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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

23 de fevereiro de 2012 - INFOREL

Brasil vai exigir reciprocidade da Espanha

Brasília - Com pouco mais de um ano de atraso, o governo brasileiro anunciou que os espanhóis que desembarcam no Brasil terão de passar por uma rígida lista de exigências que inclui pelo menos US$ 100 para cada dia no país, bilhete de retorno à Espanha, reserva em hotel já paga e cartão de crédito com limite suficiente para os dias passados no Brasil. A decisão é baseada no princípio da reciprocidade. Os brasileiros que desembarcam na Espanha passam pelo mesmo rigor.
Oficialmente, o ministério das Relações Exteriores garante que não se trata de retaliação. No ano passado, mais de mil brasileiros foram deportados da Espanha, vários deles seguiam para outros destinos.

A decisão, segundo o Itamaraty, entra em vigor no dia 2 de abril.
O ex-embaixador da Espanha no Brasil, Carlos Alonso Zaldívar, criticou a decisão e afirmou que as denúncias contra o seu país são superdimensionadas pela imprensa.
Há pelo menos três anos, o ministério das Relações Exteriores registra casos de discriminação e preconceito contra brasileiros nos aeroportos espanhóis. Há dezenas de casos em que as pessoas são impedidas de
Os espanhóis terão de portar passaportes válidos por pelo menos seis meses e aqueles que forem se hospedar na casa de amigos terão de apresentar uma carta-convite de quem hospeda e um comprovante de residência da pessoa.
Em 2011, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou na Câmara dos Deputados que tratou do assunto com a então chanceler Trinidad Jimenez.

Segundo ele, o Brasil já cogitava adotar o princípio da reciprocidade.
O princípio da reciprocidade não foi adotado pelo Brasil para não afetar os investimentos espanhóis no país.
Como a Espanha chegou a ser a principal parceira econômica do Brasil depois dos Estados Unidos, as autoridades faziam vistas grossas às humilhações sofridas por brasileiros naquele país.
A crise financeira provocou uma crise política na Espanha. Os socialistas conseguiram quebrar o país e uma eleição teve de ser antecipada para evitar o pior.
Hoje, a Espanha atravessa uma crise econômica grave. O desemprego não pára de crescer. Muitos imigrantes de todas as partes do mundo estão retornando aos seus países. A Espanha deixou de ser um porto seguro.
Paralelamente, muitos espanhóis se sentiram atraídos pelo Brasil, a 6ª economia do mundo. Tem muita gente tentando entrar no país atrás de emprego. Entre essas pessoas, muitos pesquisadores e profissionais com alta qualificação.
O ministério das Relações Exteriores evita falar em retaliação, mas ainda que com um enorme atraso, a medida não tem outra explicação.
Desde 2007 que o Brasil tenta uma saída conjunta para o problema dos brasileiros que tentam entrar na Espanha. Pelo menos dois embaixadores espanhóis trataram do assunto com arrogância e desdém.
Um deles sequer participava de reuniões no Itamaraty para tratar do assunto. Preferia as praias do Nordeste.
Para piorar, o novo chanceler espanhol José Manuel García-Margallo, não incluiu o Brasil entre as prioridades da política exterior de Mariano Rajoy (PP).
Além disso, anunciou o fechamento de várias embaixadas espanholas no mundo.
Não se sabe ao certo o futuro da representação em Brasília. Seguramente não estará entre as que serão fechadas, mas tampouco está entre suas prioridades. A Espanha está sem embaixador no Brasil desde dezembro e não há ninguém indicado para o cargo.
Além disso, não há uma política de comunicação e interação com o Brasil.
Muitas empresas espanholas reclamam que a embaixada do país não ajuda em nada e que as relações com o Brasil tendem a sofrer sérios danos.
Para um país que precisa aumentar o seu comércio para sair da crise, esse é um indicativo preocupante.

Análise da Notícia
Marcelo Rech
FONTE: http://www.inforel.org/
 

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