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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

02 DE JANEIRO DE 2012 - ESTADO DE MINAS


Primeira Página

Dilma é o espelho das poderosas
Cristina Kirchner, presidente da Argentina, Laura Chinchilla, presidente da Costa Rica, e Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e diretora-executiva da ONU Mulheres, se rendem à forma clássica de atuação e à altivez de Dilma Rousseff. Não apenas isso. Pela força econômica do Brasil, pelo simbolismo da eleição da ex-guerrilheira e pela influência da cultura brasileira em outros países, a administração da presidente petista passou a ser referência para as três líderes políticas latinas.

União tira R$ 100,9 mi de hospitais
A culpa é do atraso na análise de pedidos de certificação de entidades beneficentes junto ao Ministério da Saúde. A anulação, pelo governo, dos empenhos direcionados a unidades sem fins lucrativos conveniadas com o SUS, como santas casas de misericórdia, irritou parlamentares que tiveram emendas canceladas.


EDITORIAL
Valorização da vida
Saúde é direito de todos e dever do Estado

O governo federal editou a Medida Provisória (MP) 557 – publicada no Diário Oficial da União (DOU), 27/12 –, que institui o Sistema Nacional de Cadastro, Vigilância e Acompanhamento da Gestante e Puérpera para Prevenção da Mortalidade Materna. O objetivo é garantir a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade da atenção à saúde materna, principalmente nas gestações de risco. O sistema é constituído pelo cadastramento das gestantes e das mulheres que tiveram parto recente, de forma a permitir a identificação daquelas em situação de risco, a avaliação e o acompanhamento da atenção à saúde recebida por elas durante o pré-natal, parto e logo depois do parto. O cadastro também deverá conter informações sobre as mortes de gestantes e puérperas com dados sobre a investigação das causas do óbito e medidas a serem tomadas para evitar novas ocorrências.
O cadastro deve ser informatizado, abastecido por estados e municípios e gerenciado pelo Ministério da Saúde. A MP prevê ainda o pagamento de benefício, de até R$ 50, para as mulheres cadastradas no sistema. O intuito é custear as despesas de deslocamento aos serviços de saúde para acompanhamento do pré-natal e assistência ao parto prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Caixa Econômica Federal (CEF) será o banco responsável pelo repasse do benefício. O sistema integra a Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher, coordenada e executada pelo SUS, e será gerido pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios.
Com a medida, o governo federal dá um passo importante para a erradicação da pobreza extrema no país. Das 407 mil famílias que não recebiam qualquer benefício da União, quase 80% delas estão inseridas no programa Bolsa-Família. E aumentar a qualidade dos serviços prestados à população é um compromisso assumido pela presidente Dilma Rousseff há um ano. Prova disso são as ações dos programas Melhor em Casa, que se refere ao tratamento domiciliar; o SOS Emergências, relativo ao aperfeiçoamento no atendimento nos pronto-socorros em todo o país; e o Saúde não Tem Preço, voltado à distribuição de medicamentos para tratamento de hipertensão e de diabetes nas redes de farmácias. Vale ressaltar que está entre as prioridades do governo dar oportunidades e qualidade de vida a cerca de 45 milhões de pessoas com algum tido de deficiência no país.
Por meio do programa Viver sem Limites, será possível garantir direitos, apoiar e estimular os brasileiros com deficiência para que tenham uma vida plena, mas, para chegar a esse estágio, a implantação do sistema de acompanhamento de gestantes e de prevenção da mortalidade materna é de suma importância, pois preservar a vida de mulheres que almejam ser mães é um significativo avanço para a formação de uma sociedade consolidada e saudável, como prevê o artigo 196 da Constituição Federal: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação". O governo, portanto, não está fazendo nada de mais, apenas buscando cumprir o que determina a Carta Magna.


POLITICA
Com o aval das vizinhas
Duas poderosas do mesmo continente - Laura Chinchilla, presidente da Costa Rica, e Michelle Bachelet, diretora-executiva da ONU Mulheres - rendem elogios à atuação de Dilma Rousseff

Vinícius Sassine e Juliana Braga

Brasília – A presidente Dilma Rousseff passou a ser referência para as outras mulheres que ocupam os cargos políticos mais importantes da América Latina. A influência não se restringe a Cristina Kirchner, presidente reeleita da Argentina, que citou Dilma no discurso de posse, em 10 de dezembro. Em entrevistas ao Estado de Minas, a presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, e a diretora-executiva da entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), Michelle Bachelet, elogiam a atuação de Dilma no primeiro ano do mandato.
A América Latina tem três mulheres na presidência: Dilma, Laura e Cristina, a primeira da região a ser reeleita para o cargo. Bachelet governou o Chile entre 2006 e 2010 e logo após deixar a presidência passou a chefiar a ONU Mulheres, criada em julho de 2010. Em comum, as quatro mulheres foram as primeiras a serem eleitas para presidir seus respectivos países. Pela força econômica do Brasil, pelo simbolismo da eleição da ex-guerrilheira e pela influência da cultura brasileira nos outros países, o governo da presidente Dilma passou a ser referência para as outras líderes políticas latinas.
Ao discursar na cerimônia de posse, Cristina citou a fotografia em que Dilma aparece diante de militares, na condição de presa política e depois de ter sido torturada, num tribunal da ditadura militar. O ano era 1970. "Hoje, Dilma ocupa a cadeira presidencial de um dos países mais importantes do mundo", disse Cristina no Congresso Nacional argentino. A presidente brasileira estava presente na posse.
À frente do governo de um país minúsculo da América Central, com 4,5 milhões de habitantes, Chincilla estudou no Centro de Estudos Brasileiros, um dos mais procurados na capital, San José. Ela foi eleita para a Presidência da Costa Rica há quase dois anos, em condições semelhantes às de Dilma. Foi vice-presidente entre 2006 e 2010 e chegou ao posto máximo por conta da influência de seu antecessor, Oscar Arias. Ele está para Laura assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está para Dilma.
"Estamos muito interessados em aprofundar as relações comerciais com o Brasil. Em termos culturais, o Brasil já está muito presente na Costa Rica", afirma Laura ao Estado de Minas. A presidente da Costa Rica ainda espera um encontro com Dilma. Nas reuniões internacionais, "não coincidiu" de se encontrarem. "Cancelei praticamente todas as minhas viagens."
Laura está às voltas com uma reforma fiscal, que vai elevar os tributos pagos pelos costa-riquenhos. "O Brasil tem uma das cargas tributárias mais altas da América Latina, em torno de 26%. Na Costa Rica, é de 13%, a metade do Brasil", compara a presidente. Como Dilma, ela também demitiu ministros. Foram oito em um ano e meio de governo, quantidade superior aos sete demitidos pela presidente brasileira.
Para Michelle Bachelet, Dilma acertou ao abrir espaço para mulheres em postos-chave da administração. "O governo Dilma conta com 10 ministras, que representam 27% dos cargos. É importante colocar ministras em áreas importantes. Todos os cargos são importantes, mas alguns são mais relevantes, como Planejamento, Articulação Política e Casa Civil", disse a ex-presidente do Chile, durante sua passagem pelo Brasil em meados de dezembro.
Bachelet se referia a Miriam Belchior, ministra do Planejamento, Ideli Salvatti, secretária de Relações Institucionais, e Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil. As duas últimas ganharam espaço no governo em função das crises políticas envolvendo seus antecessores.


Tudo separado e misturado
Os maiores partidos do país-  PT e PMDB - se preparam para o desafio de se enfrentar nas disputas municipais, mantendo-se unidos na base de Dilma, situação que se repete em BH

Karla Correia

Brasília – Os dois partidos que sustentam a aliança do governo Dilma Rousseff terão um complicado xadrez para jogar nas próximas eleições municipais, marcada para 7 de outubro. PMDB e PT vão protagonizar o embate em diversas cidades ao mesmo tempo que caminham lado a lado no governo federal. As costuras entre as duas legendas passam por importantes capitais, como Belo Horizonte e São Paulo. Na capital mineira tudo depende do rumo que o PT vai tomar. Caso permaneça na aliança que elegeu o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e que conta com o apoio do PSDB, a tendência é de que o PMDB oficialize a candidatura do deputado federal Leonardo Quintão (PMDB).
O parlamentar foi o principal rival de Lacerda no último pleito e um acordo entre os dois é complicado. Entretanto, caso a ala petista liderada pelo vice-prefeito Roberto Carvalho – defensor ferrenho da aliança da base do governo Dilma Rousseff em Minas para a prefeitura da capital – saia vitoriosa no próprio partido, abandonando Lacerda, o PMDB pode formar uma chapa com os petistas. Quintão já havia se posicionado como pré-candidato pelo PMDB no início do ano passado, mas acabou retirando seu nome depois que Carvalho começou a negociar uma aliança com os peemedebistas.
No plano nacional, ao mesmo tempo em que busca alianças, o PMDB terá de conter o avanço petista sobretudo nas regiões Nordeste e Sul para cumprir a ousada meta de elevar de 1.175 para 1.300 o montante de administradores municipais eleitos pela legenda – um aumento de 10%. A preocupação é manter a dianteira no ranking dos partidos com maior número de prefeituras, o que garante a credencial de aliado mais forte do governo Dilma.
O PMDB trabalha uma estratégia agressiva nos estados e, a princípio, quer ter candidatos em cada uma das 26 capitais. O cenário mais plausível até o momento, entretanto, aponta para candidaturas próprias do PMDB em 22 capitais. O PT lança nomes em 20 capitais. No outro extremo do espectro partidário, o PSDB tem pretensões em 19 capitais. Um enfraquecido DEM mira em 14.
São Paulo A disputa pelo poder entre as duas legendas acabou antecipando as articulações na maior cidade do país. As prévias para a escolha das candidaturas a prefeito, no PT, ocorrem no início do ano. Mas o acordo em torno da candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à Prefeitura de São Paulo (SP) acabou selado na primeira quinzena de novembro, exemplifica um membro da cúpula do PT. "Será difícil para o governo manter o distanciamento necessário das divisões políticas que deverão surgir nesse processo", afirma o cacique petista.
O maior partido da base aliada trabalha para contornar a possível ameaça a seu poder de pressão dentro do governo que surge sob a forma da aliança – por ora informal – entre PSB e PSD. Em quase todos os estados, o nascimento do partido desenhado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, como uma dissidência do DEM só foi possibilitado por causa do apoio do PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que ascendeu à condição de um dos principais articuladores políticos do país ao eleger a mãe, Ana Arraes, para uma cadeira de ministra do Tribunal de Contas da União (TCU). Foi com o apoio do PSB que o PSD emergiu como a terceira maior bancada da Câmara. (Colaboraram Daniel Camargos e Amanda Almeida)


Hospitais sem R$ 100 mi
Governo cancela emendas para unidades de saúde no último dia de 2011. Gestores culpam a lentidão na análise de documentos pelos cortes e tentam garantir os empenhos na Justiça

Josie Jeronimo
Brasília – Atraso na análise dos pedidos de certificação de entidades beneficentes junto ao Ministério da Saúde causou o cancelamento de R$ 100,9 milhões em empenhos de recursos voltados para a área, no último dia de 2011. A anulação dos empenhos direcionados para entidades sem fins lucrativos conveniadas com o Sistema Único de Saúde (SUS) provocou irritação de parlamentares que tiveram as emendas canceladas. Santas casas de misericórdia, fundações e institutos que aguardam o Ministério da Saúde analisar processo de emissão da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (Cebas) não puderam receber recursos públicos. Gestores reclamam que os processos de certificação estão parados em uma longa fila de análise e que devido à morosidade da burocracia estão sendo prejudicados. Só no dia 31 de dezembro, 30 entidades apresentaram mandados judiciais para conseguir manter os empenhos, ao comprovar que a situação cadastral estava irregular em função da lentidão do ministério para conceder os certificados.
Entre as entidades de saúde que tiveram as verbas cancelados está o Hospital do Câncer de Mato Grosso. A unidade contava com recursos de R$ 1,2 milhão, destinados por emenda parlamentar do deputado Valtenir Pereira (PSB-MT), para reformar o centro cirúrgico. Como a emenda já havia sido empenhada, o hospital chegou a fazer planos para o dinheiro, mas no último dia do ano o governo anulou o empenho, porque a entidade ainda não conseguiu o Cebas. "Fomos prejudicados, tínhamos R$ 1,2 milhão de emendas empenhadas. Já havia uma minuta de portaria para a emissão do certificado, estava tramitando. Somos uma instituição que existe há mais de 56 anos, preenchemos todas as exigências. As instituições de saúde já vivem no vermelho e no momento em que temos a possibilidade de receber dinheiro público acontecem esses problemas burocráticos. É como se tivessem jogado o dinheiro da emenda no lixo", protesta a coordenadora de Desenvolvimento Institucional do Hospital do Câncer de Mato Grosso, Sílvia Negri.
De acordo com Valtenir Pereira quando os empenhos são anulados ao fim do ano financeiro, os recursos que iriam para a saúde são perdidos e o montante passa a ser contabilizado no cálculo do superávit primário. "O governo deu com uma mão e tirou com a outra. Fez exigências e ele próprio é o responsável pelo atraso na emissão dos certificados. No fim das contas, o governo tirou investimentos da saúde. Espero que essa situação seja revista e que a saúde possa recuperar esses créditos. A partir do momento que o empenho de uma emenda é cancelado, os recursos vão para o superávit primário. O governo está mais empenhado em fazer superávit primário do que investir na saúde", criticou.
Salvamento Os lançamentos diários do Portal da Transparência, mantido pela Controladoria Geral da União, registravam que apenas no dia 31 de dezembro 61 empenhos do Ministério da Saúde anulados totalizavam R$ 100,9 milhões a menos de recursos para a saúde. O coordenador-geral de Contratos e Convênios do Fundo Nacional de Saúde, Dárcio Guedes, afirmou que o governo cumpre determinação expressa na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que exige a existência do Cebas para que o empenho para uma entidade privada sem fins lucrativos seja confirmado no fim do ano financeiro.
Ainda de acordo com Guedes, as entidades foram notificadas da pendência, e no dia 31 de dezembro a coordenadoria trabalhou até o fechamento do sistema de execução financeira para validar o empenho de 30 entidades que conseguiram mandados judiciais para receber os recursos, alegando que só não tinham o Cebas, pois o processo de certificação ainda tramitava no ministério. "A LDO diz que para as entidades receberem recursos precisam ter certificação no Cebas. Como Fundo Nacional de Saúde, temos que verificar. Notificamos as entidades duas vezes por ofício. Ontem (dia 31), fui trabalhar para tentar salvar alguns convênios de entidades que entraram com medidas judiciais. Salvamos 30 convênios", afirmou.

SAIBA MAIS
Regras contra fraudes

Até a criação da Lei 12.101 de 2009, a certificação das entidades beneficentes era responsabilidade do Conselho Nacional de Assistência Social, órgão do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). A nova regra transferiu a incumbência pela classificação das entidades aos respectivos ministérios responsáveis pelas áreas da saúde, educação e assistência social. Assim, o Ministério da Saúde é responsável pela emissão do Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social (Cebas) para entidades de saúde, o Ministério da Educação cuida da certificação para órgãos de ensino, e o MDS para organizações voltadas para a assistência social. Para receber o Cebas, uma entidade de saúde precisa comprovar que 60% de seus atendimentos ambulatoriais e de internação se devem à prestação de serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS).


ECONOMIA
Comércio eletrônico desbanca telefonia
Pela primeira vez em oito anos, problemas com compras na internet superam o número de reclamações que envolvem empresas de telecomunicações publicadas na coluna Segunda Via

Paula Takahashi

Depois de sete anos consecutivos na liderança das reclamações da coluna Segunda Via do Estado de Minas, o setor de telefonia foi ultrapassado pela primeira vez pelo comércio eletrônico. Na comparação com 2010, as compras virtuais registraram crescimento de 150% no número de relatos publicados em 2011, passando de 29 para 73 (veja quadro).
A Americanas.com lidera entre as empresas de comércio online com maior volume de reclamações, com 22 casos. A empresa, entretanto, garante que "vem trabalhando intensamente para resolver todas as questões que impactam seus clientes". Segundo a companhia, em todas as áreas há comprometimento e mobilização para superar transtornos, e cita que, entre as principais frentes de trabalho, se destacam "revisão de todos os processos logísticos, capacitação e treinamento das equipes e investimentos em automação e aumento da capacidade de distribuição com a abertura de novos centros de distribuição e expansão dos atuais."
Na comparação entre 2010 e 2011, o site integrante do grupo B2W – que engloba Submarino e Shoptime – superou em mais de quatro vezes as aparições na coluna, sendo a grande maioria das situações ligadas ao atraso na entrega de produtos. Foi o que ocorreu com o engenheiro Antônio Starling, que aguardou em vão o cumprimento do prazo de entrega do GPS que adquiriu no site da empresa. "O produto constava como disponível em estoque, tanto é que consegui emitir o boleto e realizar o pagamento", lembra. Porém, o aparelho em promoção só chegou mais de três semanas depois de estourado o prazo limite.
Assim como Antônio, milhares de consumidores foram prejudicados, levando Procons de diversos estados brasileiros a adotar medidas para impedir que as vendas da empresa continuassem até que as entregas fossem regularizadas. No início do último ano, a comercialização de produtos pela B2W ficou proibida durante um mês no Rio de Janeiro por decisão da Justiça. Em novembro, a Fundação Procon de São Paulo tomou a mesma providência e pediu a suspensão das atividades do grupo no estado por 72 horas. A empresa recorreu. Em Belo Horizonte, o Procon BH firmou compromisso com a empresa com a ameaça de recorrer ao Ministério Público para suspender as vendas.
A medida foi adotada diante do aumento de 220% no volume de reclamações entre 2010 e 2011. "Em 2010, foram 1.626 reclamações, contra 5.155 entre janeiro e 26 de dezembro de 2011", calcula a coordenadora do Procon Belo Horizonte, Maria Laura Santos.
Em nota, a B2W garantiu que fez uma série de investimentos em logística e tecnologia. "Instalou novos equipamentos e finalizou diversas obras nos centros de distribuição, aumentando o nível de automação", acrescentou. Desde o final de 2010, a Proteste – Associação Brasileira de Consumidores – encaminhou denúncia ao Ministério Público para alertar sobre o crescimento do número de reclamações contra essas empresas. "Além disso, temos encaminhado o caso para fiscalização dos Procons", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da associação.
Outra empresa que liderou as reclamações de comércio eletrônico foi o Comprafácil, com 17 casos registrados. O site de compras se defende afirmando que "ao longo de 2011 foi afetado pelas questões logísticas que atingiram todo o varejo no final do ano passado e que contribuíram para o aumento no número de reclamações registradas pelos consumidores". Entreanto, de acordo com a companhia, o número de reclamações vem diminuindo porque  o Comprafacil.com "tem investido fortemente para cumprir um prazo menor e atender com mais qualidade os seus consumidores". Entre essas ações, o site destaca o aumento em 47% o número de transportadoras e ampliação em 40%, nos últimos quatro meses, do quadro de funcionários na operação e atendimento.
Para Maria Inês Dolci, a revisão do Código de Defesa do Consumidor (CDC) que trará legislação específica para o comércio eletrônico deverá aumentar a segurança nas compras. "Entendo que deve haver uma punição maior. Hoje, o que se percebe é uma lentidão dos julgamentos, o que faz com que as empresas continuem cometendo as irregularidades", pondera. No novo código está prevista a implantação da multa civil, que pode ser aplicada quando o juiz percebe que determinada empresa não muda sua conduta apesar do volume de reclamações por parte do consumidor.
OUTROS DESTAQUES Tanto a telefonia quanto o comércio mantiveram praticamente uma estabilidade no número de reclamações entre 2010 e 2011. Entre as operadoras, a Oi lidera com 22 reclamações. Entretanto, a empresa argumenta que, "para garantir a representatividade da comparação, defende a importância de considerar a relação entre o número de reclamações e a base de clientes de cada companhia". Atualmente, segundo a Oi, são 67,1 milhões de acessos no país inteiro. A operadora ainda acrescenta que "assumiu compromisso com o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) de interação colaborativa e tem feito todos os esforços para assegurar a melhoria no atendimento e na prestação dos serviços". A empresa informa que investiu, até setembro de 2011, cerca de R$ 2,8 bilhões para "atender as necessidades dos clientes e a crescente demanda por serviços de telecomunicações no país."
Entre outros setores que se destacaram estão os de serviços e instituições bancárias, cartões de crédito e seguros, que tiveram elevados de 12 para 21 o número de casos na Segunda Via. As principais reclamações são de cobrança indevida de tarifas (leia mais ao lado). Puxado pela realização da Copa do Mundo em 2010 e popularização das televisões de LCD, o volume de problemas com empresas fabricantes chegou a 44 em 2010, número que caiu para menos da metade em 2011.


Bancos, cartões e financeiras no topo

Geórgea Choucair

Reclamações ligadas a assuntos financeiros lideraram pelo terceiro ano consecutivo as consultas dos consumidores ao Procon Belo Horizonte. Episódios envolvendo bancos, cartões de crédito e financeiras representaram 36% do total de 83.595 reclamações na entidade no ano passado. Em seguida, vieram os produtos eletroeletrônicos, com destaque para os aparelhos celulares (22%), operadoras de telefonia (18,91%) e TVs por assinatura (11,99%). "Houve uma explosão de crédito, principalmente de cartões. Isso ocasionou aumento de reclamações na área financeira, como venda casada de produtos e cobrança indevida", afirma Maria Laura dos Santos, coordenadora do Procon BH.
Cerca de 85% das reclamações na entidade têm sido solucionadas, segundo Maria Laura. O tempo médio de resolução vai de dois a seis meses. As instituições financeiras, de acordo com a coordenadora do Procon, são as mais morosas na hora de solucionar os problemas dos consumidores. "Há falta de informação por parte dos bancos e eles acham que é dever do consumidor conhecer as regras dos contratos", diz.
Antes de fechar qualquer contrato de consumo ou de serviço, Maria Laura recomenda que o consumidor se informe sobre seus direitos e não aceite propostas sem antes fazer a leitura adequada. "É importante ainda que a pessoa faça a reclamação sempre que se sentir lesada, independentemente do valor do ônus. É uma forma de reduzir as práticas abusivas", explica.


NACIONAL
Após a festa, uma montanha de lixo
Réveillon em Copacabana, que teve a sustentabilidade como tema, gerou 25% a mais de sujeira. Na limpeza, 1,3 mil garis

Rio de Janeiro – A chuva não atrapalhou a festa dos dois milhões de pessoas que assistiram aos 16 minutos de queima de fogos na Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O réveillon da sustentabilidade – em referência à conferência ambiental Rio+20, que será realizada este ano – terminou com aumento no volume de lixo recolhido: 370 toneladas, 25% a mais que as 295 toneladas da última virada de ano. Ontem de manhã, um batalhão de 1,3 mil garis, com o apoio de 100 viaturas, passou fazendo a limpeza da Avenida Atlântica.
Ao todo, os festejos do réveillon na orla do Rio de Janeiro, do Leme a Guaratiba, geraram 645 toneladas de lixo, conforme a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). O volume de lixo coletado nas praias cariocas este ano foi 6% maior que o registrado na virada de 2010 para 2011. Segundo o site da Prefeitura do Rio de Janeiro, a equipe de limpeza, que contou com 3,8 mil garis, iniciou os trabalhos às 6h de ontem. Neste ano, o Piscinão de Ramos foi incluído na operação.
Houve aumento principalmente no volume de garrafas de vidro. "A maioria das pessoas que trouxe esse tipo de material não seguiu as instruções da prefeitura, que havia pedido para dispensarem as garrafas nos contêineres", queixou-se a presidente da Comlurb, Ângela Fonti.
Mesmo com a praia ainda suja e sem sol, muitos turistas não deixaram de aproveitar o primeiro dia do ano novo à beira-mar. As irmãs Thalissa e Paloma Grimaldi, de 24 e 25 anos, de Porto Alegre (RS), nunca haviam passado a virada de ano no Rio. "A primeira de muitas, com certeza", disse Thalissa, carregando o inseparável chimarrão, no dia seguinte à festa. "Estávamos com medo pela questão da segurança, mas foi tudo muito tranquilo. Bem cheio, sim, mas foi ótimo", afirmou Paloma. As duas assistiram à queima de fogos próximo ao palco principal, em frente ao hotel Copacabana Palace.
Pelo quarto ano consecutivo o tempo no último dia do ano foi nublado e com chuvas no Rio. Mas a preocupação maior dos organizadores, dessa vez, não foi com a água, mas com o vento. Rajadas que chegaram a 52 quilômetros por hora dificultaram o deslocamento e até mesmo o alinhamento das 11 balsas, ameaçando a queima de fogos.
Convocada pela prefeitura para tentar garantir o tempo bom na virada do ano, a Fundação Cacique Cobra Coral garante que não falhou. O porta-voz da entidade, Osmar Santos, disse que no início da noite a médium Adelaide Scritori, que afirma incorporar o espírito do cacique Cobra Coral, capaz de controlar o tempo, foi procurada pelo alto escalão da prefeitura com outra missão.
CLIMA Não houve reza que conseguisse conter os céus e os dois milhões de convidados do réveillon de Copacabana tiveram que aguardar a contagem regressiva debaixo d"água. A que começou a cair por volta das 19h, apertou a partir das 21h e, só estiou às 23h25. No lugar dos tradicionais trajes brancos, as capas de chuva coloridas invadiram as ruas, mudando o figurino oficial da festa. Na Favela da Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul, o primeiro réveillon depois da ocupação pela polícia também foi atrapalhado pela chuva.

PRÊMIO
A festa de réveillon na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, conquistou o prêmio internacional World Travel Guide, considerado um dos mais importantes do setor de turismo em termos globais. A premiação considerou a festa na praia carioca como o melhor réveillon do mundo. A entrega do prêmio foi realizada na noite da virada, em frente ao Hotel Copacabana Palace.


GERAIS
Hora da decisão
Começa amanhã a segunda etapa do vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais e candidatos fazem até promessa para garantir uma vaga na instituição

Sandra Kiefer

A menos de 24 horas para a bateria de provas da segunda etapa do vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), vale até promessa para tentar garantir uma das 18.624 vagas na maior universidade do estado. A maratona começa amanhã com as provas de Português e Literatura e vai até o dia 10, dependendo do curso escolhido. Sem deixar de lado os livros, José Henrique Mourão Gonzaga, de 17 anos, aluno do 3º ano do ensino médio do Colégio Padre Eustáquio, apelou também para o santo que lhe dá o nome.
"Na virada da meia-noite, prometi que, se passasse na Federal, iria a pé de casa (no Bairro Caiçara) até a Igreja São José (no Centro da cidade) para agradecer a São José", conta o candidato ao curso de Engenharia Aeroespacial. Ele diz que durante a rotina de estudos tentou manter uma caminhada diária de 20 a 30 minutos, andando do colégio até a casa dele após horas de aulas e provas simuladas.
Depois de festejar com a família e com os amigos a chegada de 2012, José Henrique dormiu ontem até mais tarde, mas já tinha projetos de estudar à noite e repassar o conteúdo de matemática. "Neste ano, foi acrescentada a prova de Português e Literatura, matérias em que tenho facilidade e posso conseguir compensar o que perder em Matemática", observa.

NOVA REGRA.
Uma das diferenças do processo seletivo de 2012 da UFMG é a contabilização da nota obtida na redação do Enem na pontuação da segunda etapa e não mais na primeira, como aconteceu no vestibular do ano passado. No vestibular deste ano, os 16 pontos da prova de redação serão contabilizados na segunda etapa, e somados aos 80 pontos correspondentes à média das provas específicas. Pesam mais em relação ao processo seletivo do ano anterior, quando compunham a nota final da primeira etapa e equivaliam a 12,8 pontos, do total de 64 pontos, ou seja 8% do valor total de 40% da primeira etapa.
Só com as notas do Enem, que desde o ano anterior substituíram a primeira etapa da UFMG, José Henrique somou 46 pontos. Seria capaz de passar em qualquer curso da universidade, menos Medicina. "Mas ainda não me sinto confiante para a segunda etapa. Para o meu colégio sou um aluno bom, mas percebi que a faculdade vai cobrar ainda mais", analisa. O curso que José Henrique escolheu, Engenharia Aeroespacial, é o terceiro curso mais concorrido da UFMG, o que exige dos candidatos uma nota mínima de 42,3072 pontos para a convocação para a segunda etapa. Perde apenas para Engenharia Química, em segundo (45,4798 pontos) e na primeira posição, Medicina (52,1600 pontos).
Outra dificuldade a ser enfrentada por José Henrique é que ele não se declarou negro e nem terá direito a pontos extras por ter estudado em escolas públicas, o que não é o caso. "Terei de estudar até o último minuto e acertar de 50% a 55% das provas, em média", afirma o estudante, que está saindo do 3º ano e tenta o seu primeiro vestibular. É o caso também de Amanda Guias, de 17 anos, aluna do 3º ano do Colégio Padre Eustáquio e candidata ao curso de direito.
"Passei para a segunda etapa da UFMG com dois pontos acima da média e tenho de fazer a diferença agora", lembra. Na tarde de ontem, ela se preparava para dar uma revisada nas matérias e estava preocupada em dormir bem durante a semana, sem descuidar da alimentação. Amanda estava animada para as provas de amanhã, de Português e Literatura: "Não sei se sou excelente, mas nunca tive problemas nessas duas matérias".

Descuido pode levar a eliminação
Os estudantes devem ficar atentos ao horário de início das provas, que este ano, acontecem de manhã e à tarde para evitar dificuldades no acesso dos candidatos ao campus na Região da Pampulha, em função das chuvas e das obras do Bus Rapid Transport (BRT) na Avenida Antônio Carlos. Segundo o edital divulgado pela Comissão Permanente do Vestibular (Copeve) da UFMG, quem chegar após o fechamento dos portões terá sua entrada vedada e será automaticamente eliminado do concurso. A Copeve recomenda que os candidatos cheguem com uma hora de antecedência.
As provas serão realizadas de 8h30 às 11h30 e de 15h30 às 18h30 e os portões serão fechados nos horários previstos para o início das provas. Pela manhã, o acesso às salas será liberado a partir de 7h30 e, à tarde, os candidatos poderão entrar nas salas a partir das 14h30. Para ter acesso ao local das provas, o candidato deve imprimir e apresentar o comprovante definitivo de inscrição, disponível no site www.ufmg.br/copeve e documento de identidade. No comprovante constam informações sobre local, data e horário das provas.
De acordo com o edital do Vestibular 2012, na segunda etapa os candidatos devem usar apenas lápis ou lapiseira para responder às questões das provas. No caso das provas de habilidade, o candidato deverá usar o material constante no edital para o respectivo exame. Para preencher a folha de presença e assinar o caderno de provas é obrigatório o uso de caneta esferográfica azul ou preta. Na prova de Matemática, o candidato poderá utilizar régua, se necessário, desde que fornecida pela Copeve.
Segurança. Será impedido de fazer as provas e automaticamente eliminado o candidato que portar qualquer tipo de equipamento eletrônico (celular, beep, pager, relógio, entre outros), mesmo desligado, durante a realização das provas. Também não é permitido o uso de relógio digital ou analógico. A Universidade não disponibiliza guarda-volumes, por isso não se responsabiliza por perdas ou extravios de objetos durante a aplicação das provas. Detectores de metais serão utilizados em todos os setores de realização do exame e só será aberta exceção ao procedimento para os portadores de marca-passo e de próteses metálicas. Nesses casos os candidatos realizam exame médico prévio.
É proibido também o uso de bonés e chapéus durante o concurso. Os candidatos deverão permanecer no local de realização das provas durante, no mínimo, o período de sigilo, que é de duas horas após o início das provas. A Polícia Federal fará o rastreamento de transmissões nas proximidades do campus para impedir a ação de fraudadores.

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