Pesquisar

sexta-feira, 18 de março de 2011

18 de março de 2011 - FOLHA DE SP


DESTAQUE DE CAPA
ONU autoriza ação armada na Líbia; Brasil se abstém

Medida é aprovada por 10 dos 15 membros do Conselho de Segurança; Alemanha e grupo Bric não votam
O Conselho de Segurança da ONU abriu espaço para ações militares contra as forças do regime líbio.
Foi aprovada a criação de uma zona de exclusão aérea; medida que proíbe voos sobre a Líbia. Foi graças a bombardeios aéreos que o ditador Muammar Gaddafi reconquistou territórios.
Segundo a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, isso exigirá ataques a aviões, tanques e infantarias ligadas ao ditador.


ONU aprova uso da força contra Gaddafi
Brasil se abstém de resolução do Conselho de Segurança que estabelece uma zona de exclusão aérea na Líbia
Ditador se preparava para ofensiva final contra rebeldes no leste do país; invasão por terra é descartada

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

Sem o voto do Brasil, o Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas aprovou ontem uma resolução que abre caminho para uma ação armada contra o ditador da Líbia, Muammar Gaddafi.
O governo brasileiro se absteve na decisão de autorizar "todas as medidas necessárias" contra Gaddafi, que se preparava para esmagar rebelião no leste do país.
Votaram favoravelmente 10 dos 15 membros do organismo. Rússia, China (que têm poder de veto), Alemanha e Índia adotaram a mesma atitude brasileira.
Entre as ações aprovadas está a criação de zona de exclusão aérea para evitar ataques da aviação do ditador, há 41 anos no poder. Para que seja respeitada, é preciso bombardear peças de artilharia de Gaddafi em solo.
A expectativa era que os ataques, liderados por EUA, Reino Unido e França, pudessem começar poucas horas depois da votação. Até a 0h de hoje, porém, isso não havia ocorrido.
Havia relatos de que a força aérea britânica já estaria preparada para agir. O Canadá, segundo a rede local CTV, pretende enviar seis caças para ajudar na aplicação da zona de exclusão aérea.
Segundo a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, a criação da zona de exclusão aérea vai exigir o ataque a alvos no território líbio. "Ela exige certas ações para proteger os aviões e os pilotos", afirmou, na Tunísia.
O texto da resolução abre espaço para todo tipo de ação militar para a proteção da população líbia, "com exceção de uso de forças de ocupação". Ou seja, uma invasão por terra, que seria mais polêmica, foi descartada, o que contribuiu para evitar um veto à resolução.
Entre as opções estudadas há alvos militares e de defesa aérea, além do uso de aviões para atacar tanques e infantarias ligadas a Gaddafi.
A partir de agora, todos os voos estão vetados na Líbia, com exceção dos que levarem ajuda humanitária ou retirarem estrangeiros do país.

EFEITOS INVOLUNTÁRIOS
A embaixadora brasileira, Maria Luiza Viotti, justificou a abstenção dizendo que o país não está convencido de que o uso de força, como previsto no texto, levará ao fim imediato da violência.
Disse que ele poderá levar a "efeitos involuntários" de exacerbar as tensões e "fazer mais mal que bem" aos civis. Segundo Viotti, porém, o voto "não deve de maneira alguma ser interpretado como endosso do comportamento das autoridades líbias".
O voto brasileiro vai contra a expectativa de mudança na política externa do país sobre os direitos humanos, esboçada na relação com o Irã.
O apoio da Liga Árabe (grupo de 22 países) à resolução foi considerado decisivo para a sua aprovação.
Washington não queria entrar em uma ação que tivesse a oposição dos vizinhos da Líbia e estava reticente em relação à eficácia da zona de exclusão aérea.
O discurso de Gaddafi, horas antes da votação, dizendo que não haverá "perdão" para quem, em Benghazi (capital rebelde), não se rendesse ontem às suas tropas, também foi visto como um incentivo para a aprovação. "Não haverá mais medo, não haverá mais hesitação, a hora da verdade chegou", disse.
Já o Ministério da Defesa líbio promete retaliar caso as tropas pró-Gaddafi sejam alvo de ataque estrangeiro.
"Qualquer ação contra a Líbia vai expor todo o tráfego aéreo e naval no mar Mediterrâneo ao perigo e [instalações] civis e militares serão alvo de contra-ataques", disse comunicado do governo.
Em Benghazi, os rebeldes festejaram nas ruas, com fogos de artifício, a aprovação da resolução pela ONU.


ANÁLISE
Itamaraty não está disposto a relevar princípio da soberania

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

A diplomacia brasileira avalia que a resolução aprovada no Conselho de Segurança não delimita a ação armada e, embora exclua uma "força de ocupação", pode implicar uma intervenção prolongada no país.
Por essa interpretação, o texto não atende à principal condição para a aplicação do princípio da "responsabilidade de proteger" populações civis -a de que não sejam causados mais danos do que se pretende evitar.
Antes da votação, o porta-voz Tovar Nunes disse à Folha que o Itamaraty trabalhava por uma "texto de consenso" com duas etapas: primeiro, seria dado um ultimato de cessar-fogo a Muammar Gaddafi; se o ditador mantivesse os ataques, a imposição da proibição de voos seria automática.
"Queremos a suspensão das hostilidades. Não temos interesse em ação militar que redunde numa contrarreação que piore a situação dos cidadãos", disse, acrescentando que o Brasil não considerava concluída a missão de um enviado do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
A abstenção brasileira pode ter surpreendido os que esperam uma reviravolta na diplomacia no governo Dilma, com um alinhamento maior às posições de EUA, Reino Unido e França, potências que são membros permanentes do Conselho.
Mas ela mostra que o governo brasileiro continua refratário ao uso da força e a relevar o princípio da soberania estatal, mesmo sob argumentos humanitários.
Ontem, além de se juntar a três parceiros do chamado grupo dos Brics (Rússia, China e Índia), o Brasil votou junto com Alemanha, com a qual forma, com Índia e Japão, o G4.
A siga define os países que reivindicam conjuntamente cadeiras permanentes no Conselho de Segurança.
É um voto que pode atrasar ainda mais a decisão dos membros ocidentais permanentes de apoiarem de fato uma reforma do órgão -também rejeitada, ademais, por russos e chineses.
A resolução, além de tudo, impõe um desafio de coerência ao Conselho: o de se haverá reação aos eventos no Bahrein, onde, com apoio de monarquias vizinhas, o governo lançou uma onda repressiva contra os manifestantes pró-democracia.
Assim como a Liga Árabe suspendeu a Líbia e copatrocinou a resolução, o Conselho de Cooperação do Golfo tomou para si o Bahrein, mas em direção contrária, sustentando a autocracia que sedia a 5ª Frota americana.


COMISSÃO DA VERDADE
Não há "cisão" com militares, diz ministra

A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) minimizou ontem o embate dentro do governo sobre a criação da Comissão da Verdade.
Ela disse que não há "cisão" entre os militares e o governo sobre a Comissão, mas reiterou ser prioridade do Executivo que as investigações sobre os crimes de tortura na ditadura militar saiam do papel.



DESVIOS DE DINHEIRO DA FHE
Juízes acusam juízes por fraudes em empréstimos
Investigação revela que magistrados usaram fantasmas para desviar recursos
De 2000 a 2009, os nomes de pelo menos 140 juízes foram usados várias vezes sem que tivessem conhecimento

FREDERICO VASCONCELOS - ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Uma investigação conduzida por juízes federais encontrou indícios de que um grupo de magistrados participou de uma fraude que desviou dinheiro de empréstimos concedidos pela Fundação Habitacional do Exército. Documentos da investigação realizada pela associação que representa os envolvidos, obtidos pela Folha, revelam que entre os beneficiários dos empréstimos estão associados fantasmas ou usados como laranjas.
Para que fossem fechados os contratos de empréstimos, segundo a investigação feita sob sigilo, foram falsificados documentos num período de cerca de dez anos. A Fundação Habitacional do Exército é uma entidade privada ligada à Força, mas que também oferece empréstimos a servidores de governos e do Judiciário.
Entre 2000 e 2009, a Ajufer (Associação dos Juízes Federais da 1ª Região), segunda maior entidade de juízes federais do país, assinou 810 contratos com a fundação. Segundo a apuração, cerca de 700 foram fraudados. Nesse período, ao menos 140 juízes tiveram seus nomes usados várias vezes sem saber, entre eles o próprio presidente da associação, Roberto Veloso, eleito em novembro. "Meu nome foi usado fraudulentamente cinco vezes", disse ele à Folha.
Apenas 40 magistrados admitiram ter contraído os empréstimos. Cheques da associação foram sacados na boca do caixa e depositados em outras contas bancárias, para dificultar o rastreamento do dinheiro desviado. Foram feitos depósitos em nome de construtoras, de concessionária de veículos e, suspeita-se, para um agiota, que negocia ouro e joias.
O esquema foi descoberto em 2009, quando um oficial do Exército reconheceu o nome de uma parente entre os beneficiários dos empréstimos e a procurou para saber se ela enfrentava dificuldades financeiras. A juíza não sabia da falsa dívida.
Em novembro do ano passado, após a descoberta das fraudes, o então presidente da Ajufer, Moacir Ferreira Ramos, que concorria à reeleição, renunciou ao cargo. Ramos foi afastado da função de juiz pelo Conselho Nacional de Justiça mas depois foi reintegrado pelo Supremo Tribunal Federal.
José de Melo, diretor de captação da fundação, que assinou todos os contratos, também foi afastado no ano passado. Em 2006, ele recebeu o primeiro título de sócio honorário da Ajufer. Os contratos eram assinados apenas pelos representantes da associação e da fundação e eram acompanhados de uma lista com os nomes dos juízes supostamente beneficiados, sem suas assinaturas, ao lado dos respectivos valores. O dinheiro levantado com contratos fictícios quitava contratos reais, em nome de magistrados suspeitos de participarem do esquema.
Veloso diz que a fraude foi detectada pelos extratos bancários. "Quando o contrato era verdadeiro, o depósito era feito na conta do juiz. Quando era fraudado, o dinheiro não ia para a conta do juiz indicado no contrato".


"Não há nada que me desabone", afirma ex-presidente de entidade

DO ENVIADO A BRASÍLIA

O juiz Moacir Ferreira Ramos, 52, ex-presidente Ajufer, diz que não recebeu cópia do relatório da sindicância. "Eu pedi por escrito. Tenho interesse de obter essa informação, que me tem sido sonegada. Como posso exercer o contraditório?" "Quem elaborou não tem isenção. Eu não me isento de responsabilidade. Renunciei à presidência da Ajufer e à reeleição. Não quis voltar a trabalhar [como juiz] para não desgastar a imagem da magistratura", afirma. Ramos pediu aposentadoria. "Eu lamento, não queria passar por essa situação."
"Tem irregularidades. Estão sendo apuradas. Agora, todo mundo quer sair fora. Como outro diretor assina o contrato comigo e diz que não sabia?", pergunta. Ele diz que foram usados nomes de juízes que desconheciam os empréstimos "para suprir o caixa da Ajufer". Para ele, a ideia de pirâmide "é balela". "Como uma diretoria, composta por 16 membros, não saberia?"
"Não há qualquer ato que me desabone em 17 anos como magistrado", afirma.
A FHE informa que o diretor de captação, José de Melo, foi afastado em outubro, a pedido do então presidente, general Clovis Jacy Burmann. Segundo a FHE, Burmann foi substituído em dezembro, "em processo natural de transmissão de cargo, após 14 anos de excelentes serviços prestados".
(FV)

VISITA DE OBAMA
Pré-sal terá cooperação de Brasil e EUA
Comunicado conjunto de Dilma Rousseff e Barack Obama prevê coordenação para aumentar produção de petróleo
Governo americano quer diversificar fontes de petróleo para fugir da dependência dos países do Oriente Médio

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

Brasil e Estados Unidos irão cooperar na exploração do petróleo do pré-sal para aumentar a produção do combustível no mundo. Segundo a Folha apurou, esta é a mensagem que deve constar no comunicado conjunto da presidente Dilma Rousseff e do presidente americano, Barack Obama, que chega amanhã ao país.
A linguagem do comunicado ainda estava sendo negociada. Mas a ideia era mostrar que o Brasil tem interesse nos investimentos americanos no pré-sal e evidenciar para o mercado que a produção deve aumentar. Com isso, esperam-se efeitos positivos para influenciar no preço do petróleo.
Por um lado, os EUA querem demonstrar que terão acesso a uma nova fonte de produção de petróleo, em um país amigo e democrático. Ao mesmo tempo, do lado brasileiro, não havia interesse em se comprometer com algo mais concreto, porque a percepção é de que há muitos países interessados em participar de licitações no pré-sal e mesmo em oferecer novas tecnologias.
Paralelamente, continuam as negociações da Petrobras com o setor privado americano. Não se exclui a possibilidade de um acordo de garantia de fornecimento, semelhante ao fechado com a China, Em 2008, o país asiático emprestou US$ 10 bilhões à Petrobras, com o compromisso de a empresa exportar 200 mil barris diários por um período de dez anos.

EIKE
Também na área de energia, a EBX, do empresário Eike Batista, e a americana GE devem anunciar uma parceria em um projeto de US$ 1 bilhão de turbinas a gás. Durante a visita, os dois países vão assinar um acordo de cooperação em biocombustível de aviação.
O acordo é um aprofundamento do tratado de biocombustíveis assinado em 2007 pelos presidentes George W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva. No acordo, os dois países se comprometem a estimular o uso de bioquerosene em suas forças aéreas. O Brasil produz bioquerosene de pinhão manso, que já foi usado em um voo de demonstração da TAM, e bioquerosene de cana-de-açúcar, em uma parceria entre a Amyris, a GE e a Embraer.
A Força Aérea americana vem fazendo testes com bioquerosene de carmelina e algas. A ideia é que o uso militar do combustível ajude a disseminar o uso do bioquerosene nos países. A importância das discussões sobre energia ganhou relevo ainda maior depois da crise nuclear no Japão.
O assessor da Casa Branca para América Latina, Dan Restrepo, afirmou que em meio "ao debate muito importante hoje sobre a conveniência da energia nuclear, temos uma situação complexa, e o presidente Obama desde o começo tem falado sobre a necessidade de fontes renováveis de energia".
"Uma parte crucial da visita ao Brasil será a discussão sobre energia", disse o representante da Casa Branca.
Colaborou ANDREA MURTA, de Washington


Assento no CS vai ser debatido, afirma assessor

DE BRASÍLIA

O pleito brasileiro por assento permanente no Conselho de Segurança da ONU será um pontos debatidos pelos presidentes Barack Obama, dos EUA, e Dilma Rousseff, do Brasil. Não há garantias, entretanto, de manifestação formal sobre o assunto.
A jornalistas brasileiros, o subsecretário para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA, Arturo Valenzuela, afirmou que Obama sabe da expectativa brasileira, mas evitou comentar se ela será correspondida. "Sem dúvida será discutido", disse. Pela manhã, o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores), tentou diminuir a importância de uma declaração de Obama.
"Uma manifestação por si só não vai mudar radicalmente o curso [das negociações por uma reforma do CS]. Não é, em si, uma panaceia", afirmou o chanceler brasileiro.
Valenzuela disse ainda que um dos principais temas tratados será energias renováveis, incluindo biocombustíveis.
(ANA FLOR)
Rio mobiliza 800 homens para segurança

DO RIO

Cerca de 800 homens, entre militares do Exército brasileiro, policiais federais, militares e civis, e integrantes da Guarda Municipal, serão empregados na segurança do presidente Barack Obama no Rio, disse o general Adriano Pereira Junior, comandante do CML (Comando Militar do Leste).
Atiradores de elite ficarão em prédios e em "pontos mais críticos" no caminho da comitiva.
Serão usados quatro blindados urutus do Exército e sete helicópteros. Outros quatro helicópteros do governo americano já estão no Rio. Militares do destacamento antiterror e da companhia de defesa química e biológica do Exército, com sede em Goiás, virão ao Rio.
Ainda segundo o general, Obama deverá ficar hospedado no hotel Marriott, na orla de Copacabana, zona sul do Rio.
Na Cidade de Deus, moradores do entorno da quadra que deve receber o presidente no domingo foram comunicados que terão de abrir suas portas para atiradores de elite às 6h.
A família da dona de casa Gleice Kelly Monteiro, 35, mostrou contrariedade em atender ao pedido de ceder a laje de seu apartamento. Ela teme ficar marcada como colaboradora de policiais. "O povo aqui é muito falador", disse.
O apresentador da TV Globo Luciano Huck deverá ser o mestre de cerimônias do discurso na Cinelândia. O ator Leandro Firmino, o Zé Pequeno do filme "Cidade de Deus" e morador da comunidade, foi convidado para apresentar a Obama a escolinha de futebol local.
Firmino não fala inglês, mas diz que a apresentação não terá formalidades. "Disseram que o próprio Obama pediu que não seja nada muito oficial." Diversas entidades tentaram, mas não fecharam, um plano conjunto para protestar contra a visita. Hoje haverá uma passeata conjunta da Candelária ao Consulado Americano. No domingo, CUT, MST e UNE estarão diante do metrô da Glória. Conlutas, PSTU e Liga Bolchevique Internacionalista vão para o Largo do Machado.


AVIAÇÃO
Gol ultrapassa a TAM no mercado de aviação doméstica
Empresa obtém 39,8% de fatia em fevereiro, ante 39,6% da TAM; é a primeira vez que acontece essa inversão
Presidente da Gol comemora o resultado, mas afirma que a liderança não deve se manter ao longo do ano

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Pela primeira vez em seus dez anos de vida, a Gol passou a TAM em participação no mercado doméstico. Alcançou a liderança em fevereiro com 39,77% de participação, ante 39,59% do grupo TAM (que inclui Pantanal). As demais empresas juntas também ampliaram participação e já detêm 20,64% do mercado. Azul ficou com 7,96%, Webjet, 5,89%, Trip, 2,77%, e Avianca, 2,58%.
No acumulado do ano (janeiro e fevereiro), a TAM segue na liderança, com 41,79%, ante 38,42% da Gol.
Para o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Junior, a liderança é "positiva". "Ela vem em um momento de solidez de balanço, após um grande esforço no sentido de colocar a companhia nos trilhos", disse à Folha.
Contudo, Junior disse não esperar que essa liderança seja mantida ao longo do ano. "Se o concorrente tem uma estratégia de comprar mercado, realizando fusões ou aquisições, isso não vai mudar o nosso foco." A TAM comprou a Pantanal em 2010 e negocia a compra da Trip.
"Liderança não é a meta. Queremos ter mais produtividade e eficiência. Se o resultado for a liderança, ótimo."
O fato de a ultrapassagem acontecer em um mês sem férias reflete uma mudança no perfil do passageiro da Gol, que no passado era mais dependente da viagem a lazer.
Essa mudança, diz Junior, está relacionada ao programa Smiles, que atraiu o passageiro de negócios.
"Fevereiro foi atípico. Não foi completamente a negócios, mas não dá para dizer que foi um mês de lazer, pois as férias já tinham acabado."
Em nota, a TAM afirmou que obteve uma redução na taxa de ocupação em fevereiro devido à redução da participação de passageiros viajando a lazer.
"A liderança de mercado é desejável, porém não é uma meta que buscamos a qualquer custo", diz na nota o presidente da TAM, Líbano Barroso. "Temos empenhado nossos melhores esforços em reduzir custos e tornar nossas operações cada vez mais eficientes."


Petista confirma privatização dos aeroportos

DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff enviará até o final de março ao Congresso a medida provisória que cria a Secretaria Nacional de aviação Civil, com status de ministério.
Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", ela afirmou que prepara uma "forte intervenção" nos aeroportos do país. O plano incluirá a privatização de novos aeroportos e terminais, conforme a Folha informou em janeiro.
Os aeroportos são considerados um dos principais gargalos de infraestrutura no país. Além do crescimento do mercado interno, há preocupação com a Copa, em 2014, e a Olimpíada de 2016.
Dilma afirmou ainda que o governo fará a ampliação de aeroportos com recursos públicos e organiza concessões ao setor privado. Como exemplo de concessões, citou a construção de novos terminais ou novos aeroportos. "Não temos preconceito contra nenhuma forma de expansão do investimento nessa área, como não tivemos nas rodovias", disse.
Ela afirmou que a construção de aeroportos por concessão pode funcionar como a de hidrelétricas. Dilma disse ainda que o Brasil precisa de mais aeroportos regionais, para desafogar capitais e grandes centros.
Em janeiro, a Folha antecipou que o governo planejava entregar à iniciativa privada a construção e a operação dos novos terminais de Guarulhos e de Viracopos.


FOCO
Aposentada reencontra cão em aeroporto após 14 dias

LUIZA BANDEIRA
DE SÃO PAULO

Foram 14 dias de buscas, pelo menos três alarmes falsos e um anúncio de exame de DNA até que, na noite de anteontem, a aposentada Nair Flores, 64, finalmente reencontrou seu cão Pinpoo.
O cachorro estava no mesmo aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, de onde sumiu quando iria embarcar em um voo da Gol para Vitória.
De acordo com a companhia, ele fugiu da caixa em que seria transportado.
Foi achado por policiais do Batalhão de Aviação da Brigada Militar, que fica na área externa do aeroporto, do lado oposto do terminal.
Quando encontrou Nair, Pinpoo fez muita festa. "Ele veio correndo, se jogou no meu colo. Não precisa de DNA. É o meu Pinpoo", disse.
Ninguém sabe por onde Pinpoo andou nos primeiros dias. O aeroporto tem área total de 3,8 km2 -maior que a de dois parques Ibirapuera.
Também não é possível dizer do que ele se alimentou até sábado, quando o sargento Paulo Roberto Ribas, 53, o avistou na mata próxima ao batalhão e o atraiu com comida. De acordo com ele, o cão se aproximava todas as noites atraído pelo cheiro vindo do refeitório.
A aventura de Pinpoo, que virou febre nos sites de notícias e redes sociais, bombou ontem na web, chegando aos assuntos mais comentados do Twitter em todo o mundo.
Outro cachorro, encontrado anteontem e que se parecia com Pinpoo, continua internado em uma clínica veterinária, aos cuidados da Gol.





ELEIÇÕES NO HAITI
Ex-presidente do Haiti volta do exílio às vésperas de pleito
Jean-Bertrand Aristide, deposto duas vezes, deve chegar hoje a Porto Príncipe; 2º turno presidencial é no domingo
Ex-mandatário, que vivia na África do Sul, ignorou apelos para adiar volta; candidatos evitam criticar decisão

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE

Após sete anos de exílio, o ex-presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide deve chegar hoje a Porto Príncipe, capital do país, a apenas 48 horas do inédito segundo turno das eleições presidenciais.
Aristide deixou ontem a África do Sul, ignorando apelos públicos dos EUA e privados do Brasil para que ele adiasse a volta para depois da votação de domingo.
"O grande dia chegou! O dia de dizer adeus antes de voltar para casa", declarou Aristide ao se despedir em Johannesburgo, onde viveu desde 2004, depois de deixar o Haiti sob pressão americana e acossado por rebeldes. "No Haiti, as pessoas estão também muito felizes."
Fundação ligada a Aristide pontuou as ruas da capital por cartazes com a inscrição "Bom retorno, Titide" (apelido do ex-padre eleito, deposto duas vezes e ainda o mais emblemático político do país). Mas o clima na cidade era de "ver para crer".
A Minustah, missão de estabilização da ONU no país desde 2004, disse que reforçará a segurança no aeroporto. O ex-presidente deve chegar por volta do meio-dia, em avião fretado, ao lado do ator Danny Glover, ligado a bloco de parlamentares negros do Congresso americano.
Apoiadores de Aristide e ativistas progressistas dos EUA defenderam a decisão do ex-presidente de voltar ao país antes das eleições. "Se ele não voltar agora, não voltará com o novo presidente eleito. Na tradição haitiana, é o eleito que manda de fato", disse Mark Weisbrot, codiretor do Centro para Estudos Políticos e Econômicos.
Num sinal de que o ex-presidente ainda tem lastro popular, nenhum dos candidatos presidenciais, Michel Martelly e Mirlande Manigat -opositores de Aristide-, criticou o retorno.
O ex-ditador Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, que governou de 1971 a 1985, também voltou ao Haiti em janeiro, após 25 anos de exílio.

 FONTE: FOLHA DE SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário