ACESSE TODOS OS JORNAIS NO CANTO DIREITO DA PÁGINA "ARQUIVO DE CLIPPING"
PRIMEIRA PÁGINA
Ouro Preto precisará de R$ 30 mi
Aumenta a estimativa de gastos para reparos da
chuva. Anastasia e Aécio acompanharam obras de recuperação da rodoviária.
Depois não adianta reclamar
População entulha córregos de BH com toneladas de lixo, que
agravam as enchentes
Além de eletrodomésticos, móveis e equipamentos,
cursos d"água viram depósitos de milhares de pneus velhos, latas, garrafas
e todo tipo de objetos. Somente no ano passado, foram recolhidos nos mananciais
pelo menos 13.222 metros cúbicos desse tipo de detrito, volume que daria para
encher 1,1 mil caminhões-caçamba. É comum ver os trambolhos na água em vários
pontos da cidade, como o sofá no Córrego Cercadinho, no Bairro Salgado Filho,
Região Oeste.
Justiça libera as redações do Enem
Decisão dá acesso à correção da prova a todos os
candidatos. Ontem, a PF indiciou duas pessoas pelo vazamento de questões
Brasil cria medicamento que previne 7 doenças
Remédio imunizará contra difteria, tétano, coqueluche,
poliomielite, hepatite B, meningite C e influenza B.
Hortaliças e transportes alimentam o dragão em BH
Temporais do
início do mês castigaram as hortas e se transformaram no principal ingrediente
da alta da inflação medida pelo IPC-S. Passagens de ônibus foram combustível
extra da taxa
OPINIÃO
Ano começa bem para a ciência ::
Mário Neto Borges - Presidente da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig)
Mário Neto Borges
No início de cada ano as esperanças se renovam e as
pessoas desejam – e esperam – que o novo seja melhor que aquele que passou. Em
Minas, no que diz respeito ao fomento à ciência, tecnologia e inovação, 2012 dá
sinais concretos de que começou bem e a comunidade científica mineira já tem
razões para ficar otimista. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
Gerais (Fapemig), responsável pelos investimentos na área, começou o ano
lançando 10 editais em diversas modalidades, que somam um investimento acima de
R$ 40 milhões.
Lançar editais no primeiro dia útil do ano tem se
tornado uma prática da Fapemig ainda sem similar no país. Neste início de 2012,
no entanto, ganha destaque uma nova parceria entre a Fapemig e a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação vinculada ao
Ministério da Educação (MEC). Com base em investimentos nos cursos de
pós-graduação recomendados por essa fundação, o acordo celebrado em 17 de
janeiro entre Capes e Fapemig vai destinar R$ 70 milhões ao longo de quatro
anos.
A parceria compreende quatro modalidades de
fomento: apoio à pesquisa em educação básica, Programa Mineiro de
Pós-Doutorado, apoio aos cursos conceito 5, 6 e 7 e equipamentos para
pós-graduação. A pesquisa em educação básica será uma experiência piloto, que
parte da constatação de que a educação básica brasileira, que é universalizada,
ainda tem qualidade muito abaixo do desejável. A iniciativa prevê a pesquisa
para desenvolvimento de metodologias e práticas visando à melhoria da qualidade
da educação básica com participação e envolvimento das escolas públicas
selecionadas – é a pós-graduação de mãos dadas com a educação básica. Para o
pós-doutorado, os recursos do acordo vão triplicar anualmente o número de
bolsas hoje oferecidas nesta modalidade pela Fapemig.
Todos os cursos de pós-graduação com conceitos 6 e
7, considerados de excelência com padrão internacional, receberão investimentos
para elevar e/ou manter a qualidade. E os cursos conceito 5 que tiverem boa
avaliação da Capes receberão investimentos para que possam melhorar e subir de
conceito. O programa para equipamentos permitirá anualmente que esses cursos
possam receber verbas para aquisição de equipamentos necessários e importantes
para aumentar e melhorar sua produção científica.
Desde 2007, quando pela primeira vez a Fapemig
recebeu o repasse integral de seu orçamento, previsto constitucionalmente – 1%
da receita orçamentária do estado –, o seu crescimento não parou. Foram
sucessivos recordes orçamentários e, por consequência, amplos investimentos em
pesquisas científicas, tecnológicas e em inovação, além do aumento no número de
bolsas concedidas, eventos financiados e ações concretizadas. Os recursos da
fundação são hoje 12 vezes maiores do que eram em 2003, superando, no ano
passado, a barreira dos R$ 300 milhões.
Esse crescimento anual do orçamento e a garantia do
governador de Minas de que os recursos serão repassados na íntegra, compromisso
que tem sido reiterado publicamente em várias oportunidades, são as condições
necessárias para que a Fapemig possa estabelecer parcerias arrojadas como essa
com a Capes. Atitudes que demonstram que a Fapemig e o governo de Minas
acreditam que o fomento à ciência, tecnologia e inovação é o caminho seguro e
duradouro para garantir, em cada ano que se inicia melhores condições sociais e
econômicas para os mineiros.
POLITICA
R$ 2,7 milhões para autopromoção
Alice Maciel, Isabella Souto e Maria Clara Prates
Em um ano marcado pela renúncia de um vereador
filmado de cueca, afastamento de parlamentares sob a acusação de cobrança de
propina, vistoria policial, bate-bocas em plenário e polêmica em torno de um
reajuste de 61,8% no salário, os vereadores de Belo Horizonte não pouparam
recursos públicos para tentar melhorar a imagem deles próprios e da Câmara
Municipal. Ao longo de 2011, eles gastaram exatos R$ 2.756.293,90 com esse fim.
Na ponta do lápis, saíram do bolso do contribuinte
da capital mineira R$ 1,38 milhão para a divulgação das atividades
parlamentares, R$ 796,2 mil para serviços postais e R$ 577,3 mil para gráficas.
Grande parte da verba refere-se ao gasto com a publicação de informativos sobre
eventos e projetos apresentados na Casa e distribuídos gratuitamente em suas
bases eleitorais. Há também cartões de aniversário de eleitores e de Natal. O
dinheiro vem da verba indenizatória a que os vereadores têm direito a cada mês,
equivalente a R$ 15 mil.
Dezembro foi o mês em que os Correios receberam
mais recursos dos vereadores: R$ 90.682,75. O dinheiro custeou o envio de cerca
de 185 mil cartinhas pelos parlamentares com mensagens de Natal e bom ano-novo,
e em alguns casos, um "balanço de suas ações". No mesmo período
também foi registrado o maior gasto com a divulgação das atividades
parlamentares, um total de R$ 152.466,11.
Nem mesmo durante o recesso parlamentar, em janeiro
e julho, os vereadores pouparam recursos. No primeiro mês de 2011, foram R$ 101
mil com divulgação do mandato, R$ 75 mil com serviços postais e R$ 55 mil
destinados a gráficas. Em julho, os valores não foram muito diferentes: R$ 136
mil com o mandato, R$ 70,6 para os Correios e R$ 40,2 mil com material gráfico.
O campeão em gastos nesse mês com a autopromoção foi o vereador João Oscar
(PRP). Para enaltecer a sua imagem ele gastou R$ 12,3 mil: R$ 3,8 mil com
serviço postais, R$ 5,5 mil com a divulgação do mandato e R$ 2,5 mil com
gráfica. Em julho, o parlamentar que mais usou o dinheiro da verba
indenizatória com propaganda foi o vereador Joel Moreira (PTC). Ele gastou R$
5,9 mil com serviços postais e R$ 5,9 mil com divulgação de mandato.
ESCÂNDALOS O ano passado não será aquele lembrado
com saudade pelos vereadores e eleitores de Belo Horizonte. A Câmara esteve no
centro das atenções por motivos nada nobres. Em duas ocasiões, a Polícia
Militar esteve na Casa: a primeira para apurar denúncia de esquema de desvio de
parte do salário dos servidores do vereador Paulinho Motorista (PSL). Um mês
depois, o alvo foi o gabinete de Gêra Ornelas, suspeito de abuso sexual de
menores e enriquecimento ilícito. O parlamentar, também acusado de despachar de
cueca, renunciou ao cargo para evitar um possível processo de cassação.
Os colegas de plenário, Carlos Lúcio Gonçalves
(PR), o Carlúcio, e Hugo Thomé (PMN) foram afastados do cargo e tiveram os bens
bloqueados por ordem judicial. Eles são acusados de intermediar negociações
para cobrança de propina durante a votação do projeto de lei que autorizou a
ampliação da área de construção do Boulevard Shopping, a poucos metros da
Câmara Municipal. Geraldo Félix (PMDB), Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB) e Alberto
Rodrigues (PV) foram denunciados pelo mesmo motivo. No plenário, o vereador
Cabo Júlio (PMDB) acusou João da Locadora (PT) de usar o gabinete como ponto de
venda de drogas. As acusações não foram confirmadas pela Polícia Civil.
MEMÓRIA
Prejuízo aos cofres públicos
Os 41 vereadores de Belo Horizonte foram
denunciados pelo Ministério Público por improbidade administrativa no ano
passado. As suspeitas são de que eles estariam usando a verba indenizatória, no
valor de R$ 15 mil, em benefício próprio. A estimativa dos promotores é de que
o reembolso injustificável tenha gerado um prejuízo total de R$ 10 milhões a R$
12 milhões entre 2009 e 2011. O MPE afirma que identificou "inúmeras
aberrações" nos gastos, como nas despesas com alimentação, que não podem
ser incluídas na categoria de gastos indenizáveis. Os abusos foram verificados
também nos gastos com combustíveis,
locação de veículos, viagens, confecção de faixas, postagens, serviços
gráficos e criação de website particular. Os promotores concluíram que a verba
indenizatória "vem convertendo-se em verdadeira remuneração
indireta", voltada à satisfação de anseios pessoais.
PARA BELORIZONTINO VER...
Janeiro
Serviço postal
R$ 75.145,46
Divulgação da atividade parlamentar R$ 101.354,56
Serviço gráfico R$ 55.179
Fevereiro
Serviço postal
R$ 57.492,11
Divulgação da atividade parlamentar R$ 115.517,96
Serviço gráfico R$ 51.539,62
Março
Serviço postal
R$ 46.616,34
Divulgação da atividade parlamentar R$ 129.648,36
Serviço gráfico
R$ 58.045
Abril
Serviço postal
R$ 55.607,04
Divulgação da atividade parlamentar R$ 141.727,99
Serviço gráfico
R$ 52.313
Maio
Serviço postal
R$ 46.099,42
Divulgação da atividade parlamentar R$ 153.468,73
Serviço gráfico R$ 43.506,12
Junho
Serviço postal
R$ 62.023,85
Divulgação da atividade parlamentar R$ 134.479,43
Serviço gráfico R$ 47.892,40
Julho
Serviço postal
R$ 70.658,85
Divulgação da atividade parlamentar R$ 136.026,10
Serviço gráfico
R$ 40.239
Agosto
Serviço postal
R$ 78.853,03
Divulgação da atividade parlamentar R$ 124.355,94
Serviço gráfico
R$ 46.457,30
Setembro
Serviço postal
R$ 74.343,67
Divulgação da atividade parlamentar R$ 117.131,45
Serviço gráfico R$ 33.766
Outubro
Serviço postal
R$ 72.909,20
Divulgação da atividade parlamentar R$ 93.589,56
Serviço gráfico R$ 54.347,62
Novembro
Serviço postal
R$ 65.853,49
Divulgação da atividade parlamentar R$ 135.334,75
Serviço gráfico R$ 48.073
Dezembro
Serviço postal
R$ 90.682,75
Divulgação da atividade parlamentar R$ 152.466,11
Serviço gráfico R$ 46.015,80
Vem aí a dança das cadeiras
Bertha Maakaroun
Um ano depois de tomar posse para o seu segundo
mandato, o governador Antonio Anastasia (PSDB) começa nas próximas semanas a
fazer as primeiras mudanças no secretariado. Apesar da discrição do governador
em tratar o tema, o que tem deixado aliados em suspense, quatro mudanças são
certas. A primeira delas: o secretário da Defesa Social, Lafayette Andrada
(PSDB), retornará à Assembleia, reivindicando assumir a liderança do governo,
em substituição a Luiz Humberto Carneiro (PSDB), candidato a prefeito de
Uberlândia. Moacyr Lobato de Campos Filho, controlador geral do Estado, também
não permanecerá no cargo. Ele pretende trabalhar pela vaga de desembargador no
Tribunal de Justiça de Minas.
No comando da PM, o coronel Renato Vieira de Souza
deixará a função para assumir uma vaga no Tribunal de Justiça Militar. Ele
também tem sido sondado para atuar na iniciativa privada. Assumirá o coronel
Sant"Ana, atualmente chefe do Estado Maior. Ainda na Secretaria de
Transporte e Obras Públicas, o retorno do democrata Carlos Melles à Câmara dos
Deputados abrirá a mais disputada das vagas. Até o PMDB está no páreo.
O presidente estadual do DEM, Gustavo Corrêa,
afirma: "Os cargos são do governador e a decisão cabe a ele. Mas, como
aliados de primeira hora, os democratas esperam que Melles não deixe a pasta.
Se for o desejo do governador, esperamos que o partido se mantenha à frente da
secretaria". Melles desconversa. "Não recebi nenhuma sinalização
nesse sentido." Mas há reclamações de empreiteiros e um certo descompasso
entre o ritmo esperado pelo governo e o desempenho da pasta na solução dos
problemas. A mudança mais do que esperada e confidenciada pelo governador a uns
poucos interlocutores gera cobiça de outras legendas.
Não satisfeito com o espaço que ocupa hoje no
governo, o PSD, em recente conversa com Anastasia, explicitou o desejo de
ocupar espaço compatível com a bancada de 14 deputados estaduais e federais.
Entre as pastas esperadas pela nova legenda estão a Secretaria de Transporte e
Obras Públicas e a Secretaria de Saúde. Nesta, entretanto, não há indicação de
mudanças. O atual secretário, Antônio Jorge, embora do PPS, tem o apoio de
Marcus Pestana, presidente estadual do PSDB, de quem foi secretário adjunto.
Alexandre Silveira (PSD) está satisfeito à frente da Secretaria de Gestão
Metropolitana. Mas há entendimento da legenda de que o cargo é periférico e não
representa o seu real peso político.
Até o PMDB não se furta a uma composição com o
governo tucano. A conversa passaria por uma das duas mesmas secretarias. Seria
uma forma de o governo do estado isolar a oposição do PT na Assembleia. Mas é
pouco provável que os cargos tão cobiçados por aliados sejam oferecidos ao
PMDB. Em meio à briga pela Secretaria de Obras, o nome de um curinga é
lembrado, Wilson Brumer, que ontem deixou a Presidência da Usiminas. Brumer
descarta: "Gosto muito de Antonio Anastasia, mas o meu tempo de trabalhar
em governo já passou".
As eleições também poderão promover outras mudanças
no governo. O principal foco de tensão é Montes Claros. Estão na base de
sustentação do governo tucano três potenciais candidatos, dois dos quais
secretários de estado – Carlos Pimenta (PDT), secretário de Trabalho e Emprego,
e Gil Pereira (PP), secretário de Desenvolvimento dos Vales Jequitinhonha,
Mucuri e Norte de Minas. Há ainda o deputado federal Jairo Ataíde (DEM), quarto
suplente da coligação PSDB/DEM/PP/PPS/PR, que tem enfrentado questionamentos em
relação à aprovação de contas de gestões passadas à frente da Prefeitura de
Montes Claros.
Prováveis mudanças
Partidos que pleiteiam espaço
PSD
Apesar de ter 14 deputados, entre estaduais e
federais, ocupa uma pasta pouco central, a Secretaria de Estado de Gestão
Metropolitana, à frente da qual está o deputado federal Alexandre Silveira,
ex-PPS. Em conversa com o governador Antonio Anastasia (PSDB), o PSD
reivindicou espaço no governo compatível com o seu peso político. A expectativa
da legenda é obter a Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas ou a
Secretaria de Estado da Saúde. A tendência é que tudo fique como está.
DEM
Reivindica a manutenção da secretaria de Estado de
Transporte e Obras Públicas.
PMDB
A bancada federal do PMDB tem encetado uma
aproximação política com o governador Antonio Anastasia (PSDB). Gostaria de
participar do governo. Por outro lado, os tucanos percebem a possibilidade de
esvaziar a oposição de parte da bancada na Assembleia Legislativa, isolando o
PT. A secretaria de Estado da Saúde e de Transporte e Obras Públicas seriam as
preferidas do PMDB. Entretanto as pastas são centrais e dificilmente o
governador as entregará.
PPS
Não abre mão de manter a Secretaria de Estado da
Saúde. Nesse pleito tem o apoio do presidente do PSDB, Marcus Pestana,
politicamente ligado ao atual secretário Antônio Jorge (PPS).
R$ 70 milhões para pesquisas
Universidades de Minas Gerais vão receber R$ 70
milhões para o financiamento de pesquisa na educação básica, pós-doutorado e
cursos de pós-graduação. Os recursos serão viabilizados por um acordo entre a
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao
Ministério da Educação (MEC). O termo de cooperação foi assinado ontem na
Cidade Administrativa, sede do governo mineiro. Além de subsidiar bolsas para
alunos, o recurso será destinado à compra de equipamentos usados nas pesquisas
voltada para a educação básica, bolsas de pós-doutorado, cursos de
pós-graduação em universidades sediadas em Minas e compra de equipamentos.
Dos R$ 70 milhões, R$ 24 milhões são recursos do
governo de Minas, repassados por meio da Fapemig, e R$ 46 milhões pela Capes.
Os editais para a seleção serão lançados em março. Os novos recursos
representam a segunda fase da parceria entre a Fapemig e a Capes. Na primeira
fase, foram investidos R$ 10 milhões. De acordo com o presidente da Capes,
Jorge Almeida Guimarães, os bons resultados alcançados estimularam a
instituição a renovar e ampliar as ações conjuntas com a Fapemig. A maior parte
dos investimentos, R$ 36 milhões, será destinada para a cobertura de bolsas de
pós-doutorado para pesquisadores.
Julián Eguren assume comando da Usiminas
Executivo argentino substitui Wilson Brumer na
presidência da empresa. Hoje ele vai à usina, em Ipatinga, e se encontra com
empregados, políticos e empresários da região
Marta Vieira
Indicado como novo presidente da Usiminas, depois
de oficializado o acordo de acionistas da empresa mineira, o argentino Julián
Alberto Eguren, de 48 anos, executivo de carreira do grupo ítalo-argentino
Techint, assumiu ontem mesmo o comando da siderúrgica, e inicia hoje uma agenda
carregada de reuniões, em Ipatinga, no Vale do Aço mineiro. Sem surpresas para
o mercado financeiro, o ex-presidente-executivo da Ternium México substitui
Wilson Brumer, que estava no cargo desde abril de 2010. A troca não teve
repercussão importante sobre as ações da companhia, que viveu um dia morno na
bolsa de valores. Por meio de nota distribuída à imprensa, Eguren disse que ter
acionistas do setor é um diferencial para a capacidade da Usiminas de competir.
"Iremos trabalhar em equipe na melhoria da eficiência operacional,
oportunidades de mercado e melhoria da competitividade", afirmou.
O recado do novo presidente da Usiminas é uma
resposta à baixa avaliação dos analistas, que têm destacado o fraco resultado
operacional da empresa no ano passado. No último balanço, relativo ao terceiro
trimestre de 2011, o lucro líquido de R$ 154 milhões foi 70% inferior ao
resultado apurado entre julho e setembro de 2010. Pelo novo acordo de
acionistas oficializado ontem, e que vale até 2031, o bloco de controle da
siderúrgica passa a ser composto pelo Grupo Nippon, com 29,44% do total das
ações ordinárias – com direito a voto –, pelas empresas Tenaris e Ternium, do
grupo Techint, detendo 27,66% dos papéis, e pela Caixa de Empregados da
Usiminas, com 6,75%.
A parcela do capital da siderúrgica Ternium, que
inclui a subsidiária Siderar e a Confab Industrial, subsidiária da Tenaris do
Brasil, é formada pela aquisição de participações da Caixa de Empregados da
Usiminas e das cotas dos grupos Camargo Corrêa e Votorantim, empresas que
saíram da composição acionária da companhia mineira. Os novos acionistas
compraram 139,7 milhões de ações ordinárias, ao preço de R$ 36 por ação,
totalizando uma injeção de recursos de R$ 5,030 bilhões.
Mudanças Além da troca de presidentes, um
comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pela Usiminas
informou a indicação pelo grupo Ternium/Tenaris dos executivos Daniel Agustín
Novegil, Roberto Caiuby Vidigal e Alcides José Morgante como seus
representantes no conselho de administração. Saíram os conselheiros Albano
Chagas Vieira, Francisco Caprino Neto e Luiz Aníbal de Lima Fernandes, que
representavam os grupos Camargo Corrêa e Votorantim. A nota da Usiminas diz,
ainda, que ter acionistas focados no negócio do aço "abre caminhos para a
consolidação de sua liderança no mercado brasileiro de aços planos."
Ver para crer parece ser a disposição dos analistas
do mercado financeiro, representantes dos empregados e de empresas com algum
tipo de ligação com a Usiminas, ante a repercussão das mudanças no companhia.
"Agora é esperar para sabermos como a nova diretoria vai fazer para que
esse negócio (a Usiminas) se torne novamente rentável e remunere o investimento
no menor tempo possível", disse o analista de mineração e siderurgia do
Banco Geração Futuro, Rafael Weber. O cenário ruim para a indústria
siderúrgica, ante o excesso de estoques no mundo e o ingresso agressivo do aço
chinês e de países emergentes, dificuldade particularmente grande no Brasil,
aumenta o problema.
Rafael Weber lembra que não há justificativa
razoável para a empresa apresentar margem operacional tão baixa. Medido pela
margem Ebtida, o indicador ficou abaixo de 10% no terceiro trimestre de 2011,
quando entre as concorrentes a rival Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) tem
exibido margens de 36% a 40%. A expectativa é de que o novo presidente imprima
decisões estratégicas com foco em bons resultados na siderurgia, reavaliando
ativos não mais atrativos aos olhos dos analistas financeiros, como a produção
de máquinas, equipamentos e vagões, por meio da Usiminas Mecânica, e no
fornecimento ao setor automotivo, com a Automotiva Usiminas.
Somente nessa hipótese de se desfazer de ativos é
que, em tese, Weber acredita em medidas como enxugamento de pessoal na
Usiminas. Imaginando algum tipo de sinergia com a Ternium, a siderúrgica
argentina é que tenderia a ganhar a partir do fornecimento de semiacabados pela
usina mineira. Pontos positivos são a criação da Mineração Usiminas e as
inversões para autossuficiência em energia elétrica.
Dia morno para as ações
Num dia fraco de movimentações de papéis da
Usiminas, a boa notícia foi que as ações não perderam valor. Às 17h15, as ações
preferenciais da companhia (USIM5) apresentavam ligeira valorização de 0,10%,
cotadas a R$ 11,13 quase no fechamento das negociações. A alta representou R$
0,01 a mais na comparação com segunda-feira, um dia de baixa para os
investidores, em decorrência de feriado nos Estados Unidos. Os papéis ordinários
da Usiminas valorizaram modestos 0,65% .
"Falta de interesse dos investidores e
decisões que não trouxeram surpresas", resumiu Daniel Ribeiro, operador da
Ativa Corretora, ao comentar a repercussão das mudanças na Usiminas. Ele
destaca que não há, mesmo depois de oficializado o novo acordo de acionistas,
motivação para os investidores reforçarem suas posições na companhia.
Quem é
Uma carreira a indústria
Dono de larga experiência na indústria siderúrgica
latino-americana, Julián Eguren (foto) tem ocupado funções na Organização
Techint no México, Argentina e Venezuela há 25 anos. O executivo iniciou a
carreira no grupo como trainee, em 1987, na TenarisSiderca, na Argentina, e em
1993 marcou no currículo a primeira atividade internacional. Ocupou diversos
cargos na TenarisTamsa, no México, e assumiu em 1998 a presidência da Sidor, na
Venezuela, empresa considerada a maior siderúrgica do subcontinente. Naquela
época conheceu a Usiminas e se aproximou dos sócios japoneses da companhia mineira.
Eguren chegou ao comando da Ternium, no México, em 2008. A siderúrgica mantém
processo integrado de fabricação do aço, desde a mineração própria a centros de
serviços para a indústria, com operações na Colômbia e na Guatemala. O novo
presidente da Usiminas militou também no setor como diretor do antigo Instituto
Latino-Americano de Ferro e Aço, hoje denominado Alacero, e presidente da Junta
Diretiva Tenigal, empresa criada em parceria pela Ternium e a Nippon
Steel. Ele se formou em administração de empresas e concluiu mestrado em
direção de empresas no Massachussets Institute of Tecnology (MIT), nos Estados
Unidos. Casado e pai de quatro filhos, Eguren é um praticante de esportes,
tendo participado de maratonas internacionais e competições de triátlon.
Expectativa no Vale do Aço
Novo presidente se reúne hoje com operários na usina, em
Ipatinga
Uma coleção de pedidos está à espera de Julián
Eguren em Ipatinga, no Vale do Aço. As empresas locais do comércio, indústria e
prestação de serviços querem intensificar a política que o presidente anterior
adotou de estímulo à participação delas nas compras da siderúrgica.
"Embora a cidade dependa menos da Usiminas, a companhia continua sendo uma
grande âncora de negócios e irriga uma série de atividades paralelas na
economia local", afirma Gustavo Augusto Ataide Souza, presidente da
Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Ipatinga.
Na reunião que terão hoje às 15h com o novo
presidente da Usiminas, os empresários vão pedir que a companhia apoie a briga
com o governo federal para licitar o projeto de duplicação da BR-381 no trecho
entre a cidade e Belo Horizonte. Gustavo Souza afirma que há expectativa de uma
gestão mais agressiva para que a Usiminas cresça e leve com ela os fornecedores
locais, embora ele reconheça que esse cenário requer nuvens azuis sobre o
horizonte da siderurgia brasileira.
O prefeito de Ipatinga, Robson Gomes da Silva,
pretende enfatizar a importância dos negócios da siderúrgica não só para a
arrecadação municipal de impostos mas também na geração de empregos. Estima-se
que o trabalho de pelo menos 20 mil pessoas, de uma população de 240 mil
habitantes, gire em torno da usina. "Esperamos que a empresa se disponha a
manter uma relação estreita com o município, para trabalhamos juntos na
melhoria dos indicadores da vida na cidade", afirma.
Mais direto, o deputado federal Luiz Carlos de
Miranda, que se mantém no posto de presidente do sindicato local dos metalúrgicos
desde que a siderúrgica era uma estatal, diz que espera de Eguren uma política
de valorização dos empregados, que teriam perdido prestígio e voz nas últimas
duas administrações. "Estamos com a bandeira branca levantada. Que eles
(os novos acionistas) venham com investimentos e motivem os empregados,
aprendendo a cantar a seresta mineira", brinca.
A agenda de Julián Eguren começa cedo em Ipatinga,
quando ele visitará a usina da Usiminas, falará com gerentes e empregados em
geral. À tarde, o executivo receberá os representantes da comunidade no
escritório central, que funciona dentro do parque industrial da companhia.
Eguren estará acompanhado de Wilson Brumer, que permanece na companhia por mais
uma ou duas semanas para a transição.
Hortaliças e transportes alimentam o dragão em BH
Temporais do início do mês castigaram as
hortas e se transformaram no principal ingrediente da alta da inflação medida
pelo IPC-S. Passagens de ônibus foram combustível extra da taxa
Não demorou para a alta de preços das folhas e
hortaliças – castigadas pelas fortes chuvas que assolaram o estado nas
primeiras semanas de janeiro – terem reflexos inflacionários em Belo Horizonte.
Segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), divulgados
pela Fundação Getulio Vargas (FGV), hortaliças e legumes mais que triplicaram
de preço entre a primeira e segunda semana do mês. Os reajustes de passagens de
ônibus e tarifas de táxi ajudaram a compor o cenário de expansão do custo de
vida na capital – que saiu de 0,94% para 1,06% no período – inferior apenas a
Salvador e Rio de Janeiro.
Até o dia 7, a variação de preços das hortaliças e
legumes ficou em 2,96%. Já no levantamento seguinte, fechado no dia 15, a alta
pulou para 10,16%. "Até itens que não são afetados pelas chuvas, como a
abóbora, tiveram elevação expressiva. Nesse caso, a alta foi de 18,73% para
42,99% entre a primeira e a segunda semana de janeiro", observa o
economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas
(Ibre-FGV) André Braz. A alface, que na primeira semana registrou variação de
7,07%, fechou a segunda prévia do mês com alta de 10,90%. O tomate, por sua
vez, saiu de uma elevação de 6,36% para 17,56%, enquanto a alta no preço da
couve foi de 6,46% para 9,31%.
Diante dos resultados, as frutas e hortaliças
lideraram como os produtos que mais contribuíram para a variação de 1,06% do
IPC-S da capital mineira. "Somente os produtos de feira responderam por
28% desse resultado", calcula Braz. Não foi por acaso que o grupo
alimentação apresentou o maior peso no IPC-S da última semana, ao passar de
1,96% para 2,33%.
SEM DESCONTROLE Apesar do impacto no orçamento dos
consumidores, o especialista pondera que trata-se de um comportamento natural
para este período do ano. "Esta época é marcada por chuvas fortes. A
variação de 10,16% está dentro do esperado e não representa um descontrole do
índice", avalia.
Com a estiagem dos últimos dias, a expectativa é de
que as altas de preços comecem a dar uma trégua. "Haverá elevação até o
fim do mês, mas os produtos não dobrarão de valor daqui para frente. O ritmo de
alta tende a ser menor", alerta Braz.
A notícia serve de alento para a aposentada Elza
Rodrigues. Acostumada a ir à feira semanalmente, ela ficou assustada ao pagar
R$ 4,50 por quatro pimentões, que, normalmente, custavam menos da metade.
"Deixei de comprar verduras. Os produtos estão mais caros e mais feios.
Alguns estão em falta e o consumidor quem tem que pagar o pato", reclama.
A tradicional salada de folhas verdes, manga e
tomate da cozinheira e empregada doméstica Vicentina Marcelina perdeu parte dos
ingredientes nas últimas semanas. Com o período chuvoso, a qualidade das
hortaliças e legumes caiu bastante, tornando disputada a busca por produtos nas
feiras e sacolões. "Levo apenas o essencial. Se eu levar essas folhas, vou
desperdiçar. Não dá para consumir nem a metade. As verduras estão menores e os
preços mais altos", afirma. (Colaborou Pedro Rocha Franco)
Ouro Preto quer R$ 30 mi
Valor se refere a projetos de recuperação das áreas
afetadas pelo temporais. Cidade, que recebeu a visita de Anastasia e Aécio,
planeja reativar a rodoviária até o fim da semana
Glória Tupinambás
Enviada especial
Ouro Preto – A reconstrução das áreas afetadas
pelos temporais na cidade histórica da Região Central de Minas, castigada no
início deste mês, deve custar pelo menos R$ 30 milhões. Até o fim do mês, a
Prefeitura de Ouro Preto vai entregar aos governos federal e estadual o pacote
de projetos para a recuperação de encostas e reconstrução de ruas, restabelecimento
dos serviços de água e esgoto e remoção de famílias de áreas de risco. Ontem, a
cidade recebeu a visita do governador Antonio Anastasia e do senador Aécio
Neves, que acompanharam os trabalhos finais de desobstrução da rua, principal
acesso ao município, em frente ao terminal rodoviário, soterrado dia 3
com a morte de dois taxistas.
Apesar de estar praticamente livre da montanha de
terra que deslizou durante as tempestades – cerca de 70 mil toneladas –, a Rua
Padre Rolim ainda não foi liberada para o trânsito de veículos e pedestres. A
normalização do tráfego deve ocorrer até o fim da semana, dependendo da
avaliação de geólogos da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) que prestam
consultoria à prefeitura. "Seguindo parecer geotécnico, fizemos terraços e
patamares na encosta para conter novos deslizamentos, mas não conseguimos fixar
essas estruturas. Tudo desceu. Por isso, vamos observar o comportamento da
encosta nas próximas horas para autorizar a liberação do trânsito", disse
o prefeito Ângelo Oswaldo.
Amanhã, técnicos das secretarias de Patrimônio, de
Planejamento, de Obras e de Turismo da prefeitura devem se reunir com
professores e geólogos da Ufop para elaborar o plano municipal de redução de
riscos. O documento é uma exigência do Ministério das Cidades para a liberação
de recursos para obras de reconstrução e prevenção de novos prejuízos. Segundo
balanço da prefeitura, além das duas mortes na rodoviária as chuvas provocaram
181 deslizamentos de encostas, que deixaram um rastro de destruição e prejuízo
para 85 famílias ainda desalojadas e 32 desabrigadas. Apesar dos grandes
estragos, as chuvas não chegaram a comprometer diretamente o Centro Histórico
do município.
"Pelo menos 60% da cidade de Ouro Preto tem
risco alto ou muito alto", alertou o geólogo e engenheiro civil da Ufop
Romero César Gomes, que presta consultoria à prefeitura e afirma que os
principais problemas estão relacionados ao relevo acidentado, à ocupação
desordenada das encostas e ao tipo de solo predominante na cidade (filito e itabirito).
Apesar do número alarmante, o especialista tenta acalmar moradores e
visitantes, afirmando que a maior parte dos problemas se encontra longe das
atrações turísticas e que as providências para evitar novas tragédias já estão
sendo tomadas.
SOLIDARIEDADE As palavras de tranquilidade também
marcaram discursos das autoridades que estiveram ontem em Ouro Preto. "A
situação está caminhando para a normalidade e nossa visita é uma demonstração
para Minas, para o Brasil e para o mundo de que a cidade está em condições de
receber turistas. As chuvas aconteceram e já passaram e agora temos muita
hospitalidade. O turismo é vital para a recuperação econômica", disse
Anastasia. Além da visita à cidade, as autoridades participaram de uma prece na
Igreja de São Francisco de Paula, em memória aos dois taxistas mortos.
O senador Aécio Neves reforçou a mensagem de
solidariedade e ainda declarou que sua visita teve o objetivo de agilizar a
liberação de verbas da União para a recuperação. "Há tantos trâmites
burocráticos que os recursos acabam chegando alguns ou muitos meses depois do
acontecido. Por isso, é preciso que haja parceria mais efetiva entre os
governos federal e estadual e os municípios não apenas no período da
calamidade, mas principalmente no restante do ano, para prevenção",
declarou. Ontem Minas recebeu R$ 300 mil para ações emergenciais de compra de
colchões, lonas e água potável e o governo federal autorizou a liberação de R$
10 milhões para ações de socorro no estado.
Número de mortos chega a 16
Subiu para 16 o número de mortos pelas chuvas em
Minas, com a localização ontem do corpo de Roseli do Nascimento, de 45 anos, às
margens do Rio Paraíba do Sul, em Além Paraíba, na Zona da Mata. Ela estava
desaparecida desde o dia 9 e é a quarta pessoa morta na cidade pelo temporal,
que arrasou o município. Duas pessoas ainda estão desaparcidas no estado e 168
ficaram feridas durante a chuva.Segundo balanço da Coordenadoria Estadual de
Defesa Civil, 58.520 pessoas foram desabrigadas ou desalojadas em 247 cidades
de Minas, dos quais 174 decretaram situação de emergência. O número de afetados
no estado já ultrapassa os 3,2 milhões. Um total de 16.794 casas foram
danificadas e 643 destruídas. Foram danificadas 459 pontes e 359 destruídas.
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