Pesquisar

quinta-feira, 17 de março de 2011

17 de março de 2011 - CORREIO BRAZILIENSE


DESTAQUE DE CAPA - CAIXA DE PANDORA
Procurador recrimina conduta de Durval

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, condenou a divulgação a "conta-gotas" de vídeos comprometedores com políticos brasilienses, a exemplo do flagrante da deputada federal Jaqueline Roriz recebendo dinheiro de forma ilícita. O chefe do Ministério Público Federal advertiu que pode suspender o benefício da delação premiada para Durval Barbosa se esse tipo de conduta permanecer. "Ele tem obrigação de entregar todo o material que ele tenha de uma só vez", ressaltou. A subprocuradora Raquel Dodge disse estar perto de concluir a ação criminal contra o esquema de corrupção revelado pela Operação Caixa de Pandora, mas não estabeleceu prazo para apresentá-la. O Conselho de Ética instaurado ontem na Câmara dos Deputados recebeu a representação do PSol contra Jaqueline Roriz. A abertura de processo deverá ocorrer na próxima semana. O corregedor da Câmara, Eduardo da Fonte (PP-PE), pretende conduzir uma investigação ágil das denúncias que pesam contra a deputada federal.


SR. REDATOR

Aviação civil
Você sabia que o placar que indica os voos nos aeroportos é preenchido manualmente? Que não existe um processo informatizado de decisão, alimentando os dados das empresas, do controle de tráfego e da Infraero? Você sabia que infraestrutura (Infraero), fiscalização (Anac) e controle de tráfego aéreo (Decea) não conversam entre si com apoio de um sistema com base na TI? Você sabia que a autoridade aeronáutica brasileira, que poderia ser a Secretaria de Aviação Civil, no Ministério da Defesa, está entregue a uma sobrinha por afinidade do Nelson Jobim, uma pessoa sem experiência e nenhum conhecimento de aviação? Agora você entende por que, nas confusões nos aeroportos, ninguém lhe informa nada: é porque eles também não sabem o que está acontecendo.
» Marcelo Hecksher, Grande Colorado


CPI DA COPA
Pressão contra a CPI da Copa
Presidente da CBF vai à Câmara para tentar esfriar o pedido de investigação dos preparativos para o Mundial de 2014

Ivan Iunes
Izabelle Torres
Tiago Pariz

A ameaça de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 levou o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, à Câmara dos Deputados. O cartola esteve reunido com líderes de vários partidos e até o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), na tentativa de esfriar o apoio à CPI, que poderia atrasar a organização do mundial. A Comissão de Turismo e Desporto deve votar na semana que vem o convite para que Teixeira explique as acusações feitas pelo deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), responsável pelo pedido de abertura das investigações.
Um dia depois de o parlamentar fluminense pedir na tribuna investigação sobre a CBF e a organização da Copa, Teixeira fez uma procissão por gabinetes da Esplanada dos Ministérios e da Câmara. Primeiro, passou pela sala dos ministros Orlando Silva (Esportes) e Luiza Bairros (Igualdade Racial). Depois, visitou líderes partidários e autoridades da Casa. “Ricardo Teixeira foi lá para me apresentar a defesa dele e deu 10 justificativas para tentar me convencer a não assinar o pedido de CPI. Mas assim como Garotinho tem o livre direito de pedir a CPI, vou dar liberdade para que os outros deputados do partido decidam assinar ou não”, revelou o líder do PR, Lincoln Portela (MG)
Mesmo com a reação rápida ao pedido de CPI, Garotinho garantia ter recolhido até o fim do dia 114 das 171 assinaturas necessárias para abrir a Comissão. O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), fez um apelo aos deputados do partido que não subscrevessem o requerimento. “A movimentação só fortalece as suspeitas de irregularidades. Quem não deve não teme. É um claro indício de que há coisas a serem explicadas”, dispara Garotinho.
De acordo com a assessoria da CBF, a movimentação de Teixeira não tratou da CPI da Copa de 2014, mas de visitas de rotina que o presidente faz a cada início de legislatura. O requerimento lido por Garotinho pede que sejam investigados o critério de divisão de lucros do Comitê Organizador Local da Copa e acordos firmados pela CBF com patrocinadores e para a transmissão dos jogos, entre outros.

Licitações
O governo estuda ampliar o regime especial de licitação para as obras de mobilidade urbana da Copa do Mundo de 2014 e não apenas aos aeroportos, como estava previsto inicialmente. A flexibilização das concorrências foi pensada para abrigar os projetos dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016, mas acabou estendida. A decisão foi tomada ontem em reunião no Palácio do Planalto entre parlamentares governistas e o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Luiz Sérgio. A proposta ainda será apresentada aos partidos de oposição na Câmara, que discutem um texto consensual a ser votado no plenário.
Pela proposta original, que constava da medida provisória que criou a Autoridade Pública Olímpica (APO), a flexibilização iria permitir seguidos adendos nos contratos da obra e acabar com o limite de aumento de preço de 50%, como consta da atual legislação. Essa ideia ainda está em debate e pode ser mantida no projeto a ser apresentado.


Hotelaria faz o primeiro investimento

Mariana Branco

Cidade-sede da Copa do Mundo de 2014, Brasília ganhará, seis meses antes do evento, um hotel de alto padrão com 327 apartamentos, preparado para receber turistas de todo o mundo e delegações estrangeiras. A JC Gontijo Engenharia S.A apresentou ontem o projeto do Cullinan Luxury & Convention. O empreendimento ficará no Setor Hoteleiro Norte, no terreno onde, até o ano passado, estava o esqueleto de um hotel jamais concluído, ao lado do Brasília Shopping. A estrutura foi implodida em setembro. O Cullinan representará um investimento de R$ 121 milhões. A construção começa em agosto deste ano e deverá estar concluída em outubro de 2013.
Rodrigo Nogueira, sócio-diretor da JC Gontijo, admitiu, durante o lançamento, a possibilidade de o hotel ser inaugurado antes da data prevista, em junho de 2013. Caso a construtora consiga cumprir o prazo, o estabelecimento dará conta da demanda por hospedagem referente à Copa das Confederações, evento que ocorrerá em julho daquele ano e para o qual Brasília também deverá conseguir ser uma das cidades-sede de destaque.
“É o primeiro grande lançamento da iniciativa privada para a Copa do Mundo. É um hotel de alto padrão para suprir uma carência, já que muitos estabelecimentos da capital têm 30, 40 anos de idade. Um equipamento dessa envergadura deve ajudar o governador Agnelo Queiroz na briga para que Brasília seja sede. Há problemas com infraestrutura, com aeroportos e com toda a rede hoteleira também”, afirmou Nogueira.
De acordo com ele, apesar da arquitetura sofisticada, dos materiais nobres e do serviço qualificado que o hotel pretende ofertar, um estudo inicial mostrou que será possível enquadrar o Cullinan dentro da média de preços dos estabelecimentos de hospedagem da área central de Brasília. “Será uma excelente relação custo-benefício para o consumidor”, garantiu.
O futuro hotel terá fachada de granito e vidros de bronze, materiais que exigem pouca manutenção. Para a iluminação, serão usadas lâmpadas de LED, que consomem o equivalente a 5% dos gastos das incandescentes e têm maior durabilidade. O sistema de ar-condicionado também será econômico, embora seja mais caro em termos de instalação. “Optamos por gastar mais agora e menos com manutenção, o que aumentará a lucratividade”, destacou Rodrigo Nogueira.
A boa perspectiva de retorno financeiro após a inauguração deve atrair investidores, já que o esquema de propriedade do estabelecimento será semelhante ao funcionamento de uma sociedade anônima. Os apartamentos, de 26m² a 40m², vão ser colocados à venda a partir de hoje. Os compradores terão direito sobre as áreas comuns do hotel, como restaurante, centro de convenções e estacionamento. O financiamento será feito na própria JC Gontijo. O preço inicial do metro quadrado está afixado em R$ 13 mil, e o valor por unidade está dentro de uma margem de variação de R$ 350 mil a R$ 370 mil.
O projeto do Cullinan ficou a cargo da MKZ Arquitetura. Os serviços de hotelaria serão tocados pela empresa brasiliense H Plus, que, exclusivamente para atender o projeto, criou uma bandeira mais sofisticada, a H Plus Premium. “Serão de 100 a 120 empregos diretos”, afirmou Ana Paula Faure, diretora executiva da H Plus. Ao longo da construção, 350 postos de trabalho serão criados.
TRABALHO
Golpes a todo vapor na Esplanada
Apesar de os ministérios terem substituído várias empresas devido a uma série de irregularidades, funcionários terceirizados continuam sendo vítimas de calotes. Salários estão atrasados e benefícios como vale-transporte e tíquete-alimentação não são pagos há meses

Cristiane Bonfanti
Gabriel Caprioli
Victor Martins

As iniciativas do governo para conter os calotes sofridos por funcionários terceirizados em órgãos públicos não estão dando resultado. Mesmo com a demissão de gestores e a troca de empresas prestadoras de serviços, os trabalhadores continuam enfrentando o desrespeito. No Ministério das Cidades, nem mesmo a destituição de três coordenadores e a substituição da Orion, firma que deixou 247 pessoas na mão, pela PH Serviços e Administração resolveu os problemas dos trabalhadores.
Eles aguardam, na Justiça, o pagamento dos salários referentes aos meses de dezembro e janeiro. A primeira audiência entre a Orion e os terceirizados está marcada para abril. Com a entrada da PH Serviços, eles pensaram que a sequência de humilhações seria interrompida. Mas não foi bem assim. Até hoje, não receberam nem o vale-transporte e o auxílio-alimentação para que pudessem trabalhar durante o mês. “É uma situação de desespero. Além de termos contas atrasadas, precisamos pedir dinheiro emprestado para vir para o ministério e almoçar”, reclamou uma funcionária que preferiu não se identificar.
O Ministério das Cidades informou que, como teve de receber novamente toda a documentação dos funcionários para efetivar a admissão, a PH deve arcar com os benefícios até o dia 20. “A empresa não tinha conhecimento de quem eram os funcionários. Eles tiveram de assinar contrato de novo, abrir conta e fazer exame admissional. Mas os benefícios serão pagos com referência a todo o mês de março”, garantiu a Pasta por meio de sua assessoria de imprensa.
A assistente técnica Deborah Lyra Marques da Silva, 28 anos, não aguentou as humilhações e, no início do mês, pediu demissão do Cidades. Casada e mãe de duas filhas, ela tentou resgatar os valores aplicados no Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), por meio do qual os trabalhadores recebem salário, mas não conseguiu. Recebeu a informação de que, primeiro, deveria comprovar o desligamento da Orion. “Agora, estou em uma situação difícil. Cheques voltaram e meus cartões de crédito estão atrasados. É o segundo calote que levo, uma situação insuportável”, disse, em referência à empresa Imperial Serviços Terceirizados, que, em 2008, deixou de pagar um mês de salário.
Deborah calculou que tem R$ 1,6 mil para receber do Sicoob. Com a rescisão e os vencimentos atrasados da Orion, os valores chegariam a R$ 20 mil. O presidente do Sicoob Executivo, Luiz Lesse, argumentou que houve um mal entendido com ao menos quatro funcionários que procuraram a empresa. Segundo ele, os sócios devem requerer o desligamento por escrito, mas só resgatarão os valores depois de 30 de março de 2012, quando haverá a assembleia geral da instituição. “Nessa reunião, apresentaremos o balanço do ano. E a devolução do capital, conforme previsto em lei, só é feito depois disso”, explicou.

Fazenda e Senado
O problema não é apenas no Ministério das Cidades. Antes mesmo de completar seis meses de contrato com o Ministério da Fazenda, a Condor, responsável pelo fornecimento de pessoal para as áreas de limpeza e serviços gerais, já é motivo de dor de cabeça para seus funcionários. Desde o quinto dia útil do mês, parte da equipe que trabalha no prédio sede da pasta, na Esplanada dos Ministérios, não viu a cor do dinheiro ou só pôde sacar o pagamento com atraso. “Entramos em contato com o sindicato, que afirmou não poder fazer muita coisa e sugeriu que parássemos de trabalhar. A maioria, no entanto, está com medo”, contou uma terceirizada que pediu anonimato. O temor, disse ela, é causado por ameaças de corte de ponto. “Fomos avisados que aqueles que não vierem, mesmo se não tiverem vale-transporte, terão falta. Trabalhamos sob ameaça o tempo todo”, reclamou.
A empresa negou a versão dos funcionários e garantiu que todos os salários foram feitos na data prevista. Yussef Alexandre, que se identificou como filho do proprietário da Condor, apresentou cópias de extratos bancários que mostram depósitos realizados entre os dias 10 e 15 de março, ou seja, após o quinto dia útil. Yussef ainda atribuiu as reclamações a possíveis confusões feitas pelos próprios funcionários. “Não tem essa história de atraso. Todos receberam os salários. O que acontece é que, às vezes, eles não se atentam e o dinheiro, em vez de estar na conta-corrente, está na poupança”, justificou.
O Ministério da Fazenda informou que apurou as reclamações e só foram encontrados atrasos nos pagamentos dos salários de seis funcionários, devido à inconsistência de dados cadastrais, já ajustados. “Essas pessoas já receberam seus pagamentos”, informou a área. Até o fechamento da edição, no entanto, os funcionários continuavam se queixando da ausência dos pagamentos tanto dos vencimentos quanto dos benefícios.
No Senado, a farra das empresas terceirizadas não é diferente. A Steel Serviços Auxiliares, que opera na gráfica, teve seu contrato — de R$ 544 mil mensais — renovado neste ano sem que fosse realizada uma licitação. No site da Transparência, onde deveriam constar todos os processos e contratos, não aparece a renovação com a Steel. Ainda assim, o Senado garante que o contrato existe e que em até três meses será iniciado o processo de licitação. De acordo com a Casa, o portal da Transparência está com as informações defasadas.

Em família
A Stell, entre 2008 e 2009, foi envolvida em diversos escândalos de corrupção. Era usada para abrigar aliados, parentes e cabos eleitorais de parlamentares. Todas as contratações eram controladas pelo então diretor-geral da casa, Agaciel Maia, hoje deputado distrital. Até mesmo um sobrinho dele, Jerian Maia dos Santos, foi empregado no local. Na última lista de terceirizados, divulgada no Portal da Transparência, Jerian Maia ainda continuava como contratado. Famílias inteiras também estão na gráfica.


VISITA DE OBAMA
Segurança por terra e ar
Na passagem do presidente dos EUA por Brasília, 250 agentes americanos trabalharão com os policiais federais, militares e civis brasileiros. Espaço aéreo não será fechado, mas haverá restrição de sobrevoo

Edson Luiz
Com Flávia Maia
Luiz Calcagno

Vinte e uma aeronaves, 35 carros e 250 agentes norte-americanos estarão em território brasileiro protegendo o líder de Estado Barack Obama durante sua visita ao Brasil nos próximos sábado e domingo. O contingente estrangeiro contará com o reforço de atiradores americanos, da Polícia Federal Brasileira e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de Brasília. A Força Aérea Brasileira (FAB) manterá o controle e a defesa do espaço aéreo sem alterar as rotinas dos aeroportos. Haverá, porém, restrições a sobrevoos na área do Palácio do Planalto.
O esquema de segurança aérea contará com aviões-caças, que ficarão de prontidão nas Bases Aéreas da capital federal e do Rio de Janeiro. Baterias de artilharia antiaérea estarão posicionadas em locais estratégicos. A FAB conta com caças F-5EM, Mirage 2000 e o Super Tucano. O Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra) poderá usar também os aviões E-99, que têm radares e compõem a frota que atende o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam).
Mesmo com o espaço aéreo brasileiro aberto, não está descartada a hipótese do Comdabra restringir o acesso às Bases Aéreas de Brasília e do Rio. O Lago Paranoá também não será fechado. Provavelmente haverá uma barreira de contenção de 100 a 200 metros do Palácio da Alvorada e do Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, onde está hospedada a delegação americana. É o mesmo procedimento realizado enquanto a presidente Dilma Rousseff faz caminhadas matinais na residência presidencial. Na tarde de ontem os comandos brasileiros e americanos se reuniram para discutir os últimos detalhes.

Apoio local
Caberá à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), por meio das polícias Militar e Civil, apoiar a operação e garantir o isolamento de pistas e dos locais de visita do presidente americano em um raio de até 50 metros. As duas forças somadas contarão com 2.500 homens — 1.100 a mais que em dias normais. Pelo menos 100 policiais civis farão segurança velada. A SSP destacou também 50 soldados do Corpo de Bombeiros para apoiar na operação. Pelo menos 800 homens serão destacados para o trabalho, mas nenhum deles atuará na segurança direta do chefe de Estado.
O Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) da PM estará com contingente pronto para fechar qualquer via do Plano Piloto caso o trajeto de Obama seja alterado. Estão previstas, dentre os locais que ele passará, as estradas Parque Indústria e Abastecimento (Epia) e Guará (EPGu), e as vias S1 e N1 do Eixo Monumental. Como existe previsão de que o presidente vá, no início da manhã, ao Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, cinco lanchas e 20 homens da PM patrulharão o Lago Paranoá. A gerência de marketing do hotel afirmou, porém, que nenhuma reserva foi feita para a família Obama, inclusive as duas suítes presidenciais estão ocupadas até domingo. Depois de almoçar com a presidente Dilma Rousseff, está prevista a ida de Obama ao Brasil 21. De lá, ele seguirá para a Base Aérea, de onde segue para o Rio.
Para auxiliar no monitoramento de toda a operação, seis helicópteros ficarão de prontidão. Serão três aeronaves das Forças Armadas, uma da Polícia Militar, uma do Corpo de Bombeiros e uma da Polícia Civil. O acionamento de qualquer um dos veículos, no entanto, dependerá de uma autorização da FAB.

Comunicação reforçada
Para agilizar a comunicação entre homens do Exército, o Comando da Brigada de Infantaria Paraquedista, com sede no Rio de Janeiro, empenhou (reservou no orçamento) R$ 83,6 mil, ontem, para a compra de 20 rádios portáteis de comunicação, cada um a R$ 4,2 mil, segundo a ONG Contas Abertas. A aquisição foi publicada no Diário Oficial da União, sob a justificativa da “atender operação de segurança à visita do presidente dos Estados Unidos da América”. A empresa fornecedora será a Mobile Ton Eletronica, especializada em venda de componentes eletroeletrônicos. A entidade, contratada sob dispensa de licitação, também faz manutenção e locação de equipamentos de radiocomunicação.
Colaborou: Leandro Kléber


TRAGÉDIA NO JAPÃO
Cada vez pior...
Água do reservatório de combustível nuclear do reator 4 evapora e radiação atinge níveis "extremamente altos". em rara aparição, imperador reconhece gravidade da crise

Rodrigo Craveiro

A radiação emitida pelo reator 4 da usina nuclear de Fukushima Daiichi atingiu “níveis letais”, depois que a água da piscina de combustíveis reciclados evaporou. Um comunicado da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) revela que a temperatura registrada no reservatório foi de 84 graus Celsius, na última terça-feira. O alto risco de exposição à radioatividade impediu a medição ontem. “A temperatura se mantém abaixo de 25 graus Celsius em condições normais de funcionamento”, explica a nota. Até o fechamento desta edição, os núcleos dos reatores 1, 2 e 3 corriam alto risco de fusão.
“A situação é muito grave”, admitiu pela primeira vez o japonês Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA. “Eu planejo viajar para o Japão o mais rápido possível, talvez amanhã (hoje), para ver a situação e saber como podemos ajudar”, acrescentou. Ele confirmou que os núcleos de três dos seis reatores estão danificados. Por sua vez, em uma surpreendente aparição em rede nacional de TV, o recluso imperador Akihito, de 77 anos, classificou o incidente em Fukushima Daichii de “imprevisível” e reconheceu que a escala da crise não tem precedentes. Às 22h de ontem, a emissora de tevê NHK mostrou fumaça saindo dos reatores 2, 3 e 4.
De acordo com a húngara Alinka Lépine-Szily, diretora do Laboratório Aberto de Física Nuclear do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), a real dimensão da crise em Fukushima é desconhecida pelos próprios técnicos japoneses. “Quando a radiação fica alta demais, os operadores precisam se afastar e ficam impossibilitados de saber o que ocorre dentro do reator”, afirmou, em entrevista ao Correio. “Certamente, as autoridades japonesas pretendem evitar o pânico.” Mas pode ser tarde demais. O embaixador dos Estados Unidos em Tóquio, John Roos, determinou que os cidadãos norte-americanos mantenham um perímetro de segurança de 80km de Fukushima. Um dia depois de o comissário de energia da União Europeia alertar para um “apocalipse”, Greg Jaczko — chefe da Comissão Reguladora Nuclear dos EUA — disse que as tentativas de usar a água do mar para resfriar os reatores têm sido em vão. “Acreditamos que houve uma explosão de hidrogênio no reator 4, graças à exposição de combustível nuclear na piscina”, admitiu. O Ministério do Interior da França pediu à equipe de Defesa Civil enviada ao Japão que abandone a cidade de Senai, em razão da “situação nuclear e radiológica atual”.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Nenhum comentário:

Postar um comentário