PRIMEIRA PÁGINA
Deslizamentos de terra ameaçam 50 áreas de BH
Pontos de alto risco de afundamento e desabamento
de encostas estão sendo vistoriados por agentes da Defesa Civil e 28
engenheiros voluntários. Os locais em perigo iminente espalham-se por várias
regiões, inclusive bairros nobres como Sion e Mangabeiras. Ao fim das
vistorias, sábado, serão recomendadas medidas para controlar a situação. O
primeiro local visitado foi o Buritis, onde um prédio desabou terça-feira. A
Justiça deu prazo de 48 horas para a construtora que ergueu o edifício vizinho,
extremamente ameaçado, providenciar a demolição. Mas a empresa deve recorrer da
decisão. Caso isso se confirme, a prefeitura tomará a iniciativa de iniciar a
derrubada. Missão quase impossível A cada curva, um susto. O Estado de Minas
viajou de ônibus de BH a cidades do Vale do Rio Doce para acompanhar a rotina
de sobressaltos de motoristas como Aderaldo Ribeiro, que duplicou o número de
orações para pegar a BR-381 e a MG-120 por causa da multiplicação de buracos,
riscos de deslizamentos e interdições. A morte pede passagem A cheia do Rio das
Mortes invadiu São João del-Rei, Tiradentes e outras localidades no Campo das
Vertentes, isolando áreas rurais. O principal acesso ao Centro Histórico de
Tiradentes inundou: até um cortejo fúnebre teve de ser feito numa carreta
puxada por trator, seguida por carroças.
Enfim, verba da União começa a pingar
Ministério da Integração Nacional anuncia liberação
de R$ 30 milhões para municípios mineiros atingidos pela chuva. Mas projetos de
R$ 109 milhões estão parados.
Prótese rompida, cirurgia gratuita
Anvisa determina que SUS e planos de saúde façam
troca de implantes de silicone das marcas PIP e Rofil que estourarem. Fábricas
nacionais serão vistoriadas.
EDITORIAL
Confrontação improdutiva
Não serve à democracia o tom da polêmica em torno do CNJ
É hora de se começar a perceber a diferença entre a
luz e o calor na polêmica em torno das atribuições do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), surgida depois que dois ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF) concederam liminares em processos que discutem a constitucionalidade de
certas ações que vinham sendo desenvolvidas pela Corregedoria Nacional de
Justiça, órgão do CNJ. Numa delas, o ministro Marco Aurélio Mello concluiu ser
prudente suspender, até que se julgue o mérito da questão, uma série de
investigações que a Corregedoria Nacional vinha realizando com foco em juízes e
desembargadores, num trabalho que muitos consideram atropelar as corregedorias
de tribunais regionais. A outra liminar foi concedida pelo ministro Ricardo
Lewandowski, que mandou sustar algo que magistrados consideram quebra de sigilo
bancário, também pelo órgão federal, de mais de 200 mil juízes e servidores da
Justiça lotados em 22 tribunais em todo o país.
No primeiro caso, discute-se se o papel que cabe à
correição nacional é complementar ou autônoma em face à existência e
funcionamento das corregedorias regionais. Entende o ministro Marco Aurélio que
a atividade correicional do CNJ é constitucionalemente subsidiária à dos
tribunais. Já os que apoiam a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon,
que está à frente do caso no CNJ, argumentam que as corregedorias regionais
funcionam mal e seriam contaminadas pelo corporativismo, o que as impede de
realizar a investigação de desvios e a punição de seus eventuais autores. No
segundo, questiona-se a legalidade do fornecimento de infomações prestadas ao
CNJ pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério
da Fazenda, onde são detectadas movimentações anormais de dinheiro. Com
inegável viés de devassa, essa invetigação é acusada não apenas de quebra
ilegal e injustificada de sigilo bancário de milhares de pessoas, como de fugir
às atribuições da Corregedoria Nacional de Justiça. Os que a defendem
argumentam que as entidades de magistrados que obtiveram a liminar pretendem
tão somente manter essa classe acima dos rigores da lei e imunes à
transparência.
Ao declarar que no Judiciário há bandidos de toga e
que os que a contestam não vão conseguir o itento de desmoralizá-la, a
corregedora nacional acabou dando um tom inadequado à troca de acusações, que
tendem a resvalar para o campo pessoal. Próprio da falta de argumentos e sem o
condão de encontrar as melhores soluções, essa postura só atrapalha. Aplaudida
e apoiada por todos de bom senso, a criação em 2004 do Conselho Nacional de
Justiça é uma conquista da sociedade, que encarregou esse órgão de contribuir
com o aperfeiçoamento do Judiciário, poder com o qual a cidadania não pode
deixar de contar para o funcionamento da democracia. Mas nem mesmo o CNJ, que
tem missão tão relevante, está acima da norma constitucional, pela qual cabe
zelar o Supremo Tribunal Federal. Tampouco é conveniente ao regime democrático
a prática do desrespeito e, pior ainda, da confrontação às deliberações da
Justiça, menos ainda às de ministros da Suprema Corte do país. Não apenas por
se tratar de liminares – às quais cabem respostas civilizadas no âmbito do
tribunal – e que, portanto, não encerram o caso, mas principalmente pela
importância dos órgãos envolvidos, sugere-se a retomada da moderação para que
se mantenha a confiança da socidade de que, mais uma vez, não faltará qualidade
ao julgamento.
OPINIÃO
Minas na Copa
Cidades históricas, café, cachaça e queijo, serão
trabalhados para trazer de volta quem vier para o mega evento
Anderson Costa Cabido
- Prefeito
de Congonhas e presidente da Associação de Cidades Históricas de Minas Gerais
A Associação de Cidades Históricas de Minas Gerais
realizou em 15 de dezembro importante conferência com a participação da
Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) e da Secretaria de Estado
do Turismo, do governo de Minas, além do Ministério do Turismo. O encontro
tinha o objetivo de iniciar a estruturação dos municípios para a Copa das
Confederações 2013 e a Copa do Mundo de 2014. Mas os resultados foram muito
além.
A melhor notícia veio por parte do titular da
Secopa, Sérgio Barroso, ao anunciar que o governo de Minas decidiu aumentar de
três para quatro os produtos que o estado ajudará na estruturação e divulgará
nas campanhas de promoção turística. Além do queijo, do café e da cachaça, a
estratégia do estado para a Copa conta também, a partir de agora, com as
cidades históricas de Minas, as 25 que aderiram à Conferência das Cidades
Históricas para a Copa 2014.
Vai haver promoção maciça desses produtos, uma vez
que somos os principais produtores de café do país, além de termos a fórmula
exclusiva da cachaça e do queijo artesanal, autênticos patrimônios imateriais
do nosso povo. Além disso, o estado detém 60% do patrimônio histórico nacional
e abriga três Patrimônios da Humanidade: a cidade de Ouro Preto, o Santuário do
Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, e o Centro Histórico de
Diamantina.
Para levarmos turistas às cidades históricas – e
para que tenham vontade de voltar, além de se tornarem divulgadores –,
deveremos superar grandes desafios. Entre eles, a conferência definiu a
necessidade de se aperfeiçoar o setor de serviços, a infraestrutura urbana, a
hospedagem, o transporte e a sinalização das cidades históricas, além de
capacitar o receptivo e criar rotas temáticas que sejam incluídas nos pacotes
das agências de viagem.
O Ministério do Turismo estima que durante a Copa
do Mundo virão ao Brasil 600 mil estrangeiros. A eles se somarão os turistas
brasileiros que aproveitarão a Copa para conhecer locais diferentes. Estádios
mais seguros e cidades com mobilidade urbana melhorada certamente tornarão a
Copa do Mundo um excelente programa para as famílias.
Minas competirá com destinos consagrados como os
roteiros sol e praia do Nordeste, o Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e o Amazonas.
Para diferenciar o estado, é preciso entender o público consumidor do evento.
Pesquisa realizada durante a Copa da África do Sul revelou que, com relação à
origem, 46% eram da Europa, 41% das Américas, 6% da África, 4% da Ásia e 3% da
Oceania. Na Copa de 2014, os sul-americanos devem ser maioria, pela proximidade
e tradição futebolística do continente.
Pela pesquisa, os homens serão 83% e as mulheres
17%. Solteiros são maioria, 60%, sendo 35% casados e 4% divorciados ou viúvos.
A maioria é jovem, com 45% entre 25 e 34 anos, 25% entre 35 e 44 anos, 14% na
faixa dos 45 aos 59 anos e 14% dos 18 aos 24 anos.
A escolaridade é, majoritariamente, de nível
superior, 54%, sendo que 21% possuem pós-graduação. Grande parte, 87%,
financiou sua própria viagem. A renda familiar média é alta, R$ 23 mil mensais,
e eles gastaram R$ 11,5 mil no país da Copa, não computadas as passagens
internacionais. Além disso, 95% dos entrevistados ficaram 17 dias na África do
Sul e visitaram quatro cidades. O futebol não era o único interesse, já que 83%
fizeram turismo adicional.
Turistas de futebol não são torcedores fanáticos e
desejam, principalmente, assistir a um belo espetáculo. São pessoas que gostam
de futebol, mas virão em busca de uma grande confraternização festiva e
pretendem fazer turismo para conhecer melhor o país. A maioria quer viver
experiências inesquecíveis e não apenas ver novidades.
De acordo com esse perfil, há belas alternativas
para "vendermos" as singularidades de Minas: os botecos, o Mercado
Central de Belo Horizonte, as maravilhas do Inhotim, a beleza da juventude, a
comida mineira, a rica e variada gastronomia internacional, a tradição da
cachaça, do queijo e do café, a natureza, a hospitalidade do mineiro, os
índices de criminalidade baixos na comparação com outras sedes, opções
culturais sofisticadas, localização estratégica e, principalmente, as cidades
históricas.
Portanto, temos um excelente potencial. A Copa das
Confederações e a Copa de 2014 serão oportunidades únicas para mostrarmos Minas
Gerais para o mundo, além de construirmos um importante legado para as gerações
futuras.
Violência nos fóruns
Invasão em Nova Serrana alerta para a falta de segurança
Bruno Terra Dias
- Juiz, presidente
da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis)
O noticiário sobre o Judiciário mineiro inaugurou
2012 com preocupação pela violência nos fóruns, à vista do que aconteceu no fim
da tarde de 2 de janeiro em Nova Serrana, no Centro-Oeste do estado. Dois
homens armados entraram no fórum, renderam vigia e servidores, insistindo em
saber onde se encontravam os processos criminais conclusos, que tramitavam em
segredo de Justiça. Diante de um acervo de pouco mais de 500 processos
criminais, encontrados no gabinete do juiz, e não se dispondo a uma busca
demorada para encontrar exatamente o que procuravam, os invasores atearam fogo
indiscriminadamente em todos os autos, deixando um saldo estimado de 300 feitos
completamente destruídos. Crônica de uma violência anunciada, o acontecido em
Nova Serrana reproduz, em escalada ascendente de audácia, o já verificado em
outras comarcas de Minas e de outros estados da Federação.
O conjunto dos fatos, mais do que revelar aspectos
da violência urbana, configura um autêntico desafio à cidadania e às
instituições democráticas, como já apontava o Manifesto da Associação dos
Magistrados Brasileiros (AMB) e da Amagis por segurança, lançado em 2 de
dezembro de 2011, em Belo Horizonte. Amadurecida reflexão, a partir da
constatação da repetição de atos criminosos nos últimos 10 anos, aponta a
imperiosidade de esforços inovadores para enfrentamento de uma realidade
adversa, que, de outra forma, tenderá a recrudescer. Se o conjunto de leis
vigentes não se revela suficiente a desestimular condutas tão desafiadoras, o
Estado de direito tem o dever de reagir e apresentar solução. Nesse sentido,
para superação de lacunas legislativas que afetam a capacidade de reação e
prevenção eficientes contra esse tipo de crime, chegou a hora de se buscar a
formulação de uma política nacional para segurança nos fóruns (PNSF). Sendo de
âmbito nacional, sua formulação haverá de envolver não apenas as autoridades
estabelecidas (Supremo Tribunal Federal, Conselho Nacional de Justiça,
Ministério da Justiça etc), mas os diversos segmentos da sociedade civil.
O grande debate, que certamente permeará os
trabalhos, não poderá descurar da necessidade de preservação da autonomia
federativa, para que os judiciários estaduais possam formular projetos de leis
que adaptem o texto federal às necessidades que lhes sejam próprias. Outra
questão a ser enfrentada refere-se ao financiamento da implantação e execução
da PNSF, que exigirá decisão política do governo federal. Afinal, a convivência
harmônica entre os poderes exigirá ação conjunta e extraordinária, posto que se
trata de defender um dos elementos constitutivos da cidadania (acesso a
mecanismo de Justiça livre de intimidações) e assecuratório do regime
democrático, só possíveis com um trabalho constante do poder publico em
parceria com a sociedade civil.
POLTICA
Governo pinga R$ 30 milhões
Recursos foram autorizados para cobrir despesas de
emergência em cidades mineiras atingidas pelas chuvas. Valor é menor que o de 2011
Marcelo da Fonseca e Amanda Almeida
O Ministério da Integração Nacional anunciou ontem
a liberação de R$ 30 milhões para socorrer municípios atingidos pelas chuvas em
Minas Gerais. O valor ficou abaixo do prometido no ano passado, quando foram
reservados R$ 50 milhões dos cofres do governo federal para compras de
emergência, como alimentos, combustível e abrigo para as vítimas, verba que,
somada aos repasses ao estado, ficaria em R$ 70 milhões, dos quais apenas a
metade foi gasta até o fim do ano.
O dinheiro pode ficar mais uma vez na lista
das recorrentes promessas para remediar os prejuízos causados pelas chuvas no
país. O temor é de que, a despeito da situação de emergência das cidades, o
recurso demore a chegar, travado pela burocracia.
No total foi autorizada a liberação de R$ 75
milhões paras ações emergenciais em decorrência das chuvas nas últimas semanas.
Além de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espirito Santo deverão dividir as
verbas, sendo R$ 25 milhões para os fluminenses e
R$ 20 milhões para os capixabas. Os recursos serão repassados aos governos estaduais e municipais por meio de um cartão de pagamentos da Defesa Civil.
R$ 20 milhões para os capixabas. Os recursos serão repassados aos governos estaduais e municipais por meio de um cartão de pagamentos da Defesa Civil.
Apesar de o ministro da Integração, Fernando
Bezerra, ter dito que o objetivo do cartão é "desburocratizar" o
processo, fontes do governo de Minas temem efeito contrário: para eles, o
dinheiro pode não chegar a tempo de atender os atingidos pelas chuvas. O
problema seria justamente a burocracia, já que o governo federal tem de
reconhecer a situação de emergência dos municípios, mesmo já tendo sido
homologada pelo Executivo estadual. Além disso, o ministério exige abertura de
uma conta e criação do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), entre
outros passos. Segundo as fontes, o governo preferiria que a verba fosse
repassada diretamente à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil.
Ao anunciar a liberação, o ministro da Integração
Nacional disse acreditar que a burocracia poderá ser vencida pelos municípios.
"Eu acredito que os estados deverão atender essa exigência (a aquisição do
cartão de pagamento) ao longo da semana. A presidente Dilma tem reiterado que
não faltarão recursos para atender e assistir a população ou para auxiliar
estados e municípios atingidos", disse Bezerra.
... espreme R$ 7,25 milhões ...
Josie Jeronimo, Vinicius Sassine e Juliana Braga
Brasília - 2013 Em meio às chuvas de janeiro e às
denúncias de favorecimento ao seu estado natal com 90% das verbas da Integração
Nacional, o ministro Fernando Bezerra se viu obrigado a abrir o cofre da pasta
para projetos de todo o país, respondendo às pressões políticas que sofre. Nos
últimos três dias, o ministério divulgou assinatura de R$ 27 milhões em
convênios com prefeituras de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Goiás, Maranhão, Paraíba e Piauí. Eles são destinados a projetos de canalização
de córregos, dragagem, drenagem de águas pluviais e obras de infraestrutura que
integram a lista de prioridades dos municípios.
Desde segunda-feira, Minas Gerais foi contemplado
R$ 7,25 milhões para três municípios. O ministério anunciou convênio de R$ 6,9
milhões com Jenipapo de Minas, para o plano de remanejamento e reassentamento
de populações residentes em área de barragem. Porteirinha, por sua vez, ganhou
contrato de R$ 292 mil para recuperar 10 quilômetros de estradas. Em Pirapora,
a vazão da torneira do recursos ainda é modesta: convênio de R$ 58,5 mil foi
assinado para a recuperação de estradas do perímetro rural. Enquanto isso, no
município, a prefeitura decretou estado de emergência. Na região de Três Ilhas,
área rural de Pirapora, pelo menos 40 famílias tiveram que ser removidas, de
acordo com o engenheiro José Carlos, da Defesa Civil municipal.
No Centro-Oeste, Goiás e Mato Grosso do Sul foram
os estados que mais conseguiram recursos do Ministério da Integração depois de
Bezerra ter ido para o olho do furacão da crise política. Itumbiara (GO) fechou
convênio de R$ 1,3 milhão para a canalização do Córrego das Pombas e Cidade
Ocidental (GO) R$ 200 mil para drenagem de águas pluviais. O Ministério da
Integração Nacional também esperou o período de chuvas para liberar R$ 1
milhão, em caráter de urgência, para a contenção da erosão gigante que não para
de se expandir em Planaltina de Goiás, a 58 quilômetros do Centro de Brasília.
Em Mato Grosso do Sul, a liberação dos recursos veio com a assinatura do senador
Delcídio Amaral (PT-MS). O parlamentar solicitou verbas junto ao ministério e
anunciou que o estado recebeu R$ 13,5 milhões ontem.
... mas represa R$ 109 milhões
As dificuldades para garantir a liberação e
aplicação dos recursos de prevenção e respostas aos desastres naturais se
repetem anualmente mesmo entre os municípios que tenham conseguido passar a
difícil etapa de apresentar projetos tecnicamente viáveis. Segundo levantamento
da Associação dos Municípios Mineiros (AMM), 51 projetos enviados pelas
prefeituras mineiras diretamente ao governo federal entre o final de 2010 e
dezembro do ano passado foram considerados corretos, ou seja, sem qualquer
problema técnico que os impedisse de sair do papel, mas parte deles permanece
parada nas gavetas dos ministérios. No total, esses projetos demandariam em
torno de R$ 109 milhões, que seriam investidos em obras de dragagem, drenagem e
restruturação de pontes. Cerca de R$ 45,5 milhões foram prometidos às cidades
mineiras, mas não há confirmação de que tenham sido efetivamente gastos. O
restante, R$ 64,5 milhões, consta nas listas das pastas como recursos a serem
liberados.
Segundo o superintendente da AMM, Gustavo
Persichini, os trabalhos para liberação dos recursos emergenciais esbarra
muitas vezes no desconhecimento dos passos a seguir para receber o dinheiro em
momento de grandes dificuldades estruturais por causa das chuvas. "A
necessidade está perdendo para a burocracia, e em alguns lugares a situação é
tão caótica que muitos prefeitos não sabem como fazer para garantir o
atendimento de suas principais demandas", comentou Gustavo. O
superintendente explicou ainda que a equipe técnica da AMM está à disposição
das prefeituras para auxiliar nas demandas mais urgentes e nos trabalhos de
reconstrução.
Na terça-feira, uma comitiva representando o
governador Antonio Anastasia (PSDB) entregou à ministra do Planejamento, Miriam
Belchior, uma lista com 318 projetos de intervenções apontadas pelas
prefeituras mineiras e governo do estado como necessárias para prevenção e
recuperação dos municípios atingidos pela chuva. As obras listadas demandariam
investimentos de quase R$ 4 bilhões, com 206 ações para prevenção e 112 para
recuperação das cidades atingidas. (AA e MF)
ECONOMIA
Pagar à vista é a melhor saída
Especialistas fazem as contas para o contribuinte e
só indicam o parcelamento a quem pretende quitar dívidas mais caras
Paula Takahashi
Os impostos que chegam com a virada do ano trazem
uma dúvida recorrente: parcelar as dívidas ou aproveitar os abatimentos
concedidos para o pagamento à vista? Até o final desta semana, quase 600 mil
imóveis em Belo Horizonte já terão recebido a fatura do Imposto Predial e
Territorial Urbano (IPTU) – que concederá desconto de 7% para quem efetuar o
pagamento à vista até o dia 20. Enquanto isso, outros 7,4 milhões de proprietários
de carros no estado – sendo 1,3 milhão na capital – se preparam para quitar o
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). O prazo começa a
valer na segunda-feira e o valor será 3% menor para quem optar pela cota única.
Segundo cálculos da Proteste Associação de
Consumidores, o ideal é pagar tanto IPVA quanto IPTU à vista e garantir os
descontos. Para que valesse a pena parcelar o imposto residencial, o rendimento
mensal de uma aplicação financeira conservadora deveria ser de 1,05% ou 13,35%
ao ano. A Associação observa que, nos últimos 12 meses, o investimento que
apresentou maior rentabilidade – entre as opções conservadoras – foi o fundo de
renda fixa, com ganho de 12,78%. No caso do IPVA, o percentual teria que ser
ainda maior, de 1,55% ao mês, o equivalente a 20,27% ao ano.
Mas a fórmula não se adapta a todos os orçamentos
familiares. O professor de finanças da faculdade IBS/FGV Ewerson Moraes
aconselha que, antes de tomar a decisão, o contribuinte faça uma análise da
situação financeira familiar. "Para quem está endividado, a melhor opção é
o parcelamento. Dessa forma, ele pode utilizar o dinheiro para eliminar contas
com juros mais elevados, como de cartão de crédito e cheque especial",
pondera.
Mesmo quem tem o dinheiro disponível precisa pensar
bem antes de pagar os impostos. "Se a pessoa acredita que não vai precisar
do dinheiro nos próximos meses, o ideal é pagar à vista", acrescenta
Ewerson. Mas, caso seja a única reserva da família, as prestações podem ser a melhor
saída. "Se precisar mais na frente, terá que pegar financiamentos
bancários mais caros ou até recorrer ao cheque especial", alerta a
contadora Rosa Maria Abreu Barros, vice-presidente de ética e disciplina do
Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais.
Mesmo ciente disso, a secretária Cláudia Barroso
decidiu parcelar o IPTU em três vezes, já que vai precisar do dinheiro para a
aguardada viagem de férias para a praia. "Sei que o desconto é mais
vantajoso, mas não tem jeito", lamenta. A compra de material escolar
também pesa neste período do ano, portanto é preciso ficar atento. "O
ideal é conseguir parcelar o material sem juros", observa Ewerson. Outra
desvantagem que pesa a favor da quitação integral do IPTU é o fato de o
contribuinte ter que arcar, mensalmente, com uma taxa de R$ 4,60 referente a
expedição das guias.
PRIMEIRO O CARRO Se a reserva for suficiente apenas
para quitar um imposto à vista, a recomendação de Rosa Maria é de que o IPVA
seja priorizado. Além de o parcelamento oferecido ser de apenas três vezes, o
que eleva o valor da prestação, ele tem juros por não pagamento muito
superiores aos do IPTU. A multa é de 0,3% ao dia – até o 30º dia – além dos
juros aplicados. Depois do 30º dia de atraso, a multa sobe para 20%. No caso do
IPTU, varia de 1% a 5% acrescida de juros de 1% ao mês.
Consumo faz mudança na inflação oficial
Vânia Cristino
Brasília – O Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), que mede a inflação oficial do país, já vai ser calculado segundo nova
metodologia a partir deste mês. As mudanças promovidas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – com base na última Pesquisa de
Orçamento Familiar disponível – refletem o novo perfil de consumo dos
brasileiros, que estão deixando de lado gastos até então considerados
indispensáveis, como a manutenção de uma empregada doméstica, para aderir a
novas tecnologias e serviços, como internet e TV por assinatura. O efeito
colateral das mudanças é bom para o Banco Central (BC). A inflação, segundo os
economistas, vai cair pelo menos 0,5 ponto percentual este ano só por conta das
alterações na fórmula de cálculo.
A atualização nos pesos dos grupos que
compõem as classes de despesas, de acordo com o economista-chefe do Banco
Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, já deveria ter sido feita.
"Estava sendo usada uma medida errada, com o IBGE dando um peso muito
grande para coisas que as famílias brasileiras não consomem mais",
explicou.
Segundo o IBGE, cinco dos nove grupos que compõem o
IPCA perderam peso na fórmula de cálculo, entre eles alimentação (de 23,45%
para 23,12%); educação (de 7,21 para 4,37%); vestuário (de 6,94% para 6,66%) e
despesas pessoais (de 10,53% para 9,94%). Já habitação (de 12,25% para 14,61%)
e transporte (de 18,68% para 20,54%) sofreram elevação. No grupo alimentação,
por exemplo, produtos como chuchu saíram do cálculo e entraram itens mais
sofisticados, como salmão.
NACIONAL
À espera da regulamentação
Movimento nacional da categoria comemora decisão da
presidente Dilma de vetar projeto de lei que prevê o reconhecimento da
profissão, por achar que texto burocratizaria atividade
Eduardo Tristão Girão
Categoria que há anos briga por dignidade e
reconhecimento profissional no Brasil, os catadores de material reciclável
terão de esperar ainda mais pela regulamentação da atividade. A presidente
Dilma Rousseff apresentou anteontem veto ao projeto de lei do senador Paulo
Paim (PT-RS) que prevê a sua regulamentação, o que inclui também a atividade de
reciclador de papel. Enquanto Paim lamenta o ocorrido, o Movimento Nacional dos
Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) comemora.
"É uma vitória para nós", diz Roberto
Laureano, integrante da coordenação nacional do movimento. A regulamentação da
profissão continua a ser um objetivo, acrescenta, mas não da maneira prevista
no projeto vetado: "Reciclagem hoje virou moda e a gente fica preocupado
com isso, pois os catadores é que têm de ser beneficiados. Não queremos patrão,
mas cooperativismo. Somos donos do nosso negócio". Para ele, a lei
burocratizaria a atividade e prejudicaria o dia a dia do catador.
"O governo baixou um decreto em linha
semelhante à que está no projeto de lei que apresentei. Em vez de dialogar e
trabalhar com as propostas em tramitação na casa, preferiram sepultar a lei,
que é mais importante que um decreto e poderia ter sido aperfeiçoada. Pequenos
ajustes é que deveriam ter sido feitos", rebate Paulo Paim. Segundo ele, o
Projeto de Lei 618/2007 foi elaborado a partir de proposta que recebeu durante
congresso nacional de entidades de catadores de material reciclável.
"Respeito a posição do movimento e acho que o
encaminhamento de tudo isso foi um equívoco", acrescenta o senador.
Segundo ele, houve reuniões com representantes dos movimentos de catadores para
que o projeto de lei avançasse em relação ao disposto no decreto elaborado pelo
Poder Executivo, já que teria origem em reivindicações da própria categoria.
Roberto Laureano, do MNCR, alega que sua entidade
deveria ter sido consultada à época da elaboração do projeto de lei.
"Foram ouvidos catadores que não têm percepção política das leis",
garante. Ele informa que há ainda outra luta em curso. "Trabalhamos pela
aprovação da lei para pagamento diferenciado de Previdência Social para os
catadores", diz.
CARTEIRA Com 21 anos de existência e cerca de 190
associados em Belo Horizonte, a Associação dos Catadores de Papel, Papelão e
Material Reaproveitável (Asmare) também se posiciona a favor da regulamentação
da atividade. "Há muito tempo queremos reconhecimento. Éramos tratados
como marginais e corríamos de polícia e fiscal. Agora somos parceiros",
afirma Maria das Graças Maçal, ex-catadora e atual coordenadora-geral da
entidade, da qual é uma das fundadoras.
Trabalhando 12 horas por dia na coleta e triagem de
material reciclável, Selma Silva, de 36 anos, diz que a renda mensal que recebe
atualmente como associada da Asmare (R$ 700, em média) é o suficiente para
sustentar os seis filhos. No entanto, ela precisa submeter-se a cirurgia e,
para continuar sustentando a família no período de recuperação, é essencial ter
carteira de trabalho assinada – no caso dela, algo possível apenas com a
regulamentação da atividade, que exerce desde os 7 anos.
Já Cláudio Teixeira, de 41, chegou a ser associado
à Asmare, mas hoje exerce a profissão de forma autônoma. E lá se vão 30 anos
carregando sozinho carroças que chegam a suportar 300 quilos de papel e
papelão. Sua jornada de trabalho beira as 16 horas diárias. "Fica difícil
abrir um crediário, por exemplo, pois não tenho como comprovar renda",
reclama.
GERAIS
Alerta para deslizamentos
Força-tarefa vistoria 50 locais com alto risco de
desmoronamento e afundamento de terreno, incluindo áreas nobres de BH, para
buscar soluções e evitar tragédias
Pelo menos 50 pontos localizados em áreas de alto
risco geológico em várias regiões de Belo Horizonte estão sendo vistoriados por
uma força-tarefa formada por agentes da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil
(Comdec) e 28 engenheiros voluntários da Associação Brasileira de Mecânica dos
Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS). Os locais sob risco iminente de
deslizamento e afundamento de solo que podem ameaçar a integridade de
construções estão por toda a cidade, inclusive áreas nobres, como o Sion e
Mangabeiras, na Região Centro-Sul de BH. No fim das vistorias, previsto para
sábado, serão recomendadas soluções construtivas para sanar os problemas e
recomendações da Comdec para aprimorar o código construtivo municipal.
De acordo com os engenheiros, a contribuição poderá
culminar na proibição de construir em terrenos considerados de alto risco. O
mutirão técnico foi formado nesta semana e atua desde segunda-feira. O primeiro
local vistoriado foi o Bairro Buritis, na Região Oeste, onde um edifício
condenado desabou antes que a ordem judicial para demolição fosse cumprida.
Outros três estão sob ameaça e um deles já recebeu ordem para ser demolido. De
acordo com o coordenador da Comdec, coronel Alexandre Lucas Alves, os 50 locais
vinham sendo monitorados, mas careciam de embasamento especializado para que as
notificações fossem mais precisas aos moradores e outras pessoas que passam
nesses lugares. "Estamos sendo acompanhados por profissionais de notório
saber técnico e que poderão nos auxiliar nas melhores soluções possíveis para
cada caso", disse. Os locais onde as vistorias ocorrem não são divulgados
pela Comdec. "É uma estratégia institucional para que não ocorra o mesmo
que está havendo no Buritis. Os edifícios ameaçados se transformaram numa
atração turística, reunindo gente à sua volta. Isso leva ainda mais
perigo", afirma o coordenador.
O Estado de Minas percorreu locais vistoriados pela
força-tarefa. Entre as ruas João Camilo de Oliveira Torres e Engenheiro Bady
Salum, no Mangabeiras – próximo à Praça do Papa e ao Palácio das Mangabeiras –,
há uma encosta da qual sedimentos e pedras grandes deslizam há anos ameaçando
construções próximas e em especial uma grande casa branca que está desocupada.
O imóvel já foi notificado pela Comdec. "A situação ali é crítica. A
movimentação do solo está ocorrendo e um pedaço da encosta já desceu. A mansão
que fica no alto está correndo risco de ser danificada e até de desabar dependendo
do que ocorrer", analisa o engenheiro da ABMS Ivan Libânio Vianna.
"Estamos dando esse apoio técnico à Defesa Civil com foco na prevenção de
acidentes e preservação da vida humana. Não sabemos os locais de antemão, a
Comdec é que nos leva e nós avaliamos", afirma Vianna.
Proprietário de uma casa na Rua Engenheiro Bady
Salum, na parte de cima da encosta, o consultor Cláudio Santos reclama que a
prefeitura tem feito constantes vistorias no bairro, mas nenhuma providência
foi tomada. "Moro aqui há quatro anos e a casa sempre esteve fechada.
Tenho certeza de que o barranco nos fundos da propriedade vai ceder ainda
mais", alertou. Para o vigia Ronaldo Pereira, ainda há risco de os
sedimentos soterrarem completamente a Rua João Camilo de Oliveira Torres. Metade
da via já foi encoberta pela terra, obrigando os veículos a trafegarem em uma
faixa. "Os moradores estão com medo de ficarem ilhados, uma vez que a rua
é sem saída", afirmou Pereira. Alguns metros à frente, outro
desmoronamento obstruiu parte da pista ao redor da Praça Anselmo Bruschi, parte
do itinerário da linha de ônibus 4103 (Aparecida/Mangabeiras).
PERIGO NO SION Outro ponto que inspira cuidados e
foi avaliado ontem fica na altura do número 927 da Rua Patagônia, no Sion. Lá
os perigos são nítidos. Os passeios e o muro de contenção já racharam com
fissuras em que cabe um braço. Três postes precisaram ser substituídos pela
Cemig, pois corriam risco de desabar. "A região toda é composta por solo
muito instável, composto por filito, que é um minério fino combinado com
rocha", avalia o engenheiro da ABMS. Morador de um edifício em frente à
encosta, o aposentado Eduardo Vieira revela que a terra vem deslizando aos
poucos desde o início das chuvas. "Tem até um bolsão de barro formado numa
das bases do morro. Se não fizerem nada, é inevitável que a terra caia sobre os
veículos que passam pela via", alertou.
Acidentes se multiplicam
Nas últimas 24 horas, pelo menos sete pessoas
morreram nas estradas mineiras. Um dos acidentes mais graves envolveu dois
caminhões e uma van da Prefeitura de Luz, no Centro Oeste de Minas, que transportava
pacientes oncológicos para tratamento em Divinópolis, deixou três mortos e nove
feridos. A batida foi na manhã de ontem no km 520 da BR-262, no trevo que dá
acesso à cidade de Luz.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o motorista
do caminhão que seguia em sentido Belo Horizonte/Araxá, perdeu o controle da
direção e bateu na traseira de um outro caminhão que seguia logo à frente. Com
o impacto, o primeiro caminhão invadiu a contramão e atingiu a lateral de uma
van, que levava 12 pacientes para tratamento de câncer em Divinópolis.
Joice Rodrigues Miranda, de 23 anos, Antônia
Gontijo Camargo, de 58, e Valdir Antônio Lima, de 57, morreram na hora. Todos
eram pacientes da Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas
(Acccom). Outros nove feridos foram encaminhados para o Pronto Socorro de Luz.
Dois deles, Aparecida Donizete, de 56, e José
Osvaldo de Carvalho, de 57, foram encaminhados para o Hospital São João de
Deus, em Divinópolis. O estado de saúde da mulher é considerado grave. Já a
paciente Elida Rodrigues, de 36 anos, teve que ser encaminhada para o Hospital
João XXIII. Ela passou por uma drenagem torácica e seu estado de saúde é
estável.
Chuva De acordo com a Polícia Militar, chovia muito
no momento do acidente. De acordo com o secretário de Saúde de Luz, José Márcio
Zanardi, nos últimos oito dias foram registrados graves ocorrências com
vítimas. "Estamos vivendo situação de calamidade. O município não tem
suporte para atender politraumatizados e vítimas graves. Não temos ambulâncias
suficientes. As vitimas graves são levadas para Hospital João de Deus, em
Divinópolis, ou João XXIII em Belo Horizonte. Isso gera um outro problema, que
é arrumar vaga nessas unidades".
De acordo com o secretário, o prefeito de Luz, Agostinho
Carlos Oliveira (PT), vai solicitar uma audiência com o Departamento Nacional
de Infraestrutura e Transporte (Dnit) para falar sobre o perigo na BR-262.
"A estrada está mal sinalizada. Se chover é certeza de acidente",
conta Zanardi.
MAIS MORTES No km 345 da BR-040, em Felixlândia, na
Região Central, um Toyota Hilux bateu em um eucalipto e matou três pessoas na
madrugada de ontem. Outras três pessoas ficaram feridas. Segundo o Corpo de
Bombeiros, testemunhas disseram que o motorista seguia no sentido
Felixlândia/Três Marias e perdeu o controle do veículo.
A caminhonete, com placa de Jacobina (BA), bateu na
árvore. Morreram presos às ferragens os passageiros Rogério de Souza Dias, de
29, Rufino José da Silva Neto, de 22, e José Werbson Oliveira da Silva, de 18.
O motorista Gerônimo Geraldo da Silva, de 37, e os ocupantes Reginaldo Pedro da
Silva, de 30, Gismayk Geraldo da Silva,de 18, foram encaminhados com ferimentos
para Hospital Municipal de Felixlândia.
Também na BR-040, na altura do km 588 da rodovia,
em Itabirito, na Região Central do estado, um caminhão e uma carreta bateram de
frente. Uma vítima ficou presa às ferragens e outra foi arremessada para fora
do veículo. O motorista da carreta morreu.
Na noite de terça-feira, três pessoas morreram, entre
elas um menor de 11 e uma adolescente de 16 anos, em um acidente na BR-365,
perto de Patrocínio, no Alto Paranaíba. Segundo a Polícia Rodoviária Federal
(PRF), o motorista perdeu o controle da direção, saiu da pista e bateu em uma
árvore.
Águas invadem a história
Rio das Mortes
transborda e enche as ruas de Tiradentes, no Campo das Vertentes, às vésperas
da Mostra de Cinema. Até um trator é usado para transportar caixão ao cemitério
Gustavo Werneck
Enviado especial
Tiradentes – A pouco mais de uma semana de seu
evento cultural mais importante – a 15ª Mostra de Cinema, que irá de 20 a 29 –
a turística cidade da Região do Campo das Vertentes, a 190 quilômetros de Belo
Horizonte, está mergulhada há três dias em águas turbulentas. Até ontem, para
entrar no Centro Histórico, só mesmo pegando carona numa carreta puxada por
trator, colocada à disposição de moradores e turistas pela prefeitura. O Rio
das Mortes subiu mais de quatro metros e inundou a Rua dos Inconfidentes,
principal entrada de Tiradentes, impedindo o trânsito de veículos. Quem se
arriscou à travessia, à pé, passou com a correnteza pela cintura. para os
moradores mais antigos, esta foi a maior enchente na história da cidade.
Às 16h, uma cena chamou a atenção e comoveu muita
gente. O enterro de uma mulher, de 51 anos, que era moradora do Bairro das
Várzeas, também afetado pelas águas do Rio das Mortes, teve de ser feito também
de forma improvisada. O caixão seguiu na carreta, coberto por uma lona azul,
enquanto familiares e amigos se dividiam em várias viagens até o cemitério, do
outro lado da ponte. As águas cobriram cerca de um quilômetro da Rua dos
Inconfidentes, atingindo até 50cm de altura. Na via pública há muitas pousadas
e estabelecimentos comerciais, e era possível ver as águas escuras passando
pela portaria e portões, além de proprietários com cara de desolação ou bem
animados, de vassoura e rodo em punho.
Os dois lados da ponte ficaram cheios de gente,
como se fossem pontos de ônibus. A cada vez, a carretinha transportava cerca de
50 "passageiros". O engenheiro civil Francisco de Paulo Nascimento,
de 58 anos, se lembrou de problema semelhante em 1992. "A cidade vive do
turismo, então essa situação nos preocupa muito. Não imaginei que tivesse que
passar para o outro lado assim, preferiria, claro, caminhar ou seguir de
carro", afirmou, destacando que os charreteiros, que fazem o passeio
tradicional pelas ruas do Centro Histórico, "ficaram no zero".
Também esperando o transporte improvisado, o dono
de pousada Júlio César do Nascimento, nascido e criado em Tiradentes, lembrou
que a cidade vive "101% do turismo". Esperançoso, ele garantiu que,
hoje (quinta-feira) todo o transtorno já terá passado. E, para provar, mostrou
o piso de um posto de gasolina, apontando, uns 20cm acima, a marca do dia
anterior pela manhã.
Sem paciência para esperar o tratar, um grupo de
jovens preferiu atravessar a Rua Inconfidentes num bote até o início da ponte,
que não ficou coberta pelas águas. "Assim vou mais rápido. Vim resolver
uns problemas em Tiradentes e tenho que voltar logo", explicou o lojista
Gustavo Nascimento, de 25, morador do município vizinho de São João del-Rei.
O secretário de Turismo de Tiradentes, Felipe W.
Gomes Barbosa, está certo de que a enchente não terá influências na Mostra de
Cinema ou afetará os passeios. "Choveu nas cabeceiras do Rio das Mortes e
a nossa cidade sofreu os efeitos. Mas sexta-feira) a água já terá baixado e o
fim de semana será de faxina", disse. Felipe contou que o Centro Histórico
da cidade não foi afetado e que não houve problemas com a população.
"Apenas oito famílias ficaram desabrigadas, foram levadas para uma escola,
mas já vão voltar para as suas casas."
SÃO JOÃO DEL-REI
As chuvas mais fortes foram no domingo e
segunda-feira. Ontem houve apenas ligeiras pancadas durante o dia, com o
aparecimento de um sol meio tímido. Em São João del-Rei, a ponte sobre o Rio
das Mortes ficou interditada das 16h de terça-feira até 13h30 de ontem. O curso
d"água subiu cinco metros e cobriu a estrutura. Longas filas se formaram
dos dois lados e apenas metade da pista foi aberta para os motoristas.
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