PRIMEIRA PÁGINA
Acuado, ministro joga a crise para o governo
Pressionado pelo Planalto, que o obrigou a
interromper as férias, e pelo PMDB, que cobiça sua vaga na Esplanada, o
ministro da Integração Nacional defendeu-se atirando. Em entrevista, Fernando
Bezerra Coelho admitiu que 90% dos repasses antienchentes feitos pela pasta
foram mesmo para Pernambuco, sua terra natal. Mas afirmou que foi uma decisão
de governo, com conhecimento da presidente Dilma. Sobre a falta de dinheiro
para os municípios afetados pelas chuvas, apontou como responsável o Ministério
das Cidades, chefiado pelo PMDB, que "tem um orçamento de R$ 11 bilhões
para obras de prevenção a enchentes"
Chuva afeta 2 milhões de pessoas no Rio e em Minas
Tempestades afetam 2 milhões no Sudeste
Em Minas, já são 66 as cidades em emergência. No
Rio, a Região Serrana é castigada por enchentes . Especialistas criticam a
escassez de investimentos desde a tragédia de 2010
Bancos e cooperativas abrem guerra por servidor
Bancos cobiçam servidores
Com a liberdade para escolher a instituição de sua
preferência, funcionário pode estudar a proposta mais vantajosa
Clima destrói lavouras e encarece alimentos
Clima encarece alimentos
Chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste, e seca no Sul,
geram prejuízos no campo, estimulando a alta dos preços. BC pode parar queda de
juros
OPINIÃO
Mães, filhos e escolaridade
Conselheiro do movimento Todos Pela Educação, membro do
Conselho Nacional de Educação e professor da UFPE
Mozart Neves Ramos
O Brasil tem avançado no número médio de anos de
estudo de sua população. De acordo com os dados da última Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), de 1999 para 2009, esse indicador educacional passou de
5,8 anos para 7,2 anos. Considerando que a escolaridade tem um impacto
importante na distribuição de renda, isso não deixa de ser alentador. Segundo o
professor e pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Marcelo Neri, cada
ano de estudo a mais aumenta, em média, 15% a renda de uma pessoa. Se ela tem o
ensino superior completo, um ano a mais de estudo impacta em 47%.
A primeira das 5 metas do movimento Todos Pela
Educação trata da universalização da oferta educacional para todas as crianças
e jovens de 4 a 17 anos. Essa será, sem dúvida, a primeira delas a ser
alcançada. E isso deverá ocorrer antes de 2022, prazo definido pelo movimento,
que corresponde ao bicentenário da Independência do Brasil. A razão do otimismo
deve-se à Emenda Constitucional 59, de 2009, que, ao retirar a Educação da
Desvinculação dos Recursos da União (DRU), que redireciona 20% do orçamento
anual de cada ministério para esse fundo governamental, impõe aos municípios e
estados, em contrapartida aos recursos adicionais, a exigência legal de
universalizar a oferta educacional de 4 a 17 anos até 2016.
Esse esforço requer também que a oferta seja levada
aos adultos que não puderam estudar ou não tiveram condições de dar
continuidade aos estudos. Mães mais escolarizadas contribuem de forma decisiva
na aprendizagem dos filhos e na melhor distribuição de renda. O país não pode
deixar que se amplie o fosso educacional entre gerações.
Observa-se hoje uma grande disparidade entre os
anos de estudo das mães em relação aos dos filhos, especialmente os da rede
pública, realidade revelada por recente levantamento realizado pelo Todos Pela
Educação, com apoio da Fundação de Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a
partir dos dados da Pnad 2009. Segundo o levantamento, 51,5% dos jovens com 14
anos já haviam atingido a escolaridade das mães. Desses jovens, 71% cursavam
uma das três últimas séries do ensino fundamental e 9,5% estavam no ensino
médio.
Esses percentuais apontam para a baixa escolaridade
das mães dos alunos dessa idade. Isso se torna mais impactante quando separamos
os alunos de acordo com a rede na qual estudam, pública ou privada. Aos 14
anos, cerca de 60% dos alunos da rede pública já atingiram a escolaridade da
mãe, enquanto o percentual é de apenas 10% para alunos da rede privada.
Na questão da renda, é interessante observar que
mais da metade dos alunos de 14 anos de famílias com renda de até R$ 463 já
atingiram a escolaridade da mãe, enquanto que para alunos de famílias com renda
per capita superior a esse valor, o número cai para pouco mais de 25%. Ou seja,
há forte relação entre a escolarização das mães e a renda da família.
Diante desse cenário, a educação de jovens e
adultos, incluindo alfabetização, deve ser de permanente preocupação nas
diferentes esferas de governo. Bons resultados nessa área podem contribuir para
eliminar as diferenças educacionais entre gerações, promovendo uma sociedade
mais equânime e justa.
Educação de qualidade para todos é o caminho mais
curto para acabar com a miséria. Os números me fazem lembrar a sábia frase do
ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela de que a educação pode fazer a
diferença entre uma vida de pobreza extrema e o potencial para uma vida plena e
segura. Fazer a opção pela educação de qualidade para todos deve ser a
prioridade brasileira — a urgência nacional. Nada melhor do que começar um novo
ano fazendo essa escolha.
COLUNAS
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Chuvas e prevenção
Quase 10 mil pessoas estão desalojadas em Minas
Gerais. Chuvas fortes destroem a terra e apavoram o homem. Quarenta e quatro
municípios estão em estado de emergência. Outras 57 cidades sofrem estragos.
Duas pessoas morreram vítimas das chuvas. O governo estadual procura amenizar,
e o governo da República determina assistência às pessoas sofridas com as
consequências das chuvas. Há exatamente um ano, o senador Álvaro Dias anunciava
que 48 projetos de lei em tramitação no Senado tratavam de formas para prevenir
mortes e prejuízos causados por eventos extremos da natureza. O Senado, a
pedido da Comissão Representativa do Congresso Nacional, deveria analisar com
prioridade os projetos de prevenção a desastres em áreas de risco.
Infelizmente, o país ainda não prioriza o planejamento. Por isso as catástrofes
são previsíveis.
A frase que não foi pronunciada
"Contribuintes querem radar nos pardais para
saber onde é aplicada a verba arrecadada com as multas."
Conversa
no Orkut.
Americanos
» Há vários candidatos à Presidência dos Estados
Unidos. Muitos começam a disputar convenções. O quadro vai se afunilando, até
que ficam dois candidatos. Quem saiu na frente foi Ron Paul. O projeto de
trabalho dele se concentra em fechar o Federal Reserve. Tem disposição para
chegar até o fim.
Estradas
» O Brasil está crescendo, aumenta a extensão de
rodovias. A construção atual é inferior às que serviram Brasília, com mais de
20 mil km ao tempo de JK. Hoje, engenheiros executam ordens erradas. Pouco lhes
interessa, entendendo que "quem paga é a viúva" — expressão
condenável. Quem paga somos nós contribuintes.
Ministérios
» A presidente Dilma Rousseff leva hábitos
diferentes ao comando do país. Herança do governo Lula da Silva, foi o peso
financeiro de 40 ministros e secretários-gerais. Ministro deve ser obediente ao
governo federal, para que não haja dissensões no grupo administrativo. Mesmo
assim, a máquina está de difícil controle administrativo.
Alemanha
» Angela Merkel não está otimista quanto ao futuro
do seu país. Dias são difíceis, e a população é chamada ao maior zelo com as
despesas. A redução de gastos deve ser drástica, mesmo na temporada de
ano-novo. Amainando despesas, o país vai viver abrandando os exageros de alto
consumo. A nação sofrida se resguarda de futuras dificuldades.
Destruição
» Nova Friburgo em "alerta máximo".
Chuvas fortes caem instantes seguidos. Há tensão na cidade e no campo. Muito
sofrimento acumulado em 2011. Agora, outra preocupação. Nova Friburgo é a maior
organização de haras, com reconhecimento, do país. Há que se considerar um
animal criado com cuidado e exercícios para o fiel cumprimento das raças e da
criação. Outros municípios belos e com montanhas estão ameaçados.
Paraná
» O sul do país sofre dificuldades com o mau tempo,
os rios cheios e as populações privadas da liberdade de ir e vir. No Paraná,
enxurradas transbordam e invadem cidades tradicionais em estilo germânico.
Pontualidade
» Bondes de Porto Alegre passaram pelo auge do
funcionamento. Por volta de 60 anos, em cada ponto chegava na hora certa. O
mesmo acontecia com a saída. Era o tempo de poucos automóveis nas ruas. O povo
usava transporte coletivo barato e confortável. Parecia os trens da Paulista.
Onde passava, os moradores acertavam relógios. Ainda não existia relógio
digital.
Japão
» Embora destruídas, rodovias no Japão foram
refeitas em apenas seis dias. A Cruz Vermelha recebeu de volta o dinheiro que
sobrou do socorro. Não se conheciam detalhes. É que engenheiros e ajudantes
trabalharam noites a fio, e sobrou dinheiro da verba governamental.
Aproximação
» A Coreia do Sul toma os primeiros contatos com a
Coreia do Norte. A intenção é de contato político. A do norte não acredita no
projeto. Por sua vez, a do sul, autora da proposta, vai retaliar o
desentendimento se não houver humor e atenções.
História de Brasília
O ônibus da prefeitura que faz a linha da Asa Norte
está sendo chamado pelo pessoal da Rádio Nacional de "Semanal", tal é
a demora para chegar aos pontos. (Publicado em 4/5/1961)
POLITICA
Caixa e BB geram disputa entre partidos
PT pressiona para que o Banco do Brasil, sob seu comando,
toque o PAC e o Minha Casa, Minha Vida. PMDB quer manter o controle dos
programas na atual gestora
» JOSIE JERONIMO
» VÂNIA CRISTINO
Recursos orçamentários da ordem de R$ 110 bilhões
voltados para ações sociais na área de habitação, infraestrutura e segurança
alimentar atiçam a gula do PT e do PMDB pelo comando de bancos estatais. A
reforma ministerial prevista para a próxima semana elevou ainda mais a
temperatura dos debates. Apesar de o Planalto sinalizar que pretende fazer
pequenas mudanças, os principais partidos do governo lutam para conquistar o
espaço das siglas nas cúpulas da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.
Nos últimos dois meses, o PMDB marcou posição sobre
o interesse em ampliar o comando da Caixa, banco que é o único agente executor
dos programas sociais e responsável pela execução das emendas parlamentares —
que em 2012 somam 40 bilhões. Prevendo a possibilidade de perder a briga com o
PMDB, o PT, que sempre teve mais influência no Banco do Brasil, defende projeto
de inclusão do banco como um segundo agente executor para se
"equiparar" à Caixa, em termos de investimentos governamentais.
Está em estudo no governo e no Banco do Brasil a
entrada da instituição no circuito de repasses de recursos de programas
ministeriais. O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), é
um dos defensores do avanço do Banco do Brasil sobre esse campo. Pimentel
afirma que, a partir do funcionamento do Banco Postal, operado pelo BB, a
instituição iniciará a concessão de crédito pelo Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e aumentará sua capilaridade
social. De acordo com o líder do governo, a participação do Banco do Brasil
como executor de emendas para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e
para o Minha Casa, Minha Vida poderia acelerar o processo de liberação dos
recursos. "O volume de trabalho da Caixa é muito alto. Com a atuação do
Banco do Brasil, diminuiria pela metade o prazo de análise de convênios, de
fiscalização e medição das obras. As empresas de construção civil têm
reclamações. A intenção é que os bancos ofereçam os mesmos serviços e concorram
entre si."
A ideia do PT de turbinar o BB com recursos de
programas sociais e de emendas parlamentares, no entanto, tem restrições de
executivos do BB e do PMDB. A área técnica da instituição rejeita a hipótese de
ela atuar como agente executor de emendas. A avaliação é de que o setor só dá
dor de cabeça e demanda enorme estrutura de pessoal. O Banco do Brasil avalia a
possibilidade de entrar para complementar a ação da Caixa em programas
habitacionais e de infraestrutura. Emendas e transferência de renda são
descartadas. "A remuneração obtida como agente financeiro dos programas
sociais do governo, por exemplo o Bolsa Família, não garante o sucesso da
instituição", observou um alto executivo do banco.
Execução lenta
O peemedebista Geddel Vieira Lima, vice-presidente
de Pessoa Jurídica da Caixa, afirma que ainda não existe uma proposta formal de
transferir atribuições para o BB. Geddel acrescenta que não é possível utilizar
somente o argumento de que a Caixa está sobrecarregada para eleger o Banco do
Brasil como um segundo agente executor de programas governamentais. "Essa
é uma decisão de governo, não é só dizer que a Caixa está sobrecarregada. O
padrão de exigência é que causa isso. Também falta estrutura das prefeituras. É
uma disposição que vem da necessidade de trazer mais agentes financeiros para o
setor, não é uma disputa", afirmou Geddel.
Para o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em vez de
eleger o Banco do Brasil como um segundo agente executor, o governo poderia
tomar para si a execução orçamentária dos programas e deixar a Caixa como um
banco suporte. "O governo está estudando uma alternativa para mais de um
agente executar, mas não precisa o banco executar. Não sei se o Banco do Brasil
tem estrutura. Em vez de colocar o Banco do Brasil, seria melhor colocar a
estrutura do governo. A Caixa tem corpo funcional de engenheiros, coisa que o
Banco do Brasil não tem. A Caixa pode dar suporte para o ministério
executar", argumenta.
Enquanto PT e PMDB avaliam a equação política da
transferência de atribuições da Caixa para o Banco do Brasil, os executivos do
BB já avisam: a instituição só entrará em programas e projetos com remuneração
adequada. O Banco do Brasil está entrando em nichos de mercado que até pouco
tempo atrás eram uma exclusividade da Caixa Econômica Federal. Um exemplo é o
crédito habitacional. A Caixa detém cerca de 70% do mercado, mas o Banco do
Brasil, que só começou a oferecer financiamento para a casa própria há três
anos, quer chegar em 2013 em terceiro lugar, desbancando concorrentes privados,
como Bradesco e Santander.
Cofre aberto
Em um ano, o Banco do Brasil pretende mais que
dobrar o volume de empréstimos para a casa própria, passando de R$ 3,4 bilhões
em dezembro de 2010 para R$ 7,7 bilhões em dezembro deste ano. O BB também
entrará na fase 1 do programa Minha Casa, Minha Vida, que é bancada com
subsídios do Tesouro para as famílias de baixa renda.
CGU pede ressarcimento de R$ 1,8 bi em 2011
A Controladoria-Geral da União (CGU) divulgou ontem
o balanço de ações com pedido de ressarcimento promovidas no ano passado. A CGU
solicitou a devolução de R$ 1,8 bilhão em recursos com indícios de
irregularidades em sua aplicação. O montante se refere a transferências por
convênios para ONGs, estados ou municípios. Ao todo, foram 744 tomadas de
contas especiais enviadas pelo órgão ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Desde 2002, quando o balanço começou a ser divulgado, a CGU já recomendou o
ressarcimento de R$ 7,7 bilhões aos cofres públicos em 12.337 ações. As
principais razões para os pedidos são falhas como a "omissão no dever de
prestar contas" e "irregularidades na aplicação dos recursos".
ECONOMIA
Bancos cobiçam servidores
Com a liberdade para escolher a instituição de sua
preferência, funcionário pode estudar a proposta mais vantajosa
» VERA BATISTA
A guerra para seduzir as polpudas contas-salário
dos servidores públicos já começou. Mal o governo deu liberdade para que cerca
de 13 milhões de funcionários façam a transferência automática do dinheiro para
instituições financeiras de sua preferência, bancos, cooperativas e financeiras
deram início a uma batalha desesperada para ganhar a confiança dessa
privilegiada parcela da população. Os dados do governo mostram que, ao longo de
2012, apenas os servidores federais movimentarão mais de
R$ 200 bilhões. Alguns bancos que contavam com o
conforto da exclusividade temem perder esse filão, marcado por estabilidade no
emprego, baixo risco de calote, alto poder aquisitivo e ganhos 43% maiores que
os da média da remuneração dos brasileiros.
A portabilidade das contas já é um direito
adquirido dos empregados da iniciativa privada desde 2009. Mas só desde a
última segunda-feira, primeiro dia útil de 2012, chegou aos servidores
públicos. Agora, o antigo banco do servidor é obrigado a aceitar a opção do
funcionário pela mudança em um prazo de até cinco dias úteis. O salário tem que
estar disponível na nova conta-corrente, no mesmo dia do crédito do salário,
até as 12h. "O banco é obrigado a dar o cadastro da pessoa e todos os
dados antigos têm que constar no novo talão de cheque. Vale lembrar que a
conta-salário é isenta de tarifa, segundo determinação do Banco Central",
alertou Abelardo Duarte de Melo Sobrinho, diretor de desenvolvimento
organizacional do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob). Sobrinho
representa um segmento que se apressou para aproveitar os bons ventos soprados
pela portabilidade.
Cooperativas
Além de taxas menores para crédito pessoal, cheque
especial e cartão de crédito, quem se associa a uma cooperativa de crédito, diz
ele, tem a vantagem de receber de volta, às vezes com juros, a cota de
contribuição sobre o capital que é depositada todo mês. Em Brasília, na média,
esse percentual chega a 1% do principal. Sobrinho exibiu dados de um estudo no
qual as taxas oferecidas pelas cooperativas aparecem bem abaixo das praticadas
por bancos comerciais ou financeiras. Em 2011, no segmento cooperativado, o
custo do crédito pessoal foi de 2,2% ao mês. Nos grandes bancos, chegou a 4,6%.
No cheque especial, as cooperativas praticaram 4,6% mensais, longe dos 6,5% dos
concorrentes. No cartão de crédito, a diferença foi maior: 7% nas cooperativas
e 10,5% nas grandes instituições, em média.
A concorrência está tão acirrada que os bancos
sequer escondem suas estratégias. Para atrair o servidor, o Santander preparou
conta sem tarifa mensal, cartão de crédito livre de anuidade e tarifa fixa.
Além disso, oferece 10 dias por mês sem juros no limite do crédito da
conta-corrente. Os clientes do segmento Van Gogh, de alta renda, terão 50% de
desconto no pacote de serviços, dois cartões de crédito (Master e Visa) e até
10 adicionais. Contarão ainda com espaços privativos nas agências e atendimento
gerencial por telefone até a meia-noite.
O Banco do Brasil, maior detentor de contas de
servidores, não fica atrás. Em um conjunto de iniciativas pró-servidor,
armou-se de artilharia pesada para não perder
clientes. Além da ampliação dos pontos de atendimento, oferecerá produtos
especiais e, sobretudo, tarifas diferenciadas, a fim de segurar o
funcionaliosmo. "Estamos trabalhando para reter essas contas-correntes e
fazer crescer nossa carteira", disse Sérgio Nazaré, diretor de Clientes e
Pessoas Físicas da instituição.
Mas, como o BB, o Itaú Unibanco e a Caixa não deram
detalhes sobre taxas. O Itaú informou que está empenhado em levar os melhores
produtos e serviços e em ser líder em satisfação de seus clientes.
"Oferecemos pacotes de benefícios para cada perfil", afirmou Cícero
Araújo, diretor comercial do Itaú Unibanco. A Caixa destacou que os benefícios
serão grandes e que ainda há tempo para abrir uma carteira de investimentos em
condições diferenciadas. O Bradesco comentou o assunto.
Compare as taxas (Em % ao mês)
Vejas os juros médios cobrados no mercado por
vários tipos de instituição
Modalidades - Cooperativas - Bancos
Crédito pessoal - 2,2 - 4,6
Cheque especial - 4,6 - 6,5
Cartão de crédito - 7,0 - 10,5
Fonte: Banco
Central e Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob)
País será o 2° no Facebook
Gustavo Henrique Braga
O Brasil é o quarto colocado mundial em número de
usuários do Facebook. As informações são do especialista Nick Burcher, que usou
dados da própria rede social criada por Mark Zuckerberg combinadas com
estatísticas que levantou desde 2008. Entre 2010 e 2011, os cadastros de
brasileiros no site pularam de 8,8 milhões para 35 milhões, um crescimento de
300% em apenas um ano, o maior entre os países pesquisados. Se mantiver esse
ritmo, o país poderá chegar à segunda colocação até o fim do ano.
A primeira posição é dos Estados Unidos, com 157
milhões de usuários, seguido de Indonésia e Índia, ambos com 41 milhões. A
lista com os 10 primeiros colocados inclui ainda México, Turquia, Reino Unido,
Filipinas, França e Alemanha. O país sul-americano mais bem colocado depois do
Brasil é a Argentina (12º), com 17 milhões.
O único país que apresentou um crescimento próximo
ao do Brasil foi o Japão — 254%, chegando a 6,2 milhões de contas. Com isso, o
país asiático ocupa a 25ª posição no ranking. "O Facebook continua a
crescer no mundo, principalmente nos mercados em desenvolvimento, como
Indonésia, Índia e Brasil", escreveu Nick Burcher, em seu site.
BRAISL
Alertas sobre blitzes são proibidos
Justiça do Espírito Santo manda tirar do ar perfis que
avisam o local das fiscalizações. Quem desobedecer à ordem poderá receber multa
diária de R$ 500 mil
» Larissa Leite
Multas de até meio milhão de reais por dia serão
aplicadas para provedores de páginas de internet que alertarem sobre operações
policiais de combate à condução de veículos sob efeito de álcool realizadas no
Espírito Santo. A decisão do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) tem
como alvo principal as páginas Utilidade Pública, do Facebook, e Lei Seca, do
Twitter, que emitem alertas sobre as operações denominadas Madrugada Viva. As empresas
deverão ser notificadas sobre a decisão até a próxima sexta-feira. A partir
dessa data, os perfis das redes sociais terão sete dias para serem tirados do
ar.
A decisão do juiz Alexandre Farina Lopes, da Vara
Especial Central de Inquéritos da Comarca de Vitória, ocorreu em função da
solicitação do delegado Fabiano Contarato, da Delegacia Especializada em
Delitos de Trânsito. A decisão determina ainda a quebra do sigilo cadastral de
todos os responsáveis por essas páginas e dos usuários para que possa haver a
responsabilização criminal com base no Código Penal. A pena, para esses casos,
varia de um a cinco anos de reclusão. A página do Facebook conta com 8.282
membros e tem como principal objetivo "prestar informações sobre o
trânsito da Grande Vitória".
A defesa de um dos idealizadores do grupo Utilidade
Pública contesta a decisão. Segundo o advogado Raphael Vargas, o fato de as
pessoas alertarem sobre os locais de blitzes não caracteriza crime.
"Apesar de ser moralmente reprovável, a atitude de possibilitar a alguém
que ingere bebida alcoólica de se desviar de blitz não caracteriza o crime que
o delegado descreve. Teria que ter provas de que alguém leu a página e que agiu
por conta disso", afirmou o advogado. A defesa ainda argumenta que a
página não tem os avisos sobre as blitzes como motivação principal.
O presidente da Comissão de Direito de Trânsito da
Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso, Thiago França Cabral,
posicionou-se de maneira favorável à decisão da Justiça. Para o advogado
especialista em trânsito, que não comentou sobre os ilícitos penais previstos
pela decisão, os usuários da internet que avisam sobre o trânsito cometem um
"crime social". "O indivíduo que desvirtua uma operação tão
séria como a lei seca acaba afrontando a sociedade e comprometendo o governo na
realização de um trabalho que envolve basicamente salvar vidas", defendeu.
Ainda segundo o advogado, a decisão representa um
avanço não apenas no contexto jurídico, mas também social. "O Poder
Judiciário julgou de maneira coerente em prol da vida. A lei seca já se tornou
um instrumento indispensável para diminuir a criminalidade no trânsito.
Atualmente, o álcool é um dos principais causadores de infrações e acidentes no
trânsito", afirmou França. O especialista acredita que a decisão da
Justiça do Espírito Santo servirá como modelo para outras no país. O perfil no
Twitter RadarBlitzDF, com informações sobre blitzes na capital federal, conta
com 37.061 seguidores.
Salários do DF como referência
Em novembro de 2008, o deputado Arnaldo Faria de Sá
(PTB-SP) apresentou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 300, com o
objetivo de estabelecer o piso salarial nacional dos policiais e bombeiros
militares. A ideia inicial era de que a base fosse equiparada à do maior
salário do país, no caso, o do Distrito Federal, com remunerações de R$ 4,5 mil
a R$ 9 mil para praças e oficiais, respectivamente. No entanto, o texto-base
logo foi alterado e, em 2 de março de 2010, a PEC 300 foi aprovada em primeiro
turno na Câmara, por 349 deputados, com os valores excluídos da proposta.
No mesmo dia da votação, um acordo costurado entre
a base e a oposição definiu um piso salarial provisório, entre R$ 3,5 mil e R$
7 mil. Ficou acertado ainda que esses valores permaneceriam inalterados até que
uma lei federal regulamentasse o piso e o índice de correção anual dos
vencimentos. Além disso, foi proposta a criação de um fundo de segurança
pública para que o governo federal financiasse os pagamento nos estados que não
têm recursos para arcar com os valores estipulados na PEC. Estima-se que a
implementação do piso custe aos cofres públicos cerca de R$ 40 bilhões anuais.
Desde então, a PEC aguarda para entrar na pauta
novamente e passar pelo segundo turno de votação antes de seguir ao Senado. A
promessa era de que a matéria seria apreciada pelo plenário da Casa logo após
as eleições de 2010. Frequentemente, bombeiros e policiais promovem
manifestações no Congresso pedindo agilidade na votação.
SAÚDE
Cirurgia, o único tratamento para câncer de tireoide
Operação como a realizada ontem pela presidente da
Argentina, Cristina Kirchner, significa a cura em 90% dos casos
Rebeca Ramos
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner,
surpreendeu a todos ao anunciar ter sido diagnosticada com um câncer papilar na
região da tireoide. Feitos os exames, a chefe de Estado foi submetida ontem à
cirurgia, único tratamento para a doença — e procedimento que, em 90% dos
casos, significa a cura. A operação, embora rápida (realizada em cerca de uma
hora), deve ser feita com precisão, pelo fato de o tumor estar em uma área
cheia de peculiaridades. Se detalhes como a manipulação cuidadosa dos nervos da
laringe ou a verificação incansável de possíveis pontos de sangramento não
forem checados, o paciente pode sair da mesa de cirurgia com problemas como
rouquidão ou até mesmo sem vida. Especialistas explicam a técnica e os cuidados
necessários para se obter o melhor prognóstico.
O oncologista do Instituto Oncoguia Rafael Kaliks
conta que o câncer na tireoide ocorre com mais frequência em mulheres entre 40
e 50 anos. As causas podem variar de radioterapia realizada na região da cabeça
e do pescoço a fatores genéticos. Segundo ele, o tumor geralmente é descoberto
cedo porque o ultrassom no pescoço é um exame rotineiramente recomendado por
médicos. "Dessa forma, por ser diagnosticado ainda pequeno, o tratamento é
ainda mais eficaz", explica.
Há dois tipos de cânceres na tireoide, que são
classificados como diferenciados (papilar e folicular) e indiferenciados
(medular e linfoma da tireoide) — os primeiros são mais comuns. Segundo Luiz
Adelmo, oncologista clínico da Oncomed, o tratamento é realizado basicamente
com cirurgia e iodoterapia. O cirurgião de cabeça e pescoço André Póvoa, médico
do Hospital de Base, explica que a cirurgia está no rol dos procedimentos
minimamente invasivos. Ele descreve que, sob efeito da anestesia geral, uma
incisão transversal é feita nas dobras do pescoço do paciente, de onde se
resseca e retira a tireoide. A boa cicatrização é variável, tanto por razões
genéticas (pré-disposição para queloides) quanto pelos cuidados da pessoa.
"Eu prescrevo cremes e faço uma sutura com pontos internos, tudo para
minimizar o surgimento de cicatrizes", afirma.
Pós-operatório
A glândula tireoide, que tem formato de escudo, fica em frente aos nervos laríngeos recorrentes, responsáveis por abrir e fechar as cordas vocais. Como toda essa estrutura é interligada e o espaço entre os órgãos é pequeno, o cuidado para não lesionar a área deve ser redobrado. "Se a área for lesionada, o paciente pode apresentar rouquidão transitória ou permanente", salienta Póvoa. A estatística é que de 1% a 2% dos pacientes sofram do primeiro problema. A retirada do tubo de oxigênio pode também irritar a região.
A glândula tireoide, que tem formato de escudo, fica em frente aos nervos laríngeos recorrentes, responsáveis por abrir e fechar as cordas vocais. Como toda essa estrutura é interligada e o espaço entre os órgãos é pequeno, o cuidado para não lesionar a área deve ser redobrado. "Se a área for lesionada, o paciente pode apresentar rouquidão transitória ou permanente", salienta Póvoa. A estatística é que de 1% a 2% dos pacientes sofram do primeiro problema. A retirada do tubo de oxigênio pode também irritar a região.
Segundo Póvoa, a rouquidão transitória faz parte do
pós-operatório, uma vez que, só de serem manipulados, os nervos ficam inchados.
Uma lesão em outro nervo ligado à voz, o laríngeo superior, poderá afetar o
timbre da voz. "Essa é uma das preocupações mais constantes dos pacientes
que se submetem a essa cirurgia. Com muito cuidado, porém, diminuímos a chance
de as alterações serem permanentes", relata.
Outro problema ainda muito comum é a hipocalcemia.
Rafael Kaliks descreve que, grudadas à tireoide, estão as glândulas
paratireoides, responsáveis pela regulação dos níveis de cálcio no sangue.
Quando retiradas, os pacientes podem desenvolver problemas ocasionados pela
queda de cálcio no organismo, acarretando o chamado hipoparatireoidismo, que
provoca sintomas como formigamento nas extremidades e na boca, que podem
evoluir para cãibras. "No ato da cirurgia, a glândula é descolada da
tireoide e recolocada no pescoço, sem dano algum para o paciente",
ressalta.
Póvoa conta que, no ato cirúrgico, o especialista
deve ter sempre em mente a identificação e a preservação da paratireoide. Ele
explica que, normalmente, cada pessoa tem quatro dessas glândulas, que medem
cerca de 6mm. O cirurgião acostumado com o procedimento, no entanto, consegue
vê-las rapidamente e autoimplantá-las sem riscos de surgimento de novos pontos
de câncer. "Raramente, o tumor maligno atinge a paratireoide",
confirma.
Feita a cirurgia, o paciente ainda corre o risco de
passar uma complicação que, se não sanada a tempo, pode levar à morte: o
hematoma. Ele é provocado por sangramentos que, em alguns casos, não são
detectados pelo cirurgião. Póvoa relata que esse hematoma pode ocorrer devido à
ruptura de algum vaso sanguíneo e, como no momento da operação a pressão do
paciente está baixa, ao voltar ao normal o sangramento vem à tona. "O acúmulo
de sangue no pescoço pode comprimir a traqueia e a jugular e, assim, impedir
que a pessoa respire, mas esse também é um cenário raro", afirma. Os
sintomas do hematoma são dor e dificuldade de respirar.
Radioativo
Após a operação, o paciente é submetido à tireoglobulina, um exame de sangue que avalia a quantidade de células da tireoide ainda presentes no organismo. O médico nuclear do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e da Clínica Nuclear Dalton Alexandre dos Anjos explica que, por mais habilidoso que seja o cirurgião, ele não conseguirá remover toda a tireoide do organismo pelo fato de a glândula estar situada em uma região muito delicada.
Após a operação, o paciente é submetido à tireoglobulina, um exame de sangue que avalia a quantidade de células da tireoide ainda presentes no organismo. O médico nuclear do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e da Clínica Nuclear Dalton Alexandre dos Anjos explica que, por mais habilidoso que seja o cirurgião, ele não conseguirá remover toda a tireoide do organismo pelo fato de a glândula estar situada em uma região muito delicada.
Se detectado que ainda existem células da glândula,
o especialista explica que o paciente é submetido a iodoterapia. Cerca de 30
dias depois do procedimento cirúrgico, ele toma por via intravenosa ou oral uma
aplicação de iodo 131-radioativo. A dosagem pode ser pequena, média ou alta, de
acordo com a quantidade de células e o tipo de câncer. A pessoa passa por uma dieta
restritiva de iodo (sem sal iodado ou frutos do mar), deixando as células
restantes com "fome" da substância. A partir daí, quando os
resquícios de tireoide consomem o iodo ingerido, a substância radioativa queima
as células restantes. "A tireoide é o único órgão que consome o iodo do
organismo", explica Dalton dos Anjos..
Para evitar que outras pessoas sejam expostas às
radiações, o paciente que irá passar pelo processo fica isolado em sala
especial. "Essa é uma exigência da legislação brasileira", conta.
Anjos diz que, após todo esse processo, o paciente pode se considerar curado.
"Não há necessidade de quimioterapia — que, aliás, nunca é utilizada por
não ser tão eficiente nesse caso", esclarece.
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