PRIMEIRA PÁGINA
RMR
liderou criação de empregos em 2011
Grande Recife foi a região metropolitana do Brasil
com melhor desempenho, com geração de mais de 66 mil novos postos, segundo
dados do Ministério do Trabalho.
Fera do
Enem perde direito de ver provas
Tribunal Regional Federal da 5ª Região cassa
liminar que dava acesso ao exame de 2011 a todos os candidatos.
Planalto
decide afastar diretor-geral do Dnocs
GOVERNO Acusado de irregularidades, Elias Fernandes
Neto será demitido do cargo. A decisão do afastamento já foi comunicada ao
PMDB, que procura substituto para a função
Agência O Globo
Despedida
de Haddad com cara de campanha
GOVERNO Com a presidente Dilma e o ex-presidente
Lula, troca de comando no Ministério da Educação marca o início da campanha
informal do petista à Prefeitura de São Paulo
EDITORIAL
Erro
socioeducativo
Uma rebelião que termina em tragédia, com três
jovens assassinados, um deles decapitado, tem que ser a gota d’água para uma
mudança profunda na política de recuperação de menores, infratores ou não, em
Pernambuco. Chamar de “reeducandos” indivíduos encarcerados em condições
desumanas é eufemismo comparável ao título de “unidade socioeducativa” para uma
prisão para menores. É certo que o problema foi repassado da antiga Febem, mas
a alteração do nome prometia a revisão do modelo que provocava insatisfação
dentro e fora das unidades. Isso não ocorreu, e a sociedade agora tem a
impressão de que piorou, tamanha a barbárie cometida na Funase do Cabo.
A vigília em frente ao Palácio do Campo das
Princesas, realizada no dia 19, em memória dos falecidos no último dia 10, foi
a imagem do desconsolo resultante de uma situação limite. A panela de pressão
que contém os “reeducandos” explodiu, e a violência pede urgente reformulação
no sistema que de socioeducativo não tem nada. Os adolescentes detidos
convivem, na verdade, em um ambiente de tráfico e consumo de drogas,
prostituição, favores e intimidação, que contrasta com o panorama esperado para
a recuperação social. Segundo o coordenador do Fórum Estadual da Criança e do
Adolescente, Silvino Neto, as vigílias devem continuar, enquanto o governo não
apresentar medidas que estanquem a sangria nas unidades da Funase.
E as autoridades não podem alegar surpresa com o
que ocorreu. No ano passado, a Ordem dos Advogados do Brasil encaminhou
denúncia à Organização das Nações Unidas relatando violações de direitos
humanos na Funase. No entanto, mesmo diante da constatação do caos, o governo
de Pernambuco preferiu pagar para ver a tragédia se concretizar e não tomou
providências para impedi-lo. Entre essas violações, constavam no relatório
produzido pelo Conselho Nacional de Justiça a tortura e maus-tratos dos
internos, dificuldades de contatos com os familiares, superlotação e
deficiência nas ações de educação e cultura que deveriam configurar o objetivo
principal da recuperação.
Em entrevista ao JC, o presidente da Funase
minimizou as questões que levaram ao quadro atual. Para Alberto Melo, a unidade
do Cabo “vinha há quatro anos sem apresentar problemas”. O maior flagelo,
segundo ele, é a superlotação, que será equacionada com a abertura de 600 vagas
até 2014. A capacidade do sistema é de 850 adolescentes, mas as unidades
abrigam cerca de 1.500. O presidente da entidade afirma que a política de
infância e juventude é prioritária para a gestão.
Sendo assim, em face da crise na Funase, fica
evidenciada a incapacidade do Estado de lidar com um sistema de atendimento
socioeducativo falido. Por outro lado, resta a esperança de que o investimento
na criação de novas vagas seja somente o primeiro passo de reformulação geral,
que inclua novas abordagens e novo enfoque de trabalho, permitido pelo alívio
às unidades sobrecarregadas. Do jeito que está, o acolhimento de jovens não
passa de uma mentira em que ninguém mais acredita.
POLÍTICA
Costa
monitora equipe e aumenta cobranças
RECIFE Atrás do projeto de reeleição, prefeito cobra dos
auxiliares solução rápida para os “gargalhos” em algumas obras e atenção com a
conservação da cidade, em razão das chuvas
Sheila Borges
sborges@jc.com.br
Em paralelo às articulações políticas, o prefeito
do Recife, João da Costa (PT), trata da agenda administrativa. Ele sabe que não
deve descuidar do andamento das obras de seu governo se quer viabilizar o
projeto de disputar à reeleição. Nesse sentido, o chefe do Executivo cobrou da
equipe a solução de alguns problemas que podem comprometer o ritmo de ações
importantes para a construção da imagem positiva do mandato, como a Via Mangue.
Costa está preocupado com a demora na negociação entre a PCR e o governo do
Estado para a retirada do Aeroclube de Pernambuco, já que um trecho daquela
obra vai passar pelo terreno que o Estado cedeu à associação dos integrantes da
escola de aviação civil há 70 anos.
Como a mobilidade urbana é um problema concreto e,
por isso mesmo, um dos temas centrais da campanha eleitoral deste ano, o
prefeito quer chegar em julho com uma boa parte do projeto da Via Mangue
concluída. Se for realmente candidato à reeleição, só poderá participar de
inaugurações ou aparecer em propagandas da PCR até o dia 7 de julho – é o que
determina o calendário eleitoral. A Via Mangue é uma obra que está entre as
prioridades do prefeito, já que se converterá no principal acesso da população
à Zona Sul da Cidade. É uma estrada expressa que tem 4,75 quilômetros de
extensão e está orçada em R$ 433,2 milhões.
João da Costa também externou a sua preocupação com
relação à conservação da cidade, principalmente em função das chuvas que caíram
nos últimos dias e que já provocaram transtornos, como alagamentos. O prefeito
lembra bem das críticas que recebeu em abril de 2011, quando viajou à Espanha
e, na mesma época, o Recife enfrentou chuvas torrenciais. O petista recordou, no
monitoramento, que, no segundo semestre do ano passado, a PCR fechou 40 mil
buracos em sete mil ruas e trocou 432 placas de concreto em 12 grandes
corredores. Ele pediu que se acelerassem as operações de limpeza urbana, de
recapeamento de ruas, de tapa-buraco e de conservação das praças e parques
públicos. A próxima reunião de monitoramento ocorrerá na segunda-feira (30) e o
prefeito vai cobrar uma solução para os problemas listados no encontro
anterior.
ECONOMIA
Bovespa
sobe 0,16% na 7ª alta seguida
Claudia Violante, Silvana Rocha e Márcio Rodrigues
AE
As bolsas internacionais engataram o sinal
vermelho, puxadas principalmente pela indefinição da situação grega. Mas,
diferente de outros tempos, a Bovespa não acompanhou o exterior às cegas. As
ações da Petrobras continuaram subindo e fizeram a diferença da sessão, que
ainda contou com o desempenho mais firme da outra blue chip, a Vale. Assim, o
índice ficou ora em alta, ora em baixa, definindo seu rumo apenas no
fechamento. O Ibovespa terminou a sessão com alta de 0,16%, aos 62.486,22
pontos. Na mínima, registrou 61.667 pontos (-1,15%) e, na máxima, os 62.536
(+0,24%). Nesses sete pregões seguidos de alta, os ganhos atingem 5,64%. No mês
e no ano, a elevação atingiu 10,10%. O giro financeiro totalizou R$ 6,625
bilhões.
Segundo um experiente profissional, há uma liquidez
global muito grande “à procura de bons investimentos”. A Bovespa, segundo ele,
se encaixa neste perfil, daí a continuidade dos ganhos nas últimas sessões,
contrariando as previsões de realização de lucros. A alta de ontem ocorreu na
contramão do exterior, onde as bolsas recuaram influenciadas pela Grécia, e
apesar do feriado do aniversário de São Paulo, hoje, que deixará o mercado
financeiro fechado.
No caso grego, a falta de acordo entre o governo e
os credores privados azedou o humor dos investidores, que também receberam a
notícia de que Portugal pode ter problemas para honrar seus compromissos. O
quadro se completa ainda com balanços fracos e previsões sombrias para o
crescimento econômico da Europa e mundial.
Em dia de agenda esvaziada, o Dow Jones recuou
-0,26%. As bolsas europeias fecharam em baixa. Na Nymex, o contrato do petróleo
para março recuou 0,63%, a US$ 98,95 o barril. Aqui, Petrobras ON subiu 1,58% e
a PN, 1,07%. Vale ON avançou 0,94% e a PNA, 1,29%.
CÂMBIO
O dólar no mercado à vista ampliou a volatilidade
durante a sessão e fechou em alta, embora nas cotações mínimas do dia. Após
acumular queda de 1,02% nas duas sessões anteriores, o dólar no balcão terminou
com ganho de 0,34%, a R$ 1,7550, depois de atingir máxima pela manhã de R$
1,7670 (+1,03%). Na BM&F, o dólar pronto encerrou no piso, com ganho de
0,24%, cotado a R$ 1,7573.
O vaivém da moeda favoreceu arbitragens de dólar à
vista com futuro e também operações de day trade, que reforçaram o volume de
negócios. No mercado futuro, às 16h40, o dólar fevereiro de 2012 estava em
baixa de 0,11%.
Emprego cresce mais na RMR
TRABALHO Região fecha ano com maior crescimento
percentual de vagas no Brasil (8,29%), que não conseguiu bater recorde de 2010
O Grande Recife foi a região metropolitana do País
que teve a maior taxa de crescimento de empregos com carteira assinada em 2011,
com a criação de mais de 66 mil vagas, 8,29% a mais. Esses foram os dados
apresentados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged),
divulgados ontem.
Esse crescimento também impulsionou o resultado de
Pernambuco, que teve 89.607 novas vagas (7,62%). Apesar disso o crescimento é
menor que o de 2010, quando foram criados mais de 115 mil empregos no Estado. O
Nordeste registrou o segundo melhor desempenho na geração de empregos no País
em 2011, com 329.565 novos postos. No Brasil, foram criados 1,944 milhão de
empregos em 2011, mas o resultado é 23,6% menor em relação a 2010 e abaixo da
meta do governo.
Entre os fatores que impactaram num menor
crescimento no número de empregos, estão o aumento de juros e a adoção de
medidas para travar o crédito, adotadas no início do ano passado. A crise
mundial também trouxe impactos na criação de vagas no País, que não conseguiu
atingir os 2 milhões de empregos verificados em 2010.
Os setores que mais sentiram os efeitos negativos
foram os de calçados e têxteis, além do enfraquecimento da produção industrial,
que teve impactos na contratação do setor (215 mil vagas). O setor de Serviços foi
o que mais contratou em 2011, gerando quase metade das vagas (926 mil postos).
Em seguida vieram Comércio (452 mil) e construção civil (223 mil).
Em comparação com 2010, no ano passado houve uma
redução de 23,5% na criação de vagas no País. Em 2010, foram criados 2,543
milhões de postos com carteira assinada, número recorde desde o início da série
histórica. Mesmo assim, 2011 é o segundo melhor resultado da pesquisa.
Em Pernambuco, o resultado não foi diferente. No
ano passado, o Estado registrou o aumento no número de carteiras assinadas,
totalizando 66.021 empregos formais. Porém, em menor número que em 2010,
considerado um recorde com seus mais de 115 mil postos.
“Apesar do número de empregos gerados ter sido
menor que em 2010, Pernambuco e o Brasil conseguiram se sair bem da crise. O
País sentiu a crise, mas as bases econômicas estiveram sólidas o suficiente
para manter os níveis de crescimento de empregos. A expectativa do Estado para
este ano é manter essas taxas de crescimento”, observa o secretário de
Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo de Pernambuco, Antônio Carlos
Maranhão.
Os setores que aqueceram o mercado formal em
Pernambuco foram os de Serviços (43.635 vagas), seguido de Construção Civil
(21.211) e Comércio (16.276). Os setores que apresentaram recuo foram os de
Agropecuária (1.271) e Administração Pública (249). Das quase 90 mil vagas
criadas em Pernambuco no ano passado, mais da metade concentram-se na Região
Metropolitana do Recife, responsável pela geração de mais de 60 mil postos de
trabalho.
A cidade do Recife concentrou o maior número de
vagas, 37.749, com maiores contratações em Serviços, 26.383 vagas. Ipojuca
respondeu por 8.372 empregos. O município teve maiores contratações no setor da
construção civil (mais de 6 mil vagas), enquanto o setor de Indústria de
Transformação teve queda de 165 vagas. Jaboatão dos Guararapes concentrou 7.399
vagas, sendo o setor de maior contratação o de Construção Civil, com 3.912
empregos.
O secretário do Trabalho e Qualificação ressalta a
importância da interiorização. “Já houve uma expansão de investimentos que
atinge Vitória de Santo Antão e também Glória do Goitá. Há também uma série de
investimentos em Caruaru. Essa interiorização é um passo que se torna mais
concreto, mas a descentralização não ocorre de imediato.”
Brasil
vai atrair mais capital estrangeiro
WASHINGTON – Enquanto os emergentes devem ver o
fluxo de capital estrangeiro diminuir neste ano – e, em alguns casos, no próximo
– o Brasil nada contra a correnteza. Segundo o Instituto Internacional de
Finanças, este ano o país deve receber US$ 142,5 bilhões, 4% a mais do que em
2011.
Ainda assim, o valor está abaixo dos US$ 153,8
bilhões de 2010. Mas essa marca deve ser superada em 2013, quando o IIF prevê
US$ 158 bilhões.
Segundo o relatório do grupo, a América Latina tem
se mantido mais estável na atual crise e sofrido menos com a contaminação pelos
bancos europeus, embora esta seja um risco crescente. E, como maior economia da
região e por conta da forte queda no ano passado, o Brasil atrai mais recursos.
O cenário, porém, não é tranquilo. O FMI anunciou
que o Produto Interno Bruto do Brasil deve crescer 3% neste ano, ou 0,6 ponto
abaixo do projetado há três meses, dentro de uma revisão para baixo das
perspectivas globais.
Em 2013, a economia do país deve avançar 4%.
Indagado se os países emergentes precisariam tomar
novas medidas anticrise ou continuar esperando para ver, como recomendara o FMI
em setembro, Olivier Blanchard, economista-chefe do fundo, limitou-se a dizer
que ainda é preciso esperar.
“Não há solução comum para todos. Mas é preciso
ficar atento à volatilidade que vem da Europa.”
Governo
argentino reduz exigências
BUENOS AIRES – A Administração Federal dos
Ingressos Públicos (Afip, a Receita Federal argentina) diminuiu praticamente
pela metade o prazo para a aprovação das importações segundo a nova lei que
regulará esses negócios na Argentina, a partir do mês que vem.
O governo havia anunciado que cada importação
deveria ser feita por meio de um pedido de licença antecipada, que deve ser
aprovada pela Secretaria de Comércio Interior, comandada por Guillermo Moreno.
Num primeiro momento, o governo havia dito que o
prazo para a aprovação das compras seria de 15 dias. Agora, a Afip anuncia que
o trâmite deve demorar entre 72 horas e não mais do que dez dias.
O recuo do governo, que configura uma mudança nas
ordens do superpoderoso Moreno, chega depois da forte reação negativa causada
pela divulgação da medida.
O Brasil, principal sócio da Argentina, e o Uruguai
foram os países do bloco que mais preocupação demonstraram com as novas
medidas.
No caso brasileiro, o ministro do Desenvolvimento,
Fernando Pimentel, havia dado, na semana passada, fortes declarações afirmando
que a Argentina vinha sendo um problema permanente para o Brasil.
Ontem, procurado, o ministério brasileiro informou,
através da assessoria de comunicação, que não iria comentar a resolução do
governo argentino.
A data para a entrada em vigor da nova lei não foi
alterada: 1º de fevereiro.
Anteontem, o governo argentino havia publicado a
norma que aumentaria a burocracia de todas as importações do país a partir de
1º de fevereiro, que na prática,equivale à aplicação de licenças não
automáticas para todas as compras externas do país. A “janela única
eletrônica”, desagrada o setor produtivo.
O grande temor dos empresários,é que o governo
comece a atrasar a aprovação das declarações, como faz com os produtos sob
regime de licenças não automática.
CAPA DOIS
Planalto
decide afastar diretor-geral do Dnocs
GOVERNO Acusado de irregularidades, Elias Fernandes Neto
será demitido do cargo. A decisão do afastamento já foi comunicada ao PMDB, que
procura substituto para a função
Agência O Globo
BRASÍLIA – O Palácio do Planalto comunicou ontem ao
PMDB a decisão de demitir o diretor-geral do Departamento Nacional de Obras
Contra à Seca (Dnocs), Elias Fernandes Neto, acusado de favorecer seu Estado, o
Rio Grande do Norte, com verbas públicas, além de responsabilidade em outras
irregularidades verificadas no órgão. O vice-presidente Michel Temer foi
encarregado de conduzir o processo de substituição no comando do Dnocs para
evitar uma crise com a bancada do PMDB na Câmara, já que Elias Fernandes é
afilhado político do líder do partido, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).
Ontem mesmo Temer se reuniu com Henrique Alves, mas não houve acordo. O líder
não aceita a demissão, embora o diretor-geral já esteja com seus poderes
esvaziados.
Pela manhã, o Palácio avaliou que era insustentável
a permanência de Elias Fernandes. Segundo interlocutores da presidente Dilma
Rousseff, o diretor-geral do Dnocs – que já estava na mira da limpeza anunciada
nos órgãos do Ministério da Integração Nacional – ficou com a situação
extremamente fragilizada após a divulgação, em reportagem anteontem, da
constatação de irregularidades de R$ 312 milhões na autarquia. Além de
direcionamento de verbas de Defesa Civil para o Rio Grande do Norte. As
irregularidades foram detectadas em auditoria da Controladoria-Geral da União.
Respaldado pelo Palácio do Planalto, o ministro da
Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, confirmou sua decisão de mudar
todas as diretorias do Dnocs, da Companhia do Desenvolvimento do Vale do São
Francisco (Codevasf) e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Para evitar abalos no principal partido aliado da
presidente Dilma, o ministro ainda tentará um acordo com líderes e dirigentes
do PMDB, que indicaram, na gestão de Geddel Vieira Lima, vários dos diretores
que poderão ser demitidos. “Vou conversar com Temer e Henrique Alves para
mostrar que não se trata de um julgamento das ações de Elias Fernandes. Houve a
sucessão de um governo amigo e agora há necessidade de fazer uma nova gestão.
Vamos respeitar os espaços dos partidos, mas a ordem é renovar os quadros”,
disse o ministro.
“A posição do ministério é de promover mudanças em
todos os quadros de dirigentes desses órgãos. Todas as mudanças serão feitas
até início de fevereiro. Vou fazer as negociações políticas com o PMDB.
Pretendemos manter o espaço do PMDB, mas as mudanças são necessárias agora”.
Sarkozy
pode deixar política após eleição
PARIS – Durante seu tradicional café da manhã com
ministros e deputados, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, comentou ontem a
possibilidade de perder a reeleição e admitiu: caso seja derrotado, vai
abandonar a política.
Com as pesquisas de intenção de voto dando a
vitória ao socialista François Hollande, a possibilidade de aposentadoria é
cada vez mais concreta para Sarkozy. “De qualquer maneira, estou perto do fim.
Pela primeira vez em minha vida, enfrento o fim da minha carreira”, teria dito
o mandatário a seus aliados.
Para alguns analistas, no entanto, a afirmação de
Sarkozy também é uma maneira de mostrar a seus eleitores que ele não tem apego
ao poder. “Não sou um ditador”, costuma dizer o presidente.
Alguns de seus partidários pedem que o mandatário
assuma a presidência do conservador UMP em caso de derrota nas urnas. Mas
Sarkozy se negou. Pelo menos, por enquanto. No encontro de ontem, o presidente
reclamou que o UMP não está se empenhando para ganhar as eleições. O partido,
ainda abalado pelo discurso de domingo do rival Hollande, quer que o presidente
adiante o anúncio de sua candidatura.
BRASIL
Graziano
pede ajuda para a África
FÓRUM SOCIAL Em sua participação no evento, presidente da
FAO solicitou que o Brasil ajude a acabar com a fome crônica no continente
PORTO ALEGRE – O diretor-geral da Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano, fez um apelo
ontem para que o Brasil socorra os países africanos no combate à fome. Para
ele, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) precisa
“internacionalizar” sua tecnologia.
“Apelo para que o Brasil assuma a responsabilidade
internacional que ganhou com tantas conquistas internas nos últimos anos, que
nos colocaram em uma vitrine”, disse ele, que completou: “Precisamos ter uma
Embrapa internacional, que seja efetivamente uma agência de cooperação técnica,
apoiando os países que precisam”.
Criador do programa Fome Zero do governo Lula,
Graziano participou ontem de um evento do Fórum Social Temático (FST), em Porto
Alegre, como sua primeira atividade pública no Brasil desde que assumiu o cargo
em Roma, no início do mês. Sobre o Brasil, que conta com 15 milhões de
miseráveis, Graziano avaliou que o País pode acabar com a fome até o final da
década.
Ele defendeu ainda que os responsáveis pelas
políticas agrícolas dos países participem da Rio+20, em junho no Rio,
comprometendo-se com a sustentabilidade. “Não podemos ser só militantes
ecológicos, preocupados com o planeta. O impacto da área produtiva é muito
grande. A agricultura contribui com 30% dos gases de efeito estufa e é preciso
conscientizar os ministros da agricultura”, disse.
De acordo com as Nações Unidas, até 2050, a
produção alimentar terá de crescer 70% para contemplar nove bilhões de
habitantes. Para o diretor da FAO, o desenvolvimento tecnológico focado na
agricultura pode dar conta do problema, sem ampliar as áreas de plantio.
“Praticamente 90% do aumento necessário de produção é possível com as
tecnologias hoje disponíveis. Se conseguirmos avançar para tecnologias mais
limpas, será mais fácil.”
ENCONTRO
Aproximadamente cinco mil pessoas participaram da
marcha de abertura do FST, evento realizado pelo Fórum Social Mundial em Porto
Alegre. Cinco mil pessoas se credenciaram para participar do encontro, mas os
organizadores esperam 40 mil participantes nas 800 atividades realizadas até
domingo. A presidente Dilma Rousseff confirmou presença no Fórum Social amanhã.
Outra presença que chamou a atenção ontem foi a de
Cesare Battisti. O italiano vive como exilado no Brasil após ter sido condenado
por assassinatos na década de 70 em seu país.
Battisti assistiu à palestra do presidente da FAO e
na saída, encontrou o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT),
rapidamente e o cumprimentou. Foi na gestão de Tarso no Ministério da Justiça
que o governo federal autorizou a permanência de Battisti no Brasil, decisão
ratificada mais tarde no Supremo Tribunal Federal. A medida abalou a relação
entre os dois países. O italiano viajou ao Sul para divulgar seu novo livro de
ficção, Ao Pé do Muro.
Plano
que não trocar silicone será multado
RIO – As operadoras de planos de saúde que
descumprirem as diretrizes do governo para a troca de próteses de silicone das
marcas PIP e Rofil serão multadas em R$ 80 mil por infração. A penalidade foi
estipulada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em decisão
publicada ontem no Diário Oficial da União.
Na semana passada, o Ministério da Saúde
estabeleceu que poderão realizar a troca gratuita dos implantes das marcas
adulteradas as pacientes com histórico de câncer de mama ou que apresentarem
ruptura da prótese. O procedimento pode ser feito pelo SUS ou, no caso de
clientes de planos de saúde, na rede de atendimento credenciada.
As normas preveem que as operadoras de planos terão
de arcar com o acompanhamento clínico, exames de imagem e cirurgia para a
substituição da prótese das beneficiárias de planos com cobertura hospitalar.
Para clientes sem essa cobertura, porém, as operadoras cobrirão só os custos de
consultas e exames, como ultrassonografia e ressonância magnética.
Nesse caso, para realizar a operação, a mulher terá
que procurar o SUS ou um médico particular. Se for para o SUS, terá que passar
por nova avaliação antes da cirurgia. O médico poderá optar por fazer novos
exames ou repetir algum já feito antes. As normas são válidas para todos os
planos posteriores à lei nº 9.656, de junho de 1998, e para os contratos
antigos que não tiverem cláusula expressa de exclusão da cobertura de próteses.
Em caso de descumprimento das regras, os clientes
podem denunciar o caso à ANS pelo telefone 0800-701-9656, pelo site
(www.ans.gov.br) ou em um dos 12 escritórios da agência no País.
CIDADES
Sete
roubos a banco em 24 dias
CRIME Número é quase a metade da quantidade de investidas
de 2011. Ontem, os ladrões invadiram o Santander, no Arruda
Três homens assaltaram, ontem, uma agência do Banco
Santander localizada na Avenida Beberibe, no bairro do Arruda, Zona Norte do
Recife. Os assaltantes conseguiram levar R$ 140 mil, além das armas dos
vigilantes e de um policial militar que não estava fardado. Outros três homens
estavam do lado de fora da unidade financeira e ajudaram na fuga. Essa foi a
sétima agência bancária assaltada em Pernambuco, este ano. Isso representa uma investigada
a cada três dias e meio. O número é quase metade da quantidade de unidades
assaltadas em 2011, que totalizaram 16.
Na investida de ontem, um detalhe chamou atenção:
de acordo com um diretor do Sindicato dos Vigilantes de Pernambuco (Sindesv),
que chegou ao local minutos depois do assalto, há suspeita de que os criminosos
usaram armas de brinquedo na investida contra o banco.
Segundo o tenente da Polícia Militar Joaci Justino,
os três assaltantes não estavam com os rostos cobertos e, aparentemente, dois
deles portavam pistolas 9 milímetros. “Pelas imagens do circuito interno de
câmeras, pudemos notar que eles estavam com essas armas. Os sensores da porta
giratória provavelmente não estavam funcionando quando eles entraram, mas as
filmagens vão dizer tudo.”
Para o diretor do Sindicato dos Bancários, João
Rufino, os sensores da porta giratória não estavam detectando metais abaixo do
joelho de quem entrava. Segundo ele, um quarto homem ainda tentou passar, mas a
porta começou a travar. João Rufino acredita que o assaltante devia estar com a
arma na altura da cintura.
A investida dos bandidos durou pouco mais de dez
minutos. Segundo Dario Lacerda, diretor do Sindesv, os três assaltantes
conseguiram render um dos vigilantes. O segundo vigia estava no banheiro no
momento em que os criminosos entraram na agência, mas foi rendido assim que
voltou ao posto. O policial militar que teve a arma roubada era cliente do
banco.
“Os vigilantes perceberam que as armas poderiam ser
de brinquedo, mas não tinham o que fazer. Eles disseram que os três assaltantes
estavam muito calmos e que poucas pessoas perceberam que era um assalto.
Infelizmente, o número de vigilantes dentro das agências ainda é pequeno”,
lamentou Dario. Ele informou que a unidade bancária estava cheia na hora do
assalto, mas não especificou o número de clientes.
Na sexta-feira passada, o Sindicato dos Bancários
fez um protesto no Bradesco da Avenida João de Barros, na Encruzilhada, também
na Zona Norte. Eles exigiram que as leis que garantem mais segurança nas
agências bancárias fossem cumpridas no Recife. Na semana passada, a unidade
também foi assaltada. Houve tiroteio, um bandido morreu e outro ficou ferido.
Brasil e
Espanha vão ampliar intercâmbio
Com o objetivo de difundir a língua espanhola, o
Instituto Cervantes, localizado Derby, área central do Recife, realiza
regularmente atividades culturais gratuitas e abertas ao público. O novo cônsul
para assuntos de educação da instituição, Rufino Sánchez, planeja fortalecer
essas ações e intensificar o intercâmbio entre Espanha e Brasil. Ele também
deseja ampliar o número de alunos aprendendo espanhol. Atualmente são cerca de
mil pessoas.
No segundo trimestre, uma exposição sobre os
últimos 20 anos do cinema espanhol deve aportar no Recife. A mostra tem 80
fotografias e 20 cartazes. “Vamos realizar eventos de literatura, história,
música, teatro, cinema”, afirmou Sánchez, durante visita ao Jornal do Commercio
semana passada. Ele foi recebido pelo diretor de redação do JC, Ivanildo
Sampaio.
Uma vez por mês acontecerá o Cineforum, projeção de
filme e discussão em espanhol sobre a película. Há também a Tertúlia Literária,
espaço para escritores e estudiosos fazerem palestras sobre literatura e
cultura espanhola. A biblioteca do instituto tem acervo de mais de 6 mil livros
e revistas e 700 DVDs. Alunos têm acesso gratuitamente. Para quem não é aluno,
a inscrição anual custa R$ 20. Estudantes, professores e aposentados pagam R$
15.
Para aumentar o número de alunos, o Instituto
Cervantes fará uma ampla campanha de divulgação, com anúncios em jornais,
rádios, televisão e cinemas. Sánchez destacou que outra meta é propagar mais o
“Dia E”, festa que acontece há três anos, em junho, em cerca de 50 países, com
atividades em espanhol. Este ano será no dia 23 de junho.
INTERNACIONAL
Chávez
pode ter menos de 1 ano de vida
CARACAS – O jornal espanhol ABC afirma, em sua
edição de ontem, que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tem “entre nove e
12 meses de vida”, caso insista em recusar o tratamento adequado para o câncer
que o obrigaria a deixar temporariamente as funções presidenciais. A matéria
cita o último exame médico dos especialistas que o atendem.
O ABC diz que, a partir de testes realizados em 30
de dezembro, os médicos concluíram que a saúde do líder “parece estar se
deteriorando a um ritmo mais rápido” e que “claramente houve metástase nos
ossos e na espinha dorsal”.
O jornal teve acesso a documentos confidenciais
elaborados por informantes com acesso à equipe médica de Chávez. Segundo a
publicação, em novembro os médicos disseram que o líder tinha um ano de vida,
no pior cenário, e agora falaram em nove meses, também numa situação menos
otimista. “Chávez poderia morrer antes das eleições de 7 de outubro, ou chegar
a elas em tal estado, com abundante administração de morfina, que poderia estar
incapacitado para exercer um cargo público”, afirma a reportagem.
ELEIÇÕES
Enquanto isso, a oposição tomou um passo importante
ontem para se unir em torno de um único candidato para enfrentar Chávez.
Leopoldo López, um popular ex-prefeito de Caracas, anunciou que irá se retirar
da corrida presidencial e apoiar outro líder opositor, Henrique Capriles. “Você
será o próximo presidente da Venezuela”, disse López a Capriles, na capital.
Informática
SENADORES
RECEBERÃO TABLETS NA VOLTA DO RECESSO PARLAMENTAR EM fevereiro
O Senado vai gastar R$ 188,9 mil na compra de
tablets para os 81 senadores e 29 servidores. Cada unidade custará R$ 1.718. O
modelo não foi divulgado. A aquisição foi registrada semana passada no Diário
Oficial da União. O computador portátil será distribuído na volta do recesso
parlamentar, em fevereiro. Além dos congressistas, um grupo de servidores do
Prodasen (Secretaria Especial de Informática) e assessores das comissões também
receberão os aparelhos. O Senado argumenta que a compra é para economizar
papel. O computador portátil permitirá que os parlamentares possam acompanhar
as pautas das comissões, do plenário e as votações online. Atualmente, isso é
feito em papel impresso distribuído a cada senador.
SUPLEMENTO
MCTI tem
técnico no comando
PRÁTICO Físico e matemático, novo ministro de Ciência,
Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, assumiu ontem com fama de gestor
eficiente
A dança das cadeiras no governo da presidente Dilma
Rousseff chegou ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ontem,
tomou posse o novo responsável pela pasta, o físico e matemático Marco Antônio
Raupp, que substituiu Aloizio Mercadante (PT), deslocado para a Educação. O
novo nome marca o retorno do cargo a um técnico. Diferente do penúltimo
ministro, o também físico Sérgio Rezende (PSB), Raupp foi escolhido por Dilma
justamente por não ter filiação partidária, além de possuir um perfil muito
parecido com o da presidente. Raupp é conhecido por ser um cientista
pragmático, bem mais um gestor do setor acadêmico que um pesquisador que busca
novas teorias.
“Raupp é um homem muito pragmático. Ele sempre
busca resultados práticos, aplicados”, afirma o diretor do Centro de
Informática (CIn) da UFPE, Paulo Cunha, que lembra que uma parte da academia vê
esse senso prático com maus olhos. “Na verdade, isso é um ponto positivo. Ele
consegue unir ciência com a busca por resultados e o mercado”, conta. A maior
parte da comunidade acadêmica e científica, no entanto, comemorou a escolha, já
que Raupp passou os últimos anos à frente de várias organizações de peso na
ciência brasileira. “Nomes técnicos são bem-vindos. Isso confere estabilidade
às políticas”, conclui Cunha.
Até a semana passada, Raupp ocupava a diretoria da
Agência Espacial Brasileira (AEB). Antes disso, ele também foi presidente da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), diretor do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e diretor do Laboratório Nacional de
Computação Científica (LNCC). Logo de cara, Raupp terá que escolher seu
substituto na AEB e o sucessor de Gilberto Câmara, que pediu demissão do Inpe
no fim de 201. Raupp e Câmara passaram a gestão se confrontando, já que o atual
ministro propunha fundir os dois órgãos. Na prática, a AEB é uma agência
formadora de políticas, enquanto o Inpe executa pesquisas e forma cientistas.
Implantar essa nova política para a pesquisa
espacial brasileira é um dos primeiros desafios que o novo ministro terá que
enfrentar. O novo direcionamento do setor, formulado pelo próprio Raupp, prevê
o domínio das tecnologias necessárias ao desenvolvimento de satélites
meteorológicos e de comunicação e a produção nacional dos equipamentos. O
projeto também prevê uma participação maior da iniciativa privada no
desenvolvimento dos satélites.
“Raupp também tem que retomar os investimentos no
setor. Houve um crescimento grande da ciência e tecnologia no País, mas em 2011
houve uma certa redução no volume de recursos”, comenta o secretário nacional
da SBPC, o professor de agronomia da UFRPE José Antônio Aleixo. Outro desafio
será desburocratizar os processos para aquisição de material de pesquisa, a fim
de ampliar os resultados dentro dos laboratórios brasileiros, além de fomentar
a criação de patentes.
Em comunicado oficial, na semana passada, Raupp
declarou que dará seguimento ao trabalho de Mercadante. O tom de continuidade
deverá mesmo ser uma marca do novo ministro, especialmente nos primeiros meses.
Raupp foi indicado à presidente Dilma pelo próprio Mercadante, contrariando
interesses do partido e frustrando outros nomes que, se especulava, poderiam
ocupar o cargo.
Entre os cotados estavam Marta Suplicy (PT) e até
Ciro Gomes (PSB). Mas foi a exclusão do engenheiro químico Newton Lima (PT) que
mais irritou o partido. (J.W.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário