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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

12 de janeiro de 2012 - ESTADO DE SÃO PAULO


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PRIMEIRA PÁGINA

BNDES oferece crédito de R$ 4 bi para baratear etanol
Preocupado com o descasamento entre a oferta e o consumo de etanol no País, o governo lançou um programa para incentivar o suprimento do produto. Por meio do BNDES, foi criada uma linha de crédito, com orçamento de R$ 4 bilhões, que vigorará até 31 de dezembro, pela qual o banco vai ofertar, de forma inédita, financiamento agrícola. Batizada de Prorenova, a linha pretende financiar e ampliar em 1 milhão de hectares à área plantada de cana-de-açúcar, trazendo de volta o preço do etanol a patamares competitivos com os da gasolina. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, só em Goiás é mais vantajoso abastecer o carro com etanol. Para competir com a gasolina, o preço do produto precisaria ser 70% mais baixo. Os efeitos do programa, porém, só deverão ser sentidos no longo prazo.

Drama haitiano
Haitianos recebem alimentos do governo do Acre, em imagem do dia 7 divulgada ontem; organismos internacionais pediram ao Brasil cautela em relação aos direitos humanos desses imigrantes, reagindo ao plano do governo de impor cotas para vistos concedidos a cidadãos do Haiti

Dilma ordena e SUS fará troca de próteses mamárias
O governo recuou e anunciou ontem que vai pagar a cirurgia para troca de implantes mamários de silicone das marcas PIP e Rofil que romperam, mesmo nos casos de mulheres que colocaram as próteses por motivos estéticos. O presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, disse que a determinação foi dada pela presidente Dilma Rousseff. Planos de saúde também serão obrigados a atender suas pacientes

Partidos da base já disputam 'santo' Lula nos palanques
Preocupados com a volta de Lula aos palanques petistas, partidos da base aliada já brigam para multiplicar a presença do ex-presidente na caça aos votos, por achar que ele se transformará num "santo", graças à esperada cura de seu câncer. Os partidos vão se debruçar sobre o mapa eleitoral com a expectativa de contar com Lula nos comícios ou na propaganda política

EDITORIAL
O CNJ e seus críticos

"Em tese, são casos de doença ou alguma desgraça extraordinária", diz o novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), desembargador Ivan Sartori, explicando por que alguns desembargadores receberam na íntegra antigos passivos trabalhistas, enquanto outros estão recebendo o que têm direito de receber em parcelas de menor valor.
Esses passivos são valores acumulados por benefícios funcionais legais, ainda que de duvidosa legitimidade, como é o caso do auxílio-moradia. Para os cidadãos comuns, os precatórios judiciais - dívidas sobre cuja legalidade e legitimidade não pairam dúvidas - nunca são recebidos sem longos anos de batalhas forenses. Por ter favorecido alguns desembargadores com pagamento integral, em detrimento de outros juízes e de quem recorre aos tribunais para defender seus direitos, a Justiça paulista está sendo acusada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de afrontar os princípios da impessoalidade e da isonomia.
Entre os magistrados favorecidos estão os ministros Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski, hoje no Supremo Tribunal Federal (STF), e ex-presidentes do TJSP, como Celso Limongi e Roberto Bellocchi. Alguns receberam R$ 200 mil e outros, R$ 700 mil. O valor mais elevado - R$ 1,5 milhão - foi pago a Bellocchi no biênio em que presidiu a Justiça paulista. Hoje aposentado, ele se limitou a afirmar que os depósitos foram legítimos. "Os pagamentos foram por adiantamento de créditos em razão de dívidas e encargos. Há situações pessoais que devem ser compreendidas", disse ele.
Algumas dessas "situações pessoais" - ou "desgraças extraordinárias", como a elas se refere o novo presidente do TJSP - foram divulgadas pela imprensa. Um desembargador alegou que sua cobertura foi inundada por chuvas. Outro disse que precisava de dinheiro para quitar dívidas. Os demais invocaram prestação da casa própria, filhos em apuros e remédios caros.
Quando o CNJ começou a investigar essas irregularidades, inclusive o pagamento de licenças-prêmio no período em que alguns desembargadores nem sequer pertenciam aos quadros da magistratura, entidades de juízes e dirigentes das Justiças estaduais - com apoio de ministros do Supremo Tribunal Federal - acusaram o órgão responsável pelo controle externo do Judiciário de promover "patrulhamento ideológico" e de agir "como no tempo da ditadura". A artilharia mais pesada foi disparada pelo ministro Marco Aurélio Mello. Na última sessão do STF, em 2011, ele determinou a suspensão dos poderes do CNJ de investigar juízes acusados de irregularidades. Nesta semana, no Roda Vida, da TV Cultura, comparou a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, a um "xerife".
"Ficou feio. O ministro desceu o nível. Os tempos mudaram e nem ele nem os desembargadores se aperceberam. Tive vontade de ligar para dizer que as corregedorias sequer investigam desembargadores. Estou vendo a serpente nascer e não posso me calar", disse Eliana Calmon, depois de lembrar o apoio que tem recebido da sociedade e de classificar como "retóricas" as críticas contra o CNJ - principalmente a de que seria um órgão ditatorial.
"A comparação é lamentável. Revela alguns dos piores vícios da retórica política. As garantias dos magistrados são indispensáveis para o funcionamento do Estado de Direito, mas não devem servir para blindar a corporação de qualquer investigação sobre desvio de conduta e atos de corrupção", diz o professor Conrado Mendes, da FGV. "O CNJ não é uma instituição de fachada. Com Eliana Calmon, ele chegou de forma clara à sociedade. A ministra ganhou a opinião pública. E Justiça, enquanto serviço público, deve ter por princípio que a prestação de contas é um dever", afirma a pesquisadora Maria Teresa Sadek, da USP.
Na defesa de seus interesses corporativos, os dirigentes das Justiças estaduais abriram guerra contra o CNJ e, desde o início, ficou claro que quem realmente tinha munição - sob a forma de autoridade, credibilidade e realizações - era o órgão responsável pelo controle externo do Judiciário. Na falta de argumentos para justificar privilégios corporativos e benefícios imorais, ainda que legais, não restaram aos críticos do CNJ outras armas a não ser ameaças e sofismas.

Carne suína certificada

A abertura do mercado americano para a carne suína brasileira é importante para os produtores nacionais tanto pelos negócios que poderão desenvolver na América do Norte quanto pelas oportunidades que a decisão abre para a conquista de novos mercados, sobretudo os asiáticos. Oficializada com o reconhecimento pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de que os serviços brasileiros de inspeção da qualidade de produtos de origem animal são equivalentes aos americanos - cujos rigorosos critérios de avaliação são reconhecidos internacionalmente -, a autorização para a entrada da carne suína brasileira nos EUA pode transformar-se numa espécie de certificado mundial de qualidade. Por meio dele, o Brasil poderá ter acesso a mercados fechados para o produto nacional e que são grandes importadores, como o japonês e o sul-coreano.
"Sem dúvida, a aprovação representa uma chancela de qualidade do produto do Brasil e, acreditamos, terá repercussão em outros mercados ainda fechados para nós", afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, em artigo publicado no Estado (11/1).
A autorização para a entrada no mercado americano vinha sendo negociada pelo Brasil pelo menos desde 2007, quando o Estado de Santa Catarina - por enquanto, o único autorizado a exportar para os EUA, por meio de empresas a serem anunciadas pelo governo brasileiro nos próximos dias - recebeu da Organização Mundial de Saúde Animal a classificação máxima como área livre de febre aftosa. A abertura do mercado dos EUA para a carne suína originária de Santa Catarina é o reconhecimento formal dessa condição pelo governo americano. Santa Catarina, além de maior produtor nacional de carne suína, é o único Estado a não registrar foco de febre aftosa, mesmo sem vacinar seu rebanho.
Mas a decisão americana é boa para os demais produtores brasileiros. Abre a possibilidade de acesso a um grande mercado consumidor, mas altamente competitivo, pois os EUA, embora importem, são também importantes exportadores, e disputam outros mercados com o Brasil.
Para o Brasil, mais promissores podem ser outros mercados, aos quais finalmente poderá ter acesso. O mercado asiático importa anualmente US$ 7 bilhões em carne suína, mas o Brasil não está autorizado a exportar para dois dos maiores importadores do produto, o Japão (o maior importador mundial, com compras anuais de US$ 4 bilhões) e a Coreia do Sul. Uma missão veterinária do Japão visitou o Brasil em agosto. Em abril, ao Brasil já viera uma missão da Coreia do Sul. Os processos de autorização para a entrada do produto brasileiro nesses países estão em andamento e a expectativa do governo e dos exportadores do País é de que a liberação do mercado americano influa na decisão de Tóquio e Seul.
O ano passado foi complicado para os exportadores brasileiros. Logo no início do ano, a Rússia - até então, a maior importadora da carne suína brasileira - suspendeu a compra de seis frigoríficos gaúchos. Em junho, estendeu a medida para todos os demais exportadores brasileiros. Depois, reviu apenas parcialmente as restrições, com a autorização para que só um desses estabelecimentos voltasse a exportar carne suína. Desse modo, as exportações para a Rússia despencaram em 2011.
Parte da quebra das vendas para a Rússia foi compensada pelo aumento das exportações para Hong Kong, que se tornou a principal importadora de carne suína brasileira. Nos dois últimos meses do ano passado, cresceram rapidamente as exportações para a China, que, na avaliação da Abipecs, logo deverá aparecer na lista dos principais mercados compradores.
Mesmo assim, o resultado das exportações brasileiras foi afetado pelo embargo russo, pois o volume de carne suína exportada, de 516,4 mil toneladas, foi 4,44% menor do que o de 2010, de 540,4 mil toneladas. Mas, por causa do bom momento do mercado internacional, o valor das exportações, de US$ 1,43 bilhão, foi 6,7% maior do que o de 2010 - US$ 1,34 bilhão.

OPINIÃO
Inflação e decisões de política econômica

Antonio Corrêa de Lacerda

A inflação oficial brasileira atingiu 6,5% em 2011, no limite do teto da margem de tolerância, de 2 pontos porcentuais, da meta anual. Diante das circunstâncias domésticas e do cenário externo, não deixou de ser um resultado favorável.
Ocorreu grande discussão entre os analistas econômicos no final de agosto de 2011, quando o Banco Central (BC), corretamente, começou a reduzir a taxa básica de juros. Houve até mesmo quem questionasse a autonomia do BC diante do governo e fizesse ilações de ingerência na sua decisão. No entanto, como já defendi neste espaço anteriormente, a medida estava correta.
O primeiro aspecto a ser destacado é que, embora uma inflação anual de 6,5% pareça exagerada, esse não é um problema exclusivo brasileiro. Em face do aumento dos gastos públicos e do crescimento do endividamento em vários países, aliado ao crescimento da demanda, principalmente da China e da Índia, houve substancial aumento dos preços das commodities, especialmente nos dois anos anteriores, até meados de 2011. Esse quadro fez com que a inflação mundial crescesse de modo expressivo no ano passado. Apesar da crise, ocorreu aumento dos preços nos países centrais. Nos EUA, a inflação de 12 meses chegou a 3%; na Europa, a 3,5%. A China chegou a ter, em outubro, inflação acumulada em 12 meses de 5,5%; a África do Sul, de 6%; Rússia, mais de 7%; e a Índia, de 10%. Em países como Argentina e Venezuela, a inflação supera dois dígitos.
Nos últimos meses, a crise tem derrubado alguns preços e isso tem feito com que a inflação venha se reduzindo em vários países, inclusive no Brasil. Vale, ainda, destacar que têm prevalecido, desde a crise de 2008, taxas básicas de juros reais muito baixas, mesmo negativas, nos países ricos. Isso porque os governos têm claramente privilegiado o combate aos efeitos da crise, em detrimento de uma política monetária mais rígida, o que poderia trazer resultados mais rápidos sobre os preços, mas com custos econômicos e sociais elevados.
É muito provável que este ano a inflação brasileira se aproxime do centro da meta, de 4,5%, não só em razão dos aspectos internacionais já apontados, mas também porque há um claro desaquecimento do nível de atividades, dos 7,5%, em 2010, para algo próximo de 3%, na média, de 2011 e 2012. Isso não quer dizer que não haja uma ampla agenda a ser trabalhada internamente para garantir um nível de inflação mais controlado nos próximos anos, e não apenas circunstancial. Nesse sentido, salta aos olhos a questão da indexação, por exemplo, uma clara distorção do nosso processo de formação de preços. O reajuste automático de preços e tarifas, atrelados a indicadores de inflação, faz com que haja a perpetuação de níveis inflacionários passados, dificultando o papel da taxa de juros e de outros instrumentos de política monetária.
Os preços dos serviços têm crescido acima da média dos demais itens nos últimos anos e isso tem muito que ver com as transformações em curso na economia do Brasil. O crescimento do poder de consumo das classes de menor renda tem ampliado a demanda por serviços, o que cria um ambiente favorável à alta de seus preços. Trata-se de um reordenamento dos preços relativos e o processo deve perdurar, embora possa ser amenizado com o fomento à concorrência e o aumento da produtividade.
Parte expressiva da inflação, pois, decorre de mudanças estruturais na economia. Daí a importância de adotar a estratégia correta para combatê-la, sob pena de sacrificar o crescimento econômico. O desafio é diagnosticar adequadamente as causas e consequências da inflação, considerando, além dos fatores exógenos e endógenos, a relação custo-benefício das escolhas das políticas econômicas. Não podemos ser lenientes com o crescimento dos preços, mas seria um grande equívoco sermos "mais realistas que o rei" e, em nome de uma pseudoausteridade, pôr a perder um importante processo de melhora na distribuição da renda dos brasileiros.

POLITICA
Partidos governistas já exigem pacto sobre ação do ‘santo Lula’ em eleições
Partidos da base temem mais a presença do ex-presidente nos palanques do que a atuação da presidente Dilma, especialmente após comoção gerada com tratamento do petista contra o câncer

Vera Rosa, de O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Preocupados com a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos palanques petistas, em meados deste ano, partidos da base do governo já brigam pela divisão do espólio lulista na caça aos votos. Sem esconder que temem mais a participação de Lula do que a da presidente Dilma Rousseff na campanha, aliados comparam o apoio do antigo chefe a um tiro de "canhão".
"Dilma garante que não privilegiará nenhum candidato de sua base em detrimento de outro. Mas e o canhão do Lula? O que a gente faz com ele?" pergunta o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). "A emenda pode ficar pior do que o soneto."
Com a expectativa da cura de Lula, em tratamento para combater um câncer na laringe, dirigentes de partidos governistas não têm dúvidas de que ele se transformará numa espécie de "santo" nos comícios. Munidos dessa avaliação, prometem disputar a imagem do ex-presidente palmo a palmo com o PT.
Na prática, os 14 partidos que integram o Conselho Político do governo Dilma vão se debruçar sobre o mapa eleitoral com a expectativa de um acerto sobre a "multiplicação" de Lula nos comícios e até mesmo na propaganda política. O prazo final para as convenções que homologarão as candidaturas é junho.
Kassab. A movimentação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab - que procurou Lula para conversar sobre a possível aliança do PSD com o PT -, também provoca ciúme nos aliados tradicionais. Kassab sugeriu um nome do PSD, como o do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para vice de Fernando Haddad, ministro da Educação e pré-candidato do PT à Prefeitura paulistana. Meirelles já disse ao comando do PSD que não entrará na disputa.
Ao mesmo tempo, porém, Kassab negocia uma aproximação com o PSDB e insiste no nome do vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD) como cabeça de chapa.
Na prática, a investida de Kassab - ainda que vista com ceticismo nos dois lados e encarada como um ultimato político aos tucanos - provoca mais entusiasmo no Palácio do Planalto do que na cúpula petista, que sempre desconfia de suas atitudes.
"Não podemos nos esquecer que 2012 é a antessala para a corrida presidencial de 2014", insistiu Alves, o líder do PMDB na Câmara. "É preciso respeito à base aliada nas campanhas e teremos de administrar essa situação."
Abusos. Em 2010 e 2008, Lula foi multado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob acusação de ter cometido "excessos" nos palanques.
Se persistir o atual cenário político, o PT e o PMDB estarão em lados opostos nas disputas por prefeituras de 14 das 26 capitais, como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife e Natal.
"O prestígio do Lula é inegável, mas, se o Haddad não mostrar competência, não há ninguém que o eleja", resumiu o deputado Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo. Chalita afirmou não acreditar que o ex-presidente faça algum gesto contra ele na campanha. "Ninguém precisa destruir ninguém. É possível um pacto de não agressão entre nós", comentou.
Descrente de um acordo com o PT, o deputado Paulo Pereira da Silva, pré-candidato do PDT à sucessão de Kassab (PSD), já antevê problemas. "Nós esperamos do Lula e da Dilma um comportamento de aliados, e não de adversários", provocou Paulinho, como é conhecido.
Presidente da Força Sindical, o deputado vive às turras com o PT há algum tempo e as rusgas só pioraram com a queda do ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT). "O problema é que o PT não respeita ninguém. Depois, não dá para cobrar apoio no segundo turno, porque aí as coisas complicam", criticou ele.
O presidente do PT, Rui Falcão, amenizou as cotoveladas na base aliada e garantiu que Lula ajudará o partido, quando terminar o tratamento médico. "Ele me disse que fará no máximo uma palestra por mês. O resto do tempo vai viajar e fazer campanha para o 13 e para o PT."
Na avaliação do vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, a coalizão que representa o governo Dilma deve se empenhar para repetir a parceria federal no maior número possível de cidades. "Mas isso não pode ser uma camisa de força", ressalvou. Ele sugere que o pacto de boa convivência nas campanhas seja capitaneado por Dilma e Lula.
A presidente não pedirá votos de forma ostensiva, mas pode gravar mensagens de apoio a candidatos da preferência do Planalto e participar de comícios. Para evitar acusações de uso da máquina, a Advocacia Geral da União vai preparar cartilha com informações sobre o que Dilma e os ministros devem evitar.

Mesmo no hospital, costuras políticas são intensas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi submetido ontem à sexta sessão de radioterapia e à quimioterapia complementar ao tratamento contra o câncer de laringe. Como de costume, enquanto é atendido no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Lula aproveita para receber visitas e conversar sobre política. Ontem foi a vez do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social Luiz Gushiken, da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e do embaixador de Angola no Brasil, Nelson Cosme.
Lula tem feito das idas diárias ao hospital uma oportunidade para encontrar amigos e falar de política. A expectativa é de que o ex-presidente enfrente o ciclo de radioterapia, cuja duração total deve ser de seis a sete semanas, tão bem quanto reagiu aos três ciclos de quimioterapia, no final do ano passado.
DAIENE CARDOSO

Temer se move, mas plano de Lula é PMDB com Haddad

Bastidores: Julia Duailibi

Apesar da movimentação do vice-presidente Michel Temer em favor da candidatura do deputado Gabriel Chalita (PMDB) na corrida pela Prefeitura de São Paulo e da ação do prefeito Gilberto Kassab em prol de uma aliança com o PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda tem no radar uma coligação entre petistas e peemedebistas na capital em torno do ministro Fernando Haddad (Educação).
Lula conversou com Temer no final do ano passado sobre a candidatura Chalita e não pediu ao vice de Dilma Rousseff que impedisse a entrada na disputa do deputado. Disse a interlocutores, inclusive, achar legítima a ação de Temer para fortalecer o PMDB no Estado, na esteira da morte do ex-governador Orestes Quércia, que comandava a sigla.
Mas o petista deixou claro que, em política, tudo precisa decantar, sobretudo candidaturas. A estratégia de Lula é dar tempo ao tempo e avaliar se Chalita de fato vai emplacar. Para ele, uma coisa é o PMDB articular a précandidatura. Outra é lançá-la. O partido, principal aliado do PT e dono do 2.º maior tempo de TV no horário eleitoral gratuito, pode ser sensível aos apelos do Planalto, sobretudo se houver garantia de Temer na vice em 2014.
Petistas lembram que Lula demorou também para agir no caso da prévia para definir o candidato em São Paulo. Quando se dizia que a disputa interna era fato consumado, ele tratorou o PT e emplacou Haddad. Nada garante que não repetirá a história com os aliados.

Dilma 'subdimensiona' PMDB, diz cúpula da sigla
Valdir Raupp, presidente do partido, manda recado ao Planalto no momento em que reforma ministerial está na mesa, mas diz que não exigirá pastas

GUSTAVO URIBE / AGÊNCIA ESTADO - O Estado de S.Paulo

No momento em que a presidente Dilma Rousseff tenta conciliar interesses de seus aliados ao definir trocas nos ministérios, o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), afirmou que a o partido, braço direito da petista na coalizão, está "claramente subdimensionado" no governo federal.
Apesar do recado, o peemedebista negou que a sigla vai reivindicar mais espaço na Esplanada na reforma ministerial prevista para o começo deste ano.
Segundo Raupp, a presidente Dilma Rousseff já teve uma conversa sobre eventuais mudanças nos ministérios com o vice-presidente Michel Temer. "O PMDB está claramente subdimensionado, mas nem por isso nós vamos ficar cobrando da presidente um espaço maior", afirmou. "Essa é uma decisão exclusiva da presidente. Se ela entender que o PMDB está subdimensionado no governo federal, e quiser abrir mais espaço, ela chamará as lideranças do partido para conversar", acrescentou.
Nova conversa entre Dilma e Temer ainda deverá ocorrer antes da reforma ministerial, informou o presidente do partido. "O PMDB não vai reivindicar absolutamente nada, nem troca de ministérios, nem mais ministérios."
Conforme revelou o Estado na edição de ontem, a presidente tem encontrado nos últimos dias dificuldades para definir nomes e realizar a reforma ministerial, que deve ser transferida para o início de fevereiro. A expectativa do Palácio do Planalto é de que sejam trocados de cinco a oito ministros, evitando provocar atritos entre os partidos da base aliada do governo federal.
Raupp disse que ainda não conversou sobre uma eventual saída do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, nem com o governo nem com o titular da pasta, que á alvo de uma sucessão de denúncias sobre uso político e direcionamento de verbas da pasta para Pernambuco e seu reduto eleitoral, Petrolina.
Raupp lembrou, contudo, que o ministro poderá deixar o cargo para se candidatar à Prefeitura de Recife. "Acredito que ele já ia sair na reforma, até porque ia ser candidato à prefeito", disse. "É uma questão de dias, não pelos recentes episódios, mas por conta da eleição." No entanto, nos últimos dias, o ministro negou que seja candidato e deu sinais à presidente de que abre mão da candidatura para ficar no cargo.

CGU prega rigor no envio de emendas para ONGs

MARTA SALOMON / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

O aumento de verbas destinadas pelo Congresso à ONGs por meio de emendas parlamentares não deverá ser acompanhado por um volume maior de liberações, reagiu Luiz Navarro, ministro interino da Controladoria-Geral da União (CGU). Ele adiantou que os pagamentos a entidades sem fins lucrativos seguirão um "cuidado maior", segundo as regras definidas depois da demissão de três ministros envolvidos com o mau uso de dinheiro público no ano passado.
A CGU confirmou o levantamento do Estado, que mostra o aumento em quase R$ 1 bilhão dos gastos autorizados com ONGs no Orçamento da União para 2012. Com isso, as verbas destinadas a entidades passou para R$ 3,4 bilhões, cerca de 20% a mais do que o valor pago no ano passado (R$ 2,8 bilhões).
A efetiva liberação desse dinheiro dependerá do Executivo. Em meio às crises que levaram às demissões dos ministros do Turismo, do Trabalho e do Esporte, a escolha de ONGs passou a exigir seleção pública e a implicar responsabilidade direta do ministro.
Segundo reiterou Navarro, a destinação de verbas a uma determinada entidade por meio de emenda não significa que o dinheiro será liberado. A intenção do governo é evitar a contratação de entidades fantasmas ou mal qualificadas para exercer atividades em parceria com a União.
Navarro confirmou para o final de janeiro a divulgação da lista de ONGs que terão de devolver dinheiro dos convênios e não poderão mais celebrar contratos com a União. A lista é resultado da devassa determinada nas ONGs no final de outubro e que alcançou as entidades que ainda tinham dinheiro a receber do governo.
O ministro adiantou que poucas entidades já tiveram dinheiro liberado desde então. "Praticamente não houve liberação para essas entidades, os ministérios optaram por uma avaliação mais profunda dos contratos", disse. A CGU divide com a Casa Civil a coordenação da devassa nas entidades privadas sem fins lucrativos.
MARTA SALOMON / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O aumento de verbas destinadas pelo Congresso à ONGs por meio de emendas parlamentares não deverá ser acompanhado por um volume maior de liberações, reagiu Luiz Navarro, ministro interino da Controladoria-Geral da União (CGU). Ele adiantou que os pagamentos a entidades sem fins lucrativos seguirão um "cuidado maior", segundo as regras definidas depois da demissão de três ministros envolvidos com o mau uso de dinheiro público no ano passado.
A CGU confirmou o levantamento do Estado, que mostra o aumento em quase R$ 1 bilhão dos gastos autorizados com ONGs no Orçamento da União para 2012. Com isso, as verbas destinadas a entidades passou para R$ 3,4 bilhões, cerca de 20% a mais do que o valor pago no ano passado (R$ 2,8 bilhões).
A efetiva liberação desse dinheiro dependerá do Executivo. Em meio às crises que levaram às demissões dos ministros do Turismo, do Trabalho e do Esporte, a escolha de ONGs passou a exigir seleção pública e a implicar responsabilidade direta do ministro.
Segundo reiterou Navarro, a destinação de verbas a uma determinada entidade por meio de emenda não significa que o dinheiro será liberado. A intenção do governo é evitar a contratação de entidades fantasmas ou mal qualificadas para exercer atividades em parceria com a União.
Navarro confirmou para o final de janeiro a divulgação da lista de ONGs que terão de devolver dinheiro dos convênios e não poderão mais celebrar contratos com a União. A lista é resultado da devassa determinada nas ONGs no final de outubro e que alcançou as entidades que ainda tinham dinheiro a receber do governo.
O ministro adiantou que poucas entidades já tiveram dinheiro liberado desde então. "Praticamente não houve liberação para essas entidades, os ministérios optaram por uma avaliação mais profunda dos contratos", disse. A CGU divide com a Casa Civil a coordenação da devassa nas entidades privadas sem fins lucrativos.


ECONOMIA
BNDES oferece R$ 4 bi de crédito para aumentar produção de etanol
Linha especial de financiamento estará aberta até 31 de dezembro e pretende ampliar em 1 milhão de hectares a área de canaviais no País

ALESSANDRA SARAIVA / RIO, EDUARDO MAGOSSI / SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo

Preocupado com o descasamento entre a oferta e o consumo de álcool combustível no País, o governo lançou ontem um programa para incentivar o suprimento do produto. Por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi criada uma linha especial de crédito, com orçamento de R$ 4 bilhões, que vigorará até 31 de dezembro deste ano, pela qual o banco de fomento vai ofertar, de forma inédita, financiamento agrícola.
Batizada de Prorenova, a linha pretende financiar e ampliar em 1 milhão de hectares a área plantada de cana-de-açúcar e trazer de volta o preço do álcool anidro a patamares competitivos com os da gasolina. De acordo com levantamento feito este mês pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), apenas em Goiás é mais vantajoso abastecer com álcool, vendido nos postos da região por R$ 1,994 o litro, do que com gasolina (R$ 2,853 o litro). O preço do álcool só é mais competitivo se não ultrapassar 70% do preço da gasolina.
Aumento de produção. Os efeitos do programa no aumento da produção de cana, porém, só deverão ocorrer no longo prazo. O BNDES prevê volume adicional de etanol de 2 bilhões a 4 bilhões de litros entre 2013 e 2014. Mas, o setor sucroalcooleiro estima que o programa deveria durar, pelo menos, três anos para eliminar os cerca de 150 milhões toneladas de capacidade ociosa.
Adversidades climáticas e a falta de investimentos provocadas pela crise de 2008 levaram a uma quebra na produção de cana, principalmente no Centro-Sul brasileiro, que saiu de uma produção de quase 600 milhões para 490 milhões de toneladas.
O gerente setorial do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Arthur Milanez, diz que o programa deve influenciar mais o mercado de etanol do que o de açúcar e reduzir desequilíbrios no preço do etanol no mercado doméstico. "O açúcar é um preço internacional com variáveis que fogem ao alcance de um programa como este. O preço do etanol tem mais a ver com mercado doméstico", afirmou.
Jacyr Costa Filho, presidente do grupo sucroalcooleiro Guarani, diz que a iniciativa é positiva, embora em termos de custo os juros ainda tenham ficado um pouco acima do esperado pelo mercado. A taxa de juros da linha é de 1,3% mais TJLP (6%), mais 1,3% de taxa de remuneração e 0,5% de custo fixo, o que dá um total de 7,8% ao ano. "Além desse juro, o sistema bancário também cobrará um spread, que poderá elevar o custo do dinheiro para perto de 10% ao ano."
A expectativa é que só as grandes e médias empresas consigam recursos. "Infelizmente, os recursos não estarão disponíveis para todos. Mas o dinheiro será importante para ajudar as empresas saudáveis a voltar a operar sua capacidade industrial e ter uma boa performance financeira", diz Plínio Nastari, da Datagro Consultoria.
Ele calcula que os R$ 4 bilhões do BNDES vão ajudar as empresas do setor a renovar suas lavouras e reduzir a idade média do canavial, hoje em 3,8 anos. "A idade ideal é de 2,7 anos para garantir uma boa produtividade", afirma. Mas adverte que as empresas que não tiverem acesso aos recursos continuarão com sua produtividade baixa.
Para o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, o programa garantiria a renovação de cerca de dois terços da necessidade anual dos canaviais. "É uma grande ajuda, mas não será suficiente para que a capacidade da indústria seja totalmente abastecida."

EUA suspendem importação de suco
Americanos alegam presença de fungicida proibido no suco de laranja brasileiro; ministro afirma que produto nacional cumpre a legislação

NOVA YORK - O Estado de S.Paulo

O governo dos Estados Unidos suspendeu ontem as importações de suco de laranja do Brasil e outros países por conta da presença de um fungicida na bebida que é proibido no mercado americano. A suspensão foi decidida pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês), segundo informações da agência de notícias "Bloomberg".
O governo brasileiro foi pego de surpresa pela notícia, mas o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, prometeu que vai mostrar que a situação do suco exportado é regular. "O que os Estados Unidos dizem da laranja, os russos dizem da carne", argumentou. Ao embargarem a compra de carnes brasileiras em junho do ano passado, os russos alegaram que o produto brasileiro não apresentava todas as especificações necessárias para entrar naquele país.
Além de vetar a entrada do suco, o órgão americano planeja destruir ou proibir a comercialização do produto que já foi importado se testes encontrarem qualquer nível do fungicida carbendazim, que é usado em pomares brasileiros e europeus, mas proibido nos Estados Unidos. Os resultados dos testes feitos em cargas que já se encontram em portos americanos devem sair ainda nesta semana.
Risco. Traços do fungicida, que estudos relacionam ao aumento do risco de tumores no fígado em animais, foram encontrados em suco de laranja produzido no Brasil e exportado aos EUA. Os americanos compram 15% de todo o suco brasileiro, maior produtor mundial da bebida. Em termos de valor, os EUA absorvem US$ 300 milhões dos US$ 2 bilhões que o Brasil exporta anualmente da bebida.
De acordo com a Bloomberg, o governo dos EUA também vai testar o suco que já foi colocado à venda. Isso porque o produto comercializado no mercado americano contém, geralmente, uma mistura de suco importado com o produzido domesticamente, explicou Siobhan DeLancey, porta-voz da FDA.
Se traços do fungicida forem encontrados, a agência vai informar o público e "tomará as medidas necessárias para assegurar que o produto seja removido do mercado", garantiu a porta-voz.
Sem aviso. Até o início da noite de ontem, o governo brasileiro não havia sido notificado oficialmente por Washington sobre a suspensão das importações. O Ministério da Agricultura fez questão de esclarecer, em nota divulgada à imprensa, que o carbendazim é registrado para uso em lavouras de citros - laranja, limão, lima, tangeria, entre outros - há 21 anos.
O fungicida, utilizado em várias culturas agrícolas, é usado na citricultura para combater a "pinta-preta", um tipo de fungo comum em pomares de laranja.
A quantidade de fungicida autorizada pelo Ministério da Agricultura para produtos destinados à exportação segue o limite estabelecido pelo Codex Alimentarius, programa conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) que normatiza regras que garantem a segurança dos alimentos em todo o mundo. O Codex estabelece o limite de 1 miligrama de fungicida por quilo de citros, o que equivale a mil partes por bilhão.
Indústria. A indústria do suco de laranja brasileira também não havia sido informada sobre a decisão. A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) foi procurada pela reportagem do Estado, mas não se pronunciou. Anteontem, o presidente da associação, Christian Lohbauer, já havia admitido a possibilidade dos EUA vetarem a entrada do suco brasileiro.
COLABORARAM CÉLIA FROUFE, DE BRASÍLIA, E GUSTAVO PORTO, DE RIBEIRÃO PRETO

Venda de carro importado sobe 87% em 2011
Mas associação que representa importadores independentes, sem fábrica no País, prevê queda de 20% nas vendas neste ano, por causa da alta do IPI

FERNANDA GUIMARÃES - O Estado de S.Paulo

As vendas de veículos importados em 2011 somaram 199.366 unidades, o que representou um crescimento de 87,4% em relação ao total registrado no ano anterior. Considerando o mês de dezembro, as vendas de importados atingiram 19.151, alta de 26,8% ante novembro, informou ontem a Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva). A conta inclui apenas modelos de montadoras que não têm fábricas no Brasil.
Vale lembrar que no dia 16 de dezembro passou a vigorar o aumento de 30 pontos porcentuais do IPI para veículos importados. Segundo a entidade, o crescimento das vendas no ano passado é explicado pelo maior volume de novos modelos.
No ano, a Abeiva informou que seus associados corresponderam a 5,82% do mercado brasileiro total e a 23,35% do segmento dos importados. Os veículos importados do Mercosul e México estão fora do aumento do IPI. Para 2012, em razão do aumento do imposto, a Abeiva projeta que as vendas de importados recuem 20% ante 2011.
As empresas importadoras que analisam a possibilidade de instalar fábrica no Brasil poderão ter uma boa notícia no fim do primeiro trimestre. A expectativa é de que o regime contemple uma flexibilização do decreto que aumentou o IPI.
Se isso for concretizado, as empresas que começarem a produzir em território brasileiro teriam um período para adaptação, com o índice de nacionalização crescendo de forma gradual.
No entanto, a briga para tornar o decreto mais flexível será responsabilidade de cada marca com interesse de nacionalizar a produção. De acordo com o presidente da Abeiva, José Luiz Gandini, o objetivo da entidade será diminuir o imposto para importados, e não a flexibilização.
Apesar de concordar que a exigência por um índice de nacionalização acima de 65% inviabilize a instalação de uma fábrica no Brasil, o executivo afirmou que a entidade lutará por um imposto menor, já que muitas associadas não planejam a construção de uma unidade local. "Muitas não têm volumes de vendas (no Brasil) e não teriam condições de instalar uma fábrica."
Entre as associadas da Abeiva, duas já anunciaram fábricas antes mesmo do decreto que aumentou o IPI: as chinesas JAC Motors e a Chery. Ambas, até o momento, mantêm o planejamento, apesar de ainda não estar definida a flexibilização. Além delas, Gandini afirmou que Land Rover e BMW estudam fábricas no País. Se a flexibilização das medidas for contemplada no novo regime automotivo, nem todos os importadores vão comemorar. Segundo Gandini, não há no momento nenhuma expectativa de que o aumento do IPI para importados seja revertido.
Por isso, as empresas devem enfrentar dificuldades e margens menores durante o ano. Além disso, o executivo afirmou que a própria Abeiva ainda não decidiu qual posição tomar para lutar contra o aumento do IPI.

Militares gays pedem refúgio no estrangeiro
Medo de agressões no País teria motivado recurso de casal de sargentos do Exército à Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA

VANNILDO MENDES , BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Com medo de agressões, o casal de sargentos Laci de Araújo e Fernando Figueiredo, afastados do Exército, recorreu à Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) em busca de refúgio. Os militares alegam que sofrem perseguição sistemática no País e buscam transferência para um lugar onde possam levar uma "vida normal", conforme explicaram em entrevista ao site de notícias Congresso em Foco.
O Ministério da Defesa e o Comando do Exército não quiseram comentar a decisão dos dois sargentos, que assumiram a relação homoafetiva no ano de 2008 e desde então alegam que passaram a sofrer retaliações dos superiores hierárquicos.
Hoje, ambos os sargentos estão desligados do Exército, na condição de reformados. Em caráter reservado, militares ouvidos pelo Estado consideraram o ato descabido porque, conforme afirmam, os sargentos conseguiram tudo o que reivindicavam: foram transferidos para a inatividade com todos os direitos preservados.
O Exército, segundo essas fontes, agiu com bom senso e adotou uma postura moderna, deixando de aplicar a legislação militar, que prevê o desligamento "com desonra" nesses casos.
Essa punição, adotada também pela Marinha e pela Aeronáutica, está prevista no Código Penal Militar, reformado em 1984, já no fim da ditadura militar, e no Regulamento Disciplinar do Exército, que já tem mais de cem anos.
Depois de longa batalha judicial, os sargentos foram aposentados com direito a proventos integrais e serviços de saúde.
Prisão. O sargento Araújo foi preso em 2008 pelo Exército após revelar, em um programa de televisão, sua relação com o colega de farda. No ano passado, ele conseguiu alterar o rumo do processo por deserção que respondia na Justiça Militar.
Obteve o direito de ser reformado como sargento, o mesmo que o parceiro já havia obtido. Mesmo assim, os dois alegam que as perseguições e as intimidações continuaram.
Os sargentos alegam que também se preocupam com os crescentes atos de violência contra homossexuais. "Temos visto cada vez mais casos de agressões nas grandes cidades, e, querendo ou não, somos o casal gay mais visado do País, por sermos militares e termos assumido nossa relação", disse Figueiredo.
"Ficamos em casa, não podemos sair. Só queremos garantir uma vida tranquila, como qualquer pessoa tem direito", acrescentou o militar.
O casal diz não ter preferência por nenhuma nação em especial para residir. Procura, sim, um lugar seguro, onde a sua relação afetiva seja aceita. O casamento civil também não está entre os seus planos atuais nem será decisivo na opção por um país, disseram os sargentos.

MUNDO
Atentado a bomba em Teerã mata diretor de maior usina nuclear iraniana

Guerra nas sombras. Dois homens em uma moto acoplam artefato ao carro em que viajava químico da central de Natanz responsável por compra de equipamentos para enriquecimento de urânio do país persa; governo iraniano culpa Israel e EUA
Um cientista nuclear iraniano que trabalhava como diretor na usina de Natanz, principal centro de enriquecimento de urânio do Irã, foi morto ontem na explosão de uma bomba no carro em que ele viajava. O artefato, que tinha um ímã, foi acoplado à porta do veículo por dois homens em uma moto. O Irã imediatamente culpou Israel e os EUA pelo assassinato.
O cientista foi identificado como Mostafa Ahmadi Roshan, de 32 anos. Segundo a TV estatal do Irã, ele era químico, trabalhava como diretor em Natanz e tinha "vínculos organizacionais" com a agência atômica iraniana - indicativo de que Roshan, provavelmente, tinha contato com partes estratégicas do programa nuclear do país.
Foi o quarto atentado em dois anos a cientistas que trabalham em usinas iranianas. A guerra nas sombras faz parte dos esforços de potências ocidentais e Israel para evitar que o Irã consiga dominar o ciclo completo de produção da bomba atômica. O governo iraniano, porém, afirma que seu programa tem apenas fins pacíficos.
Roshan seguia para a universidade onde dá aula por uma avenida da capital. Ele estava no banco do passageiro de um Peugeot 405 quando, às 8h30 (3 horas em Brasília), o explosivo foi detonado. O segurança que conduzia o veículo morreu no hospital, horas depois, e uma terceira pessoa que estava no carro ficou ferida.
Imagens da TV estatal iraniana mostravam o carro, parcialmente coberto por uma lona azul, sendo içado por um guindaste. Era possível ver um corpo dentro do veículo e marcas de sangue no asfalto.
"Esse odioso ato dos EUA e de Israel não mudará o curso de nosso programa", afirmou em nota a Agência de Energia Nuclear do Irã. Mohamed Reza Rahimi, vice-presidente iraniano, também afirmou que Israel está por trás do "ataque terrorista", mas garantiu que a inteligência israelense "não poderá impedir o progresso" do programa de Teerã.
Safar Ali Baratloo, identificado pela agência iraniana de notícias Fars como alto funcionário da área de segurança, também acusou Israel, dizendo que "a bomba magnética é do mesmo tipo" que a usada em outros atentados contra cientistas do Irã.
O governo americano negou o envolvimento no ataque e condenou a ação. "Não temos nada a ver com isso e condenamos veementemente todos os atos de violência, incluindo esse", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Tommy Vietor.
Do lado israelense, a resposta foi mais ambígua. O general Yoav Mordechai, porta-voz das Forças Armadas, postou em sua página do Facebook: "Não sei quem se vingou atacando o cientista nuclear, mas definitivamente não estou derramando nenhuma lágrima por isso". Mickey Segal, ex-diretor do departamento de Irã do serviço de inteligência militar de Israel, afirmou que Teerã "está sentindo a pressão internacional aumentar".
Roshan era formado pela Universidade Sharif de Tecnologia - prestigioso centro de pesquisa do Irã - e especializou-se na construção de camadas poliméricas. Essa tecnologia é usada para filtrar o gás de urânio, etapa do processo de enriquecimento da substância.
Em Natanz, ele era vice-diretor de assuntos comerciais e cuidava da compra de equipamentos para a usina. Roshan também dava aulas na universidade.
Localizada entre as cidades de Teerã e Isfahan, a usina de Natanz é peça central no processo de enriquecimento de urânio do Irã. Foi a revelação de sua existência, em 2003, que impulsionou potências ocidentais a fecharem o cerco a Teerã.
Na segunda-feira, a agência atômica iraniana havia anunciado a expansão das operações de enriquecimento de urânio para a usina de Fordo, construída no interior de uma montanha. / AP

Ahmadinejad chega a Cuba fazendo o 'V' de vitória

HAVANA - O Estado de S.Paulo

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, chegou ontem a Cuba - a terceira etapa de sua viagem pela América Latina - fazendo o "V" de vitória. Na visita a países da região críticos aos EUA, Ahmadinejad busca consolidar o apoio da região ao programa nuclear do Irã, que teria fins pacíficos, segundo Teerã.
De acordo com a agenda oficial da visita de menos de 24 horas à ilha, o presidente do Irã se encontraria ontem com seu colega cubano, Raúl Castro, após participar como orador de uma conferência na Universidade de Havana, onde declarou que o "capitalismo está em decadência" e propôs criar "uma nova ordem mundial". Ele concentrou seus ataques sobre as potências ocidentais, especialmente os EUA, mas sem mencionar a polêmica por causa de seu programa nuclear.
Segundo a imprensa do Irã, Ahmadinejad também deve se reunir com Fidel Castro, que já criticou a retórica antijudaica do iraniano.
Ahmadinejad foi recebido no aeroporto de Havana pelo vice-presidente cubano, Esteban Lazo. Após fazer o sinal de vitória várias vezes, o iraniano retirou-se do terminal em um carro oficial, sem dar declarações à imprensa.
Hoje, Ahmadinejad continua seu giro pela América Latina - que já incluiu Venezuela e Nicarágua. Ele viaja para o Equador, onde deve se reunir com o presidente Rafael Correa. / REUTERS e AFP

Brasil estuda dar visto de 2 anos a haitianos
Medida buscaria capacitar refugiados a atuar no País em setores como turismo e construção civil

LOURIVAL SANTANNA , ENVIADO ESPECIAL / PORTO PRÍNCIPE - O Estado de S.Paulo

O governo brasileiro estuda a possibilidade de conceder vistos de dois anos para proporcionar capacitação profissional para os haitianos no Brasil em setores como o da construção civil e do turismo. A ideia partiu do Conselho Nacional de Imigração, mas ainda está em estudos. Foi o que informou ontem o embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman.
"Em vez de dependerem de coiotes no Peru e na Bolívia, eles iriam com visto para o Brasil, num sistema de imigração circular", disse o embaixador ao Estado. "Eles obteriam uma profissão e poderiam voltar para ajudar na reconstrução do país." Como parte da regularização da imigração, o governo estuda também conceder vistos de trabalho aos que já estão no Brasil.
A proposta noticiada ontem, de criar um limite de cem vistos por mês para os haitianos, seria inócua. A embaixada do Brasil em Porto Príncipe emite apenas de 15 a 20 vistos mensais - incluindo os de turismo, trabalho, estudos, participação em conferências, etc. Os cerca de 4 mil imigrantes haitianos no Acre e no Amazonas entraram no País clandestinamente, atravessando o Caribe em barcos precários. Passam por Panamá, Equador e Peru, para de lá seguir para o Brasil, às vezes passando pela Bolívia, com a ajuda dos coiotes.
A fuga de haitianos é impulsionada pela frustração com o ritmo lento da reconstrução do país após o terremoto de 12 de janeiro de 2010, que destruiu cerca de 300 mil casas. Na véspera do segundo aniversário do terremoto, aproximadamente 2 mil pessoas participaram ontem de uma manifestação exigindo casa e emprego. Eles atravessaram a cidade caminhando e foram até o Parlamento, onde entregaram um documento exigindo mais transparência na destinação dos recursos da ajuda humanitária internacional - até agora, US$ 4 bilhões (US$ 1,6 bilhão na assistência emergencial e US$ 2,4 bilhões em projetos de longo prazo).
"Achamos inaceitável que, dois anos depois do terremoto, entre 500 mil e 600 mil pessoas ainda estejam vivendo em acampamentos só em Porto Príncipe", disse ao Estado o cientista político Jean-Claude Fignolé, diretor da Action Aid, uma das dez organizações não governamentais que organizaram o protesto. "Sem contar os migrantes que estão morando em áreas rurais hospedados com famílias e exercendo tremenda pressão sobre os recursos locais, sem planejamento e medidas adequadas para acompanhar esse fluxo de pessoas."
"Acho que na fase humanitária da emergência pós-terremoto a comunidade internacional, o governo haitiano e as organizações não governamentais fizeram um bom trabalho em proporcionar assistência", ponderou Fignolé . "O problema é que ficamos presos numa fase de transição. Não fomos capazes de avançar da assistência para o trabalho de reconstrução. Daí o número de pessoas nas ruas, a falta de empregos."
Parte do problema foi a desconfiança da comunidade internacional em relação ao governo do ex-presidente René Préval e o receio de que os recursos fossem desviados. "A percepção pública é a de que pode haver uma nova energia, uma nova dinâmica", reconheceu Fignolé, referindo-se ao governo do presidente Michel Martelly, eleito em março, que só em outubro conseguiu aprovar no Parlamento a nomeação de um primeiro-ministro, o médico Garry Conille, que trabalhou em projetos de desenvolvimento da ONU, foi assistente do ex-presidente americano Bill Clinton, enviado especial das Nações Unidas ao Haiti, e é respeitado pela comunidade internacional.
"Apesar disso, falta participação haitiana", analisa o cientista político. "É por isso que estamos realizando essa marcha. Para exigir transparência. Quais são as cifras, como e em que foi gasto o dinheiro, por que não fomos parte desse processo?" Além disso, ele considera necessário criar uma nova legislação sobre a propriedade de casas e de terras, e um órgão do governo que possa executar as políticas previstas nessa nova lei. A desorganização dos registros de propriedade tem dificultado os projetos de reconstrução.

São Paulo vira 'terra prometida' a haitianos
Em busca de oportunidades, refugiados cruzam países até chegar à capital paulista

PABLO PEREIRA - O Estado de S.Paulo

Ele tem 38 anos, é eletricista, fala francês e esforça-se para aprender o português. Pierre-Menilet Mentor, haitiano, solteiro, chegou a São Paulo há dois meses em busca de um futuro que possa amainar o impacto provocado em seu país pela tragédia natural de 201o. A cidade onde ele vivia, Arcahaie, a 43 quilômetros da capital, Porto Príncipe, é uma das áreas destruídas pelo terremoto.
Pierre e o amigo Milien Talien, também de 38 anos, chegaram a São Paulo numa viagem que os levou ao Panamá, e de lá, de ônibus, até a Argentina. "Chegamos aqui há dois meses", diz Pierre, procurando as palavras em seu novo idioma. Além do francês, ele fala o creole. "Falo só um pouquinho de português", disse, ontem, no pátio da Igreja Nossa Senhora da Paz, no Glicério.
Os dois amigos, que viveram no Haiti até o ano passado, deixaram filhos no país devastado e aventuraram-se em busca de uma oportunidade em São Paulo, onde um pequeno grupo de compatriotas conta com apoio da Casa do Imigrante para sobreviver.
"Eu moro num quarto alugado", disse Pierre, ao lado do amigo Milien. Eles aguardam a Carteira de Trabalho para poder trabalhar oficialmente. Pierre, no entanto, já apresenta como documento brasileiro um certificado da Receita Federal, que lhe concedeu o CPF. Ele exibe o documento como uma garantia de sua existência no País.
"Estou esperando também para ir à escola", acrescenta o haitiano. Apoiado por religiosos da Missão de Paz que funciona no Glicério, Pierre quer fazer um curso de eletricista para facilitar sua inclusão no Brasil. No Haiti, uma filha, de 6 anos, espera pelo sucesso da empreitada do pai em São Paulo. Para o amigo Milien Talien, casado, com um filho de 6 anos ainda vivendo no Haiti, a expectativa de uma oportunidade também é grande. Ele sofre mais do que o colega com a barreira da língua. "Ele é encanador", afirma Pierre. "Encanador hidráulico", completa, com ênfase no "li".
Pouco à vontade no início da conversa, eles se comunicam em francês. Estão preocupados com a entrevista. Pierre diz ao colega que não acredita que o contato vá ser prejudicial. Depois de contarem um pouco de suas histórias, eles chamam um amigo, Besnel, de 21 anos, que já vive no Brasil há um ano.
Besnel é um dos haitianos que entraram pela fronteira da Amazônia e passaram pela Paróquia de São Geraldo, em Manaus, onde os religiosos amparam famílias de recém-chegados do Caribe. Besnel hoje mora na Casa dos Imigrantes do Glicério e já entende bem o idioma da terra. Também desempregado, ele é pintor de paredes.
Besnel conta que foi bem tratado em sua chegada ao país, mas que ainda aguarda documentação para poder trabalhar. Ao lado de Pierre e Milien, Besnel permanece como um atento tradutor emprestando confiança ao grupo.
O eletricista diz, então, que gostou da cidade e conta com a possibilidade de uma vida nova. "Queremos trabalhar", diz, ladeado também pelo padre Mário Geremias, um dos religiosos que dão apoio aos migrantes na Pastoral do Imigrante paulistana.
Para o padre, que dirige a Pastoral da Missão Escalabriniana, os haitianos estão muito esperançosos com a oportunidade de uma vida de trabalho em São Paulo. "São pessoas muito sofridas, gentis, e com muita vontade de trabalhar", afirma o padre.
Os haitianos encontrados ontem à tarde no Glicério são parte de uma comunidade que cresce na região, seguindo a tendência registrada nos postos de fronteira, principalmente na Amazônia. No abrigo do Glicério, há 26 haitianos entre os cerca de 100 estrangeiros que recebem acolhida na entidade. Mas muitos deles já começam a se estabelecer em casas da região, como o eletricista Pierre e seu colega encanador Milien. Depois de alguns minutos de conversa diante da Igreja da Paz, Pierre e seus amigos já estão mais à vontade. Quando aparecem alguns meninos da vizinhança com uma bola, o ambiente fica mais leve. E o bate-bola diante da Igreja torna a tarde mais amigável.
Na fronteira de Tabatinga, o fluxo de migrantes permanece forte no rumo de Manaus. "Há dias em que chegam aqui 50, 60 deles", disse ontem à tarde o padre Valdecir Molinari Mayer, da Igreja São Geraldo, em Manaus.

Acre quer transferir 1,2 mil refugiados para outras regiões
Meta do governo acreano é liberar 40 imigrantes por dia para trabalhar em Estados do Brasil com mais infraestrutura

ITAAN ARRUDA, ESPECIAL PARA O ESTADO , RIO BRANCO (AC) - O Estado de S.Paulo

Parte dos 1.250 haitianos acolhidos pelo governo do Acre começou a sair da cidade de Brasileia, município na fronteira com a Bolívia. A meta é fazer com que 40 haitianos deixem o Estado por dia. A estimativa é que, em abril, todos tenham trocado o Acre por outras partes do País.
Há duas semanas, têm saído em média do Estado entre 20 a 40 haitianos, com um visto humanitário que garante a eles a chance de conseguir trabalho em outra região do Brasil.
Na terça-feira, uma triagem feita por um proprietário de frigorífico do interior de Rondônia selecionou 40 haitianos. Ontem, uma empresa de Minas Gerais já estudava a contratação de mais 40 homens. O governo do Acre comprou passagem de ônibus para 31 haitianos que irão para a casa de amigos e parentes em Porto Velho e devem trabalhar na construção de hidrelétricas na região.
"O Acre não tem recursos financeiros nem pessoas habilitadas para tratar de uma onda migratória", disse o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão. Os custos com alimentação e hospedagem de imigrantes já alcançaram R$ 1,5 milhão. Além disso, o governo acreano tem dado assistência médica para cerca de 30 soropositivos identificados no grupo.
A pressão feita pelo governo do Acre junto ao governo federal para resolver o problema surtiu efeito. Na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, e o chanceler Antonio Patriota, na qual foi definido que a Embaixada do Brasil em Porto Príncipe emitirá, no máximo, cem vistos mensais para o Brasil.
Desde fevereiro do ano passado, quando começou o fluxo migratório, passaram pelo Acre 2,7 mil haitianos. "Todos serão legalizados", garantiu Mourão.
Fuga. Esdras Héctor tem 27 anos. Era estudante de Direito em Porto Príncipe e está há oito meses no Acre. Ficou uma temporada em Brasileia e foi uma das vítimas dos coiotes, os "piratas da imigração". Além de creole e francês, idiomas oficiais do Haiti, Hector comunica-se bem em inglês, espanhol e português.
Diferentemente dos amigos, não quer sair do Acre. Pretende continuar os estudos em uma universidade do Estado para "ser diplomata e trabalhar na ONU". Ele deixou três irmãos no Haiti. São as únicas referências familiares que tem e parece pouco à vontade quando fala no assunto. "Meu lugar, agora, é aqui", disse o haitiano, feliz com o tratamento que recebeu no País. "O povo do Acre é muito diferente de outras regiões."
O imigrante confirmou à reportagem os rumores de que dois haitianos teriam sido assassinados em uma área de floresta entre a Bolívia e o Peru, embora ninguém até agora tenha denunciado o crime.
Em fevereiro, os coiotes cobravam até US$ 3 mil por pessoa para garantir a entrada de clandestinos no Brasil. Há relatos de violência contra haitianos durante a passagem pelo Peru e pela Bolívia. Estupros, tortura e extorsão são lembranças comuns de quem se aventurou a sair de Porto Príncipe.

ONGs veem plano para imigrantes com cautela
Entidades pedem que o Brasil respeite os direitos humanos dos haitianos

JAMIL CHADE , CORRESPONDENTE / GENEBRA - O Estado de S.Paulo

Organismos internacionais solicitaram ao Brasil que tenha cautela em relação aos direitos humanos dos imigrantes haitianos, reagindo ao plano do governo de impor cotas para vistos concedidos a cidadãos do Haiti. As entidades pediram uma estratégia mais ampla do País para lidar com o fluxo de estrangeiros.
ONGs e ativistas de direitos humanos também alertaram que a ameaça de deportação criará dificuldades ainda maiores para a população haitiana e apenas transferirá o problema de volta ao Haiti.
A autorização de entrada seria dada no Haiti, no primeiro esforço do País em duas décadas para estabelecer cotas para o ingresso de estrangeiros, prevendo até mesmo a deportação de imigrantes irregulares. O Estado revelou no fim do ano passado que haitianos estariam pagando a grupos criminosos até R$ 5 mil para chegar ao Brasil.
Parte da estratégia brasileira teria como objetivo reduzir a tentação desses haitianos de usar as máfias para chegar ao Brasil. Mas, para organismos especializados, isso pode não ser suficiente. A Organização Internacional de Migrações (IOM, na sigla em inglês) acredita que um plano mais amplo do Brasil terá de ser criado para que tenha resultados positivos para os haitianos. A prioridade, segundo a entidade, é criar postos de trabalho no Haiti.
"Essa será a única solução real", afirmou o porta-voz da OIM, Jean Phillip Chauzy. Segundo ele, o fluxo migratório de haitianos não atinge apenas o Brasil. Ilhas do Caribe, incluindo Cuba, vêm recebendo um número cada vez maior de haitianos que tentam fugir da pobreza.
Na avaliação da OIM, se há uma necessidade de estabelecer uma certa ordem no fluxo de haitianos ao Brasil, o Palácio do Planalto deveria negociar com o governo de Porto Príncipe um acordo que permita disciplinar essa migração. "Se o Brasil identificar que tem a necessidade de mão de obra de fora ou que há espaço para os haitianos em uma determinada obra ou cidade, o que sugerimos é que haja um acordo direto com o governo do Haiti para trazer um certo número de pessoas diretamente para essas áreas", disse Chauzy. Isso, para a OIM, enfraqueceria os grupos criminosos que lucram com o tráfico.
A ação do governo, porém, não poderia se limitar a esse acordo. A entidade está preocupada com os haitianos que chegam ao Brasil na esperança de encontrar um trabalho e acabam desempregados, sem recursos e vivendo em uma situação de desespero. "Um programa precisa ser estabelecido para ajudar esses haitianos a voltar se quiserem. Mas não voltar para a pobreza, e sim de uma forma integrada que os permita viver e não ter a necessidade de sair de novo", explicou Chauzy.
O Alto-Comissariado da ONU para Refugiados elogia a política brasileira de asilo, mas pede que as limitações impostas ao Haiti não afetem o acesso de um cidadão haitiano aos mecanismos legais para conseguir status de refugiado no Brasil. Para a entidade Conectas, essa é uma questão central que terá de ser garantida, além do risco de que a deportação simplesmente transfira o problema de volta ao Haiti. Para a Human Rights Watch, de nada adiantará ao Brasil montar uma operação de deportação enquanto não transformar a missão no país em um projeto de desenvolvimento - e não militar.
A entidade lembra que, na ONU, o Brasil tem insistido com o discurso de que a Europa precisa tratar os imigrantes sem violar direitos humanos e entendendo que o fluxo de pessoas ocorre em razão da miséria e fome que atingem milhões.

Cidadania é cassada no país vizinho

Um dos países mais afetados pelo fluxo de haitianos é a vizinha República Dominicana. Apesar de a Constituição local considerar cidadãos quase todos os que nascem no país, o governo intensificou as ações para cassar a cidadania de filhos de ilegais - a maioria haitianos. A medida seria discriminatória, já que não afeta filhos de imigrantes de outras nacionalidades. Há no país cerca de 200 mil dominicanos de origem haitiana. Em 2011, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos recebeu 500 queixas de cidadãos que se tornaram apátridas na República Dominicana.


É hora de devolver o território a Cuba
Guantánamo é um enclave imperialista na ilha dos Castros

Jonathan M. Hansen, do The New York Times - O Estado de S.Paulo

Nos dez anos desde que o campo de detenção na base naval americana de Guantánamo foi aberto, o debate angustiante sobre se a instalação devia ser fechada - ou tornar-se permanente - obscureceu uma falha mais profunda que remonta a mais de um século e envolve todos os americanos: a saber, nossa própria ocupação contínua de Guantánamo. Já é mais do que tempo de devolver esse enclave imperialista a Cuba.
Desde o momento em que o governo dos Estados Unidos obrigou Cuba a nos arrendar a base naval na Baía de Guantánamo, em junho de 1901, a presença americana ali tem sido mais do que um espinho no flanco de Cuba.
Ela serviu para lembrar ao mundo a longa história de militarismo intervencionista dos Estados Unidos. Poucos gestos teriam um efeito tão salutar sobre o estúpido impasse nas relações americano-cubanas quanto a devolução desse cobiçado pedaço de terra cubano.
As circunstâncias pelas quais os Estados Unidos vieram a ocupar Guantánamo são tão problemáticas quanto sua última década de atividade nessa parte da ilha. Em abril de 1898, as forças americanas intervieram na luta pela independência de Cuba, que já durava três anos e estava praticamente ganha. Isso transformou a Guerra de Independência cubana no que os americanos ainda costumam chamar de Guerra Hispano-americana.
Em seguida, as autoridades americanas excluíram o Exército cubano do armistício e negaram a Cuba um assento na conferência de paz em Paris.
"Existe um rancor e uma mágoa naturais tão grandes em toda ilha, que as pessoas não conseguiram realmente comemorar o triunfo do fim do poder de seus antigos governantes", observou o general cubano Máximo Gómez em janeiro de 1899, depois que o tratado de paz foi assinado.
Curiosamente, a declaração de guerra dos Estados Unidos à Espanha incluiu a garantia de que os americanos não buscavam "soberania, jurisdição ou controle" sobre Cuba e pretendiam "deixar o governo e o controle da ilha a seu povo".
No entanto, após a guerra imperativos estratégicos tomaram precedência sobre a independência cubana. Os Estados Unidos queriam o domínio sobre Cuba e bases navais das quais pudessem exercê-lo.
Entra o general Leonard Wood, a quem o presidente William McKinley havia nomeado governador militar de Cuba, sustentando provisões que se tornaram conhecidas como a Emenda Platt. Duas eram particularmente odiosas: uma delas garantia aos Estados Unidos o direito de intervir à vontade nos assuntos cubanos; a outra dispunha sobre a venda ou arrendamento de bases navais.
Juan Gualberto Gómez, um destacado delegado à convenção constitucional cubana, disse que a emenda faria dos cubanos "um povo vassalo". Prenunciando a Crise dos Mísseis de Cuba, ele advertiu que bases estrangeiras em solo cubano só arrastariam Cuba "para conflitos não produzidos por nós e nos quais não temos nenhuma participação".
Tratava-se, entretanto, de uma oferta que Cuba não poderia recusar, como Wood informou aos delegados. A alternativa à emenda era a ocupação contínua. Os cubanos entenderam o recado.
"Existe, é claro, pouca ou nenhuma independência real deixada a Cuba pela Emenda Platt", observou Wood ao sucessor de McKinley, Theodore Roosevelt, em outubro de 1901, pouco depois de a Emenda Platt ser incorporada à Constituição cubana. "Os cubanos mais sensatos percebem isso e sentem que a única coisa consistente agora é buscar a anexação."
Com a Emenda Platt em vigor, entretanto, quem precisava de anexação? Nas duas décadas seguintes, os Estados Unidos repetidamente despacharam fuzileiros navais com base em Guantánamo para proteger seus interesses em Cuba e bloquear uma redistribuição das terras.
Entre 1900 e 1920, cerca de 44 mil americanos rumaram para Cuba, aumentando o investimento de capital na ilha de US$ 80 milhões para pouco mais de US$ 1 bilhão e levando um jornalista a observar que "pouco a pouco, a ilha toda está passando para as mãos de cidadãos americanos".
Como isso era visto da perspectiva de Cuba? Bem, imaginem que, ao fim da Revolução Americana, os franceses tivessem decidido permanecer por aqui. Imaginem que os franceses tivessem se recusado a permitir que Washington e seu Exército comparecessem ao armistício em Yorktown. Imaginem que eles tivessem negado ao Congresso Continental um assento no Tratado de Paris, proibido a expropriação de propriedades, ocupado o Porto de Nova York, despachado tropas para esmagar a rebelião de Shay e depois imigrado para as colônias aos montes, apoderando-se das terras mais valiosas.
Esse é o contexto em que os Estados Unidos vieram a ocupar Guantánamo. Essa é uma história excluída dos livros didáticos americanos e negligenciada nos debates sobre terrorismo, direito internacional e o alcance do poder Executivo. Mas é uma história conhecida em Cuba (onde motivou a revolução de 1959) e em toda a América Latina. Ela explica por que Guantánamo continua sendo um símbolo flagrante de hipocrisia mundo afora. Nem é preciso falar da última década.
Se o presidente Barack Obama quisesse reconhecer essa história e iniciar o processo de devolução de Guantánamo a Cuba, ele poderia deixar os erros dos últimos dez anos para trás, sem falar de cumprir uma promessa de campanha.
Dada a intransigência do Congresso americano, não poderia haver melhor maneira de fechar o campo de detenção do que entregar o restante da base naval com ele. Isso retificaria uma agravo antigo e assentaria as bases de novas relações com Cuba e outros países do Hemisfério Ocidental e em todo o globo. Por fim, enviaria uma mensagem inconfundível de que integridade, autocrítica e franqueza não são evidências de fraqueza, mas atributos indispensáveis de liderança num mundo em constante transformação.
Certamente, não deve haver maneira mais adequada de observar o lamentável 10.º aniversário da criação do centro de detenção, ontem, do que defender os princípios que Guantánamo solapou por mais de um século.
TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

METRÓPOLE
5 corpos são retirados de Fusca soterrado
Vítimas eram da mesma família e tentaram escapar de deslizamentos na cidade fluminense de Sapucaia, que agora soma 18 mortos pelas cheias

FÁBIO GRELLET / RIO - O Estado de S.Paulo

As cinco pessoas que na última segunda-feira deixaram uma casa em Sapucaia, no centro-sul fluminense, e usavam um Fusca para se proteger dos deslizamentos de terra provocados pela chuva foram localizadas ontem à tarde. Todas estavam mortas dentro do veículo, que foi soterrado. Com o resgate dos corpos, sobe para 18 o número de mortos no município.
Para retirar os corpos, os bombeiros precisaram serrar o Fusca, onde estavam Francisco Edézio Lopes, de 46 anos, sua mulher, as duas filhas do casal, de 15 e 7 anos, e um primo. Um irmão de Francisco preferiu ficar dentro da casa e se salvou, pois o imóvel resistiu ao temporal e só uma parte da cozinha desmoronou. Outros oito imóveis desabaram. Até agora, foram localizados os corpos de 16 adultos (9 homens e 7 mulheres) e 2 crianças em Sapucaia.
Dezessete pessoas morreram no mesmo deslizamento, que soterrou oito imóveis e o Fusca, no distrito de Jamapará. Em outro bairro da cidade, um homem de 45 anos morreu quando a casa em que morava desabou.
A chuva da madrugada de ontem também causou transtornos em Campos, no norte do Estado, onde há 3.884 desalojados e 1.028 desabrigados, segundo a Defesa Civil. O alagamento atingiu inclusive a rua onde fica a casa da prefeita Rosinha Garotinho, ex-governadora do Rio.
Minas. Mais de 2,8 milhões de pessoas já foram afetadas pelas chuvas em 182 cidades mineiras, segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). Ontem, chegava a 28 mil o número de desabrigados e desalojados no Estado, mais do que o dobro do contabilizado na terça-feira. Quinze pessoas morreram em Minas vítimas das tempestades desde o início do período chuvoso - 13 somente nos dez primeiros dias do ano - e 127 municípios já decretaram situação de emergência.
A situação pode piorar, já que são esperados novos temporais, principalmente na região sul e no Triângulo Mineiro, além de chuva moderada em outras regiões, incluindo a Zona da Mata. Nessa região fica a cidade de Além Paraíba, uma das mais castigadas e que, além de ter sido devastada por enchentes, ainda teme o rompimento de um dique, monitorado constantemente pela Defesa Civil.
Os bombeiros ainda buscam por Roseli do Nascimento, de 45 anos, que foi arrastada pela enxurrada em Além Paraíba e permanece desaparecida. A maior parte da infraestrutura urbana foi destruída e a cidade está sem água - é abastecida por caminhões-pipa.
O governo começou ontem a distribuir parte das 130 toneladas de donativos arrecadados por vários órgãos e entidades.
COLABOROU MARCELO PORTELA

Anac autoriza voos extras durante o carnaval
Agência liberou 1.220 saídas em fevereiro em todo o País; a maioria durante o feriado e para destinos internacionais, como NY

NATALY COSTA - O Estado de S.Paulo

Quem pretende viajar no carnaval deve encontrar aeroportos ainda mais movimentados. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) liberou 1.220 voos extras para fevereiro em todo o Brasil, praticamente todos concentrados nos cinco dias de carnaval (de 17 a 22). Neste mês, foram liberados 1.400 voos extras, totalizando 2.620 em janeiro e fevereiro. Nos três meses da alta temporada passada (dezembro de 2010 a fevereiro de 2011), foram autorizados 2.190 aviões fretados.
A maioria dos fretados do carnaval deste ano vai levar os passageiros para fora do País: serão 767 voos internacionais extras, ante 453 domésticos, de acordo com a Anac. A explicação, segundo o setor, é que os voos regulares das principais companhias já atendem bem à demanda dos destinos domésticos mais procurados no carnaval, como Salvador, Rio e Recife.
A Gol, por exemplo, tem 12 voos diretos e diários para Salvador saindo dos aeroportos de São Paulo (Congonhas e Cumbica). Já os voos de várias companhias para Buenos Aires e Nova York, por exemplo, apesar de cada vez mais frequentes, lotam rapidamente e não conseguem atender à demanda do período. Por isso o fretamento.
Já cidades como Porto Seguro, na Bahia, com poucos voos regulares, dependem praticamente dos fretados. Estima-se que só a CVC deva desembarcar lá mais de 2,5 mil passageiros em fevereiro, a maioria saída de voos fretados, e boa parte desses passageiros concentrados nos cinco dias de carnaval.
Os voos extras - também conhecidos como charter - são aqueles fretados geralmente por grandes operadoras de turismo para levar grupos aos destinos badalados desta época do ano, como praias do Nordeste, Miami, Nova York e Buenos Aires.
Só os aeroportos de São Paulo - Cumbica, em Guarulhos, Congonhas, na zona sul da capital, e Viracopos, em Campinas - concentram 20% desse movimento extra - ou 246 fretados.
Em Cumbica e Congonhas, dois dos três aeroportos mais movimentados do País, vão chegar e sair 182 voos extras no período de carnaval.
Por causa disso, a Secretaria de Aviação Civil (SAC) já anunciou que vai criar para o carnaval uma operação semelhante à de fim de ano para evitar o caos aéreo, sobretudo na sexta-feira (dia 17) e na Quarta-Feira de Cinzas (dia 22). As medidas serão anunciadas oficialmente na semana que vem pela Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias (Conaero), da qual a SAC faz parte. Entre outras coisas, deve exigir o reforço das equipes de atendimento das companhias aéreas e proibir o overbooking.

Polícia Civil investiga grupo que furta bagagens

A Polícia Civil do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, montou uma operação para investigar grupos de funcionários que furtam bagagens. Só no ano passado, foram registrados 1.249 furtos em Cumbica - uma média de 113 casos por mês, o que inclui ataques no saguão. Em julho de 2011, quatro funcionários foram presos.
Em dezembro, a delegacia do aeroporto registrou, em só um voo, vindo da Espanha, 25 boletins de ocorrência de malas furtadas. "Nossa maior dificuldade é saber onde a bagagem foi atacada, se no embarque ou no desembarque", explicou a delegada Larissa Caldara Prado de Andrade. De acordo com ela, os grupos que agem em Cumbica atacam a bagagem em pontos onde não há monitoramento por câmeras. "Eles aproveitam para atacar no carrinho que leva a mala do terminal para a aeronave. Mas também atacam no porão do avião, onde não há monitoramento." / FABIANO NUNES

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