas seja somente o primeiro passo de reformulação geral, que inclua novas abordagens e novo enfoque de trabalho, permitido pelo alívio às unidades sobrecarregadas. Do jeito que está, o acolhimento de jovens não passa de uma mentira em que ninguém mais acredita.

POLÍTICA
Costa monitora equipe e aumenta cobranças
RECIFE Atrás do projeto de reeleição, prefeito cobra dos auxiliares solução rápida para os “gargalhos” em algumas obras e atenção com a conservação da cidade, em razão das chuvas

Sheila Borges
sborges@jc.com.br

Em paralelo às articulações políticas, o prefeito do Recife, João da Costa (PT), trata da agenda administrativa. Ele sabe que não deve descuidar do andamento das obras de seu governo se quer viabilizar o projeto de disputar à reeleição. Nesse sentido, o chefe do Executivo cobrou da equipe a solução de alguns problemas que podem comprometer o ritmo de ações importantes para a construção da imagem positiva do mandato, como a Via Mangue. Costa está preocupado com a demora na negociação entre a PCR e o governo do Estado para a retirada do Aeroclube de Pernambuco, já que um trecho daquela obra vai passar pelo terreno que o Estado cedeu à associação dos integrantes da escola de aviação civil há 70 anos.
Como a mobilidade urbana é um problema concreto e, por isso mesmo, um dos temas centrais da campanha eleitoral deste ano, o prefeito quer chegar em julho com uma boa parte do projeto da Via Mangue concluída. Se for realmente candidato à reeleição, só poderá participar de inaugurações ou aparecer em propagandas da PCR até o dia 7 de julho – é o que determina o calendário eleitoral. A Via Mangue é uma obra que está entre as prioridades do prefeito, já que se converterá no principal acesso da população à Zona Sul da Cidade. É uma estrada expressa que tem 4,75 quilômetros de extensão e está orçada em R$ 433,2 milhões.
João da Costa também externou a sua preocupação com relação à conservação da cidade, principalmente em função das chuvas que caíram nos últimos dias e que já provocaram transtornos, como alagamentos. O prefeito lembra bem das críticas que recebeu em abril de 2011, quando viajou à Espanha e, na mesma época, o Recife enfrentou chuvas torrenciais. O petista recordou, no monitoramento, que, no segundo semestre do ano passado, a PCR fechou 40 mil buracos em sete mil ruas e trocou 432 placas de concreto em 12 grandes corredores. Ele pediu que se acelerassem as operações de limpeza urbana, de recapeamento de ruas, de tapa-buraco e de conservação das praças e parques públicos. A próxima reunião de monitoramento ocorrerá na segunda-feira (30) e o prefeito vai cobrar uma solução para os problemas listados no encontro anterior.

ECONOMIA
Bovespa sobe 0,16% na 7ª alta seguida
Claudia Violante, Silvana Rocha e Márcio Rodrigues

AE

As bolsas internacionais engataram o sinal vermelho, puxadas principalmente pela indefinição da situação grega. Mas, diferente de outros tempos, a Bovespa não acompanhou o exterior às cegas. As ações da Petrobras continuaram subindo e fizeram a diferença da sessão, que ainda contou com o desempenho mais firme da outra blue chip, a Vale. Assim, o índice ficou ora em alta, ora em baixa, definindo seu rumo apenas no fechamento. O Ibovespa terminou a sessão com alta de 0,16%, aos 62.486,22 pontos. Na mínima, registrou 61.667 pontos (-1,15%) e, na máxima, os 62.536 (+0,24%). Nesses sete pregões seguidos de alta, os ganhos atingem 5,64%. No mês e no ano, a elevação atingiu 10,10%. O giro financeiro totalizou R$ 6,625 bilhões.
Segundo um experiente profissional, há uma liquidez global muito grande “à procura de bons investimentos”. A Bovespa, segundo ele, se encaixa neste perfil, daí a continuidade dos ganhos nas últimas sessões, contrariando as previsões de realização de lucros. A alta de ontem ocorreu na contramão do exterior, onde as bolsas recuaram influenciadas pela Grécia, e apesar do feriado do aniversário de São Paulo, hoje, que deixará o mercado financeiro fechado.
No caso grego, a falta de acordo entre o governo e os credores privados azedou o humor dos investidores, que também receberam a notícia de que Portugal pode ter problemas para honrar seus compromissos. O quadro se completa ainda com balanços fracos e previsões sombrias para o crescimento econômico da Europa e mundial.
Em dia de agenda esvaziada, o Dow Jones recuou -0,26%. As bolsas europeias fecharam em baixa. Na Nymex, o contrato do petróleo para março recuou 0,63%, a US$ 98,95 o barril. Aqui, Petrobras ON subiu 1,58% e a PN, 1,07%. Vale ON avançou 0,94% e a PNA, 1,29%.

CÂMBIO
O dólar no mercado à vista ampliou a volatilidade durante a sessão e fechou em alta, embora nas cotações mínimas do dia. Após acumular queda de 1,02% nas duas sessões anteriores, o dólar no balcão terminou com ganho de 0,34%, a R$ 1,7550, depois de atingir máxima pela manhã de R$ 1,7670 (+1,03%). Na BM&F, o dólar pronto encerrou no piso, com ganho de 0,24%, cotado a R$ 1,7573.
O vaivém da moeda favoreceu arbitragens de dólar à vista com futuro e também operações de day trade, que reforçaram o volume de negócios. No mercado futuro, às 16h40, o dólar fevereiro de 2012 estava em baixa de 0,11%.

Emprego cresce mais na RMR

TRABALHO Região fecha ano com maior crescimento percentual de vagas no Brasil (8,29%), que não conseguiu bater recorde de 2010
O Grande Recife foi a região metropolitana do País que teve a maior taxa de crescimento de empregos com carteira assinada em 2011, com a criação de mais de 66 mil vagas, 8,29% a mais. Esses foram os dados apresentados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem.
Esse crescimento também impulsionou o resultado de Pernambuco, que teve 89.607 novas vagas (7,62%). Apesar disso o crescimento é menor que o de 2010, quando foram criados mais de 115 mil empregos no Estado. O Nordeste registrou o segundo melhor desempenho na geração de empregos no País em 2011, com 329.565 novos postos. No Brasil, foram criados 1,944 milhão de empregos em 2011, mas o resultado é 23,6% menor em relação a 2010 e abaixo da meta do governo.
Entre os fatores que impactaram num menor crescimento no número de empregos, estão o aumento de juros e a adoção de medidas para travar o crédito, adotadas no início do ano passado. A crise mundial também trouxe impactos na criação de vagas no País, que não conseguiu atingir os 2 milhões de empregos verificados em 2010.
Os setores que mais sentiram os efeitos negativos foram os de calçados e têxteis, além do enfraquecimento da produção industrial, que teve impactos na contratação do setor (215 mil vagas). O setor de Serviços foi o que mais contratou em 2011, gerando quase metade das vagas (926 mil postos). Em seguida vieram Comércio (452 mil) e construção civil (223 mil).
Em comparação com 2010, no ano passado houve uma redução de 23,5% na criação de vagas no País. Em 2010, foram criados 2,543 milhões de postos com carteira assinada, número recorde desde o início da série histórica. Mesmo assim, 2011 é o segundo melhor resultado da pesquisa.
Em Pernambuco, o resultado não foi diferente. No ano passado, o Estado registrou o aumento no número de carteiras assinadas, totalizando 66.021 empregos formais. Porém, em menor número que em 2010, considerado um recorde com seus mais de 115 mil postos.
“Apesar do número de empregos gerados ter sido menor que em 2010, Pernambuco e o Brasil conseguiram se sair bem da crise. O País sentiu a crise, mas as bases econômicas estiveram sólidas o suficiente para manter os níveis de crescimento de empregos. A expectativa do Estado para este ano é manter essas taxas de crescimento”, observa o secretário de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo de Pernambuco, Antônio Carlos Maranhão.
Os setores que aqueceram o mercado formal em Pernambuco foram os de Serviços (43.635 vagas), seguido de Construção Civil (21.211) e Comércio (16.276). Os setores que apresentaram recuo foram os de Agropecuária (1.271) e Administração Pública (249). Das quase 90 mil vagas criadas em Pernambuco no ano passado, mais da metade concentram-se na Região Metropolitana do Recife, responsável pela geração de mais de 60 mil postos de trabalho.
A cidade do Recife concentrou o maior número de vagas, 37.749, com maiores contratações em Serviços, 26.383 vagas. Ipojuca respondeu por 8.372 empregos. O município teve maiores contratações no setor da construção civil (mais de 6 mil vagas), enquanto o setor de Indústria de Transformação teve queda de 165 vagas. Jaboatão dos Guararapes concentrou 7.399 vagas, sendo o setor de maior contratação o de Construção Civil, com 3.912 empregos.
O secretário do Trabalho e Qualificação ressalta a importância da interiorização. “Já houve uma expansão de investimentos que atinge Vitória de Santo Antão e também Glória do Goitá. Há também uma série de investimentos em Caruaru. Essa interiorização é um passo que se torna mais concreto, mas a descentralização não ocorre de imediato.”

Brasil vai atrair mais capital estrangeiro

WASHINGTON – Enquanto os emergentes devem ver o fluxo de capital estrangeiro diminuir neste ano – e, em alguns casos, no próximo – o Brasil nada contra a correnteza. Segundo o Instituto Internacional de Finanças, este ano o país deve receber US$ 142,5 bilhões, 4% a mais do que em 2011.
Ainda assim, o valor está abaixo dos US$ 153,8 bilhões de 2010. Mas essa marca deve ser superada em 2013, quando o IIF prevê US$ 158 bilhões.
Segundo o relatório do grupo, a América Latina tem se mantido mais estável na atual crise e sofrido menos com a contaminação pelos bancos europeus, embora esta seja um risco crescente. E, como maior economia da região e por conta da forte queda no ano passado, o Brasil atrai mais recursos.
O cenário, porém, não é tranquilo. O FMI anunciou que o Produto Interno Bruto do Brasil deve crescer 3% neste ano, ou 0,6 ponto abaixo do projetado há três meses, dentro de uma revisão para baixo das perspectivas globais.
Em 2013, a economia do país deve avançar 4%.
Indagado se os países emergentes precisariam tomar novas medidas anticrise ou continuar esperando para ver, como recomendara o FMI em setembro, Olivier Blanchard, economista-chefe do fundo, limitou-se a dizer que ainda é preciso esperar.
“Não há solução comum para todos. Mas é preciso ficar atento à volatilidade que vem da Europa.”

Governo argentino reduz exigências

BUENOS AIRES – A Administração Federal dos Ingressos Públicos (Afip, a Receita Federal argentina) diminuiu praticamente pela metade o prazo para a aprovação das importações segundo a nova lei que regulará esses negócios na Argentina, a partir do mês que vem.
O governo havia anunciado que cada importação deveria ser feita por meio de um pedido de licença antecipada, que deve ser aprovada pela Secretaria de Comércio Interior, comandada por Guillermo Moreno.
Num primeiro momento, o governo havia dito que o prazo para a aprovação das compras seria de 15 dias. Agora, a Afip anuncia que o trâmite deve demorar entre 72 horas e não mais do que dez dias.
O recuo do governo, que configura uma mudança nas ordens do superpoderoso Moreno, chega depois da forte reação negativa causada pela divulgação da medida.
O Brasil, principal sócio da Argentina, e o Uruguai foram os países do bloco que mais preocupação demonstraram com as novas medidas.
No caso brasileiro, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, havia dado, na semana passada, fortes declarações afirmando que a Argentina vinha sendo um problema permanente para o Brasil.
Ontem, procurado, o ministério brasileiro informou, através da assessoria de comunicação, que não iria comentar a resolução do governo argentino.
A data para a entrada em vigor da nova lei não foi alterada: 1º de fevereiro.
Anteontem, o governo argentino havia publicado a norma que aumentaria a burocracia de todas as importações do país a partir de 1º de fevereiro, que na prática,equivale à aplicação de licenças não automáticas para todas as compras externas do país. A “janela única eletrônica”, desagrada o setor produtivo.
O grande temor dos empresários,é que o governo comece a atrasar a aprovação das declarações, como faz com os produtos sob regime de licenças não automática.

CAPA DOIS
Planalto decide afastar diretor-geral do Dnocs
GOVERNO Acusado de irregularidades, Elias Fernandes Neto será demitido do cargo. A decisão do afastamento já foi comunicada ao PMDB, que procura substituto para a função

Agência O Globo

BRASÍLIA – O Palácio do Planalto comunicou ontem ao PMDB a decisão de demitir o diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra à Seca (Dnocs), Elias Fernandes Neto, acusado de favorecer seu Estado, o Rio Grande do Norte, com verbas públicas, além de responsabilidade em outras irregularidades verificadas no órgão. O vice-presidente Michel Temer foi encarregado de conduzir o processo de substituição no comando do Dnocs para evitar uma crise com a bancada do PMDB na Câmara, já que Elias Fernandes é afilhado político do líder do partido, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). Ontem mesmo Temer se reuniu com Henrique Alves, mas não houve acordo. O líder não aceita a demissão, embora o diretor-geral já esteja com seus poderes esvaziados.
Pela manhã, o Palácio avaliou que era insustentável a permanência de Elias Fernandes. Segundo interlocutores da presidente Dilma Rousseff, o diretor-geral do Dnocs – que já estava na mira da limpeza anunciada nos órgãos do Ministério da Integração Nacional – ficou com a situação extremamente fragilizada após a divulgação, em reportagem anteontem, da constatação de irregularidades de R$ 312 milhões na autarquia. Além de direcionamento de verbas de Defesa Civil para o Rio Grande do Norte. As irregularidades foram detectadas em auditoria da Controladoria-Geral da União.
Respaldado pelo Palácio do Planalto, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, confirmou sua decisão de mudar todas as diretorias do Dnocs, da Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Para evitar abalos no principal partido aliado da presidente Dilma, o ministro ainda tentará um acordo com líderes e dirigentes do PMDB, que indicaram, na gestão de Geddel Vieira Lima, vários dos diretores que poderão ser demitidos. “Vou conversar com Temer e Henrique Alves para mostrar que não se trata de um julgamento das ações de Elias Fernandes. Houve a sucessão de um governo amigo e agora há necessidade de fazer uma nova gestão. Vamos respeitar os espaços dos partidos, mas a ordem é renovar os quadros”, disse o ministro.
“A posição do ministério é de promover mudanças em todos os quadros de dirigentes desses órgãos. Todas as mudanças serão feitas até início de fevereiro. Vou fazer as negociações políticas com o PMDB. Pretendemos manter o espaço do PMDB, mas as mudanças são necessárias agora”.


Sarkozy pode deixar política após eleição

PARIS – Durante seu tradicional café da manhã com ministros e deputados, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, comentou ontem a possibilidade de perder a reeleição e admitiu: caso seja derrotado, vai abandonar a política.
Com as pesquisas de intenção de voto dando a vitória ao socialista François Hollande, a possibilidade de aposentadoria é cada vez mais concreta para Sarkozy. “De qualquer maneira, estou perto do fim. Pela primeira vez em minha vida, enfrento o fim da minha carreira”, teria dito o mandatário a seus aliados.
Para alguns analistas, no entanto, a afirmação de Sarkozy também é uma maneira de mostrar a seus eleitores que ele não tem apego ao poder. “Não sou um ditador”, costuma dizer o presidente.
Alguns de seus partidários pedem que o mandatário assuma a presidência do conservador UMP em caso de derrota nas urnas. Mas Sarkozy se negou. Pelo menos, por enquanto. No encontro de ontem, o presidente reclamou que o UMP não está se empenhando para ganhar as eleições. O partido, ainda abalado pelo discurso de domingo do rival Hollande, quer que o presidente adiante o anúncio de sua candidatura.

BRASIL
Graziano pede ajuda para a África
FÓRUM SOCIAL Em sua participação no evento, presidente da FAO solicitou que o Brasil ajude a acabar com a fome crônica no continente

PORTO ALEGRE – O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano, fez um apelo ontem para que o Brasil socorra os países africanos no combate à fome. Para ele, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) precisa “internacionalizar” sua tecnologia.
“Apelo para que o Brasil assuma a responsabilidade internacional que ganhou com tantas conquistas internas nos últimos anos, que nos colocaram em uma vitrine”, disse ele, que completou: “Precisamos ter uma Embrapa internacional, que seja efetivamente uma agência de cooperação técnica, apoiando os países que precisam”.
Criador do programa Fome Zero do governo Lula, Graziano participou ontem de um evento do Fórum Social Temático (FST), em Porto Alegre, como sua primeira atividade pública no Brasil desde que assumiu o cargo em Roma, no início do mês. Sobre o Brasil, que conta com 15 milhões de miseráveis, Graziano avaliou que o País pode acabar com a fome até o final da década.
Ele defendeu ainda que os responsáveis pelas políticas agrícolas dos países participem da Rio+20, em junho no Rio, comprometendo-se com a sustentabilidade. “Não podemos ser só militantes ecológicos, preocupados com o planeta. O impacto da área produtiva é muito grande. A agricultura contribui com 30% dos gases de efeito estufa e é preciso conscientizar os ministros da agricultura”, disse.
De acordo com as Nações Unidas, até 2050, a produção alimentar terá de crescer 70% para contemplar nove bilhões de habitantes. Para o diretor da FAO, o desenvolvimento tecnológico focado na agricultura pode dar conta do problema, sem ampliar as áreas de plantio. “Praticamente 90% do aumento necessário de produção é possível com as tecnologias hoje disponíveis. Se conseguirmos avançar para tecnologias mais limpas, será mais fácil.”

ENCONTRO
Aproximadamente cinco mil pessoas participaram da marcha de abertura do FST, evento realizado pelo Fórum Social Mundial em Porto Alegre. Cinco mil pessoas se credenciaram para participar do encontro, mas os organizadores esperam 40 mil participantes nas 800 atividades realizadas até domingo. A presidente Dilma Rousseff confirmou presença no Fórum Social amanhã.
Outra presença que chamou a atenção ontem foi a de Cesare Battisti. O italiano vive como exilado no Brasil após ter sido condenado por assassinatos na década de 70 em seu país.
Battisti assistiu à palestra do presidente da FAO e na saída, encontrou o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), rapidamente e o cumprimentou. Foi na gestão de Tarso no Ministério da Justiça que o governo federal autorizou a permanência de Battisti no Brasil, decisão ratificada mais tarde no Supremo Tribunal Federal. A medida abalou a relação entre os dois países. O italiano viajou ao Sul para divulgar seu novo livro de ficção, Ao Pé do Muro.

Plano que não trocar silicone será multado

RIO – As operadoras de planos de saúde que descumprirem as diretrizes do governo para a troca de próteses de silicone das marcas PIP e Rofil serão multadas em R$ 80 mil por infração. A penalidade foi estipulada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em decisão publicada ontem no Diário Oficial da União.
Na semana passada, o Ministério da Saúde estabeleceu que poderão realizar a troca gratuita dos implantes das marcas adulteradas as pacientes com histórico de câncer de mama ou que apresentarem ruptura da prótese. O procedimento pode ser feito pelo SUS ou, no caso de clientes de planos de saúde, na rede de atendimento credenciada.
As normas preveem que as operadoras de planos terão de arcar com o acompanhamento clínico, exames de imagem e cirurgia para a substituição da prótese das beneficiárias de planos com cobertura hospitalar. Para clientes sem essa cobertura, porém, as operadoras cobrirão só os custos de consultas e exames, como ultrassonografia e ressonância magnética.
Nesse caso, para realizar a operação, a mulher terá que procurar o SUS ou um médico particular. Se for para o SUS, terá que passar por nova avaliação antes da cirurgia. O médico poderá optar por fazer novos exames ou repetir algum já feito antes. As normas são válidas para todos os planos posteriores à lei nº 9.656, de junho de 1998, e para os contratos antigos que não tiverem cláusula expressa de exclusão da cobertura de próteses.
Em caso de descumprimento das regras, os clientes podem denunciar o caso à ANS pelo telefone 0800-701-9656, pelo site (www.ans.gov.br) ou em um dos 12 escritórios da agência no País.

CIDADES
Sete roubos a banco em 24 dias
CRIME Número é quase a metade da quantidade de investidas de 2011. Ontem, os ladrões invadiram o Santander, no Arruda

Três homens assaltaram, ontem, uma agência do Banco Santander localizada na Avenida Beberibe, no bairro do Arruda, Zona Norte do Recife. Os assaltantes conseguiram levar R$ 140 mil, além das armas dos vigilantes e de um policial militar que não estava fardado. Outros três homens estavam do lado de fora da unidade financeira e ajudaram na fuga. Essa foi a sétima agência bancária assaltada em Pernambuco, este ano. Isso representa uma investigada a cada três dias e meio. O número é quase metade da quantidade de unidades assaltadas em 2011, que totalizaram 16.
Na investida de ontem, um detalhe chamou atenção: de acordo com um diretor do Sindicato dos Vigilantes de Pernambuco (Sindesv), que chegou ao local minutos depois do assalto, há suspeita de que os criminosos usaram armas de brinquedo na investida contra o banco.
Segundo o tenente da Polícia Militar Joaci Justino, os três assaltantes não estavam com os rostos cobertos e, aparentemente, dois deles portavam pistolas 9 milímetros. “Pelas imagens do circuito interno de câmeras, pudemos notar que eles estavam com essas armas. Os sensores da porta giratória provavelmente não estavam funcionando quando eles entraram, mas as filmagens vão dizer tudo.”
Para o diretor do Sindicato dos Bancários, João Rufino, os sensores da porta giratória não estavam detectando metais abaixo do joelho de quem entrava. Segundo ele, um quarto homem ainda tentou passar, mas a porta começou a travar. João Rufino acredita que o assaltante devia estar com a arma na altura da cintura.
A investida dos bandidos durou pouco mais de dez minutos. Segundo Dario Lacerda, diretor do Sindesv, os três assaltantes conseguiram render um dos vigilantes. O segundo vigia estava no banheiro no momento em que os criminosos entraram na agência, mas foi rendido assim que voltou ao posto. O policial militar que teve a arma roubada era cliente do banco.
“Os vigilantes perceberam que as armas poderiam ser de brinquedo, mas não tinham o que fazer. Eles disseram que os três assaltantes estavam muito calmos e que poucas pessoas perceberam que era um assalto. Infelizmente, o número de vigilantes dentro das agências ainda é pequeno”, lamentou Dario. Ele informou que a unidade bancária estava cheia na hora do assalto, mas não especificou o número de clientes.
Na sexta-feira passada, o Sindicato dos Bancários fez um protesto no Bradesco da Avenida João de Barros, na Encruzilhada, também na Zona Norte. Eles exigiram que as leis que garantem mais segurança nas agências bancárias fossem cumpridas no Recife. Na semana passada, a unidade também foi assaltada. Houve tiroteio, um bandido morreu e outro ficou ferido.

Brasil e Espanha vão ampliar intercâmbio

Com o objetivo de difundir a língua espanhola, o Instituto Cervantes, localizado Derby, área central do Recife, realiza regularmente atividades culturais gratuitas e abertas ao público. O novo cônsul para assuntos de educação da instituição, Rufino Sánchez, planeja fortalecer essas ações e intensificar o intercâmbio entre Espanha e Brasil. Ele também deseja ampliar o número de alunos aprendendo espanhol. Atualmente são cerca de mil pessoas.
No segundo trimestre, uma exposição sobre os últimos 20 anos do cinema espanhol deve aportar no Recife. A mostra tem 80 fotografias e 20 cartazes. “Vamos realizar eventos de literatura, história, música, teatro, cinema”, afirmou Sánchez, durante visita ao Jornal do Commercio semana passada. Ele foi recebido pelo diretor de redação do JC, Ivanildo Sampaio.
Uma vez por mês acontecerá o Cineforum, projeção de filme e discussão em espanhol sobre a película. Há também a Tertúlia Literária, espaço para escritores e estudiosos fazerem palestras sobre literatura e cultura espanhola. A biblioteca do instituto tem acervo de mais de 6 mil livros e revistas e 700 DVDs. Alunos têm acesso gratuitamente. Para quem não é aluno, a inscrição anual custa R$ 20. Estudantes, professores e aposentados pagam R$ 15.
Para aumentar o número de alunos, o Instituto Cervantes fará uma ampla campanha de divulgação, com anúncios em jornais, rádios, televisão e cinemas. Sánchez destacou que outra meta é propagar mais o “Dia E”, festa que acontece há três anos, em junho, em cerca de 50 países, com atividades em espanhol. Este ano será no dia 23 de junho.

INTERNACIONAL
Chávez pode ter menos de 1 ano de vida

CARACAS – O jornal espanhol ABC afirma, em sua edição de ontem, que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tem “entre nove e 12 meses de vida”, caso insista em recusar o tratamento adequado para o câncer que o obrigaria a deixar temporariamente as funções presidenciais. A matéria cita o último exame médico dos especialistas que o atendem.
O ABC diz que, a partir de testes realizados em 30 de dezembro, os médicos concluíram que a saúde do líder “parece estar se deteriorando a um ritmo mais rápido” e que “claramente houve metástase nos ossos e na espinha dorsal”.
O jornal teve acesso a documentos confidenciais elaborados por informantes com acesso à equipe médica de Chávez. Segundo a publicação, em novembro os médicos disseram que o líder tinha um ano de vida, no pior cenário, e agora falaram em nove meses, também numa situação menos otimista. “Chávez poderia morrer antes das eleições de 7 de outubro, ou chegar a elas em tal estado, com abundante administração de morfina, que poderia estar incapacitado para exercer um cargo público”, afirma a reportagem.

ELEIÇÕES
Enquanto isso, a oposição tomou um passo importante ontem para se unir em torno de um único candidato para enfrentar Chávez. Leopoldo López, um popular ex-prefeito de Caracas, anunciou que irá se retirar da corrida presidencial e apoiar outro líder opositor, Henrique Capriles. “Você será o próximo presidente da Venezuela”, disse López a Capriles, na capital.

Informática
SENADORES RECEBERÃO TABLETS NA VOLTA DO RECESSO PARLAMENTAR EM fevereiro

O Senado vai gastar R$ 188,9 mil na compra de tablets para os 81 senadores e 29 servidores. Cada unidade custará R$ 1.718. O modelo não foi divulgado. A aquisição foi registrada semana passada no Diário Oficial da União. O computador portátil será distribuído na volta do recesso parlamentar, em fevereiro. Além dos congressistas, um grupo de servidores do Prodasen (Secretaria Especial de Informática) e assessores das comissões também receberão os aparelhos. O Senado argumenta que a compra é para economizar papel. O computador portátil permitirá que os parlamentares possam acompanhar as pautas das comissões, do plenário e as votações online. Atualmente, isso é feito em papel impresso distribuído a cada senador.

SUPLEMENTO
MCTI tem técnico no comando
PRÁTICO Físico e matemático, novo ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, assumiu ontem com fama de gestor eficiente

A dança das cadeiras no governo da presidente Dilma Rousseff chegou ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ontem, tomou posse o novo responsável pela pasta, o físico e matemático Marco Antônio Raupp, que substituiu Aloizio Mercadante (PT), deslocado para a Educação. O novo nome marca o retorno do cargo a um técnico. Diferente do penúltimo ministro, o também físico Sérgio Rezende (PSB), Raupp foi escolhido por Dilma justamente por não ter filiação partidária, além de possuir um perfil muito parecido com o da presidente. Raupp é conhecido por ser um cientista pragmático, bem mais um gestor do setor acadêmico que um pesquisador que busca novas teorias.
“Raupp é um homem muito pragmático. Ele sempre busca resultados práticos, aplicados”, afirma o diretor do Centro de Informática (CIn) da UFPE, Paulo Cunha, que lembra que uma parte da academia vê esse senso prático com maus olhos. “Na verdade, isso é um ponto positivo. Ele consegue unir ciência com a busca por resultados e o mercado”, conta. A maior parte da comunidade acadêmica e científica, no entanto, comemorou a escolha, já que Raupp passou os últimos anos à frente de várias organizações de peso na ciência brasileira. “Nomes técnicos são bem-vindos. Isso confere estabilidade às políticas”, conclui Cunha.
Até a semana passada, Raupp ocupava a diretoria da Agência Espacial Brasileira (AEB). Antes disso, ele também foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). Logo de cara, Raupp terá que escolher seu substituto na AEB e o sucessor de Gilberto Câmara, que pediu demissão do Inpe no fim de 201. Raupp e Câmara passaram a gestão se confrontando, já que o atual ministro propunha fundir os dois órgãos. Na prática, a AEB é uma agência formadora de políticas, enquanto o Inpe executa pesquisas e forma cientistas.
Implantar essa nova política para a pesquisa espacial brasileira é um dos primeiros desafios que o novo ministro terá que enfrentar. O novo direcionamento do setor, formulado pelo próprio Raupp, prevê o domínio das tecnologias necessárias ao desenvolvimento de satélites meteorológicos e de comunicação e a produção nacional dos equipamentos. O projeto também prevê uma participação maior da iniciativa privada no desenvolvimento dos satélites.
“Raupp também tem que retomar os investimentos no setor. Houve um crescimento grande da ciência e tecnologia no País, mas em 2011 houve uma certa redução no volume de recursos”, comenta o secretário nacional da SBPC, o professor de agronomia da UFRPE José Antônio Aleixo. Outro desafio será desburocratizar os processos para aquisição de material de pesquisa, a fim de ampliar os resultados dentro dos laboratórios brasileiros, além de fomentar a criação de patentes.
Em comunicado oficial, na semana passada, Raupp declarou que dará seguimento ao trabalho de Mercadante. O tom de continuidade deverá mesmo ser uma marca do novo ministro, especialmente nos primeiros meses. Raupp foi indicado à presidente Dilma pelo próprio Mercadante, contrariando interesses do partido e frustrando outros nomes que, se especulava, poderiam ocupar o cargo.
Entre os cotados estavam Marta Suplicy (PT) e até Ciro Gomes (PSB). Mas foi a exclusão do engenheiro químico Newton Lima (PT) que mais irritou o partido. (J.W.)

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