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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

05 de janeiro de 2012 - ZERO HORA


PRIMEIRA PÁGINA
Baixo nível de barragens ameaça energia no Estado

Estiagem aumenta risco para energia

Período crítico no abastecimento do Estado, verão com escassez de chuva ameaça nível das hidrelétricas e eleva necessidade de atenção para o sistema elétrico

Minirreforma de Tarso abre disputas no PT

Petistas articulam trocas no governo

João Motta deve ocupar cargo no Ministério do Desenvolvimento Social

A minirreforma que o governador Tarso Genro deverá fazer no primeiro escalão a partir do retorno das férias está motivando articulações entre as correntes petistas que pretendem conquistar espaços no secretariado. Dentre as possibilidades de mudança, a mais concreta envolve o titular do Planejamento, João Motta, que estaria próximo de ser confirmado como secretário executivo do Ministério de Desenvolvimento Social, comandado por Tereza Campello.

Estiagem vai chegar a 200 municípios, prevê Piratini

Estado estuda decreto único de emergência

Governo do RS estima que número de cidades afetadas pela estiagem chegue perto de 200

O Estado estuda um decreto único de situação de emergência para todos os municípios afetados pela estiagem. A medida permitiria acesso mais rápido, para agricultores atingidos pela falta de chuva, a recursos governamentais.

EDITORIAL
Economia danosa

Balanços de início de ano revelam, quase que diariamente, cifras que foram subtraídas de investimentos federais em 2011. O mais recente demonstra que o governo deixou de aplicar R$ 1 bilhão na construção e reforma de aeroportos, uma área com carências crônicas. Há outros dados preocupantes, como a não liberação de recursos para obras do Programa de Aceleração do Crescimento e para projetos de amplo alcance social, como saneamento. É uma economia perigosa, porque compromete a modernização e a melhoria da infraestrutura, em várias áreas. Os fortes cortes em investimentos previstos em orçamento, confirmados por recente estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), evidenciam que, em nome do equilíbrio das contas públicas, o governo está economizando demais no que não deve, enquanto continua gastando muito na manutenção da máquina estatal.
No caso dos aeroportos, estavam previstas 23 obras, 11 das quais em cidades que serão sedes da Copa de 2014. Muitos projetos continuaram engavetados, alguns por falta de recursos, incluindo melhorias na segurança de voos e controle do espaço aéreo. Para quem convive há anos com saguões lotados, atrasos em voos e outras deficiências de estrutura, de equipamentos e de gestão, é difícil entender por que o governo decidiu fazer poupança com verbas destinadas a serviços tão precários. O Tribunal de Contas da União identificou, além da não liberação do dinheiro, outras deficiências, como atrasos em obras programadas por falhas na administração dos projetos. Faltaram recursos e capacidade gerencial, enquanto os aeroportos têm problemas agravados pelo aumento do movimento nesta época do ano.
Fica claro, com as contenções orçamentárias, que o governo foi implacável com os investimentos, na tentativa de demonstrar austeridade. O Ipea prova os efeitos dos cortes. A taxa de investimento público no ano passado caiu para 2,5% do Produto Interno Bruto, quando havia sido de 2,9% em 2010 e chegara, em alguns anos entre 2004 e 2010, a até 4% do PIB. O próprio Tesouro admite que os investimentos caíram 5,7% no ano passado. A opção do governo pelos cortes em obras teve forte repercussão no fraco desempenho da economia no segundo semestre. Investimentos públicos, que provocam ganhos diretos e indiretos em produção, emprego e renda, disseminando efeitos nas mais variadas áreas, não poderiam ter retenções tão expressivas de verbas num ano de insegurança e de recessão mundial.
Há indícios de que, no esforço pelo superávit, que foi alcançado em 2011, a União sacrificou obras e prioridades, e ao mesmo tempo foi relapsa no controle das chamadas despesas correntes. Não houve economia com previdência e funcionalismo, com servidores comissionados e com outros gastos de manutenção da máquina pública. Esse desequilíbrio pode ser corrigido em 2012, desde que a liberação de verbas leve em conta os riscos de um ano de eleições. É preciso ter bom senso para evitar que a contenção do ano passado não seja substituída pela farra de recursos para contemplar demandas eleitoreiras, como já aconte ceu tantas vezes em diferentes governos.


COLUNAS
Brasília :: Carolina Bahia

Com Kelly Matos

Marcado na paleta
O ministro da Integração, Fernando Bezerra (PSB), nega que esteja enfraquecido, mas os sinais do Planalto indicam o contrário. Apesar de a Casa Civil não confirmar a intervenção, ele mesmo reconheceu que previamente submeteu explicações à ministra Gleisi Hoffmann. E mais: até aquele momento, ele ainda não havia conversado com a presidente Dilma. Com Estados vivendo a tragédia das enchentes, por que a presidente não acionou o comandante da Defesa Civil? Uma das explicações está nos números do próprio Bezerra. Dos recursos para prevenção (R$ 259 milhões), míseros 7,9% foram aplicados. Diante de tamanha inoperância, ele culpa a burocracia, a falta de licenças e a morosidade de Estados e municípios. O que é verdade, mas a rota poderia ter sido ajustada ao longo de 2011. E, para completar, Pernambuco ficou mesmo com uma gorda fatia dos recursos. Ao final de uma hora e 30 minutos de justificativas, nada mudou. Permanece a certeza de que o ministério foi incompetente.

O retorno
Quem está a um passo de voltar à Esplanada é o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto (foto). Atualmente à frente da Petrobras Biocombustível, ele poderá reassumir o comando do MDA ou ainda ser nomeado para o Ministério do Trabalho. Depois da queda do pedetista Carlos Lupi, o PT reforçou as articulações para abocanhar a pasta. Rossetto esteve conversando com a presidente Dilma no final do ano.

A jato
A Secretaria da Aviação Civil está fazendo um levantamento completo dos movimentos nos aeroportos, de atrasos nos voos a número de passageiros de 2010 e 2011. Pressionado pelo Planalto, o ministro Wagner Bittencourt encomendou o balanço com urgência, mas não está sendo fácil. A reclamação de técnicos da pasta é de que a Infraero está fazendo corpo mole.

Por falar nisso...
O ministro Wagner Bittencourt aceitou o convite do secretário de Infraestrutura, Beto Albuquerque, para conferir as obras do aeroporto de Santo Ângelo, que, assim como os terminais de Passo Fundo e Rio Grande, receberá recursos do governo federal. A licitação para a reconstrução da pista já está pronta.

JOGO RÁPIDO
O Piratini quer concluir até o final desta semana o edital para contratar a empresa de consultoria que indicará o melhor modelo de pedágios para o Estado. Uma das prioridades do Ministério da Educação para este início do ano é resolver o impasse da Ulbra e de outras universidades gaúchas que acumulam dívidas.




POLÍTICA
Verba dos precatórios está parada

Metade do valor depositado para honrar as dívidas chegou ao fim do ano sem movimentação por falta de agilidade no pagamento
Para quem amarga há anos um lugar na interminável fila dos precatórios, uma má notícia: metade do dinheiro depositado pelo governo gaúcho entre março de 2010 e novembro de 2011 para pagar a dívida não chegou nem perto do bolso de quem tem direito. Nada menos do que R$ 279,6 milhões ficaram parados no Tesouro do Estado, à espera do aval da Justiça.
Ao todo, segundo a Secretaria da Fazenda, o Executivo disponibilizou R$ 559,4 milhões para o pagamento dos títulos por meio de repasses mensais equivalentes a 1,5% da receita corrente líquida do Estado. O problema é que o dinheiro não sai do lugar.
A explicação, na opinião do presidente da Frente Parlamentar dos Precatórios na Assembleia, deputado Frederico Antunes (PP), é uma só: a lentidão da Justiça e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para liberar os pagamentos. Na raiz do problema, complementa o vice-presidente da Comissão de Precatórios da OAB-RS, Ricardo Bertelli, estão a falta de estrutura e de recursos humanos dos órgãos responsáveis.
– Entre o Estado disponibilizar e o credor receber, há um abismo inaceitável – critica Bertelli.
A deficiência é admitida tanto pelo Tribunal de Justiça (TJ) quanto pela PGE – e está longe de ter solução, já que não há previsão de reforços nas equipes. Além disso, tanto juízes quanto procuradores alegam que, antes de autorizar pagamentos, são obrigados a seguir uma série de procedimentos para evitar erros. Como os processos são antigos, estão espalhados e sequer se encontram informatizados, o descompasso é inevitável.
– Se fosse só pegar o dinheiro e depositar na conta das pessoas, seria fácil. Mas não é assim. Temos de ter certeza de que estamos pagando certo. Se errarmos, será pior – diz a procuradora Patrícia Pereira, da Procuradoria de Execuções e Precatórios da PGE.
Para 2012, a projeção do Estado é ceder mais R$ 337 milhões para os precatórios. Para dar vazão aos recursos – incluindo o excedente atual e seus rendimentos (R$ 43,3 milhões até novembro) –, a procuradora aposta no estreitamento dos laços com o Judiciário:
– A nossa meta é utilizar todo o recurso. Pedimos apenas que as pessoas tenham paciência.

juliana.bublitz@zerohora.com.br
JULIANA BUBLITZ

Deputado aponta opções para quitar pagamentos

Com o objetivo de acelerar o pagamento do rombo de mais de R$ 5 bilhões estimado pelo Estado, a Frente Parlamentar dos Precatórios defende soluções alternativas.
A base das propostas, segundo o deputado Frederico Antunes (PP), é oferecer opções que não se restrinjam ao pagamento em dinheiro, ampliando a possibilidade de resolução dos impasses. Uma das sugestões é a transformação do que o Estado deve em crédito imobiliário para a compra da primeira casa própria. Outra é o abatimento de dívidas tributárias com precatórios. Também se discute o uso de terrenos e prédios públicos desocupados para pagar os títulos.
– Saídas existem. Basta o Estado querer – afirma Antunes.
Os deputados pretendem pressionar o governo para criar uma junta de conciliação, que funcione como uma esfera de negociação com os credores. Outra batalha será a ampliação da estrutura para precatórios na PGE e no TJ.

O que são
- Os precatórios são dívidas originadas de sentenças contra o Estado superiores a 40 salários mínimos. Segundo a Fazenda, o rombo chega a R$ 5 bilhões. ZH de setembro mostrou a realização de um mutirão no TJ para tentar destravar processos. A reportagem de hoje aponta que o dinheiro segue parado.

Petistas articulam trocas no governo
João Motta deve ocupar cargo no Ministério do Desenvolvimento Social

A minirreforma que o governador Tarso Genro deverá fazer no primeiro escalão a partir do retorno das férias está motivando articulações entre as correntes petistas que pretendem conquistar espaços no secretariado. Dentre as possibilidades de mudança, a mais concreta envolve o titular do Planejamento, João Motta, que estaria próximo de ser confirmado como secretário executivo do Ministério de Desenvolvimento Social, comandado por Tereza Campello.
Ainda é uma incógnita o possível substituto de Motta no Planejamento. A própria Unidade na Luta, corrente de Motta, deverá indicar um novo nome. Mas o espaço poderá ser utilizado para contemplar o PT Amplo, que recentemente perdeu a titularidade da Secretaria-Geral para outro grupo, o Socialismo 21. Em outra frente, está sendo articulada a ida do deputado Paulo Pimenta para a Segurança Pública, em substituição a Airton Michels.
A hipótese também satisfaria o PT Amplo, que voltaria a ter duas pastas no primeiro escalão com a nomeação de Pimenta, mas, sobretudo, atenderia ao objetivo prioritário da Unidade na Luta: fazer Paulo Ferreira assumir mandato de deputado federal.
Ex-dirigente nacional do PT, Ferreira é, atualmente, o primeiro suplente de deputado federal da sigla. Para assumir, ele precisa que algum titular deixe o cargo.
Os interesses das correntes convergiram e a própria Unidade na Luta passou a se movimentar, nos bastidores, para verificar as chances de Pimenta comandar a Segurança. Antes de ingressar no secretariado, ele precisaria se licenciar do mandato na Câmara, abrindo espaço para Ferreira, homem de confiança de líderes influentes como o ex-deputado José Dirceu.
Petistas admitem que as articulações "resolveriam o problema de muita gente", numa referência às inquietações das correntes por cargos, fator que já causou momentos de instabilidade no Piratini. Por outro lado, a saída de Michels da Segurança não causaria reações de indignação no PT. Trata-se de um técnico nomeado na cota pessoal de Tarso. O Piratini, porém, não confirma nenhuma das mudanças.
Embora seja um dos secretários da maior confiança de Tarso, Michels, na avaliação de petistas, está enredado pelas discussões salariais com a Brigada Militar e a Polícia Civil, o que estaria enfraquecendo a visibilidade de iniciativas como o Pronasci.

carlos.rollsing@zerohora.com.br
CARLOS ROLLSING

Cofres públicos podem recuperar R$ 1,8 bi, diz CGU

A Controladoria-Geral da União (CGU) estima em quase R$ 1,8 bilhão o valor que pode retornar aos cofres públicos após a conclusão de processos de tomadas de contas especiais.
Ao todo, o órgão concluiu 744 processos em 2011, que são encaminhados para o Tribunal de Contas da União (TCU) para providências. Segundo a CGU, o valor representa um crescimento de quase 5,5% em relação ao ano anterior e representa um recorde.
Desde 2002, os processos de tomadas de contas especiais encaminhados pelo governo federal ao TCU somaram 12.337, representando o retorno potencial ao erário de R$ 7,7 bilhões.

ECONOMIA
Como fugir do juro mais alto
Disciplina e pesquisa ajudam a evitar o superendividamento causado pela tentação do parcelamento fácil no cartão de crédito

Neste mês, quando começam a chegar as faturas de cartão de crédito com as compras de Natal, consumidores podem cair na tentação de pagar o valor mínimo da fatura. Mas o juro do crédito rotativo, acionado automaticamente com o parcelamento, chega a 10,69% ao mês e a 238% ao ano, enquanto a poupança rende cerca de 0,65% ao mês e pouco mais de 7% ao ano.
Mesmo quem não tem dinheiro para quitar o total da fatura pode evitar a bola de neve contratando outro tipo de financiamento, em seu próprio banco (veja quadro ao lado). A associação de consumidores Pro Teste alerta que a taxa do cartão é a maior do mercado financeiro brasileiro – uma das mais altas do mundo. Mesmo em países com juro básico superior ao brasileiro, como Argentina e Venezuela, o custo de uso do cartão é menor: fica em 29% e 50%, respectivamente.
– A média de 238% é a oficial, mas há casos em que o crédito rotativo chega a 600% ao ano, se for contratado em financeira – afirma Hessia Costilla, economista da Pro Teste.
A facilidade de utilização e a falta de informações sobre condições de pagamento e valor final da dívida tornam o crédito rotativo uma alternativa arriscada, alertam especialistas. Uma dívida de R$ 1 mil parcelada na fatura do cartão de crédito chegará a R$ 1,8 mil em um ano, calcula o economista e consultor financeiro Jackson Busato. Se a dívida for integralmente protelada para o último dos 12 meses, alcançará a R$ 3,3 mil.
– É muito comum que as pessoas se percam no uso do crédito rotativo, criando dívidas impagáveis – afirma Busato.
O caminho para evitar o superendividamento com o cartão começa pelo equilíbrio do orçamento doméstico, que prejeva o pagamento integral da conta e evite sobressaltos no final do mês. Prossegue com a opção por pagamento à vista e passa por outras opções de crédito (confira quadro ao lado).
– Não se pode cair no vício do parcelamento. Em muitos casos, a dívida só termina de ser paga no final do ano, com o uso do 13º salário – diz Augusto Pinho de Bem, economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE).

Inadimplência e comodidade elevam taxa, aponta entidade
A aparente comodidade em pagar a fatura mínima do cartão de crédito pode preceder apuros financeiros. A empresária Anaisa Garramones Marques, 52 anos, recorreu à ajuda de uma consultoria financeira para cessar sucessivas contratações de crédito rotativo. A dívida com o serviço alcançou R$ 5 mil e chegou e prejudicar as contas pessoais e as de sua empresa, já que mesclava ambas nos mesmos cartões.
– Tive de pedir para o banco reduzir o limite do meu cartão. Agora, se preciso de dinheiro, prefiro pedir à família – afirma.
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) explica que o juro do cartão é alto porque o nível de inadimplência é elevado nesse tipo de crédito (acima de 10%, ante 5,5% no crédito pessoal) e pela comodidade na contratação. O uso do crédito rotativo ainda é relativamente baixo no país: movimenta R$ 36 bilhões ao ano, 3,6% do total utilizado por pessoas físicas.

Aeroportos regionais recebem dinheiro

Três aeroportos gaúchos receberão investimentos para ampliar estruturas e atrair voos. Rio Grande, Passo Fundo e Santo Ângelo são os contemplados com a verba de R$ 8,5 milhões. Mas ainda não há data para início das obras.
Em Passo Fundo, os recursos serão aplicados na ampliação da pista de ligação ao terminal, cercamento e construção de área de escape. As medidas são necessárias para a operação de uma nova companhia aérea. A obra já foi licitada.
Em Rio Grande, o dinheiro será aplicado na seção de combate a incêndio. Santo Ângelo receberá uma pista inteiramente nova. As duas cidades precisarão fazer editais e processos licitatórios, o que não permite a fixação de data para início das obras. A verba será dividida entre os governos federal e estadual. A União investirá R$ 6 milhões, enquanto o Estado completará o restante. O anúncio foi feito pelo secretário de Infraestrutura, Beto Albuquerque, após reunião em Brasília com o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt.

RAFAEL DIVERIO Projetos
RIO GRANDE
- Investimento: R$ 781 mil
- Destinação: Seção de combate a incêndios
- Linhas regulares diretas: Pelotas e Porto Alegre

PASSO FUNDO
- Investimento: R$ 2,3 milhões
- Destinação: ampliação da pista de ligação ao terminal, cercamento e construção de área de escape
- Linhas regulares diretas: Porto Alegre, Erechim, São Paulo (Guarulhos), Curitiba, Joaçaba e Caçador

SANTO ÂNGELO
- Investimento: R$ 5,4 milhões
- Destinação: reconstrução da pista
- Linhas regulares diretas: Porto Alegre e Santa Maria

CAMPO E LAVOURA
Equipes reforçam vistoria na Fronteira do Estado
Fiscalização será por tempo indeterminado em um trecho de 200 quilômetros com a Argentina

O aparecimento da febre aftosa no Paraguai deu início ontem a uma operação de emergência para evitar o risco da doença no Estado. Por tempo indeterminado, equipes da Secretaria de Agricultura, com apoio do Ministério da Agricultura e da Brigada Militar, vão vistoriar propriedades do noroeste, região de fronteira com a Argentina e local mais próximo do Paraguai.
O foco das seis equipes volantes que iniciaram o trabalho ontem e das outras duas que devem entrar em operação hoje, são rodovias estaduais e federais e áreas de atracação de balsas que fazem o transporte de carros e passageiros entre o Brasil e a Argentina.
Propriedades que apresentaram grande movimento de gado, que são suspeitas de terem falhas na vacinação, onde frigoríficos clandestinos foram fechados recentemente, ou que os donos possuem fazendas no Paraguai também serão priorizadas no cronograma de visitas das equipes volantes e das inspetorias veterinárias.
– Iremos autuar os produtores que não tiverem vacinado o gado e também fazer a imunização desses bovinos. Além disso, vai haver a contagem dos animais, para coibir movimentações ilegais. Produtor que apresentar diferença na ficha e não prestar esclarecimentos em até 48 horas corre o risco de ter a propriedade interditada – resume Eraldo Leão, chefe do departamento de defesa agropecuária do Estado.
O Rio Grande do Sul fica a 600 quilômetros da localidade de Pirí Pucú, departamento de San Pedro, onde o foco de febre aftosa foi encontrado no Paraguai. Ao todo, serão 29 municípios inspecionados pela operação, em quase 200 quilômetros de fronteira.
A entrada de quaisquer produtos de origem animal ou vegetal vindos de outros países também é proibida.
ROBERTO WITTER

GERAL
Retirada de silicone por precaução é criticada

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica afirmou, em comunicado, que não é necessário retirar preventivamente as próteses de silicone fabricadas pela francesa Poly Implant Prothèse.
O Ministério da Saúde francês afirmou que pessoas com o silicone poderão se submeter à cirurgia de remoção preventiva às custas do governo. Para o médico José Aboudib, presidente da sociedade, o silicone francês só é perigoso se o implante se romper. Antes disso, diz o cirurgião, o melhor é fazer um acompanhamento periódico.

Estado estuda decreto único de emergência
Governo do RS estima que número de cidades afetadas pela estiagem chegue perto de 200

O Estado estuda um decreto único de situação de emergência para todos os municípios afetados pela estiagem. A medida permitiria acesso mais rápido, para agricultores atingidos pela falta de chuva, a recursos governamentais.
Até ontem, pelo menos 48 cidades haviam decretado emergência, mas a lista pode chegar perto dos 200 nas próximas semanas, segundo o governador em exercício, Beto Grill, com a inclusão de cerca de 50 municípios da região de Santa Maria e outros 80 próximos a Passo Fundo.
– Não temos grandes dificuldades em relação ao abastecimento humano, mas a agricultura vem tendo prejuízos significativos – disse Grill, que ocupa o cargo durante as férias de Tarso Genro.
Em entrevista ontem, no Palácio Piratini, Grill disse ter conversado com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, sobre o apoio aos produtores – especialmente de milho – que terão dificuldades de honrar financiamentos bancários devido à estiagem. A preocupação do Estado é a seguinte: algumas cidades não se enquadram em todos os pré-requisitos para o decreto de emergência, já que os reservatórios ainda estão em níveis aceitáveis. Assim, os agricultores acabam sem acesso aos seguros dos financiamentos, que usam, como um dos critérios, o decreto.
O conselho para que o Estado emitisse um decreto de situação de emergência único, listando todos os municípios com dificuldades na agricultura, teria sido uma sugestão da ministra, segundo Grill. Uma etapa da burocracia seria queimada. O Rio Grande do Sul estima em R$ 500 milhões os prejuízos na safra com a estiagem.
Por enquanto, os 322 municípios atendidos pela Corsan não registram problemas significativos de falta de água nas torneiras, informou o diretor de saneamento da Secretaria de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano do Estado, Guilherme Barbosa. Apenas em algumas localidades, mais afastadas das cidades, vem sendo usado caminhão-pipa. A preocupação que havia sobre o nível nos rios dos Sinos e Gravataí foi reduzida pelas chuvas recentes – subiram de 1m5cm a 2m acima do nível crítico.
– Mesmo que não chova durante 10 dias, não teremos problemas para a população. Estiagem maior do que isso, porém, volta a preocupar – explicou Barbosa.

Panorama
ONDE A SITUAÇÃO É MAIS GRAVE
- Nas regiões de Santa Maria, Passo Fundo e Lajeado, o índice pluviométrico em outubro e novembro ficou em apenas 25% do normal.
ONDE MELHOROU
- No fim de semana, choveu 128mm no Vale do Sinos e na Região Metropolitana, 84 mm na Serra e 40mm em Palmeira das Missões.
Fonte: Fonte: Centro Estadual de Meteorologia

Mais de 280 mil atingidos

Segundo a Defesa Civil, há 282,8 mil pessoas atingidas pela falta de chuva no Rio Grande do Sul. Ontem, um dos municípios a decretar situação de emergência foi Selbach, no Noroeste. A cidade registra perdas de aproximadamente R$ 9 milhões. Segundo o secretário municipal de Agricultura, Florêncio Urbano Filho, a falta de chuva compromete áreas de soja, milho e também a bacia leiteira. Situação semelhante vive Santo Augusto, na mesma região, onde os efeitos da estiagem espalham-se pelas lavouras de milho – as perdas podem chegar a 90% da produção. A soja e a pecuária de leite também são afetadas. Caminhões-pipa levam água a propriedades do interior.
Em Salvador das Missões, a última chuva foi em outubro. A Emater estima perdas de 70% da produção de milho, 50% da de fumo e 20% nos hortigranjeiros. Uma força-tarefa trabalha para puxar 2,5 quilômetros de rede de água para três comunidades da zona rural. No Norte, a prefeitura de Trindade do Sul abastece diariamente 60 famílias do interior, que sofrem com falta de água para consumo humano. Em alguns pontos do município, não chove há dois meses.

Chega a oito o número de mortos em Minas
O número de mortos por conta da chuva desde outubro, em Minas Gerais, chegou a oito, conforme a Defesa Civil mineira. Seis das vítimas morreram neste mês.

A quantidade de pessoas que precisaram deixar suas casas chegou a 10,3 mil, e já são 66 as cidades em situação emergência. Ainda de acordo com a Defesa Civil, o total de pessoas afetadas pela chuva passa de 2 milhões. Mais de 3 mil casas foram danificadas.
Uma dos óbitos confirmados ontem é o do taxista Denilson Araújo Silva, 26 anos, soterrado por uma massa de terra que desprendeu de um morro em Ouro Preto e atingiu a rodoviária. O corpo dele foi retirado ontem do local. Em Guidoval, na Zona da Mata, foram encontrados os corpos de um homem de 42 anos, arrastado por uma enxurrada quando tentava se proteger no alto de uma árvore, e de um idoso de 81 anos, que morreu afogado em sua casa, inundada pela cheia. Uma mulher de 74 anos está desaparecida em Santo Antônio do Rio Abaixo desde 30 de dezembro, quando foi arrastada por uma enxurrada.
Além de Minas, Espírito Santo e Rio de Janeiro também sofrem as consequências da chuva no Sudeste. No Espírito Santo, pelo menos 1.164 pessoas estavam desalojadas até ontem.
No Rio, seis municípios no norte e no noroeste fluminense estão em alerta. Segundo a Defesa Civil, a região é a mais afetada por inundações no Estado. Os municípios de Italva, Cardoso Moreira, Campos, Laje do Muriaé, Itaperuna e Santo Antônio de Pádua estão sob monitoramento permanente das autoridades. Os três últimos têm quase 5 mil pessoas desalojadas por conta dos alagamentos.

Vagas do ProUni estão definidas

O Ministério da Educação divulgou ontem a relação de universidades e centros universitários que vão oferecer bolsas para o Ensino Superior pelo programa ProUni. Serão oferecidas neste semestre 195.030 bolsas de estudo.
Do total, são 98.728 integrais e 96.302, parciais – que cobrem 50% do valor da mensalidade. As vagas serão oferecidas por 28 universidades e 39 centros universitários. A relação com as faculdades deve ser divulgada pelo MEC nos próximos dias.

A relação está no site www.mec.gov.br

O que é
- O ProUni é um programa que oferece vagas em instituições particulares para estudantes com renda familiar de 1,5 a 3 salários mínimos por pessoa (R$ 933 e R$ 1.866). Em troca, as universidades recebem isenção de alguns tributos.
- As inscrições para o ProUni vão de 14 a 19 de janeiro. Os interessados devem se inscrever uma única vez no programa e escolhem até duas opções de cursos e de instituição de Ensino Superior.
- Há posteriormente duas chamadas dos pré-selecionados, sendo a primeira no dia 22 de janeiro e a seguinte em 7 de fevereiro. Os candidatos também precisam ter feito o Enem 2011, com aproveitamento mínimo de 400 pontos na média das cinco notas do exame e pelo menos a nota mínima na redação, e ter cursado o Ensino Médio em escola pública.

Ceará sem polícia
Na mesma noite em que policiais militares e bombeiros do Ceará entraram em acordo com o governo para dar fim à paralisação que já durava seis dias, policiais civis do Estado resolveram entrar em greve. Essa é a terceira paralisação da categoria desde julho de 2011.

Embora a paralisação da Polícia Militar tenha se encerrado (na foto, viaturas da PM paradas), ontem o policiamento ainda não havia voltado às ruas de Fortaleza. O patrulhamento ainda dependia do Exército e da Força Nacional de Segurança, que continuava a circular na cidade, com efetivo aquém do necessário. Depois de um dia de pânico provocado por rumores de saques e arrastões, no entanto, ontem, a capital cearense viveu um momento de aparente tranquilidade. Comércio e serviços públicos funcionaram normalmente. Nas praias, hotéis que chegaram a colocar tapumes nas portas ontem retiraram as proteções, e turistas caminhvam no calçadão. A previsão da Associação dos Policiais e Bombeiros Militares do Estado é que o policiamento esteja normalizado hoje.
O clima só permanece tenso em frente à superintendência da Polícia Civil, onde policiais civis, em greve desde ontem, acamparam para reivindicar melhores salários.

MUNDO
Cirurgia une fãs de Cristina
Dezenas acamparam em frente a hospital privado onde a presidente operou um câncer na tireoide

Em um dia de grande comoção na Argentina, a presidente Cristina Kirchner, 58 anos, foi operada de um câncer na tireoide ontem em um hospital privado nos arredores de Buenos Aires. Seus seguidores chegaram ao local antes mesmo dela e prometem permanecer até sábado, quando está prevista a alta. A recuperação durará 20 dias, período em que o vice, Amado Boudou, comandará o país.
Após três horas e meia de cirurgia, a própria presidente teria revisado o texto do boletim médico, que demorou mais do que o previsto para ser divulgado, preocupando os fãs que faziam vigília sob sol forte do lado de fora do Hospital Austral. Um porta-voz da presidência leu o comunicado oficial na porta do prédio, ressaltando que a operação ocorreu "sem nenhum inconveniente ou complicação" e a "boa recuperação" de Cristina. Os partidários aplaudiram.
– Somos todos filhos de Cristina, temos de apoiá-la – disse ao jornal Clarín um membro do Movimento Evita.
Mulheres, homens e crianças que acamparam nas imediações do hospital, em Pilar, carregavam estátuas de santos, imagens da presidente e cartazes com mensagens como "Força, Cristina, Deus e Néstor estão com você". Militantes do movimento Frente Transversal, Zulma, Rosa e Norma chegaram às imediações do hospital na terça-feira, com barraca, espreguiçadeira, mesa e panelas para preparar refeições. Às 8h de ontem, o trio já estava acordado, tomando mate. Elas planejavam permanecer acampadas até que Cristina volte para casa. Outros militantes começaram a chegar às 12h, e houve quem aproveitasse o aglomerado de partidários para vender suvenires kirchneristas: camisas com os rostos de Néstor e Cristina, pôsteres, bandeiras, cartazes e broches.
A Casa Rosada confirmou o diagnóstico de Cristina no dia 28 de dezembro, uma semana após a presidente ser informada da doença.
Buenos Aires

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