PRIMEIRA PÁGINA
Intervenção branca na pasta da Integração
Dilma condiciona verbas a aval da Casa Civil, após
Bezerra Coelho ser acusado de favorecer Pernambuco. Eduardo Campos diz que
ministro cumpriu ordens da presidente.
Técnicos avaliam áreas de risco com chuva no Sudeste
Técnicos federais em 3 Estados
CHUVAS Especialistas em desastres vão trabalhar no
Rio, Minas Gerais e Espírito Santo para avaliar riscos de inundações e
deslizamentos
BRASÍLIA – O governo federal vai enviar
especialistas para as cidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo
com maiores riscos de inundações e deslizamentos de terra para verificar no
local a necessidade de medidas como a retirada de moradores. O grupo de
especialistas irá trabalhar na resposta aos alertas de emergência emitidos pelo
Centro de Alertas de Desastres Naturais, órgão que funciona desde o início de
dezembro no Ministério da Ciência e Tecnologia.
COLUNAS
Cláudio Humberto
Projeto sobre imposto barrado
Está no limbo há quase 15 anos projeto de lei que
obriga a divulgação do percentual dos tributos embutidos em cada produto. Os
consumidores, segundo o projeto, devem ser informados do valor da carga
tributária na nota fiscal do produto ou serviço, que compõe o pacotão de 35,21%
em impostos. Existem mais de 20 projetos sobre o mesmo tema e 10 requerimentos
solicitando inclusão na ordem do dia para votação. Para o deputado Ronaldo
Caiado (DEM-GO) o governo obstrui, pois o projeto vai desmascará-lo: “O povo
saberia quanto paga em impostos”. Líder do PSD, Guilherme Campos (SP) promete
“acelerar o motor” para votá-lo ainda este ano. “É direito do cidadão saber o
que paga.” Cândido Vaccarezza (SP), líder do governo, alega que só pode aprovar
a matéria após consenso sobre a reforma tributária. Ou seja, nunca. O Brasil
atingiu o recorde de R$ 1,5 trilhão de impostos pagos em 2012. É emergente com
a maior carga tributária do planeta.
Fortaleza derrubada
A capital cearense viveu ontem seu dia de Iraque,
com arrastões, lojas fechadas e autoridades pedindo reforço da Força Nacional
de Segurança, substituindo PMs e bombeiros em greve. O governador Cid Gomes
(PSB – foto) teria voltado às pressas de Paris. “Apanhou” no Twitter.
Nova reserva
A Funai investe em nova reserva em Roraima, depois
dos conflitos envolvendo a Raposa do Sol: é a reserva Anaro, na fronteira Norte
do Brasil, unindo-a à Raposa e à São Marcos. São 300 mil m2 destinados a 54
índios, numa área de grande riqueza mineral. Temem-se conflitos com fazendeiros
que habitam a região desde 1943 e contestam a propriedade indígena,
oficializada com a Constituição de 1988.
Mina de ouro
Outra reserva estaria na mira das ONGs
internacionais, pressionando a Funai: Marabitanas, Balaio e Cabeça do Cachorro,
unidas a ianomâni.
Volta às aulas
A Presidência da República investe no papelório:
reservou R$ 361,9 mil para cadernos e papéis variados e 210 etiquetas adesivas
“urgente”.
Fachada
O anunciado plantão durante o recesso na Câmara não
funcionou: a assessoria de Comunicação não atende desde segunda.
Só Lula na causa
Apesar de ter se saído mal nas últimas pesquisas de
intenção de voto, o prefeito João da Costa não entrega os pontos: disputa a
tapas com o favorito João Paulo (PT) à Prefeitura de Recife (PE). Só Lula daria
jeito.
Faça o que digo...
Buscando “adequar-se às restrições orçamentárias”
impostas por Dilma, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, proibiu
os chefes regionais de viajarem na classe executiva em 2012.
...não o que faço
Mas Tombini manteve a regalia para ele e para
diretores, secretário-executivo, procurador-geral e titulares comissionados que
o acompanharem. Milhas acumuladas em geral pulam para a 1ª classe.
Vacas magras
Lembrando-se dos jantares regados à cachaça e
uísque oferecidos pelo ex-presidente Lula, um líder governista soltou essa
sobre eventos com Dilma: “Às vezes, nem jantar tem. Só coquetel”.
Frase
Assim como Cristo foi tentado pelo diabo, um dia
também eu fui” –
Presidente do Senado, José Sarney, que quase
queimou acervo após críticas
Casa & Decoração
Senadores e altos funcionários da Casa terão
cortinas novas este ano, mostra o site Contas Abertas: a Casa reservou R$ 5,7
mil para as residências oficiais dos ilustres, incluindo a mansão do presidente
José Sarney.
Voando alto
De olho no novo aeroporto que Lula quer construir
em São Paulo, o diretor de Aeroportos da Infraero, Márcio Jordão, procurou o
padrinho, senador Romero Jucá (PMDB-RR), para garantir up grade na carreira.
EDITORIAL
A pauta dos vereadores
Era tão certa a polêmica, que a direção da Câmara
escolheu votar e aprovar o aumento salarial de 62% para os parlamentares da
próxima legislatura, a partir de 2013, nos estertores de dezembro, a um passo
do recesso, na esperança de ficar a muitos passos da reprovação pública. Mas em
tempos de redes sociais o tiro de esperteza pode ter saído pela culatra. Ainda
que o cálculo do desgaste tenha levado em conta o calendário de festas e de
férias para minimizar a chiadeira, a reação nos meios de comunicação –
incluindo a internet – elevou o tom da indignação acumulada, apenas alguns dias
depois do escandaloso auxílio-moradia retroativo dos deputados estaduais vir à
tona.
Nos dois casos, sobressai o distanciamento da
transparência e da firmeza na defesa de posições, quando se trata de interesses
particulares embutidos no interesse de grupo. Os poucos que se manifestam
apelam para a legalidade do recebimento dos recursos, parecendo fazer-se de
surdos perante o grito dos que reclamam. A controvérsia do legal acima do moral
é antiga, e não conduz a lugar algum, além do beco sem saída da decepção e do
desencanto que joga os políticos num mesmo saco de baixa valia. Nesta
perspectiva, o espírito corporativo na política é tão daninho quanto em outras
atividades, com o agravante de bater de frente com o interesse coletivo, ao
qual suas excelências são pagas para servir em primeiro lugar.
Se o aumento de salário de cerca de R$ 9 mil para
R$ 15 mil é legítima e democrática, como qualificou o vereador e ex-presidente
da Câmara Múcio Magalhães, por que proceder à sombra, sem trazer os números e a
justificativa de maneira franca e honesta para o conhecimento e manifestação da
população? Democracia à sombra lembra autoritarismo, configura prática
obscurantista que em nada honra a tradição da política pernambucana.
Enquanto a Lei Orgânica do Município assegura aos
vereadores o direito de fazer jus à remuneração de até 75% do que ganham os
deputados estaduais, o cidadão comum tem o direito de opinar sobre a questão,
inclusive opondo argumentos ao reajuste salarial máximo, no limite do teto.
Aliás, o direito à informação é tão constitucional quanto o aumento máximo de
salário possível dos parlamentares, e um não deveria prevalecer ao outro. É por
isso que a indignação crescente tem gerado ampla repercussão, até com
abaixo-assinado virtual em favor da anulação da medida. Em dois dias de
circulação nas redes sociais, o documento ultrapassou a marca de cinco mil
nomes e deve ser encaminhado nos próximos dias para o Ministério Público.
Apesar da repercussão negativa e do equívoco
indefensável da manobra dos vereadores, é preciso separar a função do
Parlamento de eventuais descaminhos trilhados por seus momentâneos integrantes,
como ressalvou o cientista político Michel Zaidan, na última quarta-feira, em
entrevista a Aldo Vilela na rádio CBN. Quem sabe, no retorno ao trabalho, a
pauta da cidade volte à pauta da Câmara, para que o salário de detentores do
voto não abra o ano eleitoral como motivo de generalizada descrença.
POLÍTICA
Pasta de Bezerra sob atenção
CRISE Diante das acusações de direcionamento político,
presidente decide que verbas para enchentes terão que passar pelo crivo da Casa
Civil
Roberto Maltchik e
Gerson Camarotti
Agência O Globo
BRASÍLIA – O Ministério da Integração Nacional
elegeu, em dezembro, 56 cidades das regiões Sul e Sudeste como prioritárias
para ações de preparação às enchentes, porém foram os Estados do ministro
Fernando Bezerra (Pernambuco) e do ex-ministro Geddel Vieira Lima (Bahia) que
receberam as maiores verbas de prevenção em 2011. O Rio de Janeiro, primeiro da
lista de alerta, com 12 municípios em situação crítica de risco, ficou em
décimo lugar, com 2,3% dos recursos pagos no ano passado. A suspeita de
direcionamento político fez com que a presidente Dilma Rousseff decretasse
ontem uma intervenção branca na pasta de Bezerra. A partir de agora, todas as
liberações para enchentes só serão feitas com o aval da Casa Civil.
Dilma, que está de férias na Bahia até amanhã,
orientou a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a determinar uma
radiografia na rubrica de verbas para prevenção de enchentes. A intenção é
evitar denúncias de favorecimento político. Por isso, as liberações serão submetidas
à avaliação da Casa Civil.
O dinheiro de Prevenção e Preparação para Desastres
destinado a Pernambuco – R$ 34,2 milhões – e à Bahia – R$ 32,2 – supera o
montante liberado em 12 meses para São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Paraná,
Paraíba e Alagoas. Os seis Estados listados receberam da União R$ 62,7 milhões
de prevenção em 2011. Os dados foram levantados pela ONG Contas Abertas, com
base no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).
A execução do programa de Prevenção, em 2011, não
atingiu 30,6% do valor autorizado no orçamento federal. A dotação autorizada
somava R$ 508,4 milhões, dos quais R$ 155,6 milhões foram pagos. Entre 2004 e
2011, o pagamento frente ao valor orçado ficou em 24,4%.
Em Pernambuco, Fernando Bezerra escolheu Petrolina,
cidade na qual exerceu três mandatos como prefeito, para liberar os principais
recursos da rubrica Resposta a Desastres Naturais no interior do Estado. O
ministro liberou para sua terra natal R$ 8,9 milhões, contra R$ 1,2 milhão
destinado, em Pernambuco, aos 14 municípios devastados pela enxurrada em 2010.
Petrolina só perdeu para Recife, com R$ 62 milhões, entre as 96 cidades
pernambucanas contempladas.
Em 2011, o Rio de Janeiro foi o Estado que mais
recebeu dinheiro para reconstrução, com R$ 297,9 milhões, após as tempestades
que arrasaram a Região Serrana. Pernambuco ficou em segundo lugar, com R$ 94,6
milhões, à frente de Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo.
Ministro suspende as férias
Paulo Augusto
pauloaugusto@jc.com.br
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra
Coelho, decidiu ontem interromper as suas férias e convocou para hoje uma
entrevista coletiva na qual falará da questão das chuvas em Minas Gerais. Ele
também deve esclarecer as denúncias de que Pernambuco teria recebido 90% do
valor destinado ao combate às enchentes. Ontem, o ministério divulgou uma nota
de esclarecimento.
No texto, o Ministério da Integração Nacional
informa que investiu R$ 155 milhões para obras de prevenção em 2011, por meio
da Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), e outros R$ 915 milhões foram
investidos na Reconstrução e Resposta a Desastres. Ressalta, ainda, que o
investimento em prevenção também acontece por meio de outros órgãos, como a
Secretaria de Infraestrutura Hídrica (SIH), que “vai liberar R$ 455 milhões em
obras de drenagem e prevenção de enchentes até 2013”. Afirma, ainda, que a SIH
que teria liberado R$ 130 milhões em 2011, sendo “R$ 57 milhões para Bahia, R$ 32
milhões para Rio de Janeiro, R$ 12 milhões para Santa Catarina, R$ 10 milhões
para Tocantins, R$ 10 milhões para Roraima, R$ 5,6 milhões para Pernambuco e R$
1,9 para o Rio Grande do Sul”.
Também ontem, o Twitter oficial de Bezerra Coelho
(@fbcPE) esteve movimentado ao longo do dia. Uma das preocupações foi mostrar
os investimentos feitos pelo governo em outros Estados, que não Pernambuco.
OPOSIÇÃO
No entanto, as primeiras explicações do ministro
não agradaram à oposição. O PPS anunciou que vai preparar requerimento cobrando
explicações de Bezerra Coelho sobre os repasses para Pernambuco. Através de
nota, o deputado Rubens Bueno (PR), líder da legenda na Câmara, considerou
“grave” a denúncia e destacou que a pasta deveria atender as unidades da federação
mais necessitadas e não “as vontades eleitorais do ministro Fernando Bezerra”.
Rubens Bueno afirmou que “o repasse ministerial é
uma afronta a todos os brasileiros, sobretudo àqueles que vivem em regiões de
risco no País” e criticou o governo federal, que “faz pouco para evitar as
catástrofes naturais e, por consequência, a morte de pessoas inocentes”. “Basta
ligarmos a TV ou lermos as notícias dos últimos dias. As enchentes e os
deslizamentos estão ocorrendo diariamente em vários Estados e não apenas em
Pernambuco”, apontou.
Governadores fazem defesa
BELO HORIZONTE – O governador de Minas, Antônio
Anastasia (PSDB), evitou criar atritos com o governo da presidente Dilma
Rousseff. Apesar de o Ministério da Integração Nacional ter repassado a
Pernambuco, Estado do chefe da pasta, Fernando Bezerra, 90% dos recursos
destinados à prevenção de desastres naturais no ano passado, o tucano afirmou
ontem que não sente “discriminação” por parte do governo da petista. Assim como
o colega mineiro, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), afirmou que
não tem o que reclamar do ministro.
Anastasia, que assumiu contar com recursos federais
para restauração dos estragos causados pela chuva desde o fim de 2011, lembrou
que Fernando Bezerra visitou o Estado no último período chuvoso e classificou o
ministro como “extremamente amigo” de Minas, “trazendo convênios e obras
importantes” para municípios mineiros.
Com relação aos recursos para prevenção de
desastres como enchentes e deslizamentos de terra, o governador mineiro avaliou
que “não são valores grandes em face de outros projetos” que beneficiaram o
Estado. “O Ministério da Integração tem alocado recursos expressivos”, disse.
O governador do Rio também defendeu o ministro.
“Não tenho o que reclamar do ministro Fernando Bezerra”, disse Sérgio Cabral
Filho, ao comentar a aplicação de recursos do Ministério da Integração Nacional
para prevenção de enchentes. Apesar de o Rio – palco da maior tragédia natural
do País há um ano – ter sido preterido pela pasta, Cabral afirmou que o
ministro tem sido “um grande parceiro e proativo em todas as demandas”. “A
presidente Dilma está completamente comprometida com essa reconstrução. Não
temos o que falar do governo federal, a não ser agradecer”, acrescentou Cabral.
Indagado sobre a possível influencia da questão
política na distribuição dos recursos, Cabral desconversou: “Isso aí não está
na pauta”.
Rápidas
Temer passa por cirurgia em SP
O vice-presidente Michel Temer passou ontem por uma
cirurgia para a retirada da vesícula, no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São
Paulo. A expectativa da equipe médica é que Temer seja liberado em até quatro
dias. De acordo com boletim médico, o vice passa bem.
Lula inicia sessões de radioterapia
SÃO PAULO – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva inicia hoje as sessões de radioterapia contra o câncer na laringe.
Diferentemente das sessões de quimioterapia, quando permanecia internado na
primeira noite de tratamento, Lula deve comparecer diariamente ao Hospital
Sírio-Libanês, na capital paulista, por seis a sete semanas. “A internação
geralmente não é necessária, só em caso de complicação”, explicou Luiz Paulo
Kowalski, um dos médicos da equipe que trata o ex-presidente.
A expectativa dos médicos é de que Lula enfrente a
radioterapia tão bem quanto tolerou os três ciclos de quimioterapia. O
ex-presidente só deve sofrer efeitos colaterais da radiação a partir da
terceira ou quarta semana. “Nas primeiras semanas, os pacientes conseguem tocar
suas atividades”, disse Kowalski.
Durante as sessões, o paciente permanece deitado
por 10 a 12 minutos no aparelho de radioterapia. A cabeça é imobilizada de modo
a garantir que a radiação atinja a região a ser tratada. No caso de Lula, a
radiação deve abranger, além do tumor na laringe, os gânglios próximos. “Não é
só laringe, é faringe e parte da boca”, explicou Kowalski.
As reações mais comuns da radioterapia são mucosite
(inflamação na mucosa oral), vermelhidão, escamação e inchaço na região do
tratamento. Devido às pequenas úlceras que podem surgir, o paciente sente dores
e dificuldade na deglutição. Com dificuldade para engolir, alguns pacientes
emagrecem e passam a ser alimentados por sonda. “No longo prazo, a pessoa perde
um pouco do apetite e perde peso”, afirmou o médico. Lula já teve mucosite
durante a quimioterapia, assim como queda de cabelo e fadiga, efeitos colaterais
considerados normais pelos médicos.
Para evitar o agravamento dos efeitos da
radioterapia na boca e na garganta, Lula também será acompanhado por dentistas.
Uma nutricionista será destacada para garantir uma dieta compatível com o
tratamento radioterápico do ex-presidente. A equipe de radioterapia será
coordenada pelo médico João Luís Fernandes, coordenador do Serviço de
Radioterapia do hospital.
Segundo Kowalski, Lula vem seguindo rigorosamente
as recomendações médicas e, por isso, os efeitos colaterais sofridos até agora
estão dentro do esperado. Os médicos esperam que Lula finalize a radioterapia
na semana que antecede os desfiles da escola de samba de São Paulo. O
ex-presidente, que é o homenageado da Gaviões da Fiel, pretende desfilar na
segunda noite do Carnaval paulistano.
ECONOMIA
Um desinteresse que preocupa
MÃO DE OBRA Quase ninguém compareceu às aulas que pretendem
formar profissionais para trabalhar na obra da Fiat em Goiana
Salas vazias ou com poucos estudantes marcaram os
dois primeiros dias de aula dos cursos de qualificação e reforço escolar para
os profissionais que vão trabalhar nas obras da Fiat, em Goiana. O cenário se
repetiu nos 13 municípios selecionados para receber a capacitação e que
integram o chamado Polo Automotivo de Pernambuco (Goiana, Abreu e Lima, Aliança,
Araçoiaba, Camutanga, Condado, Ferreiros, Igarassu, Itamaracá, Itambé,
Itapissuma, Itaquitinga e Timbaúba). Balanço da Secretaria do Trabalho,
Qualificação e Empreendedorismo (STQE) aponta que apenas 30% dos alunos
compareceram às escolas. A STQE, o Senai e as prefeituras vão realizar uma
verdadeira força-tarefa para convocar os selecionados, que precisam se
matricular até a próxima sexta-feira sob a pena de perderem as vagas.
“Se as pessoas não comparecerem até o final da
semana, teremos que realizar substituições porque os cursos têm duração de até
um mês e cinco dias de faltas comprometerá o resultado da qualificação”, afirma
a secretária executiva da STQE, Angela Mochel. Na avaliação dela, a divulgação
da lista dos aprovados no último dia 29 e o início das aulas no primeiro dia do
ano podem servir como explicação para as ausências. “O feriado caiu no fim de
semana e muitas pessoas esticaram o recesso”, acredita. Ela usa sua experiência
na Agência do Trabalho do Estado como exemplo, dizendo que a média de
atendimentos no primeiro dia do ano costuma ser de 1.500 pessoas e dessa vez
não ultrapassou 220.
O resultado da seleção ficou aquém do que a STQE
esperava. A qualificação oferece 6.782 vagas, mas a ideia era cadastrar 10.173
pessoas para garantir um banco de dados em casos de desistências. O número
final ficou em 8.385 inscritos. Isso porque a STQE reabriu o cadastro em sete
municípios onde o número de inscritos foi baixo.
O programa vai oferecer cursos em 15 categorias
profissionais. Na última segunda-feira começaram as aulas para 20 turmas de
serventes de obras, cada uma com 20 alunos. Na Escola João Paulo II, em Abreu e
Lima, o cenário era desolador durante todo o dia de ontem. A professora do
Senai, Ana Maria Beltrão, conta que só compareceram 8 pessoas no horário da
manhã e 9 no período da tarde. “Então conversamos com as pessoas e decidimos
deixar para iniciar o curso amanhã (hoje)”, diz. Carros de com nos municípios e
telefonemas do Senai e STQE serão as estratégias para reconvocar os selecionados.
Além da baixa frequência, também chamou atenção a
falta de informação. “Quatro pessoas vieram se matricular mas desistiram,
porque tinham entendido que servente era para realizar serviços gerais, mas o
curso é de servente de obras”, destaca Ana Maria. Outros se inscreveram para
determinada categoria profissional porque a fila era menor, mas não querem
cursar.
A secretária executiva da STQE alerta para a
importância de os candidatos prestarem atenção à lista divulgada no site
(www.stqe.pe.gov.br) e nas prefeituras para observar a data de início de outros
cursos. Alguns começarão amanhã e na próxima segunda-feira e outros terão o
cronograma divulgado no dia 13 de janeiro. Para se matricular, o classificado
precisa entregar seus documentos no local onde vai assistir às aulas.
Ibovespa fecha em alta de 2,48%
Agência Estado
A Bovespa teve mais um pregão de grande força
compradora, o que acabou levando o Ibovespa a fechar acima dos 59 mil pontos. A
cautela foi deixada de lado mundo à fora em dia de retomada dos negócios nas
principais praças acionárias, após a pausa para as festividades de Ano Novo,
com investidores munidos de notícias positivas sobre atividade econômica na
Europa e nos Estados Unidos.
Com o clima favorável no exterior, o Ibovespa
fechou em alta de 2,48%, aos 59.264,87 pontos, após ter alcançado a máxima de
59.288 pontos (2,48%). O giro financeiro somou R$ 6,385 bilhões.
Em Nova York, o índice Dow Jones operava em alta de
1,70% e o S&P 500 subia 1,69%.
Analistas contam que o entusiasmo do mercado
começou com a Alemanha mostrando a menor taxa de desemprego desde 1998, de 6,8%
em dezembro, sendo que a média de 2011 foi a mais baixa dos últimos 20 anos. No
Reino Unido, o dado positivo veio da atividade industrial, que continuou caindo
em dezembro, mas em ritmo menor. O clima já favorável foi reforçado pela
divulgação no começo da tarde da atividade industrial nos EUA, que subiu para
53,9 em dezembro e superou as estimativas dos economistas.
Os gastos com projetos de construção nos EUA também
aumentaram mais do que o esperado em novembro. “O que mais animou hoje (ontem)
foi o noticiário norte-americano, que apontou uma melhora marginal daquela
economia. Embora pequena é uma melhora”, disse Leonardo Milane, estrategista da
Santander Corretora.
Segundo o especialista, a Ata do Federal Reserve,
principal divulgação do dia, não trouxe muitas novidades como já era esperado
pelo mercado. O documento revelou que os membros do banco central dos EUA começarão
a publicar suas estimativas para os juros no país a partir deste mês como parte
de uma reforma nas diretrizes de comunicação do banco central norte-americano e
com o objetivo de fortalecer a frágil recuperação econômica dos EUA.
O Fed divulgará, por exemplo, quando os juros
poderão ser elevados levando em consideração as estimativas sobre o
crescimento, o desemprego e a inflação, segundo a ata da reunião ocorrida em 13
de dezembro, divulgada ontem. Esses dados passarão a ser públicos a partir da próxima
reunião de política monetária, que deve acontecer nos dias 24 e 25 de janeiro.
CÂMBIO
No balcão, o dólar à vista fechou na mínima, a R$
1,8300, com queda de 2,14% . Na máxima, a moeda norte-americana foi a R$
1,8530. Na BM&F, o dólar pronto fechou a terça-feira também na mínima a R$
1,8315, com queda de 2,22% (dados finais).
Governo divulga tabela semestral
FUNCIONALISMO Servidor do Estado sabe quando irá
receber o salários nos 6 primeiros meses do ano. Pagamentos sempre vão começar
pelos aposentados e pensionistas
O governador Eduardo Campos (PSB) anunciou ontem o
calendário de pagamento do funcionalismo público estadual para o primeiro
semestre de 2012. “Saber quando vai receber facilita o planejamento e dá a
tranquilidade merecida para quem trabalha o mês inteiro e precisa pagar uma
prestação que assumiu, por exemplo”, afirmou o gestor na solenidade que
divulgou a tabela com as datas do pagamento.
No primeiro semestre, os salários dos servidores
serão pagos na última semana do mês (ver arte ao lado). Em junho, o governo do
Estado vai divulgar a tabela de pagamento do segundo semestre e do 13º salário.
Todos os meses, o primeiro dia de pagamento será dos aposentados e
pensionistas. O segundo dia atenderá aos servidores ativos da Secretaria de
Educação e do Conservatório Pernambucano de Música (CPM). Nos dias seguintes,
receberão os demais funcionários ativos da administração direta e indireta.
Este mês, a despesa de pessoal do governo do Estado
é de cerca de R$ 560 milhões, distribuídos em 220 mil contracheques, sendo 130
mil dos servidores ativos e 90 mil de pensionistas e aposentados. Em um ano, o
Estado paga mais de R$ 7 bilhões ao funcionalismo. Isso corresponde a cerca de
7% do Produto Interno Bruto (PIB) pernambucano, estimado em R$ 100 bilhões no
ano passado. O PIB mede todas as riquezas produzidas num determinado local.
TAM e LAN chegam a acordo
SÃO PAULO – Os acionistas da TAM aprovaram o valor
da relação de troca de ações entre a empresa e a chilena LAN. A proposta prevê
uma relação de troca de 0,9 ação da LAN para cada papel da companhia brasileira
na oferta pública de permuta de ações que dá andamento ao processo de fusão.
Segundo comunicado da TAM, 14,95% dos papéis em
circulação da empresa estavam representados na assembleia de ontem, que
terminou com a aprovação unânime.
O sinal verde para a fusão dos dois grupos foi dado
em dezembro com a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade), que impôs restrições ao negócio, assim como já fizera o tribunal da
concorrência chileno.
Em seguida, os acionistas das duas empresas
aprovaram o negócio e a mudança de razão social da empresa para Latam Airlines
Group. A expectativa é que o novo grupo seja formado até o fim do primeiro
semestre deste ano.
A fusão das empresas cria uma gigante da aviação
mundial com receita de mais de US$ 10 bilhões, 40 mil funcionários e operações
para 115 destinos em 23 países.
A operação ocorre com um pano de fundo de
consolidação do mercado aéreo mundial, em que empresas buscam economias de
custos por meio de aumento de escala e capacidade de negociação de preços.
As duas companhias afirmaram que esperavam
sinergias anuais de US$ 400 milhões em três anos com a união, mas o negócio
acabou sendo retardado por uma associação de consumidores do Chile, preocupada
com a concentração de mercado no país. Pelos termos do acordo firmado em 2010,
a família Amaro – controladora da TAM – terá cerca de 13,5% da Latam, mas
seguirá com 80% das ações com direito a voto na TAM Linhas Aéreas, que será uma
subsidiária de capital fechado da holding. A família Cueto, atual acionista
majoritária da LAN, ficará com ao cerca de 24% da Latam. Está previsto um
acordo de acionistas no bloco de controle determinando igual poder de voto para
as duas partes.
CAPA DOIS
Procurador em nova ação contra o Enem
EDUCAÇÃO Oscar Costa Filho, do Ministério Público
Federal no Ceará, foi à Justiça pedir que nota da redação não seja considerada
no Sisu, processo que começa no próximo sábado
BRASÍLIA – O Ministério Público Federal no Ceará
(MPF-CE) apresentou pedido à Justiça Federal para que a nota da redação dos
participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011 não seja
considerada no processo seletivo do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O
argumento do procurador Oscar Costa Filho, o mesmo que tentou anular o exame
após o problema de vazamento de questões em colégio de Fortaleza, é que a
redação é corrigida por uma metodologia diferente das provas objetivas e, por
isso, as notas não poderiam ser combinadas.
As quatro provas objetivas do Enem são corrigidas
por meio da Teoria da Resposta ao Item (TRI), uma metodologia diferente das
utilizadas nos vestibulares tradicionais. Pela TRI, leva-se em conta para o
cálculo da nota não apenas o número de acertos do candidato, mas o nível de
dificuldade de cada item. Uma questão que teve baixo índice de acertos é
considerada difícil e, portanto, tem mais peso na pontuação final. Aquelas que
têm alto índice de acertos são classificadas como fáceis e contam menos pontos
na nota final.
Já a redação do Enem é corrigida por dois
professores e, caso haja divergência maior do que 300 pontos - a nota varia de
zero a mil - um terceiro corretor é chamado para avaliar e dar a nota final. O
pedido do MPF está em um aditamento de outra ação civil ajuizada pelo órgão que
pede que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep),
autarquia do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo Enem, explicite os
critérios de correção das provas objetivas já que houve reclamação de alguns
candidatos a respeito da pontuação obtida.
As inscrições para o Sisu começam no próximo
sábado. A ferramenta foi criada pelo Ministério da Educação (MEC) em 2009 para
unificar o processo de seleção de universidades públicas e permite ao estudante
disputar vagas em diferentes instituições a partir da nota obtida no Enem.
Para o primeiro semestre de 2012, serão
disponibilizadas 108.552 vagas em 95 instituições, sendo mais de quatro mil em
Pernambuco.
BRASIL
Técnicos federais em 3 Estados
CHUVAS Especialistas em desastres vão trabalhar no
Rio, Minas Gerais e Espírito Santo para avaliar riscos de inundações e
deslizamentos
BRASÍLIA – O governo federal vai enviar
especialistas para as cidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo
com maiores riscos de inundações e deslizamentos de terra para verificar no
local a necessidade de medidas como a retirada de moradores. O grupo de especialistas
irá trabalhar na resposta aos alertas de emergência emitidos pelo Centro de
Alertas de Desastres Naturais, órgão que funciona desde o início de dezembro no
Ministério da Ciência e Tecnologia.
“Vamos ter pessoal em todos os municípios de risco.
No Rio de Janeiro estamos trabalhando desde segunda-feira. Em Minas Gerais o
trabalho começa amanhã (hoje) e no Espírito Santo, na próxima quinta-feira”,
explicou o secretário-adjunto da Defesa Civil, Ivan Ramos. “As informações do
centro de alertas serão avaliadas no terreno para ver a necessidade de retirar
pessoas.” Os centros de monitoramento com especialistas do Ministério da
Ciência e Tecnologia vão trabalhar em parceria com os governos estaduais.
Ontem de manhã, a própria presidente Dilma Rousseff
telefonou para o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, para dizer que
o governo está à disposição para ajudar o Estado, onde enchentes e
deslizamentos já deixaram 53 cidades em estado de emergência. Segundo a
assessoria de imprensa da Presidência, Dilma disse que pode ajudar com recursos
humanos e financeiros, além de colocar órgãos federais para ajudar os
municípios que sofrem com as enchentes.
Também de manhã, a ministra da Casa Civil, Gleisi
Hoffmann – que, assim como o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra
Coelho, cancelou suas férias – telefonou para o governador Sérgio Cabral para
obter informações sobre a situação no Rio de Janeiro. Segundo a assessoria da
Casa Civil, Cabral pediu informações do Centro de Alertas de Desastres Naturais
para saber se há alertas de possíveis desastres naturais.
Não há, ainda, previsão de liberação de recursos
para os Estados atingidos pelas chuvas. De acordo com Ramos, nenhum dos
governos estaduais pediu verbas para retirada e acomodação de pessoas. Já os
recursos para reconstrução – o governo federal tem, no momento, R$ 450 milhões
a disposição – só são liberados depois que o Estado apresenta uma avaliação dos
danos.
Mais duas mortes em Minas
BELO HORIZONTE – Com seis mortes confirmadas e 2,1
milhões de pessoas afetadas, Minas Gerais voltou a viver em 2012 o pesadelo das
chuvas de janeiro. Nos últimos dias, cidades inteiras foram alagadas, 2,4 mil
casas ficaram danificadas e 143 pontes foram destruídas ou deterioradas. Até ontem,
53 municípios tinham decretado situação de emergência, medida que
desburocratiza a obtenção de recursos públicos para a reconstrução das cidades.
De acordo com a Defesa Civil, os maiores prejuízos
são em cidades da Zona da Mata – que receberão hoje a quarta visita do
governador do Estado, Antonio Anastasia –, do entorno de Belo Horizonte e da
Região Central.
Na madrugada de ontem, uma encosta do Morro do
Piolho, em Ouro Preto, desabou, destruindo parte do Terminal Rodoviário e
matando um taxista que aguardava a chegada de passageiros do último ônibus da
madrugada, proveniente de Belo Horizonte. Seu corpo foi resgatado dentro do
carro, no início da tarde. Havia a suspeita de que pelo menos mais uma vítima
estaria sob a a marquise de concreto do terminal. No entanto, o volume de terra
e a dificuldade de acesso seguro ao local onde estaria o outro carro levaram os
bombeiros a adiarem a busca para hoje.
Segundo a Defesa Civil Estadual, houve outra morte
em Guidoval (305 km da capital), na zona da mata mineira, uma das regiões mais
afetadas pelas chuvas. Um homem ainda não identificado foi levado pela
correnteza.
Segundo o prefeito da cidade, Angelo Oswaldo, o
risco de novos deslizamentos se restringe às áreas de novas construções da
cidade, a partir dos anos 1960, e não ameaçam o centro histórico. “Ouro Preto é
uma cidade construída em local inadequado para o ambiente urbano, mas o corpo
histórico se comporta muito bem, possivelmente porque os portugueses e
africanos tinham conhecimento de deslizamentos graves, anteriores, em seus
países de origem. Eles sabiam o que era trabalhar em um quadro adverso” disse o
prefeito.
Conab manda comida para haitianos
RIO BRANCO – O governo do Acre recebeu ontem da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) oito toneladas de alimentos, parte
das 14 toneladas doadas pelo governo federal para ajudar a alimentar os
haitianos que entram ilegamente no Estado e permanecem na cidade de Brasileia,
a 220 km de Rio Branco, à espera de visto humanitário para permanecer no país
por dois anos, com direito a trabalhar. A quantidade, porém, é suficiente para
apenas oito dias.
“Temos mais haitianos no Brasil do que soldados do
Exército brasileiro na Força de Paz da Organização das Nações Unidas no Haiti.
São 1.200 soldados lá e, só em Brasileia, temos 1.250 haitianos. Os haitianos
consomem por dia 1 tonelada de alimentos”, diz Leonildo Rosas, secretário de
Comunicação do Acre.
Segundo Rosas, o governador Tião Viana (PT)
conversou na manhã de ontem com o secretário-executivo do Ministério do
Desenvolvimento Social, Rômulo Paz, informando que o restante do alimento doado
estava sendo retirado em Porto Velho. De acordo com Rosas, o governo do Acre
confia que o governo federal passará a ajudar o Estado, uma vez que apenas nos
últimos três dias de 2011 passaram pela fronteira 500 haitianos.
INTERNACIONAL
Líbia volta a respirar violência
PRIMAVERA ÁRABE Confronto entre dois grupos de
ex-rebeldes de Trípoli e Misrata deixou um saldo de cinco pessoas mortas ontem
TRÍPOLI – Duas facções de ex-rebeldes líbios
entraram em choque ontem na região central de Trípoli, travando uma batalha que
durou horas e deixou pelo menos cinco mortos. A informação foi divulgada por um
oficial do Conselho Militar da capital líbia. O enfrentamento ocorreu entre
ex-rebeldes de Trípoli e da cidade de Misrata, que haviam combatido juntos contra
o ditador Muamar Kadafi, e foi travado com lançadores de granadas,
metralhadoras e armas antiaéreas.
O coronel Walid Shouaib, membro do Conselho Militar
de Trípoli, disse que o estopim do confronto foi a prisão de um combatente de
Misrata pelos ex-rebeldes de Trípoli, que detiveram o homem, suspeito de roubo,
na passagem do ano-novo. Os combates começaram quando os soldados de Misrata
tentaram libertá-lo.
Um integrante do Conselho Militar de Misrata,
Mohammed al-Gressa, disse temer uma guerra civil. Segundo ele, comandantes dos
ex-rebeldes líbios realizam no momento uma reunião com o Conselho Militar de
Trípoli. “Eu não estou otimista, porque sangue foi derramado. Isso está se
parecendo com uma guerra civil”, declarou Al-Gressa.
Desde a queda do regime de Muamar Kadafi, em
outubro do ano passado, ex-rebeldes líbios têm entrado em choque. O
desmantelamento de vários grupos armados, divididos nas regiões onde operam, se
mostra um desafio às autoridades líbias. A ausência de uma administração
centralizada de segurança deixou o campo livre às milícias, que detém o
controle verdadeiro de várias áreas.
Shouaib disse que ontem os combatentes de Misrata
tentaram pela segunda vez libertar, sem sucesso, o colega que foi preso acusado
de roubo. Dois combatentes de Trípoli e três de Misrata foram mortos nos
tiroteios.
O porta-voz do governo líbio, Ashur Shamis,
minimizou a escalada dos confrontos armados e culpou “sabotadores” pelos
conflitos. “Essas lutas aconteceram por animosidades pessoais, elas não têm
nada a ver com a revolução ou com os revolucionários”, garantiu. Ele insistiu
que o Ministério do Interior da Líbia está com a situação sob controle.
Ibrahim Beit Amal, porta-voz dos combatentes de
Misrata, concordou. “Esses incidentes foram provocados por jovens equivocados.
Eles não são revolucionários”, afirmou.
PROPOSTA
O governo interino da Líbia propôs um rascunho de
lei que estabelecerá as regras para a eleição de uma Assembleia Constituinte –
o primeiro passo para montar um novo governo após a queda e morte de Kadafi.
A lei, proposta pelo Conselho Nacional de Transição,
proibirá que funcionários e políticos de destaque do regime de Kadafi concorram
na eleição. A lei também proíbe que líbios acusados de abusos contra os
direitos humanos, de corrupção e de relações comerciais com a família Kadafi
entrem na disputa.
Irã eleva tom e EUA pedem fim de tensão
TEERÃ – O Irã encerrou seus jogos de guerra no
Golfo Pérsico ontem praticamente da mesma forma como os iniciou no mês passado:
com um tom de desafio militar enquanto potências ocidentais se reúnem em busca
de sanções mais duras nos setores financeiro de petróleo como ferramenta contra
o programa nuclear iraniano.
A atmosfera de impasse se aprofundou após um
general iraniano sugerir que porta-aviões americanos não são bem-vindos no
Golfo. O Pentágono respondeu posteriormente que as embarcações manterão suas
ações no local como programado.
Os Estados Unidos, por sua vez, negaram que busquem
um confronto com o Irã por causa do Estreito de Ormuz. “É importante reduzir as
tensões”, disse em um comunicado o secretário de imprensa do Pentágono, George
Little.
Em Paris, o ministro de Relações Exteriores Alain
Juppé pediu que a Europa siga os Estados Unidos na imposição de sanções mais
duras contra o país. Juppé disse que as medidas poderiam incluir embargos ao
petróleo iraniano.
Anvisa se reúne com importadora da PIP
BRASÍLIA – A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) deverá se reunir nesta sexta-feira com a EMI, importadora
das próteses de silicone francesas PIP, para discutir o descarte do material
que veio para o Brasil e não foi usado.
Os implantes foram alvo de recente alerta sanitário
na França. Lá, mulheres com as próteses da PIP, feitas com silicone de baixa
qualidade, poderão retirá-las às custas do governo.
Na próxima semana, dia 11, haverá uma reunião com
associações médicas, em que devem ser discutidas formas de atendimento dos
casos envolvendo esse silicone. No Brasil, foram usadas 24,5 mil próteses PIP.
“Podemos trabalhar com a orientação dos médicos a seus
pacientes”, disse Luiz Roberto Klassmann, diretor-adjunto da presidência da
Anvisa. De acordo com Klassmann, as informações disponíveis na França e no
Brasil não apontam com clareza para a necessidade de cirurgias de retirada em
massa das próteses.
A Vigilância Sanitária está fechando um mapa que
indicará para quais serviços médicos do Brasil o material foi vendido.
Klassmann diz que a distribuição do material segue a lógica da concentração dos
serviços de cirurgia plástica – principalmente no Sul e no Sudeste do País.
Algumas queixas, dúvidas e pedidos de informações têm sido recebidos pela
agência.
José Horácio Aboudib, novo presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica, diz que não dá para saber se todas as próteses
da PIP vendidas no Brasil estão entre as fraudadas e que a maior parte das
brasileiras usa próteses normais. “O percentual de próteses PIP é relativamente
pequeno no País”, afirma. A sociedade pretende implantar neste mês o primeiro
cadastro com detalhes das próteses implantadas no País, como tamanho, marca e
eventuais complicações.
SUPLEMENTO
Medição de energia pode ser feita a distância
PROJETO Sistema desenvolvido pelo Cesar permite mensurar gasto
de energia elétrica, controlar a carga e realizar pré-pagamento da conta
remotamente, sem interferência humana
Jessica Souza
jsouza@jc.com.br
Especial para o JC
Se o mundo não acabar em 21 de dezembro, a vida dos
consumidores e das concessionárias de energia poderá ser facilitada – e muito –
com a implantação do piloto do Sistema Brasileiro de Multimedição Avançada
(Sibma). Desenvolvido pelo Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife
(Cesar), o projeto contou com recursos de P&D do Ministério de Ciência,
Tecnologia e Inovação.
Medição de energia elétrica a distância, controle
de carga e pré-pagamento da conta são alguns dos benefícios possíveis com a
aplicação do sistema. Em linhas gerais, o Sibma tem o objetivo de automatizar e
padronizar a medição de energia elétrica a distância, desde a concessionária
até o consumidor, sem qualquer interferência humana, criando uma rede
inteligente, também chamada de smart grid.
Parece muito high tech, mas a primeira fase do
projeto, que custou R$ 1 milhão, já foi finalizada e apresentada na Associação
Brasileira da Indústria Eletrica e Eletrônica (Abinee), em São Paulo.
De acordo com o gerente sênior de projetos do Cesar
Fabio Maia, já existem até algumas soluções parecidas no Brasil, mas nenhuma
padronizada. “A ideia era desenvolver um sistema que seria aplicado em âmbito
nacional, obedecendo o que as concessionárias chamam de interoperabilidade”,
comenta.
Seguindo esse conceito, as empresas poderiam
utilizar diferentes modelos de diversos fabricantes e o sistema continuaria
funcionando, sem nenhum transtorno para o consumidor ou a concessionária. Para
isso, o sistema de informação da empresa precisaria definir um protocolo, uma
linguagem para que esses dispositivos se entendam e troquem informações.
“Nosso objetivo é especificar e projetar um
protocolo que todos os equipamentos de medição e sistemas compreendam e que
também possa ser transmitido por qualquer rede de telecomunicações, DSL ou
mesmo pelo celular”, explica Fabio.
Inicialmente, o foco são os medidores de energia,
mas as chaves de corte também poderão ser ativadas a partir do sistema que está
sendo desenvolvido. “Remotamente, a concessionária poderia comandar para
desligar ou religar a energia, sem ter que mandar um funcionário”, conta.
Na segunda fase, que foi iniciada no fim do ano
passado e também deve custar R$ 1 milhão, a ideia é elaborar um protótipo com o
que foi projetado na fase anterior.
“Até então o trabalho foi teórico, tudo em papel.
Nesta nova fase, vamos construir o protótipo e avaliar o projeto”, diz. Segundo
Fabio Maia, o objetivo é finalizar a segunda fase até setembro. “No fim deste
ano, já teremos o protótipo e planejamos instalar em uma quantidade pequena
para controlar e observar como o sistema se comporta”, explica.
INOVAÇÃO
A ideia, diz o gerente, já existe na Europa e nos
Estados Unidos, mas ainda utilizando uma arquitetura ultrapassada. “Propomos
algo diferente, utilizando a conectividade da internet, o que é um coisa
inovadora. Começamos com energia elétrica, mas o sistema é aplicável a vários
outros serviços públicos, como água e gás”, detalha.
Após a finalização da segunda fase, o sistema será
apresentado para consulta pública e posterior publicação pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
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