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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

18 de janeiro de 2012 - ESTADO DE MINAS




 ACESSE TODOS OS JORNAIS NO CANTO DIREITO DA PÁGINA "ARQUIVO DE CLIPPING"

PRIMEIRA PÁGINA
Ouro Preto precisará de R$ 30 mi
Aumenta a estimativa de gastos para reparos da chuva. Anastasia e Aécio acompanharam obras de recuperação da rodoviária.

Depois não adianta reclamar
População entulha córregos de BH com toneladas de lixo, que agravam as enchentes

Além de eletrodomésticos, móveis e equipamentos, cursos d"água viram depósitos de milhares de pneus velhos, latas, garrafas e todo tipo de objetos. Somente no ano passado, foram recolhidos nos mananciais pelo menos 13.222 metros cúbicos desse tipo de detrito, volume que daria para encher 1,1 mil caminhões-caçamba. É comum ver os trambolhos na água em vários pontos da cidade, como o sofá no Córrego Cercadinho, no Bairro Salgado Filho, Região Oeste.

Justiça libera as redações do Enem
Decisão dá acesso à correção da prova a todos os candidatos. Ontem, a PF indiciou duas pessoas pelo vazamento de questões

Brasil cria medicamento que previne 7 doenças
Remédio imunizará contra difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, hepatite B, meningite C e influenza B.

Hortaliças e transportes alimentam o dragão em BH
 Temporais do início do mês castigaram as hortas e se transformaram no principal ingrediente da alta da inflação medida pelo IPC-S. Passagens de ônibus foram combustível extra da taxa

OPINIÃO
Ano começa bem para a ciência ::
Mário Neto Borges - Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig)

Mário Neto Borges

No início de cada ano as esperanças se renovam e as pessoas desejam – e esperam – que o novo seja melhor que aquele que passou. Em Minas, no que diz respeito ao fomento à ciência, tecnologia e inovação, 2012 dá sinais concretos de que começou bem e a comunidade científica mineira já tem razões para ficar otimista. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), responsável pelos investimentos na área, começou o ano lançando 10 editais em diversas modalidades, que somam um investimento acima de R$ 40 milhões.
Lançar editais no primeiro dia útil do ano tem se tornado uma prática da Fapemig ainda sem similar no país. Neste início de 2012, no entanto, ganha destaque uma nova parceria entre a Fapemig e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação vinculada ao Ministério da Educação (MEC). Com base em investimentos nos cursos de pós-graduação recomendados por essa fundação, o acordo celebrado em 17 de janeiro entre Capes e Fapemig vai destinar R$ 70 milhões ao longo de quatro anos.
A parceria compreende quatro modalidades de fomento: apoio à pesquisa em educação básica, Programa Mineiro de Pós-Doutorado, apoio aos cursos conceito 5, 6 e 7 e equipamentos para pós-graduação. A pesquisa em educação básica será uma experiência piloto, que parte da constatação de que a educação básica brasileira, que é universalizada, ainda tem qualidade muito abaixo do desejável. A iniciativa prevê a pesquisa para desenvolvimento de metodologias e práticas visando à melhoria da qualidade da educação básica com participação e envolvimento das escolas públicas selecionadas – é a pós-graduação de mãos dadas com a educação básica. Para o pós-doutorado, os recursos do acordo vão triplicar anualmente o número de bolsas hoje oferecidas nesta modalidade pela Fapemig.
Todos os cursos de pós-graduação com conceitos 6 e 7, considerados de excelência com padrão internacional, receberão investimentos para elevar e/ou manter a qualidade. E os cursos conceito 5 que tiverem boa avaliação da Capes receberão investimentos para que possam melhorar e subir de conceito. O programa para equipamentos permitirá anualmente que esses cursos possam receber verbas para aquisição de equipamentos necessários e importantes para aumentar e melhorar sua produção científica.
Desde 2007, quando pela primeira vez a Fapemig recebeu o repasse integral de seu orçamento, previsto constitucionalmente – 1% da receita orçamentária do estado –, o seu crescimento não parou. Foram sucessivos recordes orçamentários e, por consequência, amplos investimentos em pesquisas científicas, tecnológicas e em inovação, além do aumento no número de bolsas concedidas, eventos financiados e ações concretizadas. Os recursos da fundação são hoje 12 vezes maiores do que eram em 2003, superando, no ano passado, a barreira dos R$ 300 milhões.
Esse crescimento anual do orçamento e a garantia do governador de Minas de que os recursos serão repassados na íntegra, compromisso que tem sido reiterado publicamente em várias oportunidades, são as condições necessárias para que a Fapemig possa estabelecer parcerias arrojadas como essa com a Capes. Atitudes que demonstram que a Fapemig e o governo de Minas acreditam que o fomento à ciência, tecnologia e inovação é o caminho seguro e duradouro para garantir, em cada ano que se inicia melhores condições sociais e econômicas para os mineiros.

POLITICA
R$ 2,7 milhões para autopromoção
Alice Maciel, Isabella Souto e Maria Clara Prates

Em um ano marcado pela renúncia de um vereador filmado de cueca, afastamento de parlamentares sob a acusação de cobrança de propina, vistoria policial, bate-bocas em plenário e polêmica em torno de um reajuste de 61,8% no salário, os vereadores de Belo Horizonte não pouparam recursos públicos para tentar melhorar a imagem deles próprios e da Câmara Municipal. Ao longo de 2011, eles gastaram exatos R$ 2.756.293,90 com esse fim.
Na ponta do lápis, saíram do bolso do contribuinte da capital mineira R$ 1,38 milhão para a divulgação das atividades parlamentares, R$ 796,2 mil para serviços postais e R$ 577,3 mil para gráficas. Grande parte da verba refere-se ao gasto com a publicação de informativos sobre eventos e projetos apresentados na Casa e distribuídos gratuitamente em suas bases eleitorais. Há também cartões de aniversário de eleitores e de Natal. O dinheiro vem da verba indenizatória a que os vereadores têm direito a cada mês, equivalente a R$ 15 mil.
Dezembro foi o mês em que os Correios receberam mais recursos dos vereadores: R$ 90.682,75. O dinheiro custeou o envio de cerca de 185 mil cartinhas pelos parlamentares com mensagens de Natal e bom ano-novo, e em alguns casos, um "balanço de suas ações". No mesmo período também foi registrado o maior gasto com a divulgação das atividades parlamentares, um total de R$ 152.466,11.
Nem mesmo durante o recesso parlamentar, em janeiro e julho, os vereadores pouparam recursos. No primeiro mês de 2011, foram R$ 101 mil com divulgação do mandato, R$ 75 mil com serviços postais e R$ 55 mil destinados a gráficas. Em julho, os valores não foram muito diferentes: R$ 136 mil com o mandato, R$ 70,6 para os Correios e R$ 40,2 mil com material gráfico. O campeão em gastos nesse mês com a autopromoção foi o vereador João Oscar (PRP). Para enaltecer a sua imagem ele gastou R$ 12,3 mil: R$ 3,8 mil com serviço postais, R$ 5,5 mil com a divulgação do mandato e R$ 2,5 mil com gráfica. Em julho, o parlamentar que mais usou o dinheiro da verba indenizatória com propaganda foi o vereador Joel Moreira (PTC). Ele gastou R$ 5,9 mil com serviços postais e R$ 5,9 mil com divulgação de mandato.
ESCÂNDALOS O ano passado não será aquele lembrado com saudade pelos vereadores e eleitores de Belo Horizonte. A Câmara esteve no centro das atenções por motivos nada nobres. Em duas ocasiões, a Polícia Militar esteve na Casa: a primeira para apurar denúncia de esquema de desvio de parte do salário dos servidores do vereador Paulinho Motorista (PSL). Um mês depois, o alvo foi o gabinete de Gêra Ornelas, suspeito de abuso sexual de menores e enriquecimento ilícito. O parlamentar, também acusado de despachar de cueca, renunciou ao cargo para evitar um possível processo de cassação.
Os colegas de plenário, Carlos Lúcio Gonçalves (PR), o Carlúcio, e Hugo Thomé (PMN) foram afastados do cargo e tiveram os bens bloqueados por ordem judicial. Eles são acusados de intermediar negociações para cobrança de propina durante a votação do projeto de lei que autorizou a ampliação da área de construção do Boulevard Shopping, a poucos metros da Câmara Municipal. Geraldo Félix (PMDB), Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB) e Alberto Rodrigues (PV) foram denunciados pelo mesmo motivo. No plenário, o vereador Cabo Júlio (PMDB) acusou João da Locadora (PT) de usar o gabinete como ponto de venda de drogas. As acusações não foram confirmadas pela Polícia Civil.

MEMÓRIA

Prejuízo aos cofres públicos
Os 41 vereadores de Belo Horizonte foram denunciados pelo Ministério Público por improbidade administrativa no ano passado. As suspeitas são de que eles estariam usando a verba indenizatória, no valor de R$ 15 mil, em benefício próprio. A estimativa dos promotores é de que o reembolso injustificável tenha gerado um prejuízo total de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões entre 2009 e 2011. O MPE afirma que identificou "inúmeras aberrações" nos gastos, como nas despesas com alimentação, que não podem ser incluídas na categoria de gastos indenizáveis. Os abusos foram verificados também nos gastos com combustíveis,  locação de veículos, viagens, confecção de faixas, postagens, serviços gráficos e criação de website particular. Os promotores concluíram que a verba indenizatória "vem convertendo-se em verdadeira remuneração indireta", voltada à satisfação de anseios pessoais.

PARA BELORIZONTINO VER...

Janeiro
Serviço postal    R$ 75.145,46
Divulgação da atividade parlamentar    R$ 101.354,56   
Serviço gráfico R$ 55.179

Fevereiro
Serviço postal    R$ 57.492,11   
Divulgação da atividade parlamentar    R$ 115.517,96   
Serviço gráfico R$ 51.539,62   

Março
Serviço postal    R$ 46.616,34                
Divulgação da atividade parlamentar        R$ 129.648,36
Serviço gráfico    R$ 58.045

Abril
Serviço postal    R$ 55.607,04
Divulgação da atividade parlamentar    R$ 141.727,99    
Serviço gráfico    R$ 52.313    

Maio
Serviço postal    R$ 46.099,42
Divulgação da atividade parlamentar     R$ 153.468,73   
Serviço gráfico R$ 43.506,12

Junho
Serviço postal    R$ 62.023,85
Divulgação da atividade parlamentar    R$ 134.479,43   
Serviço gráfico R$ 47.892,40

Julho
Serviço postal    R$ 70.658,85
Divulgação da atividade parlamentar    R$ 136.026,10   
Serviço gráfico    R$ 40.239

Agosto
Serviço postal    R$ 78.853,03
Divulgação da atividade parlamentar    R$ 124.355,94   
Serviço gráfico    R$ 46.457,30    

Setembro
Serviço postal    R$ 74.343,67
Divulgação da atividade parlamentar    R$ 117.131,45   
Serviço gráfico R$ 33.766

Outubro
Serviço postal    R$ 72.909,20
Divulgação da atividade parlamentar    R$ 93.589,56   
Serviço gráfico R$ 54.347,62   
Novembro
Serviço postal    R$ 65.853,49
Divulgação da atividade parlamentar    R$ 135.334,75   
Serviço gráfico R$ 48.073   

Dezembro
Serviço postal    R$ 90.682,75
Divulgação da atividade parlamentar    R$ 152.466,11    
Serviço gráfico R$ 46.015,80   

Vem aí a dança das cadeiras

Bertha Maakaroun

Um ano depois de tomar posse para o seu segundo mandato, o governador Antonio Anastasia (PSDB) começa nas próximas semanas a fazer as primeiras mudanças no secretariado. Apesar da discrição do governador em tratar o tema, o que tem deixado aliados em suspense, quatro mudanças são certas. A primeira delas: o secretário da Defesa Social, Lafayette Andrada (PSDB), retornará à Assembleia, reivindicando assumir a liderança do governo, em substituição a Luiz Humberto Carneiro (PSDB), candidato a prefeito de Uberlândia. Moacyr Lobato de Campos Filho, controlador geral do Estado, também não permanecerá no cargo. Ele pretende trabalhar pela vaga de desembargador no Tribunal de Justiça de Minas.
No comando da PM, o coronel Renato Vieira de Souza deixará a função para assumir uma vaga no Tribunal de Justiça Militar. Ele também tem sido sondado para atuar na iniciativa privada. Assumirá o coronel Sant"Ana, atualmente chefe do Estado Maior. Ainda na Secretaria de Transporte e Obras Públicas, o retorno do democrata Carlos Melles à Câmara dos Deputados abrirá a mais disputada das vagas. Até o PMDB está no páreo.
O presidente estadual do DEM, Gustavo Corrêa, afirma: "Os cargos são do governador e a decisão cabe a ele. Mas, como aliados de primeira hora, os democratas esperam que Melles não deixe a pasta. Se for o desejo do governador, esperamos que o partido se mantenha à frente da secretaria". Melles desconversa. "Não recebi nenhuma sinalização nesse sentido." Mas há reclamações de empreiteiros e um certo descompasso entre o ritmo esperado pelo governo e o desempenho da pasta na solução dos problemas. A mudança mais do que esperada e confidenciada pelo governador a uns poucos interlocutores gera cobiça de outras legendas.
Não satisfeito com o espaço que ocupa hoje no governo, o PSD, em recente conversa com Anastasia, explicitou o desejo de ocupar espaço compatível com a bancada de 14 deputados estaduais e federais. Entre as pastas esperadas pela nova legenda estão a Secretaria de Transporte e Obras Públicas e a Secretaria de Saúde. Nesta, entretanto, não há indicação de mudanças. O atual secretário, Antônio Jorge, embora do PPS, tem o apoio de Marcus Pestana, presidente estadual do PSDB, de quem foi secretário adjunto. Alexandre Silveira (PSD) está satisfeito à frente da Secretaria de Gestão Metropolitana. Mas há entendimento da legenda de que o cargo é periférico e não representa o seu real peso político.
Até o PMDB não se furta a uma composição com o governo tucano. A conversa passaria por uma das duas mesmas secretarias. Seria uma forma de o governo do estado isolar a oposição do PT na Assembleia. Mas é pouco provável que os cargos tão cobiçados por aliados sejam oferecidos ao PMDB. Em meio à briga pela Secretaria de Obras, o nome de um curinga é lembrado, Wilson Brumer, que ontem deixou a Presidência da Usiminas. Brumer descarta: "Gosto muito de Antonio Anastasia, mas o meu tempo de trabalhar em governo já passou".
As eleições também poderão promover outras mudanças no governo. O principal foco de tensão é Montes Claros. Estão na base de sustentação do governo tucano três potenciais candidatos, dois dos quais secretários de estado – Carlos Pimenta (PDT), secretário de Trabalho e Emprego, e Gil Pereira (PP), secretário de Desenvolvimento dos Vales Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas. Há ainda o deputado federal Jairo Ataíde (DEM), quarto suplente da coligação PSDB/DEM/PP/PPS/PR, que tem enfrentado questionamentos em relação à aprovação de contas de gestões passadas à frente da Prefeitura de Montes Claros.

Prováveis mudanças
Partidos que pleiteiam espaço
PSD
Apesar de ter 14 deputados, entre estaduais e federais, ocupa uma pasta pouco central, a Secretaria de Estado de Gestão Metropolitana, à frente da qual está o deputado federal Alexandre Silveira, ex-PPS. Em conversa com o governador Antonio Anastasia (PSDB), o PSD reivindicou espaço no governo compatível com o seu peso político. A expectativa da legenda é obter a Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas ou a Secretaria de Estado da Saúde. A tendência é que tudo fique como está.

DEM
Reivindica a manutenção da secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas.

PMDB
A bancada federal do PMDB tem encetado uma aproximação política com o governador Antonio Anastasia (PSDB). Gostaria de participar do governo. Por outro lado, os tucanos percebem a possibilidade de esvaziar a oposição de parte da bancada na Assembleia Legislativa, isolando o PT. A secretaria de Estado da Saúde e de Transporte e Obras Públicas seriam as preferidas do PMDB. Entretanto as pastas são centrais e dificilmente o governador as entregará.

PPS
Não abre mão de manter a Secretaria de Estado da Saúde. Nesse pleito tem o apoio do presidente do PSDB, Marcus Pestana, politicamente ligado ao atual secretário Antônio Jorge (PPS).

R$ 70 milhões para pesquisas

Universidades de Minas Gerais vão receber R$ 70 milhões para o financiamento de pesquisa na educação básica, pós-doutorado e cursos de pós-graduação. Os recursos serão viabilizados por um acordo entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação (MEC). O termo de cooperação foi assinado ontem na Cidade Administrativa, sede do governo mineiro. Além de subsidiar bolsas para alunos, o recurso será destinado à compra de equipamentos usados nas pesquisas voltada para a educação básica, bolsas de pós-doutorado, cursos de pós-graduação em universidades sediadas em Minas e compra de equipamentos.
Dos R$ 70 milhões, R$ 24 milhões são recursos do governo de Minas, repassados por meio da Fapemig, e R$ 46 milhões pela Capes. Os editais para a seleção serão lançados em março. Os novos recursos representam a segunda fase da parceria entre a Fapemig e a Capes. Na primeira fase, foram investidos R$ 10 milhões. De acordo com o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, os bons resultados alcançados estimularam a instituição a renovar e ampliar as ações conjuntas com a Fapemig. A maior parte dos investimentos, R$ 36 milhões, será destinada para a cobertura de bolsas de pós-doutorado para pesquisadores.

Julián Eguren assume comando da Usiminas
 Executivo argentino substitui Wilson Brumer na presidência da empresa. Hoje ele vai à usina, em Ipatinga, e se encontra com empregados, políticos e empresários da região

Marta Vieira

Indicado como novo presidente da Usiminas, depois de oficializado o acordo de acionistas da empresa mineira, o argentino Julián Alberto Eguren, de 48 anos, executivo de carreira do grupo ítalo-argentino Techint, assumiu ontem mesmo o comando da siderúrgica, e inicia hoje uma agenda carregada de reuniões, em Ipatinga, no Vale do Aço mineiro. Sem surpresas para o mercado financeiro, o ex-presidente-executivo da Ternium México substitui Wilson Brumer, que estava no cargo desde abril de 2010. A troca não teve repercussão importante sobre as ações da companhia, que viveu um dia morno na bolsa de valores. Por meio de nota distribuída à imprensa, Eguren disse que ter acionistas do setor é um diferencial para a capacidade da Usiminas de competir. "Iremos trabalhar em equipe na melhoria da eficiência operacional, oportunidades de mercado e melhoria da competitividade", afirmou.
O recado do novo presidente da Usiminas é uma resposta à baixa avaliação dos analistas, que têm destacado o fraco resultado operacional da empresa no ano passado. No último balanço, relativo ao terceiro trimestre de 2011, o lucro líquido de R$ 154 milhões foi 70% inferior ao resultado apurado entre julho e setembro de 2010. Pelo novo acordo de acionistas oficializado ontem, e que vale até 2031, o bloco de controle da siderúrgica passa a ser composto pelo Grupo Nippon, com 29,44% do total das ações ordinárias – com direito a voto –, pelas empresas Tenaris e Ternium, do grupo Techint, detendo 27,66% dos papéis, e pela Caixa de Empregados da Usiminas, com 6,75%.
A parcela do capital da siderúrgica Ternium, que inclui a subsidiária Siderar e a Confab Industrial, subsidiária da Tenaris do Brasil, é formada pela aquisição de participações da Caixa de Empregados da Usiminas e das cotas dos grupos Camargo Corrêa e Votorantim, empresas que saíram da composição acionária da companhia mineira. Os novos acionistas compraram 139,7 milhões de ações ordinárias, ao preço de R$ 36 por ação, totalizando uma injeção de recursos de R$ 5,030 bilhões.
Mudanças Além da troca de presidentes, um comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pela Usiminas informou a indicação pelo grupo Ternium/Tenaris dos executivos Daniel Agustín Novegil, Roberto Caiuby Vidigal e Alcides José Morgante como seus representantes no conselho de administração. Saíram os conselheiros Albano Chagas Vieira, Francisco Caprino Neto e Luiz Aníbal de Lima Fernandes, que representavam os grupos Camargo Corrêa e Votorantim. A nota da Usiminas diz, ainda, que ter acionistas focados no negócio do aço "abre caminhos para a consolidação de sua liderança no mercado brasileiro de aços planos."
Ver para crer parece ser a disposição dos analistas do mercado financeiro, representantes dos empregados e de empresas com algum tipo de ligação com a Usiminas, ante a repercussão das mudanças no companhia. "Agora é esperar para sabermos como a nova diretoria vai fazer para que esse negócio (a Usiminas) se torne novamente rentável e remunere o investimento no menor tempo possível", disse o analista de mineração e siderurgia do Banco Geração Futuro, Rafael Weber. O cenário ruim para a indústria siderúrgica, ante o excesso de estoques no mundo e o ingresso agressivo do aço chinês e de países emergentes, dificuldade particularmente grande no Brasil, aumenta o problema.
Rafael Weber lembra que não há justificativa razoável para a empresa apresentar margem operacional tão baixa. Medido pela margem Ebtida, o indicador ficou abaixo de 10% no terceiro trimestre de 2011, quando entre as concorrentes a rival Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) tem exibido margens de 36% a 40%. A expectativa é de que o novo presidente imprima decisões estratégicas com foco em bons resultados na siderurgia, reavaliando ativos não mais atrativos aos olhos dos analistas financeiros, como a produção de máquinas, equipamentos e vagões, por meio da Usiminas Mecânica, e no fornecimento ao setor automotivo, com a Automotiva Usiminas.
Somente nessa hipótese de se desfazer de ativos é que, em tese, Weber acredita em medidas como enxugamento de pessoal na Usiminas. Imaginando algum tipo de sinergia com a Ternium, a siderúrgica argentina é que tenderia a ganhar a partir do fornecimento de semiacabados pela usina mineira. Pontos positivos são a criação da Mineração Usiminas e as inversões para autossuficiência em energia elétrica.

Dia morno para as ações
Num dia fraco de movimentações de papéis da Usiminas, a boa notícia foi que as ações não perderam valor. Às 17h15, as ações preferenciais da companhia (USIM5) apresentavam ligeira valorização de 0,10%, cotadas a R$ 11,13 quase no fechamento das negociações. A alta representou R$ 0,01 a mais na comparação com segunda-feira, um dia de baixa para os investidores, em decorrência de feriado nos Estados Unidos. Os papéis ordinários da Usiminas valorizaram modestos 0,65% .
"Falta de interesse dos investidores e decisões que não trouxeram surpresas", resumiu Daniel Ribeiro, operador da Ativa Corretora, ao comentar a repercussão das mudanças na Usiminas. Ele destaca que não há, mesmo depois de oficializado o novo acordo de acionistas, motivação para os investidores reforçarem suas posições na companhia.

Quem é

Uma carreira a indústria
Dono de larga experiência na indústria siderúrgica latino-americana, Julián Eguren (foto) tem ocupado funções na Organização Techint no México, Argentina e Venezuela há 25 anos. O executivo iniciou a carreira no grupo como trainee, em 1987, na TenarisSiderca, na Argentina, e em 1993 marcou no currículo a primeira atividade internacional. Ocupou diversos cargos na TenarisTamsa, no México, e assumiu em 1998 a presidência da Sidor, na Venezuela, empresa considerada a maior siderúrgica do subcontinente. Naquela época conheceu a Usiminas e se aproximou dos sócios japoneses da companhia mineira.  Eguren chegou ao comando da Ternium, no México, em 2008. A siderúrgica mantém processo integrado de fabricação do aço, desde a mineração própria a centros de serviços para a indústria, com operações na Colômbia e na Guatemala. O novo presidente da Usiminas militou também no setor como diretor do antigo Instituto Latino-Americano de Ferro e Aço, hoje denominado Alacero, e presidente da Junta Diretiva Tenigal, empresa criada em parceria pela Ternium e a Nippon Steel.  Ele se formou em administração de empresas e concluiu mestrado em direção de empresas no Massachussets Institute of Tecnology (MIT), nos Estados Unidos. Casado e pai de quatro filhos, Eguren é um praticante de esportes, tendo participado de maratonas internacionais e competições de triátlon. 

Expectativa no Vale do Aço
Novo presidente se reúne hoje com operários na usina, em Ipatinga

Uma coleção de pedidos está à espera de Julián Eguren em Ipatinga, no Vale do Aço. As empresas locais do comércio, indústria e prestação de serviços querem intensificar a política que o presidente anterior adotou de estímulo à participação delas nas compras da siderúrgica. "Embora a cidade dependa menos da Usiminas, a companhia continua sendo uma grande âncora de negócios e irriga uma série de atividades paralelas na economia local", afirma Gustavo Augusto Ataide Souza, presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Ipatinga.
Na reunião que terão hoje às 15h com o novo presidente da Usiminas, os empresários vão pedir que a companhia apoie a briga com o governo federal para licitar o projeto de duplicação da BR-381 no trecho entre a cidade e Belo Horizonte. Gustavo Souza afirma que há expectativa de uma gestão mais agressiva para que a Usiminas cresça e leve com ela os fornecedores locais, embora ele reconheça que esse cenário requer nuvens azuis sobre o horizonte da siderurgia brasileira.
O prefeito de Ipatinga, Robson Gomes da Silva, pretende enfatizar a importância dos negócios da siderúrgica não só para a arrecadação municipal de impostos mas também na geração de empregos. Estima-se que o trabalho de pelo menos 20 mil pessoas, de uma população de 240 mil habitantes, gire em torno da usina. "Esperamos que a empresa se disponha a manter uma relação estreita com o município, para trabalhamos juntos na melhoria dos indicadores da vida na cidade", afirma.
Mais direto, o deputado federal Luiz Carlos de Miranda, que se mantém no posto de presidente do sindicato local dos metalúrgicos desde que a siderúrgica era uma estatal, diz que espera de Eguren uma política de valorização dos empregados, que teriam perdido prestígio e voz nas últimas duas administrações. "Estamos com a bandeira branca levantada. Que eles (os novos acionistas) venham com investimentos e motivem os empregados, aprendendo a cantar a seresta mineira", brinca.
A agenda de Julián Eguren começa cedo em Ipatinga, quando ele visitará a usina da Usiminas, falará com gerentes e empregados em geral. À tarde, o executivo receberá os representantes da comunidade no escritório central, que funciona dentro do parque industrial da companhia. Eguren estará acompanhado de Wilson Brumer, que permanece na companhia por mais uma ou duas semanas para a transição.

Hortaliças e transportes alimentam o dragão em BH

 Temporais do início do mês castigaram as hortas e se transformaram no principal ingrediente da alta da inflação medida pelo IPC-S. Passagens de ônibus foram combustível extra da taxa
Não demorou para a alta de preços das folhas e hortaliças – castigadas pelas fortes chuvas que assolaram o estado nas primeiras semanas de janeiro – terem reflexos inflacionários em Belo Horizonte. Segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), hortaliças e legumes mais que triplicaram de preço entre a primeira e segunda semana do mês. Os reajustes de passagens de ônibus e tarifas de táxi ajudaram a compor o cenário de expansão do custo de vida na capital – que saiu de 0,94% para 1,06% no período – inferior apenas a Salvador e Rio de Janeiro.
Até o dia 7, a variação de preços das hortaliças e legumes ficou em 2,96%. Já no levantamento seguinte, fechado no dia 15, a alta pulou para 10,16%. "Até itens que não são afetados pelas chuvas, como a abóbora, tiveram elevação expressiva. Nesse caso, a alta foi de 18,73% para 42,99% entre a primeira e a segunda semana de janeiro", observa o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) André Braz. A alface, que na primeira semana registrou variação de 7,07%, fechou a segunda prévia do mês com alta de 10,90%. O tomate, por sua vez, saiu de uma elevação de 6,36% para 17,56%, enquanto a alta no preço da couve foi de 6,46% para 9,31%.
Diante dos resultados, as frutas e hortaliças lideraram como os produtos que mais contribuíram para a variação de 1,06% do IPC-S da capital mineira. "Somente os produtos de feira responderam por 28% desse resultado", calcula Braz. Não foi por acaso que o grupo alimentação apresentou o maior peso no IPC-S da última semana, ao passar de 1,96% para 2,33%.
SEM DESCONTROLE Apesar do impacto no orçamento dos consumidores, o especialista pondera que trata-se de um comportamento natural para este período do ano. "Esta época é marcada por chuvas fortes. A variação de 10,16% está dentro do esperado e não representa um descontrole do índice", avalia.
Com a estiagem dos últimos dias, a expectativa é de que as altas de preços comecem a dar uma trégua. "Haverá elevação até o fim do mês, mas os produtos não dobrarão de valor daqui para frente. O ritmo de alta tende a ser menor", alerta Braz.
A notícia serve de alento para a aposentada Elza Rodrigues. Acostumada a ir à feira semanalmente, ela ficou assustada ao pagar R$ 4,50 por quatro pimentões, que, normalmente, custavam menos da metade. "Deixei de comprar verduras. Os produtos estão mais caros e mais feios. Alguns estão em falta e o consumidor quem tem que pagar o pato", reclama.
A tradicional salada de folhas verdes, manga e tomate da cozinheira e empregada doméstica Vicentina Marcelina perdeu parte dos ingredientes nas últimas semanas. Com o período chuvoso, a qualidade das hortaliças e legumes caiu bastante, tornando disputada a busca por produtos nas feiras e sacolões. "Levo apenas o essencial. Se eu levar essas folhas, vou desperdiçar. Não dá para consumir nem a metade. As verduras estão menores e os preços mais altos", afirma. (Colaborou Pedro Rocha Franco)

Ouro Preto quer R$ 30 mi
Valor se refere a projetos de recuperação das áreas afetadas pelo temporais. Cidade, que recebeu a visita de Anastasia e Aécio, planeja reativar a rodoviária até o fim da semana

Glória Tupinambás
Enviada especial

Ouro Preto – A reconstrução das áreas afetadas pelos temporais na cidade histórica da Região Central de Minas, castigada no início deste mês, deve custar pelo menos R$ 30 milhões. Até o fim do mês, a Prefeitura de Ouro Preto vai entregar aos governos federal e estadual o pacote de projetos para a recuperação de encostas e reconstrução de ruas, restabelecimento dos serviços de água e esgoto e remoção de famílias de áreas de risco. Ontem, a cidade recebeu a visita do governador Antonio Anastasia e do senador Aécio Neves, que acompanharam os trabalhos finais de desobstrução da rua, principal acesso ao município, em frente ao terminal rodoviário, soterrado  dia 3 com a morte de dois taxistas.
Apesar de estar praticamente livre da montanha de terra que deslizou durante as tempestades – cerca de 70 mil toneladas –, a Rua Padre Rolim ainda não foi liberada para o trânsito de veículos e pedestres. A normalização do tráfego deve ocorrer até o fim da semana, dependendo da avaliação de geólogos da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) que prestam consultoria à prefeitura. "Seguindo parecer geotécnico, fizemos terraços e patamares na encosta para conter novos deslizamentos, mas não conseguimos fixar essas estruturas. Tudo desceu. Por isso, vamos observar o comportamento da encosta nas próximas horas para autorizar a liberação do trânsito", disse o prefeito Ângelo Oswaldo.
Amanhã, técnicos das secretarias de Patrimônio, de Planejamento, de Obras e de Turismo da prefeitura devem se reunir com professores e geólogos da Ufop para elaborar o plano municipal de redução de riscos. O documento é uma exigência do Ministério das Cidades para a liberação de recursos para obras de reconstrução e prevenção de novos prejuízos. Segundo balanço da prefeitura, além das duas mortes na rodoviária as chuvas provocaram 181 deslizamentos de encostas, que deixaram um rastro de destruição e prejuízo para 85 famílias ainda desalojadas e 32 desabrigadas. Apesar dos grandes estragos, as chuvas não chegaram a comprometer diretamente o Centro Histórico do município.
"Pelo menos 60% da cidade de Ouro Preto tem risco alto ou muito alto", alertou o geólogo e engenheiro civil da Ufop Romero César Gomes, que presta consultoria à prefeitura e afirma que os principais problemas estão relacionados ao relevo acidentado, à ocupação desordenada das encostas e ao tipo de solo predominante na cidade (filito e itabirito). Apesar do número alarmante, o especialista tenta acalmar moradores e visitantes, afirmando que a maior parte dos problemas se encontra longe das atrações turísticas e que as providências para evitar novas tragédias já estão sendo tomadas.
SOLIDARIEDADE As palavras de tranquilidade também marcaram discursos das autoridades que estiveram ontem em Ouro Preto. "A situação está caminhando para a normalidade e nossa visita é uma demonstração para Minas, para o Brasil e para o mundo de que a cidade está em condições de receber turistas. As chuvas aconteceram e já passaram e agora temos muita hospitalidade. O turismo é vital para a recuperação econômica", disse Anastasia. Além da visita à cidade, as autoridades participaram de uma prece na Igreja de São Francisco de Paula, em memória aos dois taxistas mortos.
O senador Aécio Neves reforçou a mensagem de solidariedade e ainda declarou que sua visita teve o objetivo de agilizar a liberação de verbas da União para a recuperação. "Há tantos trâmites burocráticos que os recursos acabam chegando alguns ou muitos meses depois do acontecido. Por isso, é preciso que haja parceria mais efetiva entre os governos federal e estadual e os municípios não apenas no período da calamidade, mas principalmente no restante do ano, para prevenção", declarou. Ontem Minas recebeu R$ 300 mil para ações emergenciais de compra de colchões, lonas e água potável e o governo federal autorizou a liberação de R$ 10 milhões para ações de socorro no estado.

Número de mortos chega a 16
Subiu para 16 o número de mortos pelas chuvas em Minas, com a localização ontem do corpo de Roseli do Nascimento, de 45 anos, às margens do Rio Paraíba do Sul, em Além Paraíba, na Zona da Mata. Ela estava desaparecida desde o dia 9 e é a quarta pessoa morta na cidade pelo temporal, que arrasou o município. Duas pessoas ainda estão desaparcidas no estado e 168 ficaram feridas durante a chuva.Segundo balanço da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, 58.520 pessoas foram desabrigadas ou desalojadas em 247 cidades de Minas, dos quais 174 decretaram situação de emergência. O número de afetados no estado já ultrapassa os 3,2 milhões. Um total de 16.794 casas foram danificadas e 643 destruídas. Foram danificadas 459 pontes e 359 destruídas.

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