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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

23 de janeiro de 2012 - JORNAL DO COMMERCIO



PRIMEIRA PÁGINA

Um João festeja, outro silencia. E o PT ferve
Ex-prefeito agradece liderança apontada na primeira pesquisa JC/IPMN como um reconhecimento de sua gestão. João da Costa não fala e petistas expõem preocupação

Bruna Serra

As principais lideranças petistas reagiram com resignação aos números apontados pela pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), publicada ontem pelo JC. Não houve, nas declarações, muita convicção de que o prefeito João da Costa tenha condições de reverter os índices de rejeição – altos na amostragem –, mas ninguém chegou a cogitar a retirada do seu nome. Os petistas tiveram que reconhecer, alguns a contragosto, o poderio eleitoral do deputado federal João Paulo, que lidera com folga o cenário da pesquisa onde é incluído na lista de pré-candidatos.
Com um forte percentual de rejeição, João da Costa – que empata tecnicamente com Mendonça Flho (DEM) nos cenários em que os dois aparecem – preferiu silenciar, cabendo ao presidente municipal do PT, Oscar Barreto, partir em sua defesa. “Vamos avaliar o conjunto das perguntas para poder ter uma leitura mais precisa do que é essa rejeição”, disse o petista. Ele reafirmou, que João da Costa segue na disputa. “Nada muda, o prefeito continua sendo candidato”.
Já o deputado federal João Paulo, que em um dos cenários apareceu na pesquisa com 46% das intenções de voto, disparado na frente, preferiu manifestar por nota a sua satisfação. “Sou grato ao povo do Recife pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido ao longo de oito anos de gestão à frente da prefeitura”, afirmou o ex-prefeito, também apontado na pesquisa como o mais forte opositor à atual gestão.
Na direção estadual do PT, as declarações foram cautelosas, porém sem esconder o desânimo com os números do prefeito – em uma das tabelas, 75% dos 816 eleitores recifenses entrevistados avaliam que Costa “não merece ser reeleito”. Integrante da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), Dilson Peixoto alertou para a necessidade de uma decisão criteriosa. “A pesquisa mostra que precisamos de um trabalho forte e cuidadoso para definir o candidato”, opinou. Um dos principais líderes do partido, o senador Humberto Costa demonstrou receio com a percepção que o eleitorado tem da briga entre o prefeito e o antecessor. “Na verdade, depois de tantas desavenças, já ficou claro para a população de que há um desentendimento político entre ambos, fatalmente na campanha isso seria do conhecimento da população”.
O senador avalia que ainda é possível reverter a rejeição ao prefeito. “Há tempo suficiente para um processo de reversão. Nas campanhas anteriores a rejeição não era tão intensa, mas era forte em relação a João Paulo e Luciana Santos (PCdoB, ex-prefeita de Olinda). Reverter depende de várias questões, mas principalmente do candidato. Há um trabalho de recuperação da gestão, então acredito que vamos ter condições de mudar”.
O presidente estadual do PT, Pedro Eugênio, tentou minimizar: ”as pesquisas nos ajudam, mas não são determinantes. Esse é um elemento, uma referência do momento, mas vamos continuar o nosso processo de discussão interna”, disse.

COLUNAS
Cláudio Humberto

CNC quer virar imobiliária
A Confederação Nacional do Comércio (CNC), cujo objetivo deveria ser o de zelar pelos interesses do setor, decidiu entrar firme no mercado imobiliário de Brasília, com a construção de dez edifícios com custo estimado em R$ 700 milhões. Uma etapa de quatro torres já está em construção no valorizado Setor de Autarquias Norte, em uma área que fica praticamente sobre a quadra residencial 402 Norte. Para estrear no ramo imobiliário, a CNC escolheu como parceira a construtora Via Engenharia, do DF, mas não explicou como a escolheu. Do seu orçamento de R$ 264 milhões para 2012, a confederação pode gastar até R$ 107 milhões (mais de 40%) em seus investimentos imobiliários. E dinheiro não é problema. Em 2011, a CNC aplicou no empreendimento cerca de 30% do seu orçamento de R$ 246 milhões. Foram R$ 76 milhões no total. À frente da entidade há 31 anos, Antonio Oliveira Santos, 86, diz estar preocupado com o futuro. Quer a CNC “auto-sustentável”. Ah, bom.

TCU reprova a “prevenção”
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União constatou que o Programa de Prevenção e Preparação para Desastres do Ministério da Integração ainda é um belo projeto no papel: apenas 426 dos 5.565 municípios brasileiros têm Defesa Civil – menos de 8% do total – e que coordenadorias municipais só existem no papel. Repasses, valores, prazos e prestação de contas também estão ao sabor das chuvas. Na foto, cenário dos estragos em Minas.

Exploração
Um pão de queijo médio e refrigerante custam R$ 6,25 na lanchonete do aeroporto de Brasília. Em Congonhas (SP), R$ 9. Quase 50% mais.

Paixão nacional
Os shoppings já representam 18,3% das vendas no varejo e 2% do Produto Interno Bruto no Brasil. Mais 44 entram em operação este ano.

De molho
Em Fortaleza, PT e PSB já conversaram, pressionam, mas a prefeita Luizianne Lins ainda não anunciou quem apoiará à própria sucessão.

Rasgação de seda
Cotada para ministra de Políticas para Mulheres, a petista Inês Pandeló foi quem apresentou projeto para dar o Título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro à atual ministra, Iriny Lopes. Que é de Espírito Santo.

Bom de bola
Do ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT), sobre a tentativa do prefeito Gilberto Kassab (PSD) de se aproximar do PT: “Ele joga bem e o PT não deve rejeitar o que depois pode ser útil”.

Põe na conta
A Câmara dos Deputados vai gastar menos com reformas este ano: R$ 135 milhões. A ONG Contas Abertas apurou que só a ampliação do Anexo IV poderá custar R$ 95 milhões. O Tribunal de Contas da União reservou R$ 14 milhões para reformar sua sede em Brasília.
Areia movediça
A Justiça do Ceará paralisou a construção da Central Eólica Trairi, sob pena de multa de R$ 500 mil diários, por prejudicar o “pôr do sol” nas dunas da praia de Flecheiras, famosa pelo turismo com os “bugreiros”.

Agora vai
A Infraero contratou por R$ 28,8 milhões, em São Paulo, a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico para diagnóstico e implantação de nova gestão no setor da estatal. Leia-se aeroportos ruins.

Pensando bem...
... pela afinidade com os costumes locais, o comandante do Costa Concordia pedirá asilo ao Brasil assim que sair da cana na Itália.

Frase
Nós respeitamos a posição do ex-governador” – Geraldo Alckmin (PSDB), governador paulista, aliviado com a desistência de Serra

Na gaveta
O projeto de “regulação da mídia”, sonho autoritário de Gilberto Carvalho e do ex-jornalista Franklin Martins, está no Ministério das Comunicações, mas o ministro Paulo Bernardo não simpatiza com ele.

Bardo Relutante
O leitor Laudelino Marcos Silva, de Blumenau (SC), sugere outra minissérie na Globo: “O Bardo Relutante”, inspirada no senador Aécio Neves (PSDB-MG), o mais retumbante fiasco do ano político de 2011.

Um João festeja, outro silencia. E o PT ferve
 Ex-prefeito agradece liderança apontada na primeira pesquisa JC/IPMN como um reconhecimento de sua gestão. João da Costa não fala e petistas expõem preocupação

Bruna Serra

As principais lideranças petistas reagiram com resignação aos números apontados pela pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), publicada ontem pelo JC. Não houve, nas declarações, muita convicção de que o prefeito João da Costa tenha condições de reverter os índices de rejeição – altos na amostragem –, mas ninguém chegou a cogitar a retirada do seu nome. Os petistas tiveram que reconhecer, alguns a contragosto, o poderio eleitoral do deputado federal João Paulo, que lidera com folga o cenário da pesquisa onde é incluído na lista de pré-candidatos.
Com um forte percentual de rejeição, João da Costa – que empata tecnicamente com Mendonça Flho (DEM) nos cenários em que os dois aparecem – preferiu silenciar, cabendo ao presidente municipal do PT, Oscar Barreto, partir em sua defesa. “Vamos avaliar o conjunto das perguntas para poder ter uma leitura mais precisa do que é essa rejeição”, disse o petista. Ele reafirmou, que João da Costa segue na disputa. “Nada muda, o prefeito continua sendo candidato”.
Já o deputado federal João Paulo, que em um dos cenários apareceu na pesquisa com 46% das intenções de voto, disparado na frente, preferiu manifestar por nota a sua satisfação. “Sou grato ao povo do Recife pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido ao longo de oito anos de gestão à frente da prefeitura”, afirmou o ex-prefeito, também apontado na pesquisa como o mais forte opositor à atual gestão.
Na direção estadual do PT, as declarações foram cautelosas, porém sem esconder o desânimo com os números do prefeito – em uma das tabelas, 75% dos 816 eleitores recifenses entrevistados avaliam que Costa “não merece ser reeleito”. Integrante da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), Dilson Peixoto alertou para a necessidade de uma decisão criteriosa. “A pesquisa mostra que precisamos de um trabalho forte e cuidadoso para definir o candidato”, opinou. Um dos principais líderes do partido, o senador Humberto Costa demonstrou receio com a percepção que o eleitorado tem da briga entre o prefeito e o antecessor. “Na verdade, depois de tantas desavenças, já ficou claro para a população de que há um desentendimento político entre ambos, fatalmente na campanha isso seria do conhecimento da população”.
O senador avalia que ainda é possível reverter a rejeição ao prefeito. “Há tempo suficiente para um processo de reversão. Nas campanhas anteriores a rejeição não era tão intensa, mas era forte em relação a João Paulo e Luciana Santos (PCdoB, ex-prefeita de Olinda). Reverter depende de várias questões, mas principalmente do candidato. Há um trabalho de recuperação da gestão, então acredito que vamos ter condições de mudar”.
O presidente estadual do PT, Pedro Eugênio, tentou minimizar: ”as pesquisas nos ajudam, mas não são determinantes. Esse é um elemento, uma referência do momento, mas vamos continuar o nosso processo de discussão interna”, disse.

Ministros da zona do euro têm nova reunião

ATENAS E SÃO PAULO – Os ministros de Finanças da zona do euro se reúnem hoje, em Bruxelas, com a missão de reverter o impasse no acordo entre o governo grego e seus credores privados, para redução da dívida do país. Eles devem pressionar as duas partes a resolver as questões técnicas ainda pendentes. Para a Europa, o acordo impedirá que a crise da dívida se arraste para economias maiores, como a Itália.
A ideia é que o acordo seja fechado antes da cúpula europeia, em 30 de janeiro. O representante dos credores privados da Grécia disse ontem que continua otimista, mesmo após um fim de semana sem avanços.
“Nós estamos em uma encruzilhada e eu continuo esperançoso”, disse Charles Dallara, diretor-gerente do Instituto de Finanças Internacional (IIF pela sigla em inglês).
Na sexta-feira, fontes ligadas às negociações disseram que um acordo estava próximo e que os credores da Grécia aceitariam perdas de 65% a 70%. Mas uma intervenção de última hora do FMI e da Alemanha – pedindo que os credores aceitem juros ainda menores – desvirtuou o acordo. O FMI, dizem as fontes, quer que os novos bônus da Grécia paguem no máximo 3,5%. Dallara não fez comentários sobre isso.
O ministro de Finanças grego, Evangelos Venizelos, afirmou que o diálogo continuaria por telefone, mas não houve notícia de avanços. A Grécia quer que este grupo de credores troque seus papéis da dívida, reduzindo em 100 bilhões sua dívida de mais de 360 bilhões.
O acordo é condição ainda para o recebimento da nova parcela do segundo pacote de ajuda financeira à Grécia, de 130 bilhões. Ontem, o banco dos EUA Sachs afirmou que o acordo aniquilaria o risco sistêmico sobre os europeus, salvando seu elo mais fraco.
Dallara disse ontem que os bancos e os credores em geral fizeram uma “oferta máxima” ao governo grego para um acordo da dívida. Dallara disse estar confiante no acordo em breve.
Em declarações ao canal de televisão Antenna, Dallara afirmou que uma proposta feita pelos bancos a respeito da troca de bônus será avaliada, agora, por funcionários da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional. “Nossa oferta, entregue ao primeiro-ministro (da Grécia), é a oferta máxima consistente com um acordo voluntário PSI”, ele disse.

ECONOMIA
CONTAS PÚBLICAS
Governo deve definir hoje os cortes no OGU

A presidente Dilma Rousseff deverá definir hoje, numa reunião com os 38 ministros, o corte nos programas dos ministérios para economizar cerca de R$ 70 bi
BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff deverá definir hoje, numa reunião com os 38 ministros, no final da tarde, o corte nos programas dos ministérios para que sejam economizados cerca de R$ 70 bilhões no Orçamento de 2012. Desde quinta-feira a presidente vem ouvindo os planos de cada um dos ministros para este ano. As reuniões terminam hoje, com os ministros do setor de infraestrutura. Em seguida, haverá o encontro geral.
Decidido o valor do corte no Orçamento, o Banco Central terá como fazer os cálculos para a política da taxa de juros – que vem se mantendo em queda – sem comprometer o plano de segurar a inflação deste ano na meta de 4,5%. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica da economia (conhecida por taxa Selic) para 10,50% ao ano. As expectativas do mercado são de que as quedas continuem nos próximos meses.
A ideia posta em prática pela presidente Dilma Rousseff é a de que se o governo segurar seus gastos sobrará espaço para que o BC aja como o mercado espera. Isso dará mais força à oferta de crédito e financiamento – assunto que ganhou uma reunião específica com a presidente ontem e da qual participaram os ministros Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento), Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia, transferindo-se para a Educação), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e os presidentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e da Caixa, Jorge Hereda.
A ideia é favorecer o crédito produtivo, para incentivar o consumo, e também para aumentar a exportação por empresas brasileiras.
A favor do governo está a expectativa de mais um ano de forte arrecadação de impostos, assim como ocorreu em 2011.
Só de receitas extras, fala-se, por baixo, de mais R$ 18 bilhões. Se confirmado o aumento, uma estratégia poderá ser a de simplesmente limitar o crescimento dos gastos. Dessa forma, os investimentos da União poderiam ser feitos sem corte nenhum.
Para este ano, são previstos investimentos de R$ 79,7 bilhões, dos quais R$ 42,4 bilhões são para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A avaliação da equipe econômica é a de que o Brasil vem conseguindo algum descolamento da crise internacional. A questão é que a percepção também é a mesma por parte dos investidores estrangeiros, que passaram a remeter pequenas fortunas para a bolsa brasileira nos primeiros dias do ano. Esse movimento, ao lado de outros indicadores preliminares, fez o dólar recuar mais de 5% desde 1º de janeiro.

Rápidas - Venezuela pede crédito ao BNDES

A Venezuela negociará crédito de até US$ 814 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) brasileiro para financiar a compra de 20 aviões de uso comercial da Embraer, disse ontem o presidente Hugo Chávez. As aeronaves integrarão a frota da companhia estatal venezuelana Conviasa. Chávez informou, ainda, que está em negociação a compra de quatro aeronaves Airbus 340-500 com cinco anos de uso de uma companhia estatal dos Emirados Árabes por US$ 60 milhões cada. “Aprovados os recursos para a aquisição destes aviões, só resta fazer o esclarecimento de crédito”, afirmou Chávez.

Rápidas - Número de pobres cai muito no Brasil

O número de pessoas em situação de pobreza extrema caiu drasticamente na última década, segundo uma pesquisa da IPC Marketing, consultoria especializada em avaliar o potencial de consumo. Em 1998, o número de domicílios da Classe E chegava a 13%, segundo dados do IBGE. Hoje, de acordo com a IPC Marketing, apenas 0,8% dos domicílios estão situados na Classe E. Esse percentual corresponde a 404,9 mil lares. No total, o Brasil tem 49 milhões de domicílios. O percentual dos mais pobres é bem parecido com o dos mais abastados (0,5%). A grande massa está mesmo nas classes B e C.

VIOLÊNCIA
Reintegração de posse gera confronto em SP

Uma pessoa foi baleada e outras dez se feriram durante a desocupação de uma favela em São José dos Campos. Moradores resistiram e houve enfrentamento com a polícia
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) – A reintegração de posse de uma área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, deixou um rastro de destruição nas ruas da cidade do interior paulista ontem. Um homem levou um tiro nas costas e está hospitalizado. Outras dez pessoas ficaram feridas – entre elas um PM e um assessor enviado pela Presidência da República para acompanhar a ação – numa série de confrontos que se espalharam pelos bairros vizinhos, na periferia. Até as 20h (19h pelo horário do Recife), ainda havia focos de conflito.
Atendendo a uma determinação da Justiça Estadual, a Polícia Militar iniciou a operação por volta das 6h locais. A área, pertencente à massa falida de uma empresa do megainvestidor Naji Nahas, foi invadida em 2004. Cerca de 6 mil pessoas moravam no terreno.
Ontem, cerca de 3 mil estavam no local – metade já havia saídos com medo de conflitos. Parte dos moradores chamou a atenção do País ao formar um Exército improvisado para resistir à polícia. Com escudos de latão, porretes e capacetes, passaram as últimas semanas à espera. Ontem, poucos usaram a indumentária, pois disseram ter sido pegos de surpresa.
Um centro poliesportivo, onde foram montadas tendas pela prefeitura para atendimento de moradores que perderam as casas, foi depredado. Foi em torno desse centro, próximo à área desocupada, que ocorreram os principais confrontos ontem. Num deles que uma pessoa foi baleada durante um conflito com guardas municipais.
Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil para identificar o responsável pelo disparo. O comando da PM diz que o tiro não partiu de seus homens, já que a arma utilizada foi um revólver calibre 38, armamento aposentado pela corporação. A guarda local utiliza 38.
Houve um espancamento, presenciado pela reportagem, de um homem por um grupo de guardas civis. A guarda não explicou os motivos. “Isso está uma praça de guerra. São esses maloqueiros que querem depredar tudo”, disse o comandante da guarda, Jorge Pinheiro.
Seis veículos foram incendiados por moradores, dois pertencentes a empresas de comunicação. Dezesseis pessoas foram detidas por vandalismo. Segundo a PM, parte dos presos não era de moradores. Havia vários representantes de movimentos sociais.
A rodovia Presidente Dutra chegou a ser interditada por um grupo de pessoas em apoio às famílias retiradas. Uma pessoa foi presa em flagrante ao atacar um carro da PM. Até um carro dos bombeiros foi atacado a pedradas. O advogado que representa os moradores, Antonio Donizete Ferreira, afirma ter sido baleado na virilha, no joelho e nas costas com balas de borracha.

INTERNACIONAL
Oposição cubana quer encontro com Dilma

HAVANA – Opositores do governo cubano e defensores de direitos humanos querem aproveitar a visita da presidente Dilma Rousseff ao país para fazer um relato sobre a situação dos prisioneiros políticos e sobre os abusos contra dissidentes.
Dilma chegará ao país poucos dias após o enterro de Wilman Villar Mendoza, dissidente de 31 anos ligado à União Patriótica de Cuba. Ele morreu na última quinta-feira, após 50 dias de greve de fome, em protesto contra a sentença de quatro anos de prisão por desobediência após participar de uma manifestação pacífica.
A porta-voz das Damas de Branco, Berta Soler, disse que, apesar de ainda não ter encaminhado pedido formal, o grupo gostaria de se reunir com a presidente para apresentar dados sobre a situação de direitos humanos no país.
“Dilma pode ter mais sensibilidade com o tema por ser mulher. O principal problema é que o governo cubano pode não permitir. Queremos falar sobre a situação que vivemos, em que o governo dia a dia viola nossos direitos.”
O grupo de familiares de dissidentes acusou ontem o regime cubano de assassinar Villar. Carregando flores e imagens do dissidente, cerca de 40 mulheres fizeram um minuto de silêncio pela morte do detento durante sua marcha semanal em Havana. “Hoje é um dia em que o povo de Cuba, as Damas de Branco e a oposição interna estão de luto. Perdemos um homem jovem que deu a vida pela liberdade do povo cubano”, disse Berta.
Para Elizardo Sánchez, da Comissão de Direitos Humanos, o momento da visita da presidente não poderia ser pior. “Acabamos de enterrar mais um prisioneiro político. É uma situação desafiadora para a presidente. Só no mês passado foram feitas 800 detenções arbitrárias”, disse.
Sánchez afirma que gostaria de, ao menos, ter uma reunião com um membro da delegação brasileira, mas tem poucas esperanças de que Dilma faça menção aos direitos humanos durante a visita. “A única coisa que espero é que ela não faça nenhum pronunciamento negativo, como lamentavelmente fez o presidente Lula em sua visita ao país, quando desqualificou o prisioneiro Orlando Zapata Tamayo, que morreu após 85 dias de greve de fome.” Na época, Lula comparou a situação dos dissidentes com a de prisioneiros comuns no Brasil.

Liga Árabe prolonga missão na Síria

CAIRO – Confrontos entre tropas sírias e desertores do Exército irromperam ontem em um subúrbio da capital Damasco, no dia em que a Liga Árabe informou no Cairo que estenderá por mais um mês sua missão de observadores na Síria. O governo da Arábia Saudita, contudo, disse que retirará seus observadores da missão. Os chefes diplomáticos árabes também pediram ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que delegue “prerrogativas ao vice”, e a formação de um governo de união nacional em dois meses.
Paralelamente ao encontro no Cairo, pelo menos cinco pessoas foram mortas em Douma, subúrbio de Damasco, de acordo com grupos de ativistas. Já os Comitês de Coordenação Local afirmaram que 12 pessoas foram mortas m confrontos ao redor do país.
“Existe um progresso parcial na implementação das promessas do governo sírio”, disse no Cairo o chefe da Liga Árabe, Nabil al-Arabi. A Síria “não cumpriu todas as suas promessas, embora tenha implementado parte do que prometeu”, afirmou o secretário-geral. Ele disse que o uso de uma “força extrema” da parte do governo de Al-Assad levou a uma reação dos opositores, “no que poderá levar a uma guerra civil”.
O governo da Arábia Saudita anunciou que está retirando seus observadores da missão no país. “O governo sírio não implementou o plano árabe”, justificou o ministro das Relações Exteriores da Arábia, Saudi al-Faisal.
Os chanceleres árabes pediram a Al-Assad que “delegue prerrogativas ao vice-presidente para negociar com um governo de união nacional”, que deve ser formado “em dois meses”, segundo o comunicado, lido pelo premiê do Catar, xeque Hamad ben Jasem al-Thani, durante uma entrevista coletiva.
A Liga Árabe buscará agora o apoio da ONU às suas iniciativas. “Informaremos a ONU sobre o conjunto de resoluções da Liga, com vistas à sua aprovação”, disse Al-Thani. Nabil al-Arabi explicou na coletiva que a organização busca o apoio da ONU para dar “mais peso” a seu plano de saída da crise na Síria.
Al-Thani explicou, posteriormente, que “a nova iniciativa árabe aprovada pelos chanceleres tem como objetivo uma saída do regime sírio de maneira pacífica”. O líder do Catar expressou seu desejo de que o governo sírio aceite um plano “parecido com o do Iêmen”, que permitiu um acordo para a saída do presidente Ali Adbullah Saleh.

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