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Em estado de seca
Prejuízo chega a R$ 877 milhões
Conforme a Emater, as lavouras de milho são as mais
afetadas, principalmente nas Missões, no Planalto Médio e no Vale do Taquari
Verba para segurança não chega ao Piratini
Governo fica sem verba do Pronasci
Sob a gestão de Dilma, programa de combate à
violência lançado por Lula não destinou nenhum real ao Piratini em 2011
COLUNAS
Brasília :: Carolina Bahia
Com Kelly Matos
Abafa o caso
Dilma Rousseff desembarcou em Brasília mais cedo
para administrar a primeira crise política do ano. Não interessa ao Planalto um
mal-estar com o PSB, aliado que comanda seis Estados, tem 31 deputados federais
e é liderado pelo governador Eduardo Campos (PE). Irritado, Campos exigiu do
governo apoio ao ministro Fernando Bezerra (Integração), apesar de sua
inoperância. A legenda se sentia tão fortalecida, que almejava ampliar espaço
na Esplanada. Afinal, havia passado incólume pelos escândalos que derrubaram
ministros de PT, PMDB, PR e PC do B. Mas 2012 chegou, expondo socialistas
envolvidos em artimanhas eleitoreiras. O PSB, agora, briga para manter suas
pastas: Integração e Portos. Dilma pode até descartar Bezerra, mas não deixará
o partido no sereno.
Superpoderosa
A Casa Civil começa o ano assumindo que virou de
vez um superministério. É Gleisi Hoffmann quem puxa orelha de ministro, liga
para governador e cobra relatórios. Agora, sim, virou a Dilma da Dilma.
PARA CONFERIR ali adiante
Socorro - Após conversar por telefone com a chefe
da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro,
decidiu anunciar até amanhã o pacote com medidas de socorro aos municípios
gaúchos castigados pela estiagem. Em Porto Alegre, Mendes passou o dia, ontem,
em reuniões para concluir o levantamento sobre as perdas nas lavouras.
Agora vai
Alquebrado depois das deserções para o PSD, o DEM
lançará em breve um programa de reestruturação. Uma das premissas é se descolar
do PSDB e apresentar candidatura à presidência em 2014, apostando no senador
Demóstenes Torres (GO).
– O tempo de ser bengala já passou – decreta o
gaúcho Onyx Lorenzoni (foto), secretário-geral do DEM.
Inspiração
Quer saber que livro faz a cabeça do presidente do
Banco Central? Em voo recente de Porto Alegre para Brasília, Alexandre Tombini
concentrava-se na leitura de O Último Teorema de Fermat, de Simon Singh. A obra
narra uma busca épica para resolver o maior problema matemático de todos os
tempos.
POLITICA
Governo fica sem verba do Pronasci
Sob a gestão de Dilma, programa de combate à violência
lançado por Lula não destinou nenhum real ao Piratini em 2011
Criado pelo governador Tarso Genro quando era
ministro da Justiça, em 2007, o Programa Nacional de Segurança Pública com
Cidadania (Pronasci) fechou 2011 sem repassar diretamente nenhum real ao
governo do Rio Grande do Sul. No fim do ano passado, o Piratini chegou a
comemorar a liberação de R$ 25 milhões para o combate à violência, mas, até
ontem, segundo o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo
Federal (Siafi), o dinheiro permanecia longe do Tesouro estadual.
A situação de penúria do Pronasci não se restringe
ao Estado. Em todo o país, desde 2009, o valor repassado pela União vem caindo.
Em 2011, apenas 32,3% do recurso previsto foi depositado.
Nos corredores do Palácio do Planalto, o programa é
dado como morto – embora a cúpula do governo negue. Desde que assumiu o
Ministério da Justiça, José Eduardo Cardozo vem batendo na mesma tecla: em
tempos de crise, as prioridades mudaram. Passaram a ser o controle das
fronteiras, o combate ao crack e a modernização do sistema penitenciário.
– Desde o início, o Pronasci foi mais propaganda do
que ação, com algumas exceções pontuais. Nunca deslanchou – avalia o presidente
da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski.
Opositores identificam no enfraquecimento da
iniciativa – gestada no governo Lula – uma mudança de eixo na política de
segurança pública. Disposta a criar uma marca própria, a presidente Dilma
Rousseff teria decidido apostar em outras frentes, relegando a segundo plano o
programa vinculado a Tarso Genro.
– Os petistas são bons criadores de slogans, mas
não sabem executar projetos – afirma o deputado federal Onyx Lorenzoni
(DEM-RS).
A debilidade do Pronasci é vista com preocupação
pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), que integra o Conselho
Nacional de Segurança Pública. Para a assessora política da ONG, Eliana Graça,
apesar de todos os problemas, o programa é considerado um avanço. Quem perde
com sua ruína, afirma ela, é o Brasil.
– É o mais completo programa já apresentado na
área. E mais do que isso: é uma lei. E lei não se joga fora – diz Eliana.
juliana.bublitz@zerohora.com.br
JULIANA
BUBLITZ
Ofensiva do PSB preocupa aliados
Liderada por governador do PE, partido pretende ampliar
número de prefeituras no Sul e no Sudeste
Com um olho nas eleições municipais deste ano e
outro nas presidenciais de 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos,
traçou uma estratégia pragmática para ampliar a inserção do PSB no Sul e no
Sudeste no pleito de outubro. O objetivo é projetar o partido como uma força
política do país. Para tanto, Campos pretende fechar alianças que vão do PT ao
PSDB, a depender do cenário eleitoral.
Apontado como um dos nomes que podem disputar a
eleição presidencial em 2018, Campos quer ampliar de 314 para 500 o número de
prefeituras administradas pelo PSB, partido que preside. Em 2004, a sigla
conquistou apenas 176 cidades.
Campos dedicou-se nos últimos 45 dias a tentar
restabelecer a unidade do partido. O principal gesto pacificador foi oferecer a
Secretaria de Relações Institucionais do PSB ao ex-ministro Ciro Gomes, até
então o principal foco de dissidência. Por trás da ofensiva também está a
intenção do presidente do PSB de se fortalecer perante o PT em 2014, como
eventual vice numa chapa com Dilma Rousseff – o que significará uma rasteira no
PMDB, hoje o principal parceiro dos petistas.
Campos costurou rede de prefeituras pelo Nordeste:
205 das 314 das administrações ficam na região. As aspirações eleitorais do PSB
colocaram em alerta o PMDB e o próprio PT. A cúpula petista acompanha os
movimentos de Campos. A avaliação é de que, até agora, as estruturas do PSB no
Sul e no Sudeste dependem exclusivamente da força dos governos estaduais – o
que limitaria o crescimento da legenda. Os socialistas compõem as bases de
apoio aos governadores nos quatro Estados do Sudeste e três do Sul.
Mercadante admite assumir MEC
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação,
Aloizio Mercadante, começa a admitir publicamente a possibilidade de trocar de
endereço na Esplanada dos Ministérios e se tornar o novo titular da Educação na
vaga de Fernando Haddad, que deve sair do governo ainda neste mês para se
candidatar a prefeito de São Paulo.
Mercadante participou ontem do programa de rádio
Bom Dia, Ministro. Ao ser perguntado sobre a eventual ida para o MEC e seus
planos para a área, o ministro não afastou a possibilidade:
– Tenho visto todas essas informações na imprensa,
mas vamos aguardar a reforma ministerial. Eu prometo a você que, se isso
acontecer, e é possível que aconteça, eu estarei aqui à disposição e nós
poderemos discutir a pasta da Educação.
Cauteloso, Mercadante lembrou que a nomeação
"só vale depois que estiver no Diário Oficial"" e lembrou que
"quem indica ministro é a presidente da República"".
Dilma de volta à rotina no Planalto
Presidente acompanhará de perto ações contra prejuízos da
chuva e crise envolvendo ministro
Chegou ao fim, na tarde de ontem, o período de
descanso da presidente Dilma Rousseff na Base Naval de Aratu, na Praia de
Inema, em Salvador, a cerca de 40 quilômetros do centro da capital da Bahia. A
presidente, que havia chegado ao local com a família na tarde de 26 de
dezembro, deixou as instalações da Marinha em um helicóptero, por volta das
14h30min.
Apesar de assessores do Planalto afirmarem que a
antecipação do descanso de Dilma – ela pretendia voltar à Capital Federal
somente na próxima terça-feira – já era avaliada desde a semana passada, o
retorno a Brasília deve fazer com que a presidente acompanhe mais de perto as
ações do governo federal para combater os prejuízos causados pelas chuvas no
Sudeste. De volta ao trabalho no Palácio do Planalto, Dilma também vai
acompanhar de perto um novo foco de crise na Esplanada. O ministro da
Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, é criticado por ter concentrado
verbas para prevenção de desastres naturais em seu Estado natal, o Pernambuco.
Em obras novas, iniciadas em 2011, o Estado do Nordeste concentrou quase 90%
dos gastos da pasta destinados a esse fim, revelou levantamento feito com base
em registros do Tesouro Nacional e pela ONG Contas Abertas.
Menos de duas horas depois de chegar a Brasília, a
presidente reuniu-se, no Palácio da Alvorada, com a ministra-chefe da Casa
Civil, Gleisi Hoffmann, e o secretário executivo da Casa Civil, Beto
Vasconcelos. Num encontro de cerca de uma hora, Gleisi relatou providências que
estão sendo tomadas para reduzir o impacto das enchentes em Estados como Minas
e Rio de Janeiro. Ela falou também da crise aberta na Integração Nacional.
Antes do encontro com Dilma, Gleisi teve uma reunião com Bezerra.
Retiro discreto
- A passagem de Dilma pela base naval foi a mais
discreta da história dos descansos presidenciais no local. No fim de 1998, o
então presidente Fernando Henrique Cardoso, recém-reeleito, chegou a deixar as
instalações militares para conversar com populares na praia vizinha, de São
Tomé de Paripe – separada da de Inema pelo muro que delimita a base.
- Nas três passagens pelo local, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não chegou a sair da base naval por terra, mas foi frequentemente visto com convidados e familiares na faixa de areia e no mar.
- Por sua vez, Dilma foi vista por fotógrafos, cinegrafistas e curiosos apenas duas vezes. A primeira, no fim da tarde de seu primeiro dia no local, quando foi à areia da praia com a filha e o genro e bebeu água de coco. A segunda, na manhã do dia 29, quando apareceu praticando uma caminhada, acompanhada por dois seguranças.
- Nas três passagens pelo local, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não chegou a sair da base naval por terra, mas foi frequentemente visto com convidados e familiares na faixa de areia e no mar.
- Por sua vez, Dilma foi vista por fotógrafos, cinegrafistas e curiosos apenas duas vezes. A primeira, no fim da tarde de seu primeiro dia no local, quando foi à areia da praia com a filha e o genro e bebeu água de coco. A segunda, na manhã do dia 29, quando apareceu praticando uma caminhada, acompanhada por dois seguranças.
- Conforme prestadores de serviços da base, a
presidente manteve uma rotina diária de caminhadas matinais até o réveillon.
Nos últimos dias, teria ficado apenas descansando dentro da residência oficial
da base, e acompanhando, por telefone, informações sobre as enchentes no
Sudeste.
Proposta deve baratear custo de smartphones
A ideia de estender os benefícios fiscais dos
tablets para a produção de smartphones deve acelerar a instalação de fábricas
de empresas multinacionais no país, a exemplo da Huawei e da Alcatel One Touch.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que vai apresentar nos
próximos dias a proposta de desoneração aos ministérios de Ciência e Tecnologia
e Desenvolvimento. O objetivo do governo é que os aparelhos fiquem 25% mais
baratos.
– Queremos incentivar a produção nacional de
smartphones. Nas classes C, D e E, o maior sonho de consumo é ter celular com
internet. Então nós precisamos baratear esses produtos – ressaltou Bernardo.
O ministro apontou que há smartphones sendo
vendidos no mercado por R$ 200, mas esse valor cairia para R$ 150 com o
benefício fiscal:
– Poderíamos estimular fortemente a internet móvel.
A maioria das pessoas já tem celular. Com preços mais baratos, elas trocariam o
aparelho por um que tenha internet.
As empresas ficaram animadas com a proposta do
governo. Marcelo Najnudel, gerente de marketing da área de terminais da Huawei
no Brasil, disse que essa medida pode acelerar a decisão da empresa de ter uma
fábrica no Brasil:
– Obviamente, as empresas querem uma fatia maior do
mercado brasileiro. Esperamos que os incentivos dos tablets sejam estendidos
para os smartphones.
Lula faz nova sessão de radioterapia em SP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem
a segunda sessão de radioterapia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ele
trata um câncer na laringe, diagnosticado em outubro. Lula foi avaliado por um
fonoaudiólogo e um dentista.
Em até sete semanas, o ex-presidente deverá receber
entre 30 e 35 sessões, que ocorrerão de segunda à sexta-feira. Ele não deve
ficar internado durante o período. No hospital, recebeu a visita do ministro
Fernando Haddad (Educação).
Aluguel em Porto Alegre sobe 2,5 vezes a inflação
Especialista aponta que o forte reajuste na locação decorre
do aumento da renda e da demanda
Alugar casa ou apartamento em Porto Alegre ficou
mais caro ao longo de 2011. De janeiro a novembro, os preços dos imóveis para
locação cresceram 13,2% na Capital. É mais do dobro do IGP-M, índice de
referência para renovação de aluguéis, que subiu 5,22% no período.
O panorama anual do setor, que será divulgado na
próxima semana pelo Secovi-RS, sindicato da habitação no Estado, deve apontar
elevação consolidada de até 15% no ano. Será a maior alta no preço da locação
em cinco anos.
– A valorização é um reflexo do aquecimento da
economia, que gera mais renda à população e a estimula a buscar melhores
moradias. Com isso, os preços dos aluguéis estão pressionados – explica Moacyr
Schukster, presidente do Secovi/RS.
A crescente migração de executivos entre as
capitais, percebida por Schukster como tendência na qual Porto Alegre está
inserida, também aumenta a procura por residências provisórias. Outra
explicação está na escassez de unidades oferecidas para aluguel, movimento que permaneceu
estável por anos.
– Depois da nova Lei do Inquilinato (em vigor desde
janeiro de 2010), muitos proprietários se sentiram seguros para colocar seus
imóveis para alugar, mas a oferta ainda é baixa – afirma Schukster.
Os reajustes mais intensos foram verificados em
apartamentos de um a três dormitórios e casas de três dormitórios. Nos
apartamentos com dois quartos, os mais procurados, a variação média foi de
34,88%.
Apesar da expressiva alta acumulada, o preço dos
aluguéis teve leve recuo. Em outubro e novembro, houve redução pela primeira
vez desde fevereiro, de 0,65% e 0,29%, respectivamente. Mas Schukster prevê
elevação nos dados de dezembro, ainda não fechados. Para 2012, a tendência é de
estabilização.
– As notícias de crise econômica desencorajam as
pessoas a fazer grandes mudanças, como alugar uma moradia – explica.
erik.farina@zerohora.com.br
ERIK FARINA
Cesta básica avança 9,80% na Capital
Apenas uma de 17 capitais pesquisadas pelo
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)
apresentou queda do preço médio da cesta básica em 2011: Natal, com variação
negativa de 3,38% no acumulado do ano. Em Porto Alegre, o avanço ficou em
9,80%. São Paulo encerrou o ano como a capital com a cesta básica mais cara do
país, com preço médio de R$ 277,27. Porto Alegre está em segundo, com R$
276,86.
Estrangeiros de olho em siderúrgicas
Inicialmente controlado pelo Estado, o setor de aço
hoje está concentrado em cinco grandes grupos, que detêm mais de 90% da
capacidade do mercado. Dos cinco, três têm empresas estrangeiras como
principais controladoras. O movimento deve continuar em razão do interesse de
grupos da Índia, China e Europa.
– O que mais tenho ouvido é que o Brasil é o país
do futuro, então vamos colocar nossas plantas lá, porque vai haver consumo –
diz o presidente da ArcelorMittal Aços Longos América do Sul, Augusto
Espeschit.
Brasileiros compram muito lá fora
O Banco Central estima que, em 2011, turistas de todo o
Brasil gastaram mais de US$ 20 bilhões em viagens internacionais
Joias, iPads, produtos de beleza, roupas e
carrinhos de bebê estão na lista de compras de brasileiros no Exterior.
Impulsionados pela força da economia e do real, os brasileiros fazem jus à fama
de consumistas e viajam e gastam como nunca, com os Estados Unidos e a França
entre os destinos favoritos.
O crescente avanço social dos brasileiros – quase
30 milhões ascenderam à classe média nos últimos 10 anos –, o aumento da renda
e do crédito e a queda do desemprego contribuíram para mais viagens e gastos
recordes no Exterior. Os destinos favoritos são Estados Unidos (Flórida e Nova
York), Buenos Aires e Paris, aponta o diretor do Departamento de Estudos do
Ministério do Turismo, José Francisco Salles Lopes.
Em 2010, 1,1 milhão de brasileiros viajaram para os
EUA, 870 mil para a Argentina e 384 mil para a França. A lista de preferências
continua com Portugal, Itália e Espanha. E os brasileiros não apenas viajam,
mas gastam muito.
Com US$ 5,9 bilhões de dólares desembolsados nos
EUA em 2010, conforme o Departamento de Comércio americano, são os estrangeiros
que mais gastam per capita no país: quase US$ 5 mil por pessoa. O Banco Central
estima que, em 2011, os brasileiros gastaram mais de US$ 20 bilhões em viagens
internacionais, 22% a mais que em 2010.
Um pediatra do Rio de Janeiro de 47 anos que não
quis se identificar para evitar problemas com a alfândega, viaja para os EUA
cerca de duas vezes por ano e chegou de Boston recentemente. Trouxe mais de 40
pacotes de itens comprados pela internet e enviados para o hotel por sua filha
de 14 anos.
Rio de
Janeiro
Portugal sugere emprego no Brasil
O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos
Coelho, sugeriu que professores portugueses desempregados emigrem para países
como Brasil e Angola. As declarações causaram enorme celeuma em Portugal, que
vive uma das maiores crises de sua história.
Em entrevista ao jornal Correio da Manhã em 18 de
dezembro, Passos Coelho afirmou que os professores "excedentes" de
Portugal deveriam procurar emprego "em Angola e não só. O Brasil tem
também uma grande necessidade no ensino básico e secundário." E
acrescentou:
– Sabemos que há muitos professores em Portugal que
não têm, nesta altura, ocupação. E o próprio sistema privado não consegue ter
oferta para todos.
Para não deixar dúvidas de que estava realmente
incentivando a emigração, completou:
– Nos próximos anos, haverá muita gente em Portugal
que, querendo manter-se sobretudo como professor, pode olhar para todo o
mercado da língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa.
Questionado sobre o bom senso de se incentivar o
êxodo de mão de obra qualificada do país, Passos Coelho não recuou – disse ter
como princípio falar a verdade e não iludir os portugueses.
Paulo Rangel, um dos líderes do PSD, o partido do
primeiro-ministro, foi além: deveria ser criada uma agência governamental para
ajudar os portugueses que queiram emigrar por não encontrarem trabalho em
Portugal.
Isso em um país que tem um dos piores níveis de
escolarização da Europa. Segundo o relatório do Desenvolvimento Humano de 2011,
do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a escolarização
média da população de Portugal com mais de 25 anos era de 7,7 anos, enquanto na
Grécia e na Itália era de 10,1 anos. Na Alemanha é de 12,2 anos e nos Estados
Unidos, de 12,4.
Os professores, irados, mandaram Passos Coelho
fazer as malas e se mudar do país. O desânimo em Portugal é generalizado. O
governo cortou salários e adicionais de férias e Natal dos funcionários
públicos. O setor privado, da mesma forma, está negociando reduções de salários
com os funcionários.
CAMPO E LAVOURA
Controle reforçado no RS
Nas quatro barreiras fixas montadas onde há balsas
que fazem a travessia entre o Estado e a Argentina pelo Rio Uruguai, Porto
Soberbo, em Tiradentes do Sul, merece atenção especial. É o único local em que
a Secretaria da Agricultura faz a desinfecção de veículos que entram no Rio
Grande do Sul, como forma de diminuir o risco da reintrodução do vírus da febre
aftosa, após o Paraguai confirmar novo surto.
Dos pontos de atracação de balsa, Porto Soberbo é o
que fica mais ao norte na fronteira com a Argentina. Por isso, é o mais próximo
do Paraguai.
– Desinfetamos veículos de brasileiros que vão à
Argentina e ao Paraguai fazer compras e de paraguaios que vêm ao Estado a
turismo – explica o veterinário Marcelo Göcks, do Serviço de Doenças
Vesiculares da Secretaria da Agricultura.
Enquanto o Estado e o país tentam se proteger, no
Paraguai cresce a pressão pela demissão do presidente do Serviço Nacional de
Qualidade e Saúde Animal, Daniel Rojas. Natural de Santa Rosa, Alfeu Lui, 56
anos, é pecuarista e agricultor em Santa Rita, no departamento de Alto Paraná,
no Paraguai. Assegura existir fiscalização onde produz, mas admite que o
panorama muda mais ao norte do país, como no departamento de San Pedro, onde
surgiram os focos, e na região do Chaco, considerada problemática.
– Aqui na nossa região a coisa é séria. Se vacina.
Nas outras regiões, eu não sei. Não adianta só comprar a vacina e ter a nota.
Tem de vacinar – disse Alfeu, em entrevista por telefone à Zero Hora.
Segundo o produtor, há problemas como falta de
estrutura de pequenos pecuaristas e dificuldade de fiscalizar as regiões ermas.
Prejuízo chega a R$ 877 milhões
Conforme a Emater, as lavouras de milho são as mais
afetadas, principalmente nas Missões, no Planalto Médio e no Vale do Taquari
Com a quebra da safra de grãos, causada pela seca
que atinge o Estado, os prejuízos diretos nas lavouras já ultrapassam os R$
877,9 milhões. Até ontem, 72 municípios gaúchos haviam decretado situação de
emergência em razão da falta de chuva.
A seca que colocou novamente o Estado em alerta
levou a Emater a reavaliar a estimativa inicial para a safra dos grãos de verão
– milho, feijão e soja. O maior prejuízo contabilizado até agora é constatado
nas lavouras de milho. Conforme dados coletados na segunda quinzena de
dezembro, a cultura já registra uma perda consolidada de 25,17% em relação à
previsão inicial.
A redução no rendimento médio do milho, conforme a
Emater, chega a 37% nas Missões, 35% no Planalto Médio e 30% no Vale do
Taquari. Levando em conta a redução da produção estimada e a cotação atual dos
preços, os prejuízos ultrapassam os R$ 568 milhões somente nas lavouras de
milho – sem contar as perdas indiretas na cadeia produtiva, como fretes,
insumos e mão de obra.
Os prejuízos são contabilizados também nas lavouras
de feijão que, na primeira safra, apresentam queda de 11,43% em relação à
estimativa inicial.
– O milho e o feijão foram os mais atingidos porque
o percentual de lavouras em fases de floração e enchimento de grãos foi
expressivo em dezembro – frisou o diretor técnico da Emater/RS, Gervásio
Paulus.
Se a falta de chuva persistir nas próximas semanas,
as estimativas tendem a piorar, tendo em vista que a partir de agora começa um
período crítico para a soja. Até o final do mês, cerca de 40% das lavouras do
cereal entrarão no período de floração, fase extremamente sensível à falta de
umidade no solo.
– Algumas variedades de soja estão florescendo, por
isso a chuva é fundamental – acrescentou o presidente da Federação das
Cooperativas Agropecuárias do RS (Fecoagro), Rui Polidoro Pinto, ressaltando
que levantamento aponta para um prejuízo de R$ 1,5 bilhão, se levado em conta
perdas indiretas, como frete e insumos.
Mais de 375 mil pessoas afetadas em todo Estado
A falta de chuva no Rio Grande do Sul já afeta mais
de 375 mil pessoas, de acordo com números da Defesa Civil. Segundo projeção do
governo do Estado, entretanto, a abrangência dos efeitos da falta de chuva deve
ser ainda maior e pode alcançar 200 municípios, em diferentes áreas. Na Região
Central, por exemplo, o Rio Vacacaí transformou-se em um pequeno córrego.
Ontem, a comissão composta por 19 órgãos e
instituições confirmou a estratégia de colocar o Estado em situação de
emergência por meio de um decreto único. Hoje será decidido se o documento será
feito de forma totalmente conjunta ou por regiões.
Em Santa Catarina, mais de 130 municípios sofrendo com
a seca e 44 decretaram situação de emergência.
joana.colussi@zerohora.com.br
JOANA COLUSSI
Falta de chuva traz temor de seca igual à de 2005
A persistente falta de chuva que aflige os gaúchos
transformou o que era estiagem em seca.
Em meio à série de decretos de emergência de
municípios atingidos pela ausência de água para irrigar lavouras e ao baixo
nível de rios em diferentes regiões do Estado, a meteorologia confirma que o
clima cruzou uma barreira preocupante no Rio Grande do Sul.
Um período de mais de 40 dias sem chuva já pode ser
classificado como seca, segundo a meteorologista Estael Sias, da Central de
Meteorologia. Ela explica que, ainda que os registros das estações
meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), espalhadas por 21
cidades gaúchas, apontem chuva isolada ao longo de dezembro, pontos das regiões
Centro, Noroeste e Norte cruzaram o mês sem precipitação alguma.
– O Estado tem quase 500 municípios e, com certeza,
os mais afetados contabilizam um período mais prolongado de ausência de chuva –
pondera a meteorologista.
É o caso de cidades como Salvador das Missões, onde
a última chuva ocorreu em outubro, causando perdas consideráveis nas lavouras
de milho e de fumo. Ou do município de Trindade do Sul, no Norte, onde algumas
localidades não veem água cair do céu há pelo menos dois meses. O problema se
acentuou em todas as regiões nas últimas semanas:
– São quatro meses de pouca chuva. É preciso
lembrar que a chuva que ocorre desde a primavera é muito isolada. Mesmo o que
foi registrado pelo Inmet foi muito isolado.
Para atenuar o preocupante cenário de seca seria
preciso uma sequência de, pelo menos, quatro ou cinco dias de chuva, o que não
ocorre desde outubro em todas as regiões.
– Assim, mesmo que fosse chuva fraca, o solo
começaria a reagir. Não adianta chover 50mm em um único dia e depois parar –
explica Estael.
Até mesmo cidades que registraram chuva em dezembro
devem se manter em alerta para o risco de seca. Em Santa Maria, na Região
Central, por exemplo, choveu pouco mais de 13 mm ao longo de todo o mês. Já em
Rio Grande, no Sul, a chuva chegou a apenas 31% da média esperada nos últimos
quatro meses.
A volta da seca ao Estado provoca o temor de que se
repitam os prejuízos registrados no verão de 2005. Ao todo, 447 municípios
decretaram situação de emergência naquele ano, em que a seca tirou pelo menos
6,3 milhões de toneladas da safra do Estado – consideradas apenas as quatro
principais culturas de verão: soja, milho, arroz e feijão. Foram cerca de 9,5
milhões de gaúchos torturados pela falta de chuva.
Estiagem x seca
- Um período de 10 dias sem chuva já pode ser
considerado estiagem
- Um período mais longo sem precipitações, a partir de 40 dias, pode ser considerado seca
Fonte: Fonte: Estael Sias, Central de Meteorologia
- Um período mais longo sem precipitações, a partir de 40 dias, pode ser considerado seca
Fonte: Fonte: Estael Sias, Central de Meteorologia
Consumo aumenta em todo o país
O consumo de energia medido pelo Operador Nacional
do Sistema Elétrico (ONS) subiu 3,4% em 2011 no país, de acordo com dados
preliminares, depois de ter registrado em dezembro alta de 3,2% sobre igual mês
de 2010. Na comparação com novembro, quando geralmente registra queda, a
variação do consumo ficou positiva em 1,4%.
"O pequeno aumento do nível de utilização da
capacidade instalada pela indústria em relação à verificada em novembro,
conforme divulgação da Fundação Getulio Vargas (FGV), foi um dos fatores que
contribuíram para o desempenho da carga de energia no mês de dezembro",
informou o ONS.
O subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que concentra a
maior parte do parque industrial brasileiro, registrou o menor incremento no
consumo de energia em dezembro. O maior crescimento no mês passado foi
registrado no Norte, seguido pelo Sul.
2 milhões atingidos em Minas
A chuva que afeta o Rio atinge outros Estados do
Sudeste, como Espírito Santo e Minas Gerais. Em Minas, pelo menos 87 municípios
estão em situação de emergência e mais de 2 milhões de pessoas teriam sido
afetadas por tempestades, segundo a Defesa Civil. Oito pessoas morreram e uma
estava desaparecida até ontem.
Somente depois de a União reconhecer a situação de
emergência, os recursos do governo federal poderão ser liberados para as cidades
atingidas. O Exército deverá ajudar a construir um ponte provisória sobre o Rio
Pomba, em Guidoval. O município de 7 mil habitantes registrou duas mortes, e
foi um dos mais atingidos na zona da mata mineira. Caminhões com cestas
básicas, colchões, água potável e cobertores foram enviados para a região. O
Estado tem quase 10 mil desalojados, em casas de amigos ou parentes, e 512
desabrigados, em abrigos das prefeituras.
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