PRIMEIRA PÁGINA
Policiais e bombeiros anunciam
greve no Rio
Às vésperas do Carnaval, decisão levará Exército a
colocar 14 mil homens nas ruas do Estado.
Presidente do TJ volta ao cargo
Após decisão do STF, Bandeira Pereira retoma função
hoje
EDITORIAL
País com regras
Uma das características essenciais a distinguir os
povos civilizados daqueles entregues ao que o filósofo britânico Thomas Hobbes
(1588-1679) chamou de "estado de natureza" é a necessária
expectativa, por parte de cada indivíduo, de que o próximo agirá de acordo com
normas e padrões de comportamento comuns. Essa certeza empírica, definida de
distintas formas pela sociologia, pela antropologia e pelo direito, é
identificada por aqueles que compartilham a existência em uma mesma sociedade
não apenas como um fator de sobrevivência coletiva, mas também como uma
garantia individual. Surge assim a ideia de lei, bem como a necessidade de
desenvolvimento de instrumentos para que a mesma seja respeitada, e os que
porventura se colocarem a sua margem, coagidos e punidos.
Dessa perspectiva, constitui comportamento
inaceitável não apenas no âmbito do Estado de direito, mas em qualquer forma de
organização estatal, a ocorrência de ações como a deflagrada pelos policiais
militares da Bahia, que doravante ameaça estender-se a outras praças. Ao
policial civil ou militar, bem como ao integrante das Forças Armadas em
qualquer nível e de outras carreiras típicas de Estado, não assiste o direito
de desencadear movimento paredista como se de simples trabalhadores
assalariados se tratasse. Sociedade e Estado não podem prescindir da atividade
vigilante dos agentes da lei pela simples razão de que não podem dispensar a própria
lei. Sempre que isso ocorre, é a própria existência da organização social que
se coloca em risco. Não é outro o entendimento da presidente da República,
Dilma Rousseff, ao afirmar, a propósito da exigência de anistia imposta pelos
insubordinados como condição para o fim do movimento: "Se anistiar, aí
vira um país sem regra".
É certo, de outra parte, que não pode sobrevir
harmonia onde imperam insensibilidade, degradação e medo. Como demonstram os
acontecimentos em países como Líbia, Síria e Iêmen, mesmo os mais sólidos
aparatos de segurança se esboroam diante da percepção de que o status quo
utiliza dois pesos e duas medidas e perpetua iniquidades. A ordem não pode se
constituir num fim em si mesma, muito menos sobrepor-se à justiça. Cabe aos
governantes brasileiros de todas as esferas o escrutínio cuidadoso dos fatos
registrados na Bahia, a fim de que seja separado, de forma escrupulosa, aquilo
que constitui atitude irresponsável de líderes e corporações daquilo que é
anseio legítimo, ainda que mal direcionado, das parcelas menos assistidas do
corpo policial. Os cidadãos esperam do poder público, em momentos de grave
perturbação como o que se verifica desde a semana passada, atitude circunspecta
e refletida que lhes permita não apenas atacar os efeitos da crise, mas
principalmente agir sobre suas causas. Dessa forma, será possível evitar
episódios semelhantes no momento em que o país se prepara para celebrar a maior
festa popular do planeta. Do contrário, ainda que se alcance sucesso momentâneo
na resolução de um conflito localizado, não se prevenirá a eclosão de fenômenos
da mesma natureza no futuro.
O disciplinamento das ONGs
Depois de examinar mais de 1,4 mil convênios em
execução, o governo federal cancelou 181 contratos com Organizações Não
Governamentais de todo o país. Outros 305 convênios sofreram restrições e só
terão seguimento se forem regularizados. Com a criação do Sistema de Gestão de
Convênios e Contratos de Repasse do Governo Federal, o país finalmente começa a
disciplinar e a fiscalizar de forma mais eficiente esta rede de apoio da
administração pública que estava se transformando numa rede de corrupção.
O episódio gerador desta verdadeira malha fina
aplicada pelo governo nas ONGs foi a substituição do ministro Orlando Silva no
Ministério do Esporte, em outubro do ano passado, no rastro de fraudes
descobertas em contratos da pasta com entidades ligadas ao seu partido. As
denúncias relacionadas ao programa Segundo Tempo revelaram um esquema bem
conhecido: entidades beneficiadas com verbas públicas devolviam um percentual
do valor do convênio para pessoas ligadas à autoridade ordenadora da despesa.
Com base nesta relação promíscua entre organizações criadas especialmente para
se beneficiar de verbas públicas e governantes coniventes ou relapsos,
proliferou no país uma verdadeira teia de malfeitorias.
Espera-se que a partir desta ação governamental,
que determina a cada ministério informar rigorosamente à Controladoria-Geral da
União os convênios com restrições para que as entidades irregulares passem a
figurar num "cadastro de impedimento", o Executivo possa efetivamente
disciplinar a sua relação com as ONGs. Ganham todos com este controle,
especialmente as organizações sérias e responsáveis, que fazem um trabalho
complementar às ações governamentais, e que corriam o risco de ser confundidas
com as associações clandestinas, criadas unicamente com a finalidade de se
apropriar de recursos públicos.
COLUNAS
Rosane
de Oliveira
Anistia, nem pensar
Dizendo-se estarrecida com as gravações que mostram
a face criminosa da greve dos policiais militares na Bahia, a presidente Dilma
Rousseff pronunciou ontem uma frase que acaba com qualquer possibilidade de
anistia:
– Se
anistiar, aí vira um país sem regras.
Quem tem o poder de anistiar os grevistas baianos
não é a presidente Dilma. É o governador Jaques Wagner (PT). O comentário de
Dilma é, mais do que um conselho, uma diretriz para os governadores. O que a
presidente quer evitar é a baderna generalizada, os danos ao patrimônio público
e privado e a violência praticada em nome de uma causa nobre, a do reajuste
salarial.
A divulgação da gravação de uma conversa entre o
líder do motim, Marco Prisco, e o soldado David Salomão, um dos coordenadores
do movimento, combinando atos de vandalismo, deu à presidente mais um elemento
para considerar a anistia impensável.
– Não considero que aumento de homicídios na rua,
queima de ônibus, entrada em ônibus encapuzados, sejam uma forma correta de
conduzir o movimento – disse Dilma em Pernambuco.
A preocupação do governo é evitar que a greve se
alastre para outros Estados. Essa também é a preocupação dos governadores e,
por isso mesmo, no Rio Grande do Sul a palavra de ordem é negociar. O governo
gaúcho tem previstas, neste mês, audiências com todas as categorias da
segurança pública. Na lista de concessões feitas até agora, o secretário da
Segurança, Airton Michels, destaca os aumentos oferecidos em 2011 e os que
estão sendo negociados neste ano, a atualização de parte das promoções
atrasadas e a aposentadoria especial para os policiais civis.
Michels concorda com Dilma em relação à anistia:
– A anistia não pode ser dada, porque seria interpretada
como um estímulo aos movimentos violentos.
FOCO NAS ESTRADAS
Um dia depois da entrega do relatório sobre o Daer
na Assembleia e da determinação feita pelo TCE para que a atual administração
do Daer corrija falhas detectadas no programa de recapeamento iniciado na
gestão anterior, o secretário da Infraestrutura, Beto Albuquerque, e o
presidente do Legislativo, Alexandre Postal (PMDB), voltaram a se encontrar.
Desta vez, para acompanhar o governador Tarso Genro na entrega de obras de
restauração entre Harmonia e São Sebastião do Caí (foto) e na inauguração da
pavimentação entre Vista Alegre do Prata e Guaporé.
Apesar da polêmica em torno do sigilo que envolve
os nomes do relatório que apurou eventuais irregularidades no Daer, Postal
garante que nenhum deputado está proibido de divulgar as informações.
– Qualquer deputado que quiser pode divulgar, só
tem que assumir a responsabilidade. Não tem essa proibição – diz, garantindo
que o memorando emitido pela presidência da Casa apenas proíbe que sejam feitas
cópias do documento.
Vacina contra possível greve
Preocupado com a crise na Bahia e seus possíveis
reflexos no país, o secretário Airton Michels e a cúpula da segurança pública
iniciaram uma mobilização para mostrar o que o governo gaúcho já ofereceu a
policiais civis e militares.
Ontem, Michels, a chefe adjunta da Casa Civil, Mari
Perusso, o comandante da Brigada Militar, coronel Sérgio Abreu, e o chefe de
Polícia, Ranolfo Vieira Jr., estiveram na sede do Grupo RBS para falar com
jornalistas que cobrem o assunto sobre as negociações em andamento com as
diferentes entidades representativas dos policiais.
Roteiro
O secretário Michels planeja um roteiro de visitas
aos principais veículos de comunicação nos próximos dias para apresentar o que
já foi feito e que está sintetizado em um relatório de três páginas.
Michels expressou sua convicção de que o Rio Grande
do Sul não enfrentará greves de policiais e elogiou o comportamento da Brigada
Militar.
Pelo sim, pelo não, o governador Tarso Genro
desistiu de viajar para Brasília para o encontro nacional do PT e participará hoje,
às 9h, em Cidreira, da abertura do torneio de futebol da Abamf, a associação
que reúne cabos e soldados da BM.
Desencontro de verão
Marcado para este sábado e previamente anunciado no
site do PMDB, o tradicional encontro de verão do partido acabou cancelado.
Segundo fontes do partido, um dos motivos seria o
racha provocado pela escolha da nova regional, que será eleita na convenção do
dia 17 de março. Outro seria a desorganização interna, que prejudicou os
preparativos.
Assim, haverá apenas um encontro da Juventude do
PMDB, a partir das 9h de sábado, na Câmara de Vereadores de Tramandaí.
Aumentou a tensão entre o grupo do PMDB que quer a
candidatura própria em Porto Alegre e os que trabalham pela aliança com o
prefeito Fortunati.
ALIÁS
Assim como fez com os delegados, o governo gaúcho
quer evitar a tensão anual da discussão sobre salários e aprovar um cronograma
de longo prazo para os reajustes de policiais civis e militares.
Edital sobre pedágios
O governo do Estado pretende publicar no final da
próxima semana o edital para a contratação de uma consultoria para a elaboração
do novo modelo de pedágios.
Segundo o coordenador da Assessoria Superior do
governador, João Victor Domingues, o texto está em fase final de elaboração, e
o prazo para a escolha da vencedora será de 45 dias.
O contrato deve durar oito meses. A expectativa é
de que até agosto seja apresentada a primeira fase do trabalho, com o
diagnóstico sobre o desequilíbrio dos contratos.
Visita a Araújo
Amigos do tempo de fundação do PDT, o vereador
Pedro Ruas (PSOL) e o deputado federal Vieira da Cunha (PDT) foram juntos ontem
à tarde visitar o antigo companheiro Carlos Araújo, que está internado desde
sexta-feira na Santa Casa para fazer uma bateria de exames.
Por recomendação médica, ficaram apenas cinco
minutos no quarto, no Pavilhão Pereira Filho, mas saíram felizes por ver o
ex-marido da presidente Dilma Rousseff bem disposto. Ele os recebeu sentado em
uma poltrona, no quarto.
– Ele está muito bem, é uma doença crônica.
Lembramos histórias do passado – disse Ruas.
Vice
Caso Vieira da Cunha assuma o Ministério do
Trabalho, terá de se licenciar da presidência do PDT. Neste caso, quem ficará
com o cargo será o vice, Nereu D"Ávila – que era o presidente na gestão
anterior.
ARTIGOS
Previdência
complementar
Germano Rigotto
Os regimes de previdência sustentam-se em projeções
e cálculos matemáticos exatos. A contribuição do usuário é distribuída no tempo
e, com base em uma média de expectativa de vida, são desenhadas as devoluções
corrigidas de tais valores. Mas se o resultado dessa operação der negativo, é
inevitável que as gerações seguintes venham a deparar com um rombo.
Infelizmente, esse é o caminho traçado pelo Brasil
ao longo das últimas décadas. Conforme dado recentemente divulgado, o déficit
da Previdência Social diminuiu no último ano, só que continua existindo: R$
36,5 bilhões. O dos servidores, por sua vez, chegou a R$ 56 bilhões de prejuízo.
Esse componente também integra a raiz da crise europeia.
Nossa disparidade foi cavada pela pá da
inconsequência política, da irresponsabilidade governamental e da impunidade.
Os casos de corrupção envolvendo contribuições sociais se acostumaram à paisagem
do cotidiano brasileiro, ainda hoje sem uma resposta condizente de fiscalização
e combate. Falta avançar muito mais nessa direção.
Porém, a resolução do problema passa também pela
assimilação de um dado social concreto: as pessoas estão vivendo mais – bem
mais do que no tempo em que os atuais regimes foram concebidos. Isso exige que
a aposentadoria, além do sistema convencional, seja preparada e protegida por
um plano complementar. Propostas desse tipo precisam ser analisadas com
critério e justiça, sem os preconceitos e objeções apriorísticas que pautaram
os debates sobre o assunto.
Isso não pode significar, evidentemente, qualquer
espécie de ataque aos direitos adquiridos do funcionalismo público. Pelo
contrário. A rediscussão do sistema previdenciário dos servidores só pode ser
feita para proteger quem dedicou o maior período de sua vida a uma profissão. E
deve cuidar, além disso, daqueles que nos sucederão.
Nesse sentido, a criação de um fundo complementar
parece ser uma imposição da realidade – tanto no país quanto em Estados como o
Rio Grande do Sul. No meu governo, a propósito, encaminhei um projeto com esse
objetivo à Assembleia Legislativa, mas não houve ambiente para que ele
avançasse. De lá até aqui, a situação piorou substancialmente no âmbito local e
nacional.
O desequilíbrio das contas da previdência pública
transformou-se num dos maiores nós górdios a desafiar nossa geração. Um novo
marco, capaz de preservar direitos adquiridos e garantir direitos potenciais,
precisa ser encontrado. O fundo complementar vai dar sustentabilidade de longo
prazo, evitando que o problema se agrave ainda mais.
*Ex-governador
do Rio Grande do Sul
GERMANO
RIGOTTO*
A
hipocrisia do álcool
Paulo F. Henkin
Leio em ZH sobre uma proposta em exame no Congresso
com a intenção de tornar mais rígida a chamada Lei Seca. A intenção do
legislador é ir mais além, modificando a lei, impondo taxa zero de álcool no
sangue para quem for dirigir veículo. O debate torna-se de aspecto religioso –
como em Estados teocráticos. Ora, sejamos mais lúcidos: o álcool acompanha o
ser humano ao longo de sua história, sempre esteve presente em momentos de
festejo, de alegria, de comemoração.
Há uma profusão de estudos científicos atuais,
muito bem embasados, mostrando uma ação benéfica do consumo moderado de bebidas
alcoólicas na saúde humana. A vida do ser humano é carregada de questionamentos
existenciais, cheia de dúvidas, medos e sofrimentos – é o único ser vivo que
sabe que vai morrer, e as óbvias consequências daí advindas. O álcool sempre proporcionou
momentos de prazer e felicidade (e saúde, sem dúvida). Respeitemo-lo. Uma
minoria de pessoas torna-se dependente, doente-alcoolista, por razões ainda não
bem sabidas, mas certamente ligadas a questões complexas do funcionamento
cerebral. Tratemo-los! A maioria das pessoas (que apreciam) bebe eventualmente,
de maneira moderada, cônscia e saudável.
Desde a primeira Constituição brasileira, a
embriaguez de pessoas aparece como proibida em vias públicas. Jamais foi
permitido por nossa legislação dirigir veículo automotor em estado de
embriaguez – por que esta lei antiga não teve rígida fiscalização? Por qual
motivo necessitávamos de uma lei nova? Não bastava fazer valer a lei antiga,
que proibia a um indivíduo dirigir embriagado? Repito, por que não se
fiscalizava? Precisava uma nova lei que criminaliza indiscriminadamente
inocentes, para se fazer barreiras, operações tipo "balada segura"? A
Balada Segura é uma operação preventiva, educativa, muito bem-vinda – mas não
se fazia necessária a redução legal de 0,6 dg/l para 0,3 dg/l de sangue; em que
estudo científico se assenta esta decisão? Países como Inglaterra, Alemanha,
Austrália, EUA têm uma legislação severa, uma preocupação imensa com a
segurança no trânsito e a legislação estabelece valores de alcoolemia em torno
de 0,6g/l.
Pela atual proposta, um padre, após rezar a santa
missa, em um domingo, se dirigir seu veículo, estará cometendo um crime. É
justo? Um casal que almoce com amigos e tome dois cálices de vinho, ao retornar
para casa, em seu automóvel, estará cometendo um crime. É justo? Mais, que mal
fazem a si próprios ou aos seus convivas? De cada 10 acidentes de trânsito,
sete são classificados nas estatísticas como de causas não identificadas; três
têm sua causa identificada como excesso de velocidade, manobras irresponsáveis
ou embriaguez. Quem analisa e criminaliza 70% dos acidentes? Estradas mal
conservadas, mal desenhadas, inadequadas, mal sinalizadas, veículos não
inspecionados e sem condições de trafegar, motoristas com pouca habilidade para
dirigir, motos ziguezagueando entre automóveis, consumo de drogas pesadas (de
difícil diagnóstico), fiscalização escassa e insuficiente, entre outras, causam
70% dos acidentes! A nossa melhor estrada (freeway) sequer tem sinalizador
sonoro para informar saídas de pistas por sono ou distração – artefato comum em
qualquer estrada de países desenvolvidos.
Por que esta atuação midiática intensa sobre o
álcool? É de cunho religioso? É diversionista por parte das autoridades
responsáveis? A embriaguez ao volante deve ser intensamente combatida;
injustiças não devem ser cometidas; todas as causas de acidentes de trânsito
devem ser rigorosamente combatidas. Educar e ensinar os jovens para o consumo
adequado de bebidas alcoólicas é mandatório (sem hipocrisia). Menos hipocrisia
entre nós todos quando da análise de temas tão decisivos para o nosso convívio
social, de prazer/felicidade.
*Médico
PAULO F.
HENKIN*
POLITICA
Maia diz
não se submeter ao Planalto
Em rota de colisão com o Palácio do Planalto, o
presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), afirmou ontem que não é
"obrigado" a cumprir determinação e nem se "submeter" todo
momento ao governo. Maia disse que seu trabalho é ouvir a opinião de líderes e
do Planalto ao fazer a pauta de votações da Câmara, mas a decisão final caberia
apenas a ele.
As declarações ocorrem por conta da má repercussão
gerada na quarta-feira depois de o petista não convocar a sessão que votaria
projeto que cria o fundo de previdência complementar do servidor público.
Segundo aliados, a atitude se deu após ele ser contrariado em uma indicação
para cargo no Banco do Brasil.
Deputados aliados disseram que ele teria,
inclusive, desligado o telefone na cara da ministra Ideli Salvatti (Relações
Institucionais) depois de uma conversa sobre o assunto. Maia negou e informou
que nem conversou na noite de ontem com a ministra:
– Sobre a votação, vi que não tinha acordo, por
isso resolvi sair e ir cumprir outros compromissos. Venho conduzindo a Câmara
da forma mais democrática possível, ouvindo os líderes, a sociedade, o governo,
mas não necessariamente me submetendo. A decisão do que vai à pauta cabe ao
presidente. O governo tem a sua opinião, mas não sou obrigado a todo momento
cumprir a sua determinação.
A atitude de Maia foi considerada negativa pelo
Planalto, que tem o fundo como prioritário. Um acordo previa que o projeto
seria pelo menos discutido e haveria a tentativa de votação do texto, deixando
a análise dos destaques para a semana que vem. Com o adiamento, é possível que
a conclusão ocorra apenas depois do Carnaval.
Lula é
barrado por médicos
Por conta do tratamento contra o câncer na laringe,
o ex-presidente Lula não vai participar hoje do aniversário de 32 anos da
fundação do PT. Ele enviará uma carta que deve ser lida durante o ato que
ocorrerá em um centro de eventos de Brasília.
A presença de Lula no evento foi vetada pelos
médicos. Pelo mesmo motivo, o ex-presidente não vai desfilar na escola de samba
Gaviões da Fiel, que neste ano o homenageará. Na avaliação dos médicos, embora
Lula esteja reagindo bem ao tratamento e apresente regressão do tumor, a
exposição neste momento é "expressamente proibida".
Nos últimos dias, o efeito da radioterapia, que
termina no dia 17, tem impedido o petista de ir ao seu escritório no Instituto
Lula. Desde que começou a radioterapia, Lula perdeu cerca de nove quilos. De
acordo com petistas, ele tem aproveitado o tempo para ler biografias, dentre
elas a do presidente americano Franklin Roosevelt (1882-1945) e a do
ex-presidente sul-africano Nelson Mandela.
Depois da radioterapia, Lula deve passar por uma
bateria de exames para avaliar sua recuperação do câncer, diagnosticado em
outubro.
Bancada
evangélica vai combater nova ministra
Favorável à descriminalização do aborto, a ministra
Eleonora Menicucci toma posse hoje na Secretaria de Políticas para as Mulheres
debaixo de ataques da bancada evangélica no Congresso, quase toda abrigada na
base aliada.
As posições públicas da ministra a favor do
procedimento acenderam a revolta nos parlamentares evangélicos. De forma
contundente, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) convocou os evangélicos a
combaterem a nova ministra. "Não se iludam, a bancada de evangélicos se
unirá para combater a abortista que nomearam ministra", escreveu ele no
Twitter.
Após ser anunciada para o cargo, Eleonora afirmou
que sua posição "é de governo" e que o assunto está com o
Legislativo.
“É
visível o compadrio de agentes públicos”
Eliseu Kopp Presidente da empresa Kopp Tecnologia
Criada em 1974, a Kopp Tecnologia comemora o
arquivamento da investigação criminal envolvendo um contrato da empresa com a
prefeitura de Erechim. A notícia saiu no momento em que veio à tona o relatório
da comissão processante do Daer, que não cita a companhia de Vera Cruz nem
aponta qualquer evidência de irregularidade contra ela.
Para o presidente da empresa, Eliseu Kopp, os
resultados das apurações comprovam a seriedade do empreendimento que começou
fabricando chaveiros e hoje produz equipamentos como painéis eletrônicos e
pardais.
A Kopp, porém, é alvo de outras investigações do
Ministério Público e do Tribunal de Contas. Mesmo em Erechim, há inquérito para
apurar possível ato de improbidade. Procurado por ZH, Eliseu Kopp apenas
aceitou dar entrevista por e-mail. A síntese:
Zero Hora – Qual a avaliação do senhor sobre o relatório da
comissão processante do Daer, que apurou irregularidades em contratos de
pardais?
Eliseu Kopp – A força-tarefa e a comissão
processante desenvolveram um trabalho sério e isento. Confirmaram evidências
denunciadas pelo MP há mais tempo e identificaram os responsáveis com nome e
sobrenome. É o que sempre pleiteamos em relação à mídia. Lembramos que a Kopp
foi a primeira a depor e nada foi apontado.
ZH – O senhor tinha suspeitas contra a empresa Engebrás,
que venceu a licitação do Daer?
Kopp – A nossa política é de não retaliar os
concorrentes. Estamos tratando judicialmente das ofensas por nós sofridas e
proferidas por eles. Algumas questões já eram públicas, referidas pelo MP.
Foram identificados, inclusive, artifícios em governos anteriores, para barrar
a Kopp. A quem interessava? É visível o compadrio de agentes públicos. Fomos
investigados com rigor, apontados como envolvidos no escândalo midiático.
Apenas é preciso lembrar que ganhamos licitações absolutamente regulares,
acompanhadas tanto pelo MP quanto pelo TCE, mas que, surpreendentemente, o Daer
resolveu não honrar. Receio que a Kopp continue sendo alvo, ainda hoje, nos
bastidores, de pessoas, dentro e fora do governo, que tiveram seus interesses
prejudicados. Por ser competente, tecnologicamente mais avançada e oferecer
melhor preço.
ZH – A Justiça determinou o arquivamento de uma
investigação criminal envolvendo o contrato da Kopp com a prefeitura de
Erechim. Mas o MP segue fazendo uma apuração de improbidade, envolvendo o
contrato da Kopp. Qual sua posição?
Kopp – As decisões da Justiça têm mostrado a lisura
em todas as diligências nos contratos até agora realizados. Reforçamos o
posicionamento de que a Kopp não teme nenhuma investigação neutra.
ZH – O TCE está investigando contratos da Kopp por meio de
inspeções. O senhor reconhece que podem ter ocorrido irregularidades em alguns
casos?
Kopp – O TCE, segundo seu presidente, no programa
Conversas Cruzadas, da TVCOM, está analisando todos os contratos e isso é seu
dever. Na prática, até agora – e temos convicção que nada vai mudar –, o crivo
do TCE e do MP é uma espécie de atestado de idoneidade de nossa empresa, com 38
anos de existência e 500 colaboradores, para se recuperar de forte abalo de
imagem. Não recebemos nenhuma notificação por parte do TCE. O Tribunal vem
examinando com lupa, principalmente após o alarde feito em rede nacional de TV.
Lembramos que investigação não significa condenação.
ZH – Nos contratos sob investigação, podem ter ocorrido
irregularidades, como a montagem de editais feita por funcionários do senhor e
servidores municipais?
Kopp – Desconhecemos este detalhe. Entretanto, é
natural que o MP examine todos os contratos após o estardalhaço promovido.
Convém citar o Manual de Ética da RBS: investigação não significa condenação.
ZH – Como o senhor pretende recuperar a imagem da empresa?
Kopp – Em primeiro lugar, restabelecendo a verdade.
Dissemos em nossa campanha de Natal, nas rádios, que "a verdadeira paz é
aquela que se conquista com a verdade". E desenvolvendo novos produtos,
sempre certificados, com excelência do ponto de vista tecnológico. Num Estado
em que vicejam caranguejos é difícil sobreviver. Sucesso soa como ofensa
pessoal. Quem conhece a Kopp de forma neutra nunca duvidou da nossa
integridade, idoneidade e competência tecnológica.
ZH – Qual sua opinião sobre a meta do governo de abrir
licitações internacionais para pardais?
Kopp – A rigor, todas as licitações anteriores já
eram internacionais. No entanto, ainda não foi esclarecido o verdadeiro motivo
da suspensão do último edital de concorrência pública, o 050/CECOM/2010. Qual a
motivação? A Kopp é reconhecida em dezenas de países para onde exporta. É claro
que não nos preocupa um certame internacional. Antes, porém, é preciso que se
avalie nos detalhes o contrato de 2010, vencido pela Kopp e que não foi honrado
pelo Daer. Tem caroço embaixo desse angu.
ECONOMIA
Lucro da
Petrobras cai 5% em 2011
Aumento de despesas operacionais e custos maiores
para aquisição de petróleo e derivados levaram a Petrobras a fechar 2011 com
lucro líquido 5% inferior a 2010. A estatal alcançou resultado de R$ 33,31
bilhões, ante os R$ 35,19 bilhões do ano anterior.
Em balanço divulgado ontem à noite, a empresa
informou que o volume de vendas no mercado interno foi 6% superior ao de 2010,
com destaque para o aumento das receitas com óleo diesel (9%), gasolina (24%) e
querosene de aviação (12%).
O lucro líquido somou R$ 5,04 bilhões no quarto
trimestre, com queda expressiva de 20%. No ano passado, o faturamento da
estatal atingiu R$ 244,2 bilhões, com expansão de 15% na comparação com 2010.
Também ontem, Maria das Graças Silva Foster, 58
anos, foi nomeada presidente da empresa pelo conselho da Petrobras. Maria das
Graças já havia sido anunciada para substituir José Sergio Gabrielli, que deixa
o cargo após sete anos e sete meses. A posse será na segunda-feira. Graça, como
é conhecida, assume também o cargo de conselheira no lugar de Gabrielli.
Engenheira química de formação, ingressou na Petrobras em 1981. Primeira mulher
a chegar à presidência de uma empresa petrolífera no mundo, foi também a
primeira diretora da Petrobras e uma das pioneiras a trabalhar em uma
plataforma.
Por enquanto, Graça dever manter a diretoria. A
única substituição prevista é a do diretor de exploração e produção, Guilherme
Estrella.
CAMPO E LAVOURA
Preço de
grãos sob efeito da seca
Levantamentos da Conab e do Departamento de Agricultura dos
EUA confirmam quebra na safra
Dois estudos divulgados ontem pela Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) revelam os efeitos da seca na safra
de 2011/2012 e apontam para um possível aumento dos preços de grãos na Bolsa de
Chicago a partir de março. As lavouras mais afetadas foram a de soja e a de
milho.
Como efeito, a reação do mercado é o travamento dos
negócios. No caso da soja, a previsão é de que o preço suba a partir de março.
Segundo Adriano Machado, analista de soja da Safras e Mercado, a negociação
está lenta porque depende da colheita, das oscilações da bolsa e do dólar.
Os números em relação ao milho estão consolidados.
O superintendente regional da Conab, Glauto Lisboa Melo Júnior, avalia que,
embora haja quebra na produção, o aumento no preço será confirmado no decorrer
do mês em razão da chuva registrada em diversas regiões. A expectativa é de que
a situação não piore, principalmente para as safras de arroz e soja.
Para o analista de mercado Farias Toigo, da Capital
Corretora, os números do Departamento de Agricultura dos EUA são considerados
conservadores, mas suficientes para movimentar a bolsa. Segundo o especialista,
existia a projeção de uma safra de 138 milhões de toneladas de grãos, mas o
valor está em 128 milhões, o que revela uma perda de 10 milhões de toneladas.
A cotação do bushel da soja está acima dos US$ 12,
considerado um valor intermediário. Toigo aposta na elevação dos preços de soja
e de milho, o que acarretaria aumento nos preços das sacas.
LARA
ELY | Especial
GERAL
Desmatamento
recua no país
O ritmo de desmatamento no Pampa, na Mata Atlântica
e no Pantanal teve queda entre 2008 e 2009, conforme um levantamento divulgado
ontem pelo Ministério do Meio Ambiente. Na Mata Atlântica, bioma que mais
perdeu vegetação nativa, o desmatamento registrado foi de 0,02%.
O estudo, que completa a base de monitoramento de
todos os biomas brasileiros, mostra que o corte da vegetação nativa é mais
intenso no Cerrado, que abriga as nascentes da maior parte dos rios do país.
POLICIA
Greve de
polícias chega ao Rio
Representantes de policiais civis, militares e
bombeiros decidiram ontem paralisar as atividades às vésperas do Carnaval
Depois da Bahia, o Rio é a bola da vez na sequência
de greves das polícias que ameaçam a segurança em Estados brasileiros. Ontem à
noite, às vésperas do Carnaval, em assembleia na Cinelândia, os bombeiros e as
polícias civil e militar decretaram a greve das categorias em todo o Estado do
Rio de Janeiro.
Dois mil PMs, policiais civis e bombeiros se
reuniram por cerca de cinco horas no centro do Rio e decidiram pela
paralisação. Após a decisão pela greve, um bombeiro pegou o microfone e
decretou:
– A partir de agora, a segurança é de
responsabilidade da Guarda Nacional ou do Exército.
O bombeiro deu instruções aos policiais e bombeiros
presentes na Cinelândia.
– Todos devem seguir direto e estar aquartelados em
seus respectivos batalhões – disse, para em seguida complementar:
– Atenção, é importante, quem está de folga
aquartela, de férias aquartela, quem está de licença aquartela. Todos juntos,
não tem distinção, se puderem levar as esposas, levem junto. É importante.
Temendo pelo resultado da assembleia, o Exército
deixou 14 mil homens de prontidão para atuar no Rio de Janeiro. Nem a prisão do
cabo dos bombeiros Benevenuto Daciolo na quarta à noite, por incitar a greve, e
a aprovação ontem pela Assembleia Legislativa da nova proposta apresentada pelo
governo estadual diminuíram o ímpeto dos grevistas. Com servidores infiltrados
entre os manifestantes, acompanhando as discussões, a avaliação do governo do
Rio é a de que os bombeiros devem ser a categoria com maior adesão à
paralisação.
Os líderes do movimento não abrem mão da libertação
do cabo Daciolo e pedem ainda um salário de R$ 3,5 mil. Por conta da possível
adesão em massa dos bombeiros, um plano foi traçado hoje no Comando Militar do
Leste, sede do Exército, no Rio.
Ficou definido que 300 bombeiros da Força Nacional
de Segurança Pública serão encaminhados ao Estado em apoio à corporação. Outros
cerca de 2 mil bombeiros do setor administrativo estão sendo mobilizados para
atuar nas ruas, assim como mais cerca de 700 que estão fora do movimento.
A partir da paralisação, o Exército deve ocupar as
Unidade de Polícia Pacificadora (UPPs), evitando que as 20 unidades fiquem sem
efetivo.
Com a proposta aprovada ontem na Assembleia
Legislativa, o salário inicial da PM será de R$ 1.669,33 em fevereiro de 2013,
e o da Polícia Civil, R$ 3.359,86. O impacto na folha de pagamento será de R$ 1
bilhão por ano.
Movimento
reduz na Bahia
A greve da PM baiana definha, mas ainda não morreu.
Os policiais decidiram na manhã de ontem, 10º dia de protestos, continuar de
braços cruzados, mesmo após seus principais líderes serem presos na desocupação
da Assembleia Legislativa, em Salvador.
Revoltados com a prisão dos colegas, centenas de
soldados, cabos e sargentos abandonaram o prédio do Legislativo e, assim que
chegaram ao centro da cidade, reuniram-se para protestos dentro de um outro
prédio, um ginásio pertencente ao Sindicato dos Bancários. A manutenção da
greve foi decidida após quase 10 horas de reuniões e debates, que se estenderam
até as 20h.
Diferentemente de outros dias, os policiais estavam
arredios. Evitaram entrevistas e sorrisos, esconderam-se das câmeras
fotográficas, trancaram-se no prédio e não deixaram a imprensa documentar a
reunião. Mostravam mágoa pela detenção de seus líderes e pela exposição de seus
atos de vandalismo por parte da mídia.
Para voltar ao trabalho, os grevistas pedem a
incorporação de gratificações ao salário, a revogação dos pedidos de prisão
contra 12 líderes da categoria e a concessão da anistia irrestrita aos
envolvidos. Representantes do governo estadual alegaram que a principal
reivindicação dos policiais, a implantação de duas gratificações, será
concedida de forma escalonada até 2015. Os grevistas exigem o pagamento em
março. O governador Jaques Wagner não pretende anistiar os policiais.
Divulgação de gravação abateu ânimo de policiais
A opinião pública baiana começa a se mostrar
favorável ao governador, por vários motivos. O principal é que a Bahia tem no
Carnaval seu maior evento turístico – e os turistas estão escassos. A
estimativa de empresários é de cancelamento de 20% das reservas, mas há quem
diga que será mais. O prejuízo acumulado nos dias de greve supera R$ 400
milhões, segundo o Sindicato dos Lojistas de Salvador. Mas a maré virou contra
os policiais, talvez em definitivo, após a divulgação de conversas telefônicas
gravadas nas quais líderes do movimento planejam incendiar caminhões para
bloquear estradas.
A divulgação das conversas foi decisiva para abater
o ânimo dos policiais e fazê-los desocupar a Assembleia Legislativa, invadida
pelos PMs desde a semana passada.
HUMBERTO
TREZZI | Enviado Especial/Salvador
Dilma se
diz contra anistia
Na primeira declaração sobre a greve de policiais
militares da Bahia, a presidente Dilma Rousseff disse que respeita as
reivindicações, mas não concorda com anistia para policiais que cometeram
crimes.
– Não consideramos que seja correto instaurar o
pânico, instaurar o medo, criar situações que não são aquelas compatíveis com
uma democracia. Eu não considero que o aumento de homicídios na rua, queima de
ônibus, entrar em ônibus encapuzado seja a forma correta de conduzir o
movimento. Eu fiquei estarrecida, ontem (quarta-feira), com o que vi (pela TV)
– disse, em referência às gravações feitas pela polícia baiana em que líderes
do movimento grevista conversam e combinam atos de vandalismo mostradas pelo
Jornal Nacional.
MUNDO
Embaixada
brasileira tenta retirar crianças da Síria
Em meio ao conflito, casal quer repatriação de filhos
nascidos em Foz do Iguaçu
Duas crianças brasileiras nascidas em Foz do Iguaçu
(PR) estão sitiadas em Homs, cidade que se tornou epicentro do conflito entre a
oposição e as tropas da ditadura de Bashar al-Assad. O casal sírio cujos filhos
nasceram no Brasil pediu ajuda à embaixada brasileira em Damasco para retirar
as crianças, que têm 12 e 13 anos. Em entrevista ao jornal O Globo, o
embaixador Edgard Casciano informou que eles vivem no bairro de Inshaat, no
epicentro da violência em Homs.
– Estou em contato permanente. Falei com o pai
longamente pelo telefone e pude ouvir os disparos ao fundo. E não eram de armas
leves. Eles contaram que os projéteis passam por cima do prédio – contou o
embaixador a O Globo.
As comunicações telefônicas com Homs são intermitentes,
e os contatos têm sido feitos por meio de uma rede de informações montada pela
embaixada. Segundo Casciano, a maioria dos cidadãos brasileiros já deixou as
áreas de risco e não corre perigo. Cerca de 3 mil brasileiros vivem no país.
– Eu fiz contato com o embaixador em Damasco, e
esperamos que eles possam ser repatriados o mais rapidamente possível – disse
ontem o chanceler Antonio Patriota.
O casal sírio, cuja identidade não foi revelada por
questões de segurança, morou vários anos em Foz do Iguaçu, onde nasceram as
crianças. Conforme o embaixador Casciano, não falta comida ou suprimentos em
Homs. A embaixada em Damasco chegou a cogitar o envio de representantes para
retirar as crianças da cidade, mas foi impossível chegar ao local devido à violência.
Ocidente planeja driblar Conselho de Segurança
Desde o veto russo e chinês no Conselho de
Segurança das Nações Unidas, no sábado, a comunidade internacional busca uma
forma de deter os conflitos na Síria. Liderados pelo Ocidente, países cogitam isolar
o conselho e submeter novas resoluções à Assembleia Geral da ONU.
A ideia é votar um texto com sugestões de medidas
que freiem a repressão e ajudem a aliviar a população síria, algo além de uma
mera condenação. Enquanto o conselho conta com apenas 15 membros, tendo cinco
deles direito a veto, a Assembleia Geral é formada pelos 193 integrantes da
ONU.
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