PRIMEIRA PÁGINA
Bancos
médios se ajustam depois de investida do BC
Um aperto na fiscalização adotada pelo Banco
Central no ano passado, como consequência da quebra do PanAmericano, provocou
ajustes nos balanços de bancos pequenos e médios e de algumas financeiras. O
processo não está concluído e as demonstrações contábeis futuras ainda podem
ser afetadas. Depois de passar um pente-fino nas contas das instituições, o BC
determinou que diversos bancos aumentassem as provisões em seus balanços - em
alguns casos, em volumes significativos.
Estádios
da Copa correm risco de greve
Os 25 mil trabalhadores nas obras dos estádios da
Copa podem cruzar os braços em março, numa greve nacional capaz de comprometer
o cronograma de conclusão das 12 arenas do mundial. A ameaça de paralisação é
das principais centrais sindicais do país e da Federação Nacional dos
Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada. Até o dia 15, uma comitiva das
lideranças sindicais das 12 cidades-sedes estará em Brasília para apresentar uma
proposta única de piso salarial e benefícios, independentemente do local de
trabalho. Os sindicalistas querem piso nacional unificado de R$ 1,1 mil para
ajudante de obras, que hoje ganha cerca de R$ 600 no Nordeste.
Sem o
México, montadoras reveem planos
O cancelamento do acordo automotivo com o México,
decidido pela presidente Dilma Rousseff - mas ainda não oficializado -, causou
forte reação de empresários do setor e do governo mexicano e estimulou
autoridades brasileiras a defender alternativas, como uma revisão do tratado,
segundo apurou o Valor.
A decisão de denunciar o acordo foi a maneira
encontrada pelo governo brasileiro para forçar os mexicanos a rever
radicalmente seus termos. Uma autoridade ligada à discussão do assunto comentou
que, após o cancelamento, o governo aceitaria discutir outro acordo, em novos
termos.
Disputa
pelos aeroportos será acirrada
Se depender do número de propostas, o leilão de
concessão dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília deve ser um sucesso.
Ao menos 11 consórcios entregaram suas ofertas ontem na sede da
BM&FBovespa. Três grupos admitem disputar os três projetos: CCR, OHL Brasil
e Invepar. O mercado espera ágios significativos no leilão, na segunda-feira.
Os consórcios liderados por Odebrecht, Queiroz
Galvão e CCR são considerados pelo governo os principais favoritos para
arrematar as concessões de Viracopos e Guarulhos. A Odebrecht vai ao leilão com
a Changi, operadora do aeroporto de Cingapura; a Queiroz Galvão se aliou ao BTG
Pactual e à Ferrovial, controladora da BAA, que administra Heathrow e outros
terminais em Londres, e a CCR está com a suíça Flughafen Zürich. Para o
aeroporto de Brasília, a aposta oficial é em um grupo de médio porte.
Corte
orçamentário
Orçamento deste ano deve sofrer um
contingenciamento de R$ 60 bilhões a R$ 61 bilhões nas despesas públicas. Com
isso, o governo avalia que conseguirá fazer o superávit primário cheio (R$
139,8 bilhões) e também impulsionar os investimentos.
VarigLog
suspende operação
A VarigLog, que chegou a ser a maior empresa de
transporte aéreo de cargas do país, suspendeu suas atividades na quarta-feira e
tenta apresentar um novo plano de recuperação judicial aos credores.
Energia
eólica atrai estrangeiros
A venda dos parques eólicos da Dobrevê Energia
(Desa) deve marcar a entrada de um novo investidor estrangeiro no setor. AES
Brasil, Energisa e EDF continuam na disputa pelos ativos, que somam 205 MW de
capacidade instalada.
EDITORIAL
Despesas
com juros não param de crescer
O Brasil pagou R$ 236,67 bilhões em juros e
encargos da dívida em 2011. A conta cresceu 21,2% no ano. Equivalentes a 5,72%
do Produto Interno Bruto (PIB), as despesas com juros foram as maiores desde
2007, quando atingiram 6,11% do PIB; e dariam para cobrir cinco Programas de
Aceleração do Crescimento (PAC) iguais ao programado para este ano, com R$ 42,5
bilhões em investimentos previstos.
As despesas com juros aumentaram por causa da
contínua elevação da taxa básica (Selic) imprimida pelo Banco Central nos
primeiros sete meses do ano e do aumento da inflação, que chegou a superar os
7% no acumulado em 12 meses, mas fechou o ano no teto da meta, em 6,5%.
O governo central (União, Tesouro e Previdência),
Estados e municípios produziram o maior superávit fiscal primário desde 2008,
de R$ 128,7 bilhões, ou 3,11% do PIB. O resultado superou a meta, mas cobriu
apenas pouco mais da metade dos gastos com juros. Por isso, o resultado nominal
do ano, que inclui o superávit primário e os juros, foi um déficit de R$ 107,9
bilhões, 2,61% do PIB, o maior desde os 3,28% de 2009.
O aumento do superávit primário refletiu
principalmente a melhoria da arrecadação, engordada por receitas
extraordinárias e pela contenção de investimentos.
A expectativa é que a conta de juros deva cair
cerca de R$ 30 bilhões neste ano com a queda da taxa Selic que, desde agosto,
recuou 2 pontos, para 10,5%, e deve cair mais um ponto, voltando a um dígito
pela primeira vez desde junho de 2010. Mas a arrecadação também deve diminuir
com a desaceleração do nível de atividades e sem as receitas extraordinárias
que engordaram o caixa no ano passado.
Não só os resultados fiscais interferem nesses
números. No ano passado, a relação entre a dívida pública e o PIB caiu de 39,1%
para 36,5% do PIB, o menor patamar desde 2001. A redução de 2,6 pontos
percentuais do PIB foi resultado não só do superávit primário (3,1% do PIB),
mas também do crescimento da economia (3,5%) e da variação cambial (1,8 ponto
do PIB), parcialmente neutralizados pelos juros apropriados (5,7 pontos).
Outro fator que influencia negativamente é a
composição da dívida pública mobiliária. A dívida pública mobiliária federal em
poder do público cresceu 10,2% no ano passado, atingindo R$ 1,866 trilhão em
dezembro. Só a elevação dos juros básicos no início do ano aumentou a dívida em
R$ 211,52 bilhões. Como o Tesouro retirou do mercado R$ 39,2 bilhões em
títulos, o aumento líquido foi de R$ 172,3 bilhões.
Do estoque total da dívida mobiliária, 30,1% são
papéis indexados à taxa básica de juros, as Letras Financeiras do Tesouro
(LFTs). Houve uma queda em comparação com os 31,5% do fim de 2010 por conta de
resgate desses papéis, uma vez que a simples apropriação dos juros ampliou seu
estoque em 5,2%. A fatia de papéis prefixados, com remuneração definida no
momento da venda, vem subindo e passou de 36,6% para 37,2% em 2011. Avançaram
mais os papéis atrelados à inflação (IPCA), de 26,6% para 28,3%, dentro da
faixa fixada pelo governo de 26% a 29%.
O Tesouro vem tentando melhorar a carteira de
títulos, reduzindo as LFTs, que idealmente deveriam ter uma fatia de 10% a 20%;
e aumentando os prefixados, o que melhoraria a previsibilidade da administração
da dívida pública. O Valor apurou que o Tesouro quer ampliar a participação dos
prefixados para além dos 40% da carteira. As novas metas serão definidas no próximo
Plano Anual de Financiamento (PAF).
A queda do juro básico ajuda nessa tarefa porque
aumenta o interesse dos investidores pelos papéis prefixados. Mas o governo
resolveu partir para o ataque e determinou que fundos ligados a estatais e
autarquias federais, como o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), troquem os R$
61,4 bilhões em LFTs que possuem por papéis prefixados e títulos corrigidos
pela inflação ainda no primeiro trimestre. O Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) fará o mesmo na sequência.
Mas a solução duradoura para o problema é o governo
reduzir os gastos para abrir espaço para a queda dos juros e resgate da dívida.
A resposta para isso virá neste mês, quando o governo detalhar o ajuste do
orçamento necessário ao cumprimento do superávit primário prometido.
Adeus ao
homem de Aruanda
Amir Labaki
Por | De São Paulo
Linduarte Noronha está morto. Um dos precursores do
Cinema Novo, pioneiro do moderno documentário brasileiro, sobretudo com seu
curta clássico "Aruanda" (1960), Linduarte morreu aos 81 anos no
começo da semana na João Pessoa, Paraíba, que escolheu para viver - e morrer -,
nascido que era em Pernambuco.
Narrei nesta coluna em abril de 2008 o único e
memorável encontro que tivemos em sua casa, para uma entrevista parcialmente
exibida pelo Canal Brasil. No ano anterior, o É Tudo Verdade havia celebrado
sua obra e a da influente escola documental paraibana que ajudou a catalisar na
década de 1960 (Vladimir Carvalho, João Ramiro Mello, Rucker Vieira, seguidos
por Ipojuca Pontes e Manfredo Caldas, entre outros).
"Aruanda" não foi seu único filme, tendo
rodado ainda o curta "O Cajueiro Nordestino" (1962), com João Ramiro,
e o primeiro longa ficcional da Paraíba, "O Salário da Morte" (1970),
mas seu nome ficou inextricavelmente vinculado àquele batismo de ouro. Advogado
de formação, jornalista e crítico de ofício, Linduarte adaptou em
"Aruanda" uma de suas mais célebres reportagens, "As Oleiras de
Olho d"Água na Serra do Talhado", de 1958.
"Aruanda", ensina Linduarte, quer dizer
"Terra Prometida". O filme trata da fundação de um quilombo de
escravos fugidos na Serra do Talhado e revisita a região, quase um século
depois, flagrando uma família camponesa que subsiste de algodão, plantado pelos
homens, e de cerâmica, obra das mulheres. Com sua fotografia de luz seca e
estourada, em preto e branco fortemente contrastado, com sua combinação de
encenação e registro cru, misturando mitologia local e jornalismo a quente,
"Aruanda" distinguia-se em registro e em estilo de tudo o que se
fazia então no cinema brasileiro, de qualquer gênero.
O curta está para o moderno cinema brasileiro como
"A Bagaceira" do paraibano José Américo de Almeida está para nosso
modernismo literário. O Nordeste, sua realidade, suas histórias, texturas,
asperezas, locações e seus personagens, pedia passagem - em 1960 como em 1928,
nos filmes como nos livros.
No calor da hora, o então jovem crítico baiano
Glauber Rocha comparou-o ao Rossellini da aurora do neorrealismo. Jean-Claude
Bernardet o louvou como "simultaneamente documento e interpretação da
realidade". Paulo Emílio Salles Gomes classificou-o como
"documentário quase em estado bruto", que "produz ecos profundos
no espectador e cria expectativas".
A revelação nas telas de um Brasil arcaico e
miserável, sobrevivendo principalmente do trabalho artesanal de mulheres, e a luz
intensíssima do sertão, captada pelas lentes de Rucker Vieira, pautaram a
essência da primeira fase do então nascente Cinema Novo - basta lembrar
"Vidas Secas", "Barravento" e "Deus e o Diabo na Terra
do Sol". Na década seguinte, também o documentário nacional aplicaria suas
lições, sobretudo na extraordinária série "A Condição Brasileira",
pilotada por Thomas Farkas (disponível na íntegra em DVD pela Videofilmes).
Para ver ou rever "Aruanda", é só visitar o Google Vídeos e o YouTube.
Enquanto dois companheiros na realização de
"Aruanda", Vladimir e João Ramiro, soltaram as amarras, mudaram-se
para o Sul e fizeram extensa carreira, Linduarte ficou em João Pessoa, dividido
entre o cinema, o jornalismo e a universidade. "O Cajueiro Nordestino",
seu segundo filme, teve como ponto de partida uma tese de Mauro Mota,
sintetizando quase sem palavras a importância social e econômica do caju para a
região.
Antes de emplacar a direção de "O Salário da
Morte", um eficiente faroeste nordestino pós-cangaço sobre um sindicato do
crime, Linduarte empenhara-se, sem sucesso, em dois audaciosos projetos de
longas ficcionais. O primeiro foi, claro, uma versão de "A
Bagaceira", desenvolvida a quatro mãos com o próprio José Américo; o
segundo, um original de Ariano Suassuna, "O Sedutor do Sertão", sobre
as aventuras de um espertalhão na Paraíba conflagrada pela Revolução de 1930.
"Minha coisa era mesmo documentário",
revelou-me Linduarte. Era articulado e erudito, com o carisma algo tingido por
um difuso ressentimento, motivado, creio, pela carreira fílmica meio truncada e
pelas dificuldades na Universidade de João Pessoa após o golpe de 1964. Foi
esse um dos únicos temas sobre o qual pediu licença para silenciar-se,
prometendo tudo para suas memórias, das quais já escrevera 150 páginas no
momento de nosso encontro. Tomara seus originais, mesmo incompletos, encontrem
logo um editor.
Linduarte
Noronha foi-se embora para Aruanda. Homem de Aruanda, para sempre, agora é.
Amir Labaki é
diretor-fundador do É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários.
E-mail:
labaki@etudoverdade.com.br
Site do
festival: www.etudoverdade.com.br
OPINIÃO
Beatriz
Cutait
OGX e Petrobras seguram o Ibovespa
O desempenho negativo das ações da OGX Petróleo e
da Petrobras limitou os ganhos da bolsa brasileira ontem, mas, ainda que por
pouco, o Índice Bovespa conseguiu a terceira alta seguida.
Apesar do espaço para a correção de lucros, dado o
ganho de quase 14% no ano, investidores foram seletivos e seguiram na ponta
compradora de ações do setor imobiliário e financeiro. Após uma jornada de
instabilidade, o Ibovespa fechou com leve alta de 0,04%, aos 64.593 pontos. O
giro financeiro foi novamente expressivo e atingiu R$ 8,01 bilhões. Na semana,
o índice acumula ganho de 2,7%.
O sócio da TAG Investimentos Marcelo Pereira
destaca que a realização de lucros foi bem contida E que a Europa deu nova
trégua aos mercados. Além disso, a forte atuação do investidor estrangeiro, que
injetou liquidamente o recorde mensal de R$ 7,168 bilhões em janeiro, está
contribuindo, e muito, para a valorização da bolsa.
Gafisa acumula valorização de 26% em seis pregões
Pereira, entretanto, é cauteloso ao falar sobre a
continuidade desse movimento. Além de avaliar que os fundamentos do ambiente
externo não mudaram, ele chama atenção para o forte volume de vencimentos de
dívidas na Europa neste mês.
Segundo dados compilados pela Bloomberg, contando
apenas Grécia, Espanha, Itália e Portugal, há € 84 bilhões em títulos para
serem rolados em fevereiro, mais que o dobro de janeiro. "A rolagem pode
"machucar" um pouco o mercado brasileiro e o Ibovespa poderá até
retomar os 60 mil pontos. Mas, a partir de então, o índice deve se estabilizar
e o mercado voltar as atenções para os fundamentos locais", diz Pereira.
"Houve uma trégua, mas a tensão não foi embora. De toda forma, o Brasil
está bem posicionado e com uma bolsa descontada", emenda.
Ontem, as atenções dos investidores na primeira
etapa dos negócios voltaram-se às declarações do presidente do Federal Reserve
(Fed, o banco central americano), Ben Bernanke. Mas elas não chegaram a
movimentar as bolsas.
Ele apenas defendeu que o ajuste da política fiscal
para um padrão sustentável, que garanta que a relação entre dívida e renda
nacional fique pelo menos estável, se não declinante, deve ser uma prioridade
do Congresso americano.
Em discurso ao Comitê Orçamentário da Câmara dos
Representantes, ele disse que as taxas de juros podem subir rapidamente
"se os investidores perderem a confiança na capacidade do governo de
gerenciar sua política fiscal". Ainda nos Estados Unidos, o mercado de
trabalho deu sinais positivos, mas considerados sazonais.
Na cena corporativa, além dos balanços
internacionais, o dia foi movimentado pelo setor imobiliário nacional.
Após muita especulação, a Gafisa confirmou que
recebeu do Equity International, do megainvestidor Sam Zell, e da GP Investimentos
uma proposta preliminar de aquisição de ativos. A ação ordinária (ON, com voto)
subiu pelo sexto dia seguido, período em que acumulou valorização de 26%. Com o
segundo maior ganho do Ibovespa, o papel teve alta hoje de 5,94%, a R$ 5,35.
Na direção negativa, os papéis ON da OGX cederam
2,63%, a R$ 17,03, e os preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras recuaram
1,68%, a R$ 24,53.
Beatriz
Cutait é repórter de Finanças
POLITICA
Dilma
sinaliza contenção de gastos e incentivo à indústria nacional
Por Fernando Exman e Daniela Martins | De Brasília
Em mensagem enviada ontem ao Congresso para a
abertura do ano legislativo em que reitera seu compromisso com o controle dos
gastos públicos e o aumento dos investimentos, a presidente Dilma Rousseff
avisou que se esforçará neste ano para aprovar o projeto que estabelece um novo
regime previdenciário para os servidores públicos. O projeto cria o fundo de
pensão dos funcionários públicos (Funpresp), igualando as condições de
aposentadoria dos servidores com as do setor privado.
Embora a proposta sofra resistência de alas do
próprio PT, a presidente já decidiu inclusive frear a realização de concursos
públicos e a nomeação de novos servidores até que as novas regras sejam
instituídas. As outras prioridades do Executivo no Congresso neste ano são a
aprovação do projeto que reduz o ICMS interestadual a fim de combater a guerra
fiscal, as propostas que criam a Lei Geral da Copa, a Política Nacional de
Irrigação, o Plano Nacional de Educação, regras para o fracionamento de
medicamentos, o marco regulatório para o uso da internet e dos projetos que
alteram o marco das agências reguladoras e as regras contra lavagem de dinheiro
e de responsabilização de pessoas físicas e jurídicas por atos de corrupção. O
governo sinalizou ainda que enviará ainda neste ano ao Parlamento um projeto de
novo marco regulatório para o setor de mineração.
"Frente à instabilidade do cenário
internacional em 2012, a gestão econômica de nosso país nos exigirá disciplina
e ousadia", alertou a mensagem presidencial remetida ao Parlamento.
"Disciplina para assegurar a solidez de nossos fundamentos
macroeconômicos, o que passa pelo alcance do superávit fiscal proposto para o
corrente ano, pela atenção constante sobre a evolução dos preços e pela
continuidade da redução da dívida pública brasileira como proporção do PIB e
melhoria de seu perfil. Ousadia para adotar todas as medidas necessárias à
continuidade do crescimento da produção e do emprego e para proteger nossa
estrutura produtiva."
Dilma foi representada na cerimônia pela ministra
da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que estava acompanhada da ministra Ideli
Salvatti (Relações Institucionais). Segundo Dilma, o motor da economia
brasileira continuará sendo o fortalecimento do mercado doméstico e o combate à
pobreza. Por outro lado, acrescentou a presidente em sua mensagem enviada ao
Congresso, o governo manterá os esforços para incentivar as exportações e
impedir que a indústria nacional seja prejudicada por produtos importados que
cheguem ao Brasil a preços desleais.
Se o governo indicou suas prioridades, as representantes
da presidente Dilma na solenidade tiveram de ouvir cobranças dos parlamentares.
Em seu discurso, o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP),
classificou as medidas provisórias como "o problema mais grave" do
processo legislativo. "Com elas, nossa iniciativa legislativa e nosso
próprio tempo de trabalho ficam comprometidos. Elas continuam a ser uma
armadilha no andamento da democracia pela sua amplitude, pelo tempo exíguo para
serem analisadas", disparou.
Já integrantes da oposição criticaram a falta de
contundência da mensagem em relação ao combate à corrupção. "O governo, ao
meu ver, patina. O governo, até por ter uma base extremamente heterogênea, que
não se une em torno de um projeto, tem tido dificuldades de tratar grandes
temas", comentou o senador Aécio Neves (PSDB-MG). (Colaborou Bruno Peres)
Lula
escala Marinho para evitar racha na Câmara
Por Caio Junqueira | De Brasília
Diante de mais um iminente racha na bancada do PT
na Câmara dos Deputados, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu
interferir na disputa em busca de um acordo entre os deputados José Guimarães
(CE) e Jilmar Tatto (SP). Ele deslocou um dos seus principais interlocutores, o
prefeito de São Bernardo do Campo (ABC paulista), Luiz Marinho (PT), para
disparar telefonemas a deputados para que viabilizem o acordo no qual Tatto
seria o líder neste ano e Guimarães em 2013.
Deputados da legenda confirmaram ao Valor terem
recebido as ligações do prefeito com essa orientação, sob a justificativa de
que a vitória de Guimarães daria aos adversários nas eleições municipais deste
ano mais argumentos contra o maior trauma dos petistas, a crise do mensalão. No
auge do escândalo em 2005, o então assessor parlamentar de Guimarães, José
Adalberto Vieira da Silva, foi detido no aeroporto de Congonhas em São Paulo
com R$ 200 mil em uma valise e mais US$ 100 mil em sua cueca.
Marinho relatou aos deputados que, ainda que não
tenha tido envolvimento direto de Guimarães no episódio, sua indicação como
líder neste ano eleitoral inevitavelmente traria o episódio à tona e serviria
de importante arma contra o PT. Principalmente em São Paulo, a eleição
prioritária para a legenda.
O grupo de Guimarães, porém, coordenado pelo líder
do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP); pelo secretário de Comunicação
do PT, deputado André Vargas (PR); e pelo ex-presidente da Câmara, João Paulo
Cunha (SP); segue adiante na disputa e garante ter a maioria dos votos no
mapeamento da bancada.
Mais do que isso, confirmam que Marinho tem
articulado para fazer de Tatto o líder. Mas rejeitam a tese de que ele faz isso
a pedido de Lula. Dizem que o mais próximo deputado do ex-presidente, Devanir
Ribeiro (SP), perguntou ao ex-presidente ainda nesta semana seu posicionamento
sobre a questão. Ele teria respondido que não se envolveria. Devanir nega que
esse diálogo tenha ocorrido.
Por essa razão, o grupo de Guimarães avalia haver
dois motivos que moveriam Marinho nessa estratégia. Primeiro, retribuir a Tatto
a retirada de sua pré-candidatura a prefeito de São Paulo. Segundo, garantir na
manobra apoio para sua eventual candidatura ao governo do Estado de São Paulo
em 2014. Assim, dizem que só recuam da candidatura se o próprio Lula pedir a
Guimarães que desista. Interlocutores de Marinho no ABC paulista dizem que isso
será feito nos próximos dias.
Até lá, a disputa segue e reacende, com os mesmos
personagens, embates recentes na bancada. Como o que escolheu Marco Maia (RS)
candidato do partido a presidente da Câmara, contra Cândido Vaccarezza. Ali,
Maia obteve apoio dos mesmos que agora operam para Tatto: o vice-líder do
governo, Odair Cunha (MG); o ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), e
o ex-presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP).
Na ocasião, o atual líder da bancada, Paulo
Teixeira (SP), esteve com esse grupo tanto como agora. A diferença é que tem
agido com mais discrição para evitar que tudo seja resolvido no voto. É dele,
por exemplo, a ideia de um "acordão" que envolva 12 cargos na bancada
referentes a 2012 e 2013. Seriam definidos o líder da bancada, os três
presidentes das comissões temáticas, o presidente ou relator da Comissão Mista
de Orçamento, e os dois cargos a que o partido terá direito na próxima eleição
da Mesa. No entanto, a ideia tem custado a emplacar, pois acredita-se que ela
faz com que o próximo líder perderia poder de atuação, uma vez que todos os
cargos estariam definidos. Em especial, os da Mesa, cujas negociações são
consideradas o grande atrativo para exercer a liderança neste ano.
O novo líder terá de ser um hábil negociador com
todas as outras bancadas. Outra vantagem é que terá espaço para opinar não
apenas sobre as disputas no Congresso, limitadas pelo calendário eleitoral, mas
também sobre a política nacional, que tende a dominar a agenda do país durante
o processo eleitoral.
Diretor
da Polícia Civil do DF deixa cargo
Por Thiago Resende e Caio Junqueira | De Brasília
A divulgação ontem do áudio de um vídeo agravou a
já frágil situação política do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz
(PT). O diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Onofre Moraes,
aparece numa gravação dizendo que o governador do PT acabaria saindo do governo
em um "camburão da Polícia Federal".
A data da gravação é 16 de junho de 2011. À época,
Moraes ainda não ocupava o cargo. Ele assumiu o posto de diretor-geral em
novembro passado, quando Agnelo exonerou toda a cúpula da Polícia Civil. Aos 38
minutos da gravação, ele menciona que o governador seria investigado pelo
Ministério Público, pela Polícia Federal e que possivelmente seria alvo de
diversos processos na Justiça. Ao fim da gravação, completa: "Sabe o fim
dele qual é? Renúncia".
O vídeo foi postado pelo jornalista Edson Sombra,
em seu blog, na quarta-feira à noite. Ele afirma que, na época, "Onofre
fomentava a queda" da então diretora-geral da polícia, Mainline Alvarenga.
Sombra é um dos pivôs das denúncias que levaram o então governador José Roberto
Arruda (DEM) à renúncia e à prisão pela Polícia Federal.
Em 2010, Sombra apareceu em um vídeo em que
passaria por uma tentativa de suborno, durante investigação da Polícia Federal
sobre o suposto esquema de corrupção conhecido como "mensalão do
DEM". Essa gravação culminou na prisão do ex-governador Arruda.
Agnelo reuniu-se na manhã de ontem com Moraes e o
secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar. Em seguida, exonerou-o do
cargo. Em entrevista coletiva, o porta-voz do governador, Ugo Braga, disse que
a exoneração foi para "garantir a normalidade administrativa e funcional
da Polícia Civil do DF". O secretário Avelar foi designado para escolher o
substituto para a direção-geral da polícia. Ainda não há prazo para a nomeação.
Por outro lado, Agnelo acelerou a estratégia para
ampliar sua base de apoio na Câmara Distrital e, desta forma, diminuir as
chances de ser afastado do cargo. Ele criou no fim de 2011 a 34ª secretaria -
esta, batizada de Secretaria de Regularização Fundiária - para abrigar mais um partido
e acelerou ontem a articulação para preenchê-la. O órgão será responsável por
avaliar os processos de regularização de condomínios de classe média em
Brasília, criados a partir de grilagem de terras públicas.
Para o cargo, o favorito é o deputado distrital
Washington Luiz, do recém-criado Partido Pátria Livre (PPL). O idealizador da
secretaria é o também deputado distrital Agaciel Maia (PTC), ex-diretor-geral
do Senado e pivô de um dos maiores escândalos da história da Casa: a criação de
cargos e contratações por meio de atos secretos.
A criação de outra secretaria e nomeação de mais um
parlamentar para sua equipe também integra outra estratégia do governador: a de
enfraquecer eventuais dissidentes dentro do PT. Isso porque a regularização de
condomínios estava a cargo da Secretaria de Habitação, chefiada pelo deputado
federal Geraldo Magela (PT-DF), uma das principais lideranças políticas do
partido. Em 2010, Magela pleiteou a candidatura a governador contra Agnelo, mas
acabou sendo vencido. Antes de Magela, quem perdeu força no governo foi Arlete
Sampaio, outra referência do petismo local. Ela ocupava a Secretaria de
Desenvolvimento Social.
Tanto Magela quanto Sampaio são considerados pela
base da legenda alternativas de candidaturas em 2014, caso Agnelo tenha
problemas em concluir o mandato ou mesmo a insatisfação na base petista
aumente. Há reclamações quanto à falta de uma marca de governo, à cada vez
maior participação de adversários históricos do PT em cargos no primeiro
escalão e à falta de diálogo interno na sigla.
Fazenda
fará sindicância na Casa da Moeda
Por Luciana Otoni e Bruno Peres | De Brasília
Seis dias depois de demitir Luiz Felipe Denucci da
presidência da Casa da Moeda, o Ministério da Fazenda decidiu ontem abrir
investigação para apurar denúncias de corrupção envolvendo o ex-dirigente da
estatal. "Em face de reportagens publicadas na imprensa nos últimos dias
relacionadas à Casa da Moeda, o Ministério da Fazenda decidiu instaurar
comissão de sindicância investigativa para apurar as informações
mencionadas", informou o ministério em nota oficial.
A nota foi divulgada em meio ao surgimento de novas
informações indicando que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, teria mantido
Luiz Denucci no cargo mesmo depois de ter sido alertado sobre as suspeitas. Na
terça-feira, o jornal "Folha de S. Paulo" publicou reportagem
vinculando a demissão de Denucci à acusação de seu envolvimento em esquema de
recebimento de comissão de fornecedores da Casa da Moeda. Indicado pelo PTB,
ele estava à frente do órgão desde 2008.
Em fevereiro do ano passado, os petebistas
reivindicaram o cargo e pediram que o governo substituísse Denucci, por
considerá-lo distante do partido. Ele, no entanto, foi mantido na presidência
da Casa da Moeda.
Na reportagem, a "Folha de S. Paulo"
informou que Denucci possuía duas empresas nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido
paraíso fiscal, e que elas teriam recebido US$ 25 milhões nos últimos três
anos. Ontem, o jornal publicou matéria apontando que o ministro Mantega havia
sido comunicado no ano passado sobre essas transações.
Após a revelação dessas informações, políticos da
base aliada ao governo no Congresso Nacional cogitaram a possibilidade de
convocar o ministro. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
disse, porém, não crer na necessidade de Guido Mantega comparecer ao
Legislativo para prestar informações sobre a demissão do presidente da Casa da
Moeda.
Jucá também assegurou não ter havido orientação do
Palácio do Planalto para "blindar" Mantega, evitando seu depoimento
no Congresso. Questionada ontem sobre o assunto ao deixar a sessão de abertura
dos trabalhos legislativos, a ministra de Relações Institucionais, Ideli
Salvatti, não se manifestou.
BRASIL
Trabalhadores
em obras de estádios ameaçam entrar em greve em março
Os 25 mil trabalhadores que hoje estão à frente das
obras dos estádios da Copa do Mundo de 2014 podem cruzar os braços em março,
uma greve nacional capaz de comprometer o cronograma de conclusão das 12 arenas
do torneio. A ameaça de paralisação é assinada pelas principais centrais
sindicais do país, como Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT),
Confederação Sindical Internacional (CSI) e Federação Nacional dos
Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada, além de sindicatos estaduais
que representam os profissionais da construção civil.
Até o dia 15 uma comitiva formada por lideranças
sindicais das 12 cidades-sede estará em Brasília para apresentar uma proposta
única de piso salarial e de benefícios para todo o país, independentemente de
onde o trabalhador esteja. "Se não houver diálogo e não se chegar a um
acordo, são grandes os riscos de realizarmos uma paralisação nacional",
diz Adalberto Galvão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da
Construção Pesada e Montagem Industrial da Bahia (Sintepav-BA), vinculado à
Força. "O setor amadureceu muito e hoje os trabalhadores da construção
civil têm consciência de seu papel no crescimento do país. Essa é uma
oportunidade única para diminuirmos parte das discrepâncias na distribuição de
renda do país."
O Valor teve acesso à pauta de reivindicações que
será entregue na reunião que deve ter a participação da Secretaria Geral da
Presidência, do Ministério do Trabalho e Emprego e da Confederação Nacional da
Indústria (CNI), além de sindicatos patronais. Os sindicalistas querem piso
nacional unificado de R$ 1,1 mil para ajudantes de obras, profissional que hoje
ganha cerca de R$ 600 na região Nordeste. Para carpinteiros e pedreiros, o
pleito é de R$ 1.580, quando a média atual é de R$ 1,2 mil. A cesta básica
requerida é de R$ 350. Os planos de saúde, muitas vezes limitados ao
trabalhador, deverão ser estendidos às suas famílias. Quanto à hora extra, o
pedido é que o percentual pago seja de 100% durante os dias de semana, diante
da média de 50%, como acontece na maioria dos Estados. Finalmente, os
trabalhadores querem folga de cinco dias úteis consecutivos a cada 60 dias
trabalhados, para visitar familiares, com custo de transporte bancado pelas
empresas.
A reivindicação para que haja um piso nacional para
os trabalhadores, conforme defendem os sindicatos, se apoia no fato de que a
formação de preço das licitações das obras é muito semelhante em todo o país,
além das obras estarem concentradas nas mãos de poucas construtoras.
"Queremos uma solução nacional. Não adianta mais beneficiar apenas um
Estado, se os outros continuam em situação complicada", diz João Carlos Gonçalves,
secretário-geral da Força Sindical.
A proposta de padronização do piso salarial dos
trabalhadores em todo o país é a etapa mais sensível de um processo iniciado em
março do ano passado, quando explodiu a revolta dos trabalhadores da
hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho (RO). De lá para cá, um comitê tripartite
reuniu em volta da mesma mesa o governo federal, sindicatos e empresas para
encontraram propostas de melhoria de condições de trabalho e segurança. Algumas
promessas saíram do papel, com a extinção dos contratos terceirizados até então
realizados pelas empreiteiras - evitando a famosa participação dos
"gatos" nas obras - e a obrigação de contratação de pessoas
cadastradas no Sistema Nacional de Emprego (Sine). A questão salarial, no
entanto, não foi tocada.
"Temos a oportunidade única de resolver essas
diferenças de renda de uma vez por todas. Não é mais possível que pessoas que
estejam produzindo um mesmo tipo de obra fiquem sujeitas a condições totalmente
desiguais", diz Nair Goulart, presidente-adjunta da Confederação Sindical
Internacional (CSI).
Na prática, os sindicatos querem que o piso da
classe seja ajustado a valores próximos aos mercados de São Paulo e Rio de
Janeiro. "Um bancário ganha o mesmo salário-base no país inteiro. Por que
não podemos ter o mesmo direito, se estamos tratando de obras similares e do
mesmo grupo de construtoras e fornecedores?", pergunta Claudio da Silva
Gomes, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da
Construção e da Madeira (Conticom), vinculado à CUT. "Esse é um momento
crucial para o setor e é dessa forma que iremos tratá-lo. Se não houver acordo,
uma paralisação nacional pode ocorrer sim, envolvendo inclusive outras obras de
grande porte, não apenas os estádios da Copa."
Há alguns dias, os trabalhadores das arenas de
Salvador e Recife estão paralisados. No ano passado, movimentos grevistas
afetaram as obras no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Cuiabá e
Porto Alegre.
Para Nilson Duarte Costa, presidente da União Geral
dos Trabalhadores (UGT) no Rio, a reivindicação nacional "é justa",
mas ele coloca em dúvida uma paralisação de 100% das obras do país.
"Sabemos que os salários pagos do Rio são o dobro dos salários de
Fortaleza, mas isso foi conseguido com muita luta no Estado", comenta.
"Continuamos lutando por melhorias por aqui, mas essa mobilização exigiria
um grau de conscientização que, honestamente, ainda não vejo."
Estima-se que as obras de construção e reforma dos
estádios vão consumir cerca de R$ 7 bilhões em investimentos. O cronograma mais
recente prevê que nove arenas sejam entregues até dezembro deste ano. No caso
de Manaus, o prazo é junho de 2013, enquanto São Paulo e Natal têm data para
dezembro de 2013.
Governo
define corte de R$ 60 bilhões
João Villaverde | De Brasília
O Orçamento deste ano deve sofrer um
contingenciamento de R$ 60 bilhões nas despesas públicas. Esse é o número
discutido na primeira reunião da Junta Orçamentária, integrada pelos ministros
Guido Mantega, da Fazenda, Miriam Belchior, do Planejamento, e Gleisi Hoffmann,
da Casa Civil. O valor é avaliado como "limite" pelos técnicos dos
três ministérios - com esse valor, a equipe econômica entende que consegue
garantir o superávit primário cheio (R$ 139,8 bilhões) e, ao mesmo tempo,
impulsionar os investimentos públicos, como deseja a presidente Dilma Rousseff.
O decreto orçamentário, que será editado no fim deste mês, também incluirá uma
revisão na estimativa do governo para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB)
de 2012, de 5% para 4,5%.
O corte de R$ 60 bilhões no orçamento leva em
conta, portanto, um salto no PIB inferior àquele previsto na peça orçamentária
aprovada pelo Congresso no fim de dezembro. Se confirmado, o corte será ao
menos R$ 10 bilhões superior aos R$ 50,6 bilhões contingenciados do Orçamento
de 2011 em fevereiro do ano passado, quando o governo cumpriu uma meta ampliada
do superávit primário, de R$ 128 bilhões.
Mesmo revista, a estimativa para o avanço do PIB
neste ano continua muito além daquilo que os principais técnicos da equipe
econômica esperam. Segundo um integrante do alto escalão da equipe econômica, a
taxa continua muito otimista. Mesmo a previsão do Banco Central, de avanço de
3,5%, é vista como teto. "O PIB de 3,5% é atingível, mas otimista",
disse a fonte. "Uma alta de 3,5% neste ano é teto", disse uma fonte
do alto escalão do governo.
Nesse cenário, a equipe econômica começa a modelar
uma queda mais proeminente da inflação. Fala-se cada vez mais que o Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve mesmo ficar abaixo de 5%, próximo,
portanto, à previsão de 4,7% do Banco Central. "Surpresa na inflação neste
ano só pelo lado positivo, diferente de 2011, quando as surpresas foram todas
do lado negativo (altas de preços)", disse uma fonte na equipe econômica.
No ano passado, o IPCA atingiu a maior taxa desde 2005, ao fechar em 6,5%, no
teto da meta perseguida pelo BC no ano.
A atividade econômica vai ganhar força no segundo
semestre, especialmente devido ao efeito concentrado da queda na taxa básica de
juro. A equipe econômica estima em seis a oito meses o período em que uma
decisão do BC quanto a Selic passa a fazer efeito pleno na atividade. "O
efeito concentrado dos cortes na Selic ocorrerá no segundo semestre deste
ano", avalia um economista do governo, para quem, no entanto, "isso
está na conta do avanço de 3,5% do PIB".
A equipe econômica trabalha com um avanço entre
0,5% e 1% no PIB entre o quarto trimestre de 2011 e os primeiros três meses
deste ano, feito o ajuste sazonal. Se confirmado, o avanço terá sido muito
superior aos cerca de 0,2% de alta esperados para o quarto trimestre (na
comparação com o terceiro trimestre).
São poucas as informações que dispõem os economistas
oficiais sobre a atividade em janeiro, mas a avaliação mais recente é que o PIB
deve crescer "mais para 0,5% do que para 1%" entre o quarto trimestre
de 2011 e o primeiro trimestre deste ano, embora um avanço mais próximo de 1%
não esteja descartado - o governo está particularmente surpreso com o
desempenho sobre a indústria de eletrodomésticos da linha branca que a redução
do Imposto sobre Produtos Industrializado (IPI) realizada em 1º de dezembro
está tendo.
A taxa de juros neutra, aquela necessária para
levar o IPCA a 4,5%, caiu, estima o governo. As concessões à iniciativa privada
da gestão dos três principais aeroportos do país, a redução do tamanho do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a provável aprovação
pelo Congresso do fundo de previdência complementar dos servidores federais
(Funpresp) são itens colocados no radar do governo para 2012, e que, de acordo
com a equipe econômica, reduzem a "necessidade dos juros elevados".
Ao dizer que a taxa de juros neutra caiu, os técnicos do governo avaliam que
uma Selic menor é capaz de manter o IPCA próximo à meta de 4,5%.
Além do que a equipe econômica chama de
"avanços institucionais de 2012", um ritmo mais modesto da atividade
neste ano vai auxiliar o governo na convergência da inflação para a meta do
Banco Central. "Vamos cumprir a meta de superávit primário, o que
evidentemente não estimula a atividade econômica, que será puxada pela
reativação dos investimentos públicos e pela queda nas taxas de juros",
advoga uma fonte do alto escalão da equipe econômica. "Será o segundo e
último ano de arrumação do terreno para um crescimento muito acelerado em 2013
e 2014", disse.
Carro
sofisticado pode sumir do mercado
Os dirigentes da indústria automobilística passaram
o dia, ontem, em reuniões, buscando uma maneira de salvar a estratégia que, nos
últimos dez anos, moldou a estrutura industrial do setor na América Latina. Sem
o acordo de livre comercio com o México, vários modelos de automóveis mais
sofisticados, já conhecidos dos brasileiros, vão sumir do mercado e o setor
terá de rever o desenho de operação industrial no continente.
Ao celebrar o acordo com o governo mexicano, em
2003, os maiores fabricantes já instalados no Brasil conseguiram consolidar um
modelo de produção basicamente sustentado num tripé, no qual a produção dos
modelos mais simples foi destinada ao Brasil, a de carros de médio porte foi
para a Argentina e no México, um país já acostumado com o gosto sofisticado dos
vizinhos americanos, ficaram as linhas de produtos mais caros.
Essa estratégia atendeu aos anseios de empresas
como a Ford , por exemplo, que passou a dedicar as fábricas brasileiras a
modelos menores, como o Fiesta e Ka, e a importar o Focus da Argentina e, mais
tarde, o Fusion, do México. O mesmo caminho foi seguido pela Volkswagen e
General Motors.
No ano passado, foram vendidos no Brasil 114.682
veículos produzidos no México. Trata-se de um volume pequeno, se comparado aos
3,5 milhões do mercado total. Mas alguns desses modelos têm forte atuação em
segmentos específicos. O Tiida, da Nissan, por exemplo, ocupa o sétimo lugar
entre os sedãs compactos e o Jetta, da Volks, é o quarto mais vendido na
categoria de sedãs grandes. Muitos desses carros têm como fortes concorrentes,
carros coreanos, nos quais incide o Imposto de Importação.
O brasileiro já se acostumou também a ver
utilitários esportivos, como o Honda CR-V ou o Chevrolet Captiva, rodando nas
ruas brasileiras - às vezes sem saber que vieram do México. Ao todo, são 15
modelos daquele país hoje vendidos no Brasil, sem contar o BMW X5 blindado,
que, antes da elevação do IPI em 30 pontos percentuais para carros com conteúdo
local abaixo de 65% chegava a custar R$ 467 mil.
Nenhuma das marcas quis dar entrevistas ontem. Os
executivos preferiram deixar os pronunciamentos para a Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos (Anfavea), que, ao fim de uma reunião, emitiu um
comunicado à imprensa, reiterando o interesse no acordo bilateral.
Já o presidente mundial do grupo Fiat, Sergio
Marchionne, disse ao "The Wall Street Journal" que não é favorável a
eventual decisão do Brasil de tributar veículos importados do México. Ele
lembrou que, apesar de uma decisão dessas não chegar a afetar a Fiat, líder do
mercado de automóveis no Brasil, "barreiras como essa não ajudam".
"No entanto, o que eu vi acontecer no Brasil
em relação às importações, de onde elas vinham e seus preços, eu não chamaria
de as transações "mais honestas" que já vi", disse Marchionne,
referindo-se à concorrência dos veículos asiáticos.
No caso da Fiat, a estratégia de mercados nas
Américas é ainda mais complexa. Com o objetivo de conseguir autorização do
governo americano para elevar a sua participação na Chrysler, a montadora italiana
aceitou produzir o motor do seu modelo compacto 500 nos EUA. O motor segue para
o México, onde o modelo é produzido e exportado para EUA, Brasil e Ásia.
A balança entre os dois países, motivo pelo qual o
governo brasileiro decidiu rever o acordo de livre comércio, foi a mesma
justificativa apontada pelo governo mexicano para querer o mesmo em 2006.
Naquele ano, o saldo era positivo para o Brasil, que desfrutava da vantagem de
encontrar naquele mercado demanda suficiente para compensar a ociosidade nas
fábricas brasileiras. Mas a valorização cambial reverteu o quadro.
Em cinco anos, a indústria mexicana quintuplicou as
s vendas no mercado brasileiro. Mas os maiores compradores das montadoras
instaladas no México - que são, todas, fábricas das mesmas multinacionais que
atuam no Brasil - ainda são os EUA. Mais de 40% da produção mexicana segue para
o país vizinho. Em 2011, a indústria automobilística mexicana bateu o recorde
de produção de 2,557 milhões de veículos, dos quais 2,143 milhões foram exportados.
Para
analistas, a alternativa é renegociar
Apesar de ser considerada uma medida extrema, a
denúncia de um acordo internacional entre nações pode ser solicitada toda vez
que um dos países não tiver mais interesse em manter o que foi tratado. Muitas
vezes, porém, o anúncio de uma denúncia é uma forma de pressionar o outro lado
a uma revisão ou renegociação de condições.
Especialistas dizem que no caso do acordo
automotivo entre Brasil e México, por exemplo, uma alternativa ao governo
brasileiro seria negociar alguma alteração para garantir um maior equilíbrio na
balança entre os dois países. "O acordo automotivo com a Argentina, por
exemplo, tem o mecanismo do flex", diz um especialista em comércio
internacional, que não quis ser identificado. No flex há um limite para as
exportações de um país ao outro e uma regra de proporcionalidade em relação às
importações originadas do sócio. O que fica fora da regra não tem os benefícios
do acordo e paga imposto normalmente.
O flex é uma regra que ajuda a limitar déficits
mais acentuados. No ano passado o aumento das importações de automóveis
originados do México gerou déficit para o Brasil de quase US$ 1,7 bilhão no
comércio bilateral de veículos.
Outra saída para o Brasil voltar a equilibrar as
trocas com o México também poderia ser a assinatura de um acordo mais amplo que
o automotivo, como um de livre comércio. "Um acordo assim com o México
certamente seria interessante para o Brasil, mas pode gerar receios em
segmentos industriais e agrícolas mexicanos", diz Rabih Nasser, professor
de direito internacional do GV Law, da Fundação Getulio Vargas.
"A denúncia faz encolher ainda mais a rede de
acordos do Brasil, que já é pequena. Na verdade o país precisa ampliar os
acordos e não reduzi-los", diz Welber Barral, ex-secretário de Comércio
Exterior. "Deveria haver um esforço para a assinatura de um acordo de
livre comércio. Existem muitas oportunidades de complementaridade entre os dois
países, que são as maiores economias da América Latina." Barral lembra
que, em razão da desaceleração da economia americana, o México tem grande
interesse em acelerar embarques para outros países.
Carol Monteiro de Carvalho, sócia do escritório Bichara,
Barata, Costa & Rocha Advogados, lembra que formalmente o Brasil precisa
comunicar à secretaria da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) a
denúncia do acordo. Depois disso há ainda um prazo de 14 meses para que o
acordo perca efeito na prática. Antes da formalização da denúncia, e durante
todo o período de 14 meses, diz Carol, é possível a revisão e a renegociação
entre Brasil e México.
INTERNACIONAL
Wall Street apoia Romney para a Presidência dos EUA
Kevin Drawbaugh | Reuters
Os figurões de Wall Street já escolheram um
candidato na eleição deste ano para a Presidência dos Estados Unidos. Os
registros das doações de campanha mostram que ele não é Barack Obama, e sim o
republicano Mitt Romney.
Os dados divulgados na terça-feira pela Comissão
Eleitoral Federal dos EUA ilustram uma mudança fundamental nas doações
políticas no nível presidencial feitas pela elite financeira do país.
Após um flerte com Obama - o carismático democrata
apoiado quatro anos atrás durante a grave crise de crédito eclodida durante a
gestão do presidente George W. Bush -, Wall Street está apoiando Romney,
fazendo uma volta à sua inclinação majoritariamente republicana.
As seis maiores fontes de contribuição à campanha
de Romney em 2011 foram executivos, parentes e comitês de ação política (PAC)
ligados a Goldman Sachs, J. P. Morgan Chase, Morgan Stanley, Credit Suisse,
Citigroup e Bank of America, de acordo com o Center for Responsive Politics, um
grupo sediado em Washington que monitora as finanças das campanhas.
O grupo afirma que os líderes dos seis gigantes de
Wall Street - que foram salvos da ruína pelos contribuintes americanos há cerca
de três anos - deram US$ 1,8 milhão à campanha de Romney.
Do lado de Obama, a Goldman Sachs foi a única
grande financeira entre as suas 20 maiores fontes de contribuição em 2011 - com
doações de apenas US$ 64 mil, contra US$ 496 mil para Romney.
Ao se alinharem com Romney, os bancos e as firmas
de investimentos estão na companhia de uma nova geração de gerentes de fundos
hedge e de private equity com bolsos recheados. Eles estão apoiando o candidato
que vem de suas fileiras - Romney presidiu uma empresa de private equity.
"A indústria financeira escolheu Romney desde
o início, quando ele começou sua campanha", diz Viveca Novak, porta-voz do
Center for Responsive Politics. "[Romney] faz parte do mundo deles. Eles
acreditam que Romney os compreende. Dessa maneira, pouco surpreendente, eles o
preferem."
Newt Gingrich, Rick Santorum e Ron Paul, os demais
três pré-candidatos republicanos, receberam um apoio bastante limitado do setor
financeiro.
Quando Obama chegou ao poder, a indústria
financeira achou que teria bons laços com ele, assim como ocorrera com o
presidente Bill Clinton nos anos 90. Inicialmente, foi assim. Mas aí a economia
afundou e Obama passou a criticar os banqueiros por seu papel na crise do
crédito. Essas críticas foram um choque para banqueiros de destaque, que
estavam acostumados a ser lisonjeados por Washington.
"São pessoas que se afastaram totalmente de
Obama quando ele parou de exaltá-las. Alguns ficaram ressentidos. São pessoas
com ego enorme que gostam de ser afagadas", disse Leonard Steinhorn,
ex-consultor político que hoje é professor da Escola de Comunicações da
Universidade Americana.
Outro ponto de atrito com Obama é tributário. O
presidente quer taxar mais os ricos para reduzir o déficit fiscal e pode
aumentar os imposto sobre ganhos de capital.
Para analistas, muitos banqueiros ficaram
incomodados nos últimos anos com os conservadores sociais, que ganharam poder
dentro do Partido Republicano e sentem que podem se identificar com Romney,
mais moderado. "Romney é um deles", afirmou Steinhorn. "Assim,
eles se sentem confortáveis com ele."
Demora
da Bolívia em devolver carro roubado gera atrito com vizinhos
Fabio Murakawa | De São Paulo
Pressionado por Brasil e Chile, o governo Evo
Morales prometeu ontem agilizar a entrega dos carros roubados nos países
vizinhos apreendidos em um processo de legalização de veículos sem documentos
na Bolívia. Segundo a presidente da Aduana Nacional, Marlene Ardaya, a
devolução deve ocorrer dentro de 45 a 50 dias.
"É uma decisão do presidente Morales que
estamos colocando em vigência", disse Ardaya ao Valor. "Há uma
decisão do presidente e também do governo para devolver esses veículos
roubados."
Ardaya afirma que cerca de 1.400 carros roubados em
países como Brasil, Chile, Argentina, Uruguai e Peru foram apreendidos no processo
de "nacionalização" de veículos sem documentos promovido pelo governo
no final do ano passado. Eles estão sob custódia da polícia em pátios
espalhados pelo país. Desse total, segundo uma fonte com acesso aos dados, 483
são brasileiros.
Apesar de os primeiros carros terem sido
apreendidos em novembro, nenhum deles foi devolvido até o momento por entraves
burocráticos e resistência de alguns setores dentro do governo.
A medida é extremamente impopular no país, sob a alegação
de que muitos bolivianos compraram os carros "de boa-fé", sem saber
que haviam sido roubados. Além disso, o governo ainda não havia definido qual
instrumento legal utilizaria para efetuar essas devoluções.
A morosidade do processo vinha irritando os
governos dos países vizinhos, mais notadamente do Brasil e do Chile. Nos
últimos meses, Brasília sinalizou aos bolivianos que a má repercussão do tema
na opinião pública brasileira poderia dificultar o financiamento de projetos de
infraestrutura e outros investimentos na Bolívia.
Nesta semana, o diretor da Unidade de Cooperação
Internacional do Ministério Público do Chile, Jorge Chocair, disse em
entrevista que o governo boliviano havia dito ao seu país que não devolveria os
automóveis porque o Chile não era signatário de um convênio sobre restituição
de veículos roubados firmado no âmbito do Mercosul. Os dois países são Estados
associados ao bloco, composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Ontem, Ardaya disse que o governo Morales usará a
Convenção Interamericana sobre Assistência Mútua em Matéria Penal para efetuar
as devoluções.
"Estamos recorrendo ao tratado multilateral,
que em nosso país está também ratificado com força de lei e nos permitiria
realizar um trabalho muito mais efetivo", afirmou. "Se falamos em
termos de tempo, a devolução não tardará mais que de 45, 50 dias."
Ardaya afirmou que o governo Morales deverá fazer a
comunicação às representações diplomáticas dos países vizinhos na semana que
vem - após uma reunião entre autoridades bolivianas para discutir detalhes
técnicos na próxima terça-feira.
Consultada pelo Valor, uma fonte do governo
brasileiro disse que a convenção, assinada no âmbito da Organização dos Estados
Americanos (OEA), pode ser um instrumento jurídico adequado para a devolução,
mas não é o fator determinante para encerrar essa novela. "O fundamental é
que haja vontade política. Se o presidente Morales realmente quiser, esses
carros serão devolvidos."
EMPRESAS
Em
Londres, escândalo atinge o 'Times'
Por Erik Larson e Robert Hutton | Bloomberg, de Londres
O jornal britânico "The Times",
pertencente à News Corp, está sendo investigado pela polícia por uma possível
invasão de computadores praticada por um repórter, o que amplia o escândalo de
mídia envolvendo a empresa ao terceiro jornal de Rupert Murdoch no Reino Unido.
O Serviço Policial Metropolitano está investigando
o "Times" por acesso não autorizado a e-mails, disse Tom Watson,
parlamentar do Partido Trabalhista, em um e-mail. Autoridades envolvidas na
Operação Tuleta, que investiga possíveis acessos ilegais a computadores,
disseram ter mantido contato com Watson, disse a polícia em outro e-mail.
É a primeira vez em que o "Times" é
investigado pela polícia desde que um escândalo de grampeamento de telefones
fez com que a News Corp fechasse, em julho, o tabloide "News of the
World", então com 168 anos de existência. Uma investigação paralela sobre
um possível suborno de policiais por repórteres resultou na prisão, em Londres,
de quatro atuais e ex-funcionários do tabloide "The Sun", da News
Corp, sediada em Nova York, cinco dias atrás.
Watson é membro da comissão do parlamento britânico
que investiga a interceptação, por repórteres, de mensagens de voz enviadas a
telefones celulares. Em agosto, ele disse acreditar que invasões de
computadores seriam o próximo escândalo com que se defrontariam as empresas de
mídia Murdoch no Reino Unido.
O editor do "Times", James Harding,
declarou em outra investigação coordenada por um juiz que um repórter do
jornal, que é publicado há 227 anos, teve acesso não autorizado a uma conta de
e-mail para obter informações para uma notícia.
"Depois que o fato foi trazido à minha
atenção, o jornalista sofreu uma ação disciplinar", disse Harding, em
depoimento por escrito encaminhado aos investigadores. "O repórter
acreditava estar buscando obter informações de interesse público, mas nós
assumimos a posição de que ele tinha ficado aquém do que se espera de um
jornalista do Times."
Harding será convidado a prestar declarações
adicionais perante a comissão investigadora, presidida pelo juiz Brian Leveson,
disse ontem uma pessoa a par da situação. A abertura de inquérito foi
solicitada pelo primeiro-ministro David Cameron, em resposta ao escândalo de escutas
telefônicas ilegais.
"A cultura do "Times" é muito
diferente da de outros jornais da News International - eu ficaria surpreso se
(a prática ilegal) for mais que a iniciativa autônoma de um repórter
desleal", disse Niri Shan, um advogado especializado em mídia na empresa
Taylor Wessing, em Londres. "É um problema sério em si mesmo e eles vão se
preocupar aonde isso poderá levar".
Ian Hurst, um ex-oficial do exército britânico,
processou a News International, unidade sediada em Londres da News Corp, acusando
a empresa de ter contratado um especialista em computação para invadir sua
conta de e-mail. A atriz Sienna Miller disse à comissão investigadora, no ano
passado, que suspeitava de que seu computador tivesse sido acessado pela mídia
em 2008, embora não tenha dito por qual jornal.
A porta-voz da News Corp Daisy Dunlop não quis
comentar o assunto.
A investigação ocorre dias depois de a News
International apresentar novas evidências à comissão de Watson, descrevendo o
apagamento de um e-mail interno, que posteriormente ressurgiu e contradisse
afirmações feitas por James Murdoch, vice-principal executivo operacional da
News Corp.
O e-mail enviado por Colin Myler, ex-editor do
"News of the World", sugere que James Murdoch foi informado em 2008
que as escutas telefônicas ilegais praticadas pelo jornal eram mais
disseminadas do que a empresa alegou. Murdoch, que diz não ter lido o e-mail
porque a mensagem havia sido enviada em um sábado, afirmou à comissão
investigadora não estar ciente dos "grampos" telefônicos
generalizados antes do estouro do escândalo.
A cópia da mensagem na caixa de e-mail de Myler foi
"perdida pelo sistema de arquivamento de e-mails devido a uma falha de
equipamento" em março de 2010, ao passo que a cópia de James Murdoch foi
apagada por um funcionário de TI da News International em janeiro de 2011 como
parte de um programa de "estabilização de e-mails", segundo o
escritório de advocacia da companhia. A investigação policial começou menos de
duas semanas depois. (Tradução de Sergio Blum)
Banana
Boat adapta produto ao gosto do brasileiro
Há apenas dois anos e meio no Brasil, a marca de
protetor solar Banana Boat acredita que descobriu o caminho das pedras. Por
meio de pesquisas, o grupo americano Energizer, que adquiriu o ativo em 2007,
percebeu que seu produto era bem aceito pelo brasileiro. Mas para aumentar as
vendas, era preciso adequar o portfólio. Como resultado, a empresa começou a
produzir no país. Há oito meses, fabrica dez produtos com embalagens e fatores
de proteção desenvolvidos especialmente para o brasileiro.
A Banana Boat tem hoje apenas 2% do mercado
brasileiro, segundo Gregorio Mendes, presidente do grupo Energizer no Brasil. O
objetivo é triplicar a participação em três anos. No mesmo prazo, a marca quer
chegar a metade das farmácias e supermercados que vendem filtro solar no
Brasil. Hoje a marca Banana Boat está presente em um quarto desses
estabelecimentos, segundo Mendes.
Apenas 28,5% dos domicílios brasileiros usam filtro
solar, conforme dados da Energizer. "Isso nos dá uma oportunidade de criar
maior conscientização sobre as necessidades e os benefícios do uso do protetor
solar", diz Mendes. Esse mercado cresceu 9,1% em volume no Brasil, de
janeiro a abril de 2011 sobre o mesmo período de 2010, de acordo com os últimos
dados da consultoria Nielsen. A líder do mercado é a Johnson & Johnson, com
a marca Sundown.
Os estudos do grupo Energizer concluíram que as
embalagens Banana Boat, de 236 ml, não cabiam no bolso do brasileiro. Os
produtos passaram a ser produzidos em tubos de 120 ml e 50 ml, esse último
tamanho inédito para a marca. Além disso, um protetor fator 99 foi incluído no
portfólio. "Descobrimos que o consumidor tem o hábito de buscar uma
constante evolução no fator de proteção e lançamos o fator mais alto do
Brasil", diz Mendes.
O grupo Energizer tem duas fábricas no Brasil. A
produção, própria e terceirizada, iniciou no primeiro semestre do ano passado.
"A gente queria estar preparado para o verão", diz Mendes. Os
produtos começaram a chegar ao mercado em outubro. Os meses de dezembro a
fevereiro concentram 65% das vendas anuais.
O grupo Energizer investiu US$ 5 milhões na marca
Banana Boat para este verão. O valor inclui ações em TV a cabo, mídia digital,
lojas e promoções ao consumidor. Luis Nation, gerente de marketing da empresa
no Brasil, projeta aumentar os recursos em 20% na próxima temporada.
O portfólio, que varia entre 15 e 18 itens, inclui
óleos bronzeadores, protetores segmentados para bebês, crianças e adultos e
hidratante pós-sol. Para aumentar o acesso aos produtos, os preços por litro
estão, em média, 10% mais baratos neste verão em relação ao anterior, segundo
Mendes. A redução é justificada pela mudança de embalagem, pela manufatura nacional
e pela própria estratégia de crescimento das vendas.
A Banana Boat foi criada por uma pessoa preocupada
com a proteção das pessoas e que pegava muito sol, conta Mendes. O jovem
salva-vidas Robert Bell, que vigilava praias da Flórida, começou a desenvolver
em 1978 as primeiras formulações do filtro solar, que vendia para os turistas.
Em 1993, o negócio foi comprado pela Playtex, que foi adquirida pela Energizer
em 2007. Hoje, Bell é um empresário de sucesso e não tem mais ligação com a
Banana Boat.
Além da Banana Boat, a Energizer tem a marca de
protetor solar Hawaiian Tropic. De acordo com o relatório anual de 2011 da
companhia, que é aberta nos EUA, as duas marcas, juntas, são líderes do mercado
americano. A Hawaiian Tropic também foi adquirida em 2007. Desde então, as
vendas das duas marcas cresceram de 15% a 20% ao ano nos mercados
internacionais. A marca Banana Boat é líder de marcado no México, na Austrália
e no Chile, segundo Nation. Ele, venezuelano, foi trazido há um ano para o
Brasil para ajudar no processo de expansão da companhia. "O Brasil é uma
das prioridades para a Energizer", diz.
O grupo, que faturou US$ 4,6 bilhões em 2011, é
formado por duas divisões: utilidades domésticas e cuidados pessoais. A pilha
Energizer é a marca mais forte do primeiro grupo, que também tem baterias,
lanternas e carregadores de dispositivos eletrônicos. A segunda divisão, criada
em 2003, reúne marcas de lâminas de barbear, produtos para bebês e absorventes
internos, além dos protetores solares.
Leite
maltado vende mais do que Pepsi na Índia
Por Makiko
Kitamura | Bloomberg Businessweek
O produto mais vendido da GlaxoSmithKline na Índia
não é um medicamento para o tratamento da asma ou do câncer. É um leite maltado
chamado Horlincks. A marca é a bebida embalada mais vendida na Índia depois da
água mineral e vende mais que o dobro que a Pepsi.
A Glaxo, o maior laboratório farmacêutico
britânico, está tentando reproduzir esse sucesso com outros produtos de consumo
nos mercados emergentes, entre os quais a China, enquanto se afasta da área das
marcas de medicamentos de comercialização livre vendidos, principalmente, nos Estados
Unidos. "Tentamos aproveitar o Horlicks em uma estratégia de
megamarca", diz Zubair Ahmed, que comanda a GlaxoSmithKline Consumer
Healthcare na Índia.
O Horlicks, produzido há 138 anos, se tornou parte
da linha da Glaxo quando a área de medicamentos se fundiu com a SmithKline, em
2000. O produto é feito com malte de cevada e leite de búfala (que é mais rico
do que o leite de vaca e mais prontamente disponível em algumas regiões da
Índia) e comercializado, principalmente, para consumo infantil. Nos últimos
anos, a subsidiária indiana da Glaxo tomou providências para aproveitar a
imagem nutricional do Horlicks por meio de uma série de extensões da marca
como, por exemplo, cereais matinais, biscoitos e uma bebida batizada como
Mother"s Horlicks, formulada especialmente para as gestantes. A empresa
pretende, além disso, lançar versões prontas para consumir e uma linha de
salgadinhos saudáveis nos próximos anos, segundo informou Ahmed.
Os esforços da Glaxo para se expandir a partir da
marca Horlicks são parte de uma investida mais ampla de ingresso no segmento de
produtos de consumo que a empresa está empreendendo em áreas como Índia, China
e América Latina. Os mercados emergentes se tornaram cada vez mais importantes
para a estratégia do laboratório britânico, em um momento que a crise da dívida
da União Europeia exerce pressão para baixo sobre os preços dos produtos
farmacêuticos. Embora envolvam margens menores, os produtos de consumo
proporcionam um crescimento persistente da receita. Além de eliminar preocupações
com patente que expiram.
"A área de saúde ao consumidor é um grande
motivo a mais para comprar Glaxo", diz Rajesh Varma, cogestor de US$ 6,5
bilhões na administradora de investimentos DNCA Finance, sediada em Paris.
"Obtém-se um crescimento da receita estável, que não despenca de uma hora
para a outra."
A Glaxo gasta menos de 4% de suas vendas em
pesquisa e desenvolvimento na divisão de produtos de consumo, comparativamente
aos 15% despendidos no caso dos medicamentos comercializados com receita médica,
explica Navid Malik, analista da Cenkos Securities de Londres.
Outras empresas farmacêuticas que consolidaram suas
divisões de produtos de consumo são a Bayer, fabricante da Aspirina, das
vitaminas One a Day e do antiácido Alka-Seltzer, e a Novartis, que concluiu a
aquisição da empresa de produtos oftalmológicos Alcon em 2011.
Em 2010, o Horlick vendeu na Índia quase o dobro
que o popular refrigerante Thums Up, da Coca-Cola, e gerou 50% mais receita no
ano passado que o Tata Tea, da Tata Global Beverages, segundo a empresa de
pesquisa e análise de mercado Euromonitor International.
As altas taxas de desnutrição observadas na
numerosa população infantil indiana vão continuar a puxar as vendas de produtos
da área nutricional, diz Ahmed. O Horlicks, juntamente com outros produtos de
consumo como a pasta de dente Sensodyne e o antiácido Eno, puxaram um aumento
de 19% nas vendas de produtos não farmacêuticos da Glaxo na Índia no ano
passado, com uma alta de mesmas proporções do lucro operacional, diz Ahmed.
A empresa pretende gastar até € 40 milhões (US$ 62
milhões) na ampliação da capacidade de produção de suas três unidades de
produção do Horlicks no país. As vendas da Glaxo de produtos de consumo da área
de saúde totalizaram cerca de 350 milhões de libras esterlinas na Índia, ou 9%
das vendas mundiais da divisão, no período de nove meses encerrado em setembro.
As vendas mundiais, incluindo produtos farmacêuticos, totalizaram 20,4 bilhões
de libras esterlinas no período.
Na China, as vendas de produtos de consumo da área
de saúde da Glaxo cresceram mais de 10% nos nove primeiros meses do ano
passado, influenciadas pelo lançamento de sua bebida isotônica Lucozade, em
2010. "A Glaxo registra um sólido crescimento nos mercados emergentes e
não há motivo para isso não continuar", diz Varma.
Eólicas
de donos da Malwee são cobiçadas por AES, Energisa e EDF
Por Josette Goulart | De São Paulo
O processo de venda dos parques eólicos da Dobrevê
Energia (Desa), que pertence às famílias donas da Malwee e da Natura, pode
marcar a entrada de um novo investidor estrangeiro na geração de energia eólica
no país. Foi grande o número de empresas que avaliaram os ativos, mas apenas
AES Brasil, Energisa e EDF continuam na disputa, segundo fontes do mercado
financeiro a par das negociações. Se ficarem com os ativos, tanto a americana
AES como a francesa EDF estreariam no Brasil nesse segmento.
A maior parte dos 205 MW em capacidade instalada
das eólicas da Desa já está praticamente pronta para operar na cidade de João
Câmara, no Rio Grande do Norte. Estima-se que os investimentos totais nos
parques sejam de R$ 1 bilhão, já corrigidos pela inflação, e boa parte
financiada pelo BNDES.
Fontes próximas às negociações dizem que a AES
Brasil é quem tem uma das melhores propostas e em estágio de negociação mais
avançado, mas sua proposta pode travar justamente no financiamento do BNDES.
Como o banco é financiador dos projetos, precisa dar uma espécie de aval no
caso de troca de controle. Se não autorizar a transferência dos empréstimos,
eles precisam ser pagos antecipadamente. O grande problema da AES com o BNDES
seria político. Até pouco tempo, a empresa americana estava inadimplente com o
banco em uma pendência ainda remanescente da compra de parte dos ações da
Cemig. As pendências eram remanescentes dos processos de privatização do setor
elétrico no governo Fernando Henrique Cardoso.
Nenhuma das companhias quis fazer comentários sobre
o assunto, alegando se tratarem de especulações de mercado. Há alguns anos,
entretanto, a AES manifestou publicamente seu desejo de investir em geração
eólica no país, mas não concretizou o projeto até agora. A compra dos parques
da Desa seria uma porta de entrada no Brasil nesta área de geração, já que no
mundo a americana tem mais de 6 mil MW em projetos eólicos.
A outra concorrente, o grupo francês EDF, também já
declarou desejo de investir em geração eólica no país. Há seis anos a empresa
que pertence ao governo francês vendeu sua participação na Light e reduziu
drasticamente seu tamanho no país, permanecendo apenas com ativos de geração
termelétrica. Mas no ano passado, o presidente da companhia esteve no país e
falou publicamente do desejo da empresa de ampliar presença no Brasil.
Já o grupo nacional Energisa não é mais novato no
setor de eólicas. No ano passado, a empresa, que pertence à família mineira
Botelho, venceu o leilão de eólicas e vai construir parques com capacidade de
gerar 150 MW de energia. A Energisa tem saído às compras nos últimos meses e compra
uma série de pequenas centrais hidrelétricas. Segundo fonte do mercado
financeiro, a proposta do grupo, entretanto, para a Desa não seria a de comprar
a totalidade dos ativos, mas sim em fazer parceria.
O controle da Dobrevê Energia pertence à família dona
do grupo Malwee e 25% está nas mãos de um fundo da família que controla a
empresa de cosméticos Natura.
Mercado
de alto luxo no Rio carece de comprador
Por Paola de Moura | Do Rio
Patrícia, da Judice & Araujo: "Quando
surge um imóvel de alto padrão é necessário buscar o comprador. "Muitas
vezes, acionamos a rede mundial da Christie"s"
As avenidas Delfim Moreira e Vieira Souto são
sinônimos de status no Rio de Janeiro. Sonho e desejo de nove entre cada dez
cariocas, além de outros brasileiros e muitos estrangeiros, os preços dos
imóveis com vista para o mar fazem este mercado andar na contramão da maior
parte das negociações imobiliárias no Rio. Enquanto em outros trechos da zona
Sul, um apartamento com preço menor é vendido, na maioria das vezes em menos de
um mês, imóveis de alto luxo, não só na linha do mar, como também na Lagoa, ou
ainda casas de alto luxo no Jardim Botânico e na Gávea, levam até um ano para
serem negociadas. Isto, mesmo sem uma grande oferta no mercado.
Com preços que começam em R$ 5 milhões e podem
chegar a R$ 40 milhões, esses imóveis não são beneficiados pelo farto crédito
do mercado financeiro e, por isso, são negociados à vista.
O Rio de Janeiro é uma cidade cara. Na maior parte
das cidades no mundo, imóveis de alto luxo começam com preços em torno de US$ 1
milhão. Aqui, imóveis no Leblon ou Ipanema de três quartos perto da praia podem
custar R$ 2 milhões, R$ 2,5 milhões, lembra Patrícia Judice, diretora da Judice
& Araujo. A corretora faz parte da Christie"s International Real
State, uma rede de imobiliárias que negocia imóveis em mais de 40 países, com
um volume de vendas estimados em US$ 100 bilhões por ano.
Patrícia explica que apartamentos na Delfim Moreira
chegam a custar R$ 40 mil o metro quadrado, o dobro da média no Leblon que é de
R$ 20 mil, o bairro mais caro do Rio. Só para se ter uma ideia dos preços no
Rio, um imóvel de 70 metros quadrados na Gávea chega a custar R$ 1 milhão.
"Mas para eles, há sim fila de espera".
Já para os apartamentos de alto luxo da zona Sul do
Rio, a busca ainda é inversa. "Quando surge um imóvel de alto padrão é
necessário buscar um comprador", conta a diretora. "Muitas vezes,
acionamos nossa rede mundial através da Christie"s", completa.
Patrícia acrescenta que há investidores estrangeiros interessados neste
mercado, mas há também famílias cariocas que estão enriquecendo e procuram
morar num imóvel que traga mais status.
A diretora conta que no ano passado vendeu um
apartamento na Delfim Moreira para um casal, no segundo casamento, que já
morava numa rua interna do Leblon, mas queria ter um imóvel com vista para o
mar. Os dois pagaram cerca de R$ 10 milhões por um apartamento de 300 metros
quadrados.
Mas não é fácil encontrar esse comprador. Rodrigo
Feliciano, diretor Comercial da Brasil Brokers Ética, conta que, como as
negociações são com valores altos, elas são mais lentas. "Quem vende, não
quer ser muito incomodado com as visitas. E quem compra não quer aparecer tanto",
diz o diretor. Mas, para facilitar o negócio, já há quem aceite parcelar o
pagamento em duas ou três vezes, num prazo de seis meses. "E também
existem casos em que outros imóveis entram no pagamento".
Um exemplo da longa negociação da Brasil Brokers
Ética foi um apartamento de três suítes, com três vagas na garagem, na Prudente
de Moraes, a segunda rua de Ipanema, que foi posto no mercado por R$ 4,5
milhões. Foram sete meses esperando um comprador e, no fim, o imóvel foi
vendido a R$ 4 milhões.
Apesar disso, os dois diretores ainda veem bom
negócios na região. "Há muitos imóveis que são vendidos em herança",
diz Patrícia. "A zona Sul continua sendo o desejo de carioca. Muitos
querem, mas poucos podem comprar", conclui Feliciano.
Galeto's
muda gestão, mas segue discreto e conservador
Por Cynthia Malta | De São Paulo
Galeto"s, rede de 15 restaurantes cujo
carro-chefe é o frango desossado, chega aos 40 anos em meio a uma
profissionalização silenciosa. A família discretíssima do fundador Adelino Gala
não toca mais o negócio. A gestão é feita por cinco profissionais, donos de 10%
da empresa. A estratégia em curso é conservadora: crescer com caixa próprio,
sem abrir franquias e sem sócios investidores. A decisão foi tomada há três
anos e gestores e controladores não veem motivos para mudá-la. O faturamento
cresce e o número de clientes, também.
O engenheiro agrônomo Walter Magalhães da Silva, às
sete da manhã já está na sede da empresa no bairro de Santo Amaro, na zona sul
da capital paulista. Comanda uma equipe de 870 funcionários, sendo 120 só na
cozinha central, instalada no andar térreo da sede. Ele começou a trabalhar no
Galeto"s como consultor em 1995, quando estabeleceu parâmetros para todos
os produtos - desde o carvão usado nos fornos até os tipos de carnes, frutas e
verduras.
Descobriu, por exemplo, que o carvão mais eficiente
é o de eucalipto, depois de testes na Universidade de São Paulo (USP) e no
Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), de Campinas. "Fizemos o mesmo
tipo de trabalho, estabelecendo parâmetros, para todos os produtos", disse
Silva. O número de fornecedores caiu 40%. A BR Foods, que fornece os
franguinhos da marca Sadia, e a Femsa, que vende as bebidas, são parceiros de
longo prazo.
No caso das verduras, a opção foi centralizar as
compras em três fornecedores. Mas Silva renegociou preços. As verduras costumam
ficar mais caras entre novembro e março - a época mais chuvosa do ano.
"Estabelecemos um preço médio para o ano", diz ele. As frutas são
compradas no Ceagesp, a maior rede pública de armazéns e atacadistas do mercado
paulista.
A estratégia do Galeto"s é produzir boa parte
do cardápio "em casa, de forma artesanal", diz o executivo. Na
cozinha central, em Santo Amaro, funcionários vestidos de branco produzem
massas recheadas, "gnocchi", molho de tomate, o pesto. As frutas são
cortadas e embaladas em porções individuais. As mercadorias são despachadas aos
restaurantes por quatro caminhões, que começam a rodar às seis da manhã. Os
restaurantes de Brasília e Rio têm cozinhas maiores pois estão longe da sede.
São consumidos cerca de 3 mil frangos por dia, o
carro-chefe e insígnia da rede, o que não impede que esteja em aumento o
consumo de picanha. Estão sendo testados pratos com robalo e tambaqui.
Silva quer atrair mais clientes com mais opções
para a "happy hour" e o jantar. Atualmente, o maior movimento é na
hora do almoço, com cerca de 150 mil clientes por mês, em média. Na "happy
hour" são 8 mil. Para aumentar a frequência a partir das seis da tarde, os
restaurantes fazem promoção: o consumidor que gastar mais de R$ 21 em bebidas,
ganha os petiscos. Mas Silva diz que, para atrair mais jovens, a iluminação e o
som ambiente devem mudar e o atendimento deve ser mais informal. A meta é
ambiciosa: aumentar o faturamento do período noturno em 50% em oito a dez
meses.
Há um ano, o Galeto"s vem testando outro
formato: o Pandaréu. É um restaurante de comida natural instalado no Shopping
Vila Olímpia, em São Paulo. Vende de 200 a 300 almoços por dia. O tíquete médio
é de R$ 14 - bem abaixo dos R$ 52 da marca Galeto"s. O plano para o
Pandaréu é abrir lojas próprias em São Paulo e Rio de Janeiro nos próximos três
anos. O número de unidades ainda está sendo definido. Mas já se sabe que o
investimento é bem inferior ao de um restaurante novo da marca Galeto"s,
na faixa entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões.
O comando do Galeto"s - Silva trabalha com os
diretores Eduardo Alves, Ernesto Alves, Sandro Rodrigues e Juarez Rocha dos
Reis - tem dedicado mais atenção à gestão de pessoas. Dos 870 funcionários
atuais, cerca de 180 ocupam cargos de comando. A rotatividade de mão de obra no
setor de restaurantes é alta e no caso do Galeto"s não é diferente. Em cargos
de menor escalão, é de 40% ao ano.
"Temos nos empenhado mais em formar pessoas.
Fizemos uma parceria com o Senac para [treinar] gerentes de lojas", diz
Silva, dando um exemplo. "Já formamos mais ou menos 80 pessoas, entre
baristas, chefes de cozinha, sommeliers, estoquistas e gerentes de
administração".
Silva, assim como a família Gala, é discreto e
prefere não revelar o faturamento da empresa. Em 2011 - embora tenha sido um
ano difícil para os negócios, com a economia em desaceleração -, a rede
Galeto"s conseguiu aumentar em cerca de 30% o número de clientes e em
quase 80% as vendas.
Para este ano, o plano é abrir mais dois a três
restaurantes, com foco em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. O número de
funcionários está próximo de superar a marca de 1.000. Em maio deverá ser
inaugurada uma unidade em Ribeirão Preto (SP). Belo Horizonte, Salvador e
Campinas são mercados em avaliação.
Testes
em turbinas Santo Antônio são adiados
De São PauloOs novos testes nas turbinas da usina
hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), que deveriam ter início
nesta semana, ficaram para o fim do mês de fevereiro, segundo fontes próximas à
concessionária. Isso significa que o início da geração deve acontecer somente
em março, com um atraso de quase três meses em relação ao cronograma aprovado
pelo órgão regulador.
O consórcio de fornecedores liderado pela Alstom, e
que é composto pela Voith e a Andritz, já identificou qual o problema das
turbinas, mas somente os testes poderão confirmar o diagnóstico. A usina que
está sendo construída no rio Madeira deveria ter entrado em operação em
dezembro do ano passado. Mas as turbinas superaqueceram por um problema no
mancal, que circunda o eixo da turbina. Os fornecedores entendem que peças de
acoplagem do mancal é que estão com defeito e com isso esperam que já em março
as turbinas estejam operando.
Se os novos testes saírem a contento, é esperado
que um número maior de turbinas entre em operação, recuperando o atraso. Neste
mês, a terceira turbina começaria a operar e com isso a usina estaria com
capacidade de gerar 225 MW de energia. A capacidade total de Santo Antônio é de
3.150 MW e os contratos com o governo federal valem a partir de dezembro deste
ano. A receita com antecipação da geração seria dividida entre os fornecedores,
o consórcio construtor e os sócios da usina.
Os prejuízos com o atraso ainda não são sentidos
porque somente a partir de março é que a empresa tem energia negociada no
mercado livre. A Santo Antônio Energia não quer falar sobre o assunto e disse
apenas, por meio de nota, que o problema já foi diagnosticado, que está
trabalhando para minimizar os impactos no cronograma. (JG)
CARREIRA
Quando a
empresa vai para o divã
Por Emma Jacobs | Do Financial Times
Simon (nome fictício), um designer gráfico de 42
anos, submeteu-se recentemente a algumas sessões de terapia de grupo e
individual. Não por iniciativa própria, mas da empresa em que trabalha -que
pagou pelas sessões. A terapia foi desencadeada pela crise de relacionamento
entre os cofundadores da companhia. Eles eram amigos, mas a parceria
profissional começou a se desgastar com o crescimento dos negócios. Diante
disso, resolveram fazer terapia de duplas para melhorar seu relacionamento e,
depois, encaminharam altos executivos como Simon a consultas com o terapeuta.
"No curto prazo houve mais tensões e
inseguranças, pois as coisas vieram à tona, as pessoas se sentiram vulneráveis
e todos ficaram um pouco confusos", diz. "Era como se os alicerces do
nosso local de trabalho tivessem deixado de ser estáveis."
No entanto, ele garante que no longo prazo a
terapia patrocinada pela empresa revelou-se de valor inestimável. "Depois
do terremoto, deixamos a poeira baixar e tudo ficou bem melhor. Foi uma boa
oportunidade de dizer coisas com a ajuda de um mediador na frente dos meus
chefes."
Gillian Lock, uma psicoterapeuta de Londres,
trabalhou com diversas organizações de setores que vão desde construção civil
até televisão. "Meu papel é segurar um espelho para as pessoas, de forma
que elas possam ver que tipo de impacto estão tendo sobre as outras", diz.
Formada pela Universidade de Princeton, Lock
acredita que sua carreira anterior de arquiteta lhe dá as condições de fazer a
ponte entre o universo da terapia e o empresarial. "Tenho experiência em
administrar, sei o que é isso."
Antes de estudar para ser terapeuta, 15 anos atrás,
ela foi diretora da BDG McColl, parte do grupo de mídia WPP que atua no
segmento de arquitetura e design de interiores. Antes disso, trabalhou na
construtora Mace. "A psicoterapia, tanto quanto a arquitetura, é uma arte
e uma ciência. Não se pode ser inflexível com relação às suas próprias ideias,
tem-se de estar preparado para repensá-las e reduzi-las a pó", ressalta.
Uma parte crescente de seu trabalho, que inclui
terapia de casal, terapia individual e orientação empresarial, é o atendimento
a sócios de uma empresa. "No ambiente de trabalho pode haver conflitos,
pois você não traz apenas sua "persona" profissional ao trabalho, mas
toda a sua formação", afirma.
A introdução de um terapeuta pode lançar luz sobre
alguns dos problemas psicológicos que estão por trás de comportamentos no
trabalho. "Às vezes, os dois sócios não entendem de onde surgem os
conflitos."
Assim como no casamento, a chegada da dupla
empresarial na pequena sala, com paredes cobertas por estantes de livros,
normalmente é desencadeada por uma crise. E, também a exemplo do que acontece
com o casamento, seu papel não é obrigar o casal a continuar junto; um bom
resultado poderá ser ajudá-los a se separar.
Ela destaca que a função dos terapeutas não é
aconselhar, e sim ajudar as pessoas a fixar metas e a descobrir o impacto de
seu comportamento sobre os outros, "como ele faz a outra pessoa se sentir."
Lock dá o exemplo de uma sociedade responsável pela
fundação de uma empresa de relações públicas. Os dois profissionais disseram
que queriam continuar juntos, mas que não conseguiam imaginar como. Um dos
maiores problemas era que um dos sócios achava que o outro o impedia de assumir
um papel mais criativo. "Quando começamos a destrinchar a situação,
tentamos ver por que ele se tinha permitido ficar preso nesse papel e não
assumia responsabilidades".
Depois da terapia, a parceria continuou e a empresa
prosperou. Há pouca diferença, diz Lock, entre trabalhar em terapia de casal e
com sócios no mundo corporativo. "As pessoas têm de ser tão sinceras
quanto sentem que é possível e tentar se expressar gentilmente."
No entanto, acrescenta, sua formação lhe permite
"conviver com sentimentos difíceis". E as emoções que afloram de
sessões desse tipo podem ser incrivelmente fortes. Uma das cenas mais
memoráveis do documentário "Some Kind of Monster", sobre a terapia de
grupo a que se submeteu a banda de heavy metal americana Metallica, foi um
confronto entre o cantor e guitarrista James Hetfield e o baterista Lars
Ulrich.
Como melhores amigos por mais de duas décadas, os
dois foram obrigados a encarar a luta pelo poder que travavam na época. Em
certo momento, Ulrich finalmente reconhece que se incomoda com o desejo de
Hetfield de controlar tudo. "Eu simplesmente acho que você é muito
centrado em si mesmo", diz, percorrendo a cozinha do estúdio. "Você
diz que eu sou controlador, eu acho o contrário. Você controla mesmo quando não
está aqui". Em pouco tempo, a conversa amigável se transforma em um
confronto físico na medida em que ganham força os xingamentos pronunciados na
surdina por Ulrich, até configurar um rugido de impropérios.
Durante dois anos e meio de sessões diárias, o
grupo - no passado rotulado de "Alcoholica" - imergiu na linguagem
terapêutica. Suas roupas de couro e seu cabelo eriçado contrastavam com os
pulôveres em tons pastel de Phil Towle, o orientador introduzido, ao que
consta, por US$ 40 mil mensais pelos empresários do grupo. Segundo Ulrich, o
valor foi bem gasto. "Por causa de Phil, estamos tendo o melhor
relacionamento de todos os tempos", disse ele em recomendação no site de
Towle.
Mas terapia funciona sempre? Simon acha que depende
da empresas (ou do grupos de rock). Sua experiência foi boa porque a cultura de
seu local de trabalho estimula a empatia. "Já havia uma certa dose de
consideração pela vida pessoal das pessoas no escritório", afirma. "É
uma empresa muito humana". Mesmo assim, ele conta que em sua empresa houve
uma colega extremamente hostil à terapia.
"Ela achava que era uma completa perda de
tempo". É um argumento que Lock reconhece, dizendo que muitos setores são
durões e resistentes a uma linguagem abertamente afetiva. Consequentemente, nem
sempre ela chama seu trabalho de "terapia". A especialista, contudo,
está otimista quanto ao futuro da terapia no ambiente de trabalho.
Em parte porque há um número crescente de
terapeutas buscando pacientes individuais, mas também porque a cultura
corporativa está ficando mais receptiva a serviços que melhoram o bem-estar e a
produtividade do funcionário. "Podemos ajudar uma empresa a recuperar sua
energia, o que é importante em períodos de recessão", diz ela.
FINANÇAS
Caixa
testa serviço móvel como opção à internet
O internet banking não é mais a única forma de
levar as agências bancárias até o cliente. Um equipamento móvel de apenas 400
gramas, já utilizado em outros segmentos da economia, foi adaptado para o
sistema financeiro e começa a ser usado por grandes bancos de varejo.
Importada da Coreia do Sul, a BIP 1300 chega para
complementar e não para concorrer com o internet banking. A grande diferença é
que ela permite fazer, fora do ambiente físico das agências, transações que
exigem a presença de um funcionário do banco, como abertura de contas e
cadastramento de senhas de cartão de débito.
A Caixa Econômica Federal saiu na frente e, após
testar 600 unidades, disponibilizou recentemente quase 5 mil das novas
maquininhas para sua rede de agências, informou ao Valor o vice-presidente de
atendimento da instituição, José Henrique Marques da Cruz.
Outros três grandes bancos também estão testando a
novidade, disse Mauro Henrique Ferrer de Castro, diretor-presidente da Prime
Interway, empresa que distribui com exclusividade a BIP 1300 no Brasil.
Por impedimento contratual, ele não revela que
instituições financeiras são essas. Mas acredita que pelo menos duas delas não
vão demorar para seguir o exemplo da Caixa.
Castro prevê importar este ano 13 mil novas
unidades do equipamento, fabricado pela empresa sul-coreana Pidion. Isso
representa quase 40% de tudo que foi importado desde 2009 (cerca de 18 mil),
quando as primeiras máquinas chegaram ao Brasil.
O processo licitatório feito pela Caixa lhe permite
adquirir até 7.810 unidades. Mas, segundo José Henrique da Cruz, "5 mil
suprem a necessidade atual e a expansão da rede para os próximos anos".
Portanto, as 13 mil a serem importadas este ano pela Prime vão para outras
empresas, sobretudo bancos.
Quem já comprou lanche em avião provavelmente já
viu o equipamento. A máquina que serve para levar a agência bancária até o
cliente é a mesma usada pelas companhias aéreas para fazer vendas a bordo. O
que muda são os aplicativos, diz Oswaldo Henrique Bastos Salles, presidente da
Mob-up Inovações Tecnológicas, empresa que desenvolveu os aplicativos para a
Caixa Econômica Federal.
A Mob-up e a Prime são parceiras no consórcio que
venceu a licitação feita pelo banco estatal.
O sistema financeiro responde por 27% das unidades
vendidas até hoje no Brasil, basicamente por causa da Caixa. Outros 20% estão
com o setor público não-financeiro.
O presidente da Mob-up conta que a BIP 1300 é
usada, por exemplo, por órgãos estaduais de trânsito na emissão de autos de
infração e multas. Com a máquina em mãos e conectada à distância aos
computadores da entidade ou órgão fiscalizador, o fiscal ou guarda de trânsito
imprime o documento no próprio local e o entrega na hora ao motorista infrator.
Mauro Castro, da Prime, conta que a máquina tem
sido usada ainda por empresas de transporte de carga. De onde estiver, o
motorista imprime o chamado "Danfinho", versão reduzida do Documento
Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica (DANFE).
"Em um só equipamento você tem um terminal
móvel de dados com leitor de código de barras, leitor de cartões de crédito e
de débito, impressora, WI-FI, Blouthooth e GSM/GPRS", explica ele.
Osvaldo Salles, da Mob-up, acrescenta que, no caso
dos bancos, a BIP 1300 serve para fazer as mesmas operações que são feitas nos
caixas das agências, com exceção das que envolvem movimentação de papel-moeda.
Em tese, até depósitos e pagamentos em cheque podem ser recebidos, embora a
Caixa ainda não tenha feito essa opção.
A versão que vem da Coreia do Sul não tem leitor de
cheque. Mas a Mob-up desenvolveu um leitor próprio para acoplagem na BIP 1300,
informa Salles. Se o banco quiser, "a solução está pronta", diz.
O equipamento tem ajudado a Caixa a ganhar
correntistas entre empregados de sua clientela de pessoas jurídicas, ao
permitir a abertura de contas bancárias no local de trabalho, exemplifica José
Henrique da Cruz.
Uma equipe de funcionários do banco vai até a
empresa, levando as maquininhas, para que os trabalhadores não precisem ir à
agência.
A abertura de conta corrente é um dos procedimentos
que não são possíveis via internet. O preenchimento e envio de formulários podem
até ser feitos dessa forma. A entrega de documentos, por sua vez, pode ser
feita pelos Correios ou por mensageiro do banco. Mas o processo só se completa
com cadastramento da senha de débito, o que exige ida ao banco, observa o
vice-presidente da Caixa.
Quanto aos terminais de autoatendimento, ele lembra
que, além de não serem móveis, não cadastram senha de débito de conta corrente.
A Caixa também tem usado a novidade no próprio
ambiente físico das agências, como mecanismo "papa-filas", diz o
vice-presidente da estatal. As máquinas têm servido principalmente para atender
os beneficiários do programa Bolsa Família.
Segundo ele, existe uma grande demanda desse
público por recuperação de senha de débito, o que tem sido feito com ajuda da
BIP 1300.
Crise da
dívida compromete resultado do Deutsche Bank
David McHugh | AP
A crise da dívida da zona do euro cobrou seu preço
do Deutsche Bank da Alemanha e de suas divisões de banco de investimentos,
fazendo com que seu lucro líquido do quarto trimestre caísse 69%, para € 186
milhões. O lucro líquido recuou para níveis muito inferiores aos estimados
pelos analistas, reunidos pela FactSet, de €492,5 milhões, e são
desfavoravelmente comparados aos € 605 milhões registrados no mesmo trimestre
do ano anterior. O total da receita líquida recuou 7%, para € 6,89 bilhões.
Os resultados refletiram a turbulência e o
pessimismo do mercado nas últimas semanas de 2011 em torno das chances da União
Europeia (UE) de administrar o excessivo volume de dívida governamental de
alguns países em meio a uma economia em desaceleração.
A crise se abrandou um pouco desde o encerramento
do trimestre, com a alta das ações e maior facilidade dos governos em tomar
empréstimos. Mas o resultado imprimiu, mesmo assim, uma nota melancólica à
despedida do principal executivo, Josef Ackermann, que presidiu ontem sua
décima e última entrevista coletiva anual à imprensa antes de deixar o cargo,
em 26 de maio.
Ackermann chamou a atenção para o resultado do ano
como um todo - um aumento de 86% do lucro do ano inteiro, para € 4,3 bilhões, a
partir dos € 2,3 bilhões de 2010. A receita de 2011 aumentou 16%, para € 33,2
bilhões. Ele disse que a maior ênfase dada pelo banco às operações bancárias
básicas ao consumidor - impulsionadas por sua aquisição, em 2010, do banco de
varejo Postbank - tinha proporcionado ao banco uma base mais estável de lucros
do que a fornecida pelos lucros do banco de investimentos, mais voláteis,
decorrentes das transações e fechamentos de negócios. "Tivemos de
enfrentar circunstâncias externas extremamente adversas no segundo semestre de
2011", reconheceu em seu discurso.
Pelo critério antes dos impostos, o banco, na
verdade, perdeu € 351 milhões. O resultado final mostrou um lucro devido de
€537 milhões em benefícios fiscais contabilizados durante o trimestre por conta
de mudanças do lançamento contábil dos benefícios fiscais diferidos, segundo o
banco.
O Deutsche Bank informou que a crise da dívida fez
os investidores fugirem das aplicações de maior risco e reduziu as atividades
de mercado que originam seus ganhos.
O banco corporativo e de investimentos da
instituição - que abriga suas divisões de fusões e aquisições e transações com
valores mobiliários - assistiu a uma queda de 26% da receita no quarto
trimestre, dos € 4,6 bilhões do mesmo período do ano anterior para € 3,4 bilhões.
O lucro gerado pela transação com bônus e com outros títulos representativos de
dívida caiu 35%, enquanto as transações de participações acionárias como ações
arrecadaram receita 38% menor.
A turbulência do mercado na UE fez com que um
número menor de empresas levantasse capital por meio da emissão de ações ou
venda de bônus, e houve menos fusões e aquisições. A gestão dessas atividades é
a forma pela qual os bancos de investimento ganham dinheiro. A receita foi
"severamente afetada pelos menores volumes de emissões e pela redução da
atividade de negociação", disse Ackermann. "A influência dos
desdobramentos políticos, da alta volatilidade e da iminência de uma
desaceleração da economia sobre os mercados pesou intensamente sobre as fusões
e aquisições, bem como sobre os negócios de originação de participações
acionárias e de títulos de dívida."
A turbulência da zona do euro obrigou o banco a
abandonar, em outubro, sua estimativa de € 10 bilhões em lucros para 2011.
Ackermann vai passar a liderança para uma nova equipe de direção, formada pelo
co-principal executivo, Ashu Jain, e por Jürgen Fitschen, depois da assembleia
dos acionistas do banco agendada para maio.
O Deutsche Bank se saiu melhor nas operações
bancárias de varejo, uma vez que sua divisão de clientes privados e
corporativos contribuiu com um aumento de receita em 22% no quarto trimestre,
refletindo a contribuição do Postbank.
INVESTIMENTOS
Pacific
marca volta de empresas da AL
Silvia Rosa | São Paulo
Paralisadas desde a crise financeira de 2008, as
listagens de companhias estrangeiras, principalmente da América Latina, na
bolsa brasileira começam a voltar. A empresa colombiana de óleo e gás Pacific
Rubiales iniciou ontem as negociações de recibos de ações (Brazilian Depositary
Receipts, BDR na sigla em inglês) Nível II na BM&FBovespa.
Na próxima terça-feira será a vez da incorporadora
imobiliária TGLT, listada na bolsa de Buenos Aires e que tem como principal
acionista a PDG Realty, iniciar a negociação dos BDRs na bolsa brasileira.
"Ainda temos mais uma operação em análise que deve vir a mercado até o fim
do primeiro semestre", destaca Adelmo F. Lima Filho, gerente de produtos
de Depositary Receipts da Itaú Corretora.
Essas ofertas fazem parte de programas patrocinados
de BDRs, em que as empresas são responsáveis pela listagem.
A Itaú, que é depositária das ações da Pacific, tem
hoje seis programas de BDRs patrocinados e dez não patrocinados - certificados
com lastro em ações de companhias listadas no exterior em que as instituições
financeiras são responsáveis por trazerem os ativos para serem negociados no
mercado brasileiro.
O executivo da Itaú vê interesse principalmente de
empresas da América Latina que atuam em setores com forte presença no Brasil.
A Pacific Rubiales é listada nas bolsas do Canadá e
da Colômbia, e suas ações são as mais líquidas do mercado colombiano, com
negociação média diária de US$ 13,02 milhões e valor de mercado de US$ 7,28
bilhões. "Nosso objetivo com a listagem na bolsa brasileira é aumentar a
base de investidores, já que o país é o maior mercado financeiro da América
Latina", diz José Francisco Arata, presidente da Pacific.
Na próxima segunda-feira, começam a ser negociados
mais dez programas de BDRs não patrocinados, que serão trazidos pelo Citibank.
Esse novo lote reúne empresas como Dell, Ford Motors, LinkedIn, Netflix, Philip
Morris, Verizon Communications, entre outras.
A aplicação nesses ativos é voltada para
investidores institucionais como fundos de investimento e de previdência
complementar. No ano passado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) colocou
em audiência propostas de alteração da Instrução 409, permitindo a oferta de
fundos de BDRs para investidores qualificados, com mais de R$ 300 mil em
aplicações.
Pessoas físicas, no entanto, só podem negociar os
BDRs se tiverem investimentos financeiros acima de R$ 1 milhão. "A CVM
poderia baixar a régua também para as pessoas físicas com investimentos acima
de R$ 300 mil", afirma Filho, da Itaú Corretora.
O Bradesco lançou em dezembro do ano passado o
primeiro fundo de BDRs Nível I do mercado, que acumulava, até janeiro,
patrimônio de R$ 9,8 milhões e apresentava queda de 2,04% no ano.
A liquidez dos BDRs não patrocinados, no entanto,
ainda é muito baixa. "O mercado ainda está passando por uma curva de
aprendizado sobre o produto", destaca Filho, da Itaú.
Além disso, a incidência do Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF), de 6%, para o investidor estrangeiro no fechamento do câmbio
para a montagem do BDR também desestimula as operações de arbitragem. O decreto
6.306, editado no ano passado, isentou o imposto para a aplicações de
investidores estrangeiros em ações brasileiras, mas o benefício não foi
estendido para o BDR.
SUPLEMENTOS
Inadimplência
sobe e reduz lucro da Neoenergia
Marcelo Mota | Do Rio
A Neoenergia, holding de energia elétrica que
controla ativos de geração e as distribuidoras de Bahia (Coelba), Pernambuco
(Celpe) e Rio Grande do Norte (Cosern) lucrou R$ 1,55 bilhão no ano passado,
12,7% menos que em 2010. No último trimestre, o resultado caiu 28,2%, em
comparação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 313,8 milhões. A queda,
porém, não se deve à capacidade de geração de caixa da companhia, que cedeu
apenas 2,7%, no ano, e 12,4%, no trimestre, para R$ 2,97 bilhões e R$ 679,7
milhões, respectivamente.
O que mais pesou sobre os resultados, segundo o
presidente da empresa, Marcelo Corrêa, foi o aumento de provisões por despesas
com mudanças regulatórias e a inadimplência que vem resultando desse novo
cenário. A Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) da Neoenergia
foi incrementada em R$ 227 milhões, quase tudo concentrado na contabilidade do
segundo semestre.
Mas as perdas para as quais a Neoenergia já prepara
seu balanço fazem parte da crônica de um processo anunciado já em 2010, com as
mudanças nas regras.
Enquanto a companhia fez 640 mil novas ligações
dentro do Programa Luz para Todos, desde 2004, somente com a Lei 12.212, dois
milhões de consumidores de baixa renda na região da Neoenergia perderam o
incentivo que tinham para a conta de luz e precisam agora ser recadastrados
para voltar a tê-lo. Como a área de concessão é ampla e o acesso a algumas
regiões remotas é precário, Corrêa estima que o trabalho para arrebanhar
novamente essa parcela dos 9,4 milhões de clientes que tem e adicioná-los ao
Cadastro Único do Governo Federal demore até meados de 2013.
Dos 8,2 milhões de clientes residenciais da
Neoenergia, 4,6 milhões são famílias de baixa renda. Sem a tarifa social, a
conta de luz de quem consumia até 80 quilowatts-hora (kWh) por mês triplicou,
até que a residência seja recadastrada. "Se o consumidor não tem renda,
não paga. Se não paga, a energia é cortada. Se é cortada, volta para o roubo de
energia", conta Corrêa. Mas, com as mudanças nas regras promovidas pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), também em 2010, a companhia já
não consegue cobrar mais do que três meses de atraso. Daí a necessidade de uma
provisão para perdas mais conservadora no balanço.
Além disso, segundo a Neoenergia, essas mudanças
geraram a necessidade de montar estruturas mais próximas ao cliente, o que
adicionou R$ 50 milhões de custo à companhia por mês. Somente no ano passado, a
companhia investiu R$ 2 bilhões. "Uma parte é melhoria de qualidade, mas
outra é esse trabalho de recadastramento", disse o presidente da
Neoenergia.
Questões como essa já foram mazelas de regiões de
baixo desenvolvimento que pesavam na balança de investidores estrangeiros,
antes de se aventurarem a investir no país. Hoje, são problemas do novo mundo,
bem menos desanimadores que as perspectivas de recessão no velho mundo. É essa
perspectiva que faz a espanhola Iberdrola, sócia da Neoenergia com 39%, lutar
para elevar essa participação ao menos ao nível de controle.
Segundo fontes próximas ao processo de
reorganização societária, a Iberdrola pretende deter ao menos 60% de
participação da companhia. Para que se abrisse espaço no capital para os
espanhóis aumentarem sua fatia, teriam de ser reduzidas as participações da Previ,
a caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil (BB), que detém
49,01%, e do próprio BB, que possui 11,99%.
As possibilidades cogitadas envolvem ainda a
entrada no capital do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), maior credor da Neonergia, que, por meio da BNDESPar, sua empresa de
participações, poderia adquirir 15%. Nesse caso, o BB venderia sua parte e a
Previ ficaria com 25%, o que enquadraria a participação a seus limites
desejáveis de investimento por empresa. A decisão sobre qual o melhor formato a
ser adotado, ainda segundo fontes, está no Palácio do Planalto.
AGRONEGÓCIOS
Ano de
preços mais baixos para o açúcar
Fabiana Batista | De São Paulo
Diante da falta de definições sobre o tamanho da
safra no Brasil e em outros países produtores de açúcar, tais como Índia e
Tailândia, os futuros da commodity vêm andando de lado em 2012. Segundo
levantamento do Valor Data, neste ano a commodity acumula leve queda de 0,22%,
já considerando o fechamento de ontem, quando o contrato para maio encerrou valendo
22,90 centavos de dólar por libra-peso, retração de 17 pontos.
Na comparação com as cotações registradas em igual
momento do ano passado, o resultado é um preço muito menor. Em 2 de fevereiro
de 2011, o contrato 11 em Nova York batia níveis acima de 30 centavos, mais
especificamente 32,76 centavos de dólar por libra-peso, 39% maior. Mesmo no
mercado interno brasileiro os preços já estão 20% menores. O indicador
Cepea/Esalq para o cristal teve leve alta de 0,03% ontem a R$ 61,33 a saca de
50 quilos.
Em relatório divulgado ontem, a consultoria inglesa
Czarnikow previu que os preços do açúcar em muitos mercados locais tendem a ser
mais baixos em 2012 do que no ano passado. A volta do superávit global da
commodity está no centro dessa premissa.
A própria Czarnikow reconhece que neste momento é
difícil prever com exatidão qual será o aumento de produção da commodity nos
países produtores. Mas aposta que esse incremento virá do Centro-Sul do Brasil,
da Tailândia, da União Europeia, da Rússia e da Índia.
De qualquer forma, as incertezas na economia
mundial seguem deixando a visão desse mercado ainda mais turva. O aperto das
condições de crédito, segundo a Czarnikow, já estão impactando o acesso de
produtores aos instrumentos de hedge e também devem tornar mais difíceis as
captações para a atividade operacional, especialmente no começo da safra.
"Nós acreditamos que as indústrias vão ficar
sob pressão para gerar caixa no começo do ciclo. Com isso, é fácil antever que
haverá competição para mover a produção da nova safra".
Quem deve se beneficiar desse cenário de preços
mais baixos são os consumidores, acredita a consultoria. "Esses
compradores tendem a se beneficiar da baixa dos preços mundiais do açúcar por
meio de uma vantajosa paridade de importação, que vai voltar a dar espaço para
queda também dos preços domésticos", afirma a Czarnikow em seu relatório.
O Barclays Capital também divulgou análise na qual
antevê que a volatilidade no mercado de açúcar continuará em 2012, no entanto,
com menor risco de alta do que no ano anterior, o que traz condições ainda mais
favoráveis para o lado comprador. O banco de investimento antevê ainda que a
produção global de açúcar no ciclo 2011/12 vai crescer 4,2%, diante de uma
maior produção na Europa, na Austrália, Índia e Tailândia.
Um
recorde difícil de ser repetido em fertilizantes
Fernando Lopes | De São Paulo
Depois de superarem as melhores expectativas e
baterem todos os recordes em 2011, as vendas de fertilizantes no mercado
brasileiro dificilmente manterão o ritmo de crescimento em 2012.
É quase consenso no segmento que, mesmo
capitalizados, os produtores, que investiram pesado na adubação de suas
lavouras no ano passado, tendem a ser mais cautelosos ante as turbulências
financeiras em países desenvolvidos e das projeções de queda dos preços
internacionais das commodities.
Mas, mesmo para quem acredita em perda de fôlego, o
cenário é promissor, já que o patamar alcançado no ano passado é elevado e
quedas bruscas das vendas são praticamente descartadas.
Balanço concluído ontem pela Associação Nacional
para Difusão de Adubos (Anda) surpreendeu até o diretor-executivo da entidade,
David Roquetti Filho. Com mais um salto em dezembro, as entregas das
misturadoras - empresas que produzem os fertilizantes finais a partir da
combinação entre os principais nutrientes necessários - totalizaram 28,3
milhões de toneladas em 2011, 15,5% mais que em 2010 e novo recorde.
Para se ter uma ideia, o segmento iniciou o ano
passado com uma projeção média de aumento das entregas da ordem de 5%. Até o
começo de novembro passado, poucos arriscavam que o volume anual superaria a
barreira de 27 milhões de toneladas.
A partir do resultado obtido e do comportamento dos
preços, a Anda estima que o faturamento líquido no segmento tenha chegado a US$
16,9 bilhões, 47,5% acima de 2010. Em moeda brasileira, foram R$ 27,8 bilhões,
alta de 37,8%.
Roquetti Filho nota a influência do câmbio para a
estimativa em dólar. Ele também observa que os preços dos insumos de fato
aumentaram em 2011 em relação ao ano anterior, em linha com as cotações
internacionais, mas que ficaram abaixo dos picos de 2008.
O executivo lembra que, por depender de importações
para atender à demanda doméstica, o Brasil não escapa de ter sua formação
doméstica de preços atrelada às oscilações externas.
Segundo as estatísticas da Anda, essa dependência
aumentou no ano passado. Foram importadas 19,8 milhões de toneladas de
fertilizantes intermediários, quase 30% mais que em 2010.
Ao mesmo tempo, a produção nacional de
intermediários somou 9,9 milhões de toneladas, aumento de 5,6% em igual
comparação. Os investimentos efetivamente aplicados no incremento da capacidade
nacional de produção foram estimados pela Anda em US$ 838,2 milhões, 29,8%
acima do ano anterior.
A diferença entre os percentuais de crescimento dos
investimentos e da produção nacional em si pode ser explicada pelo longo
período de maturação dos principais projetos em curso, liderados sobretudo pela
Vale e pela Petrobras.
Com foco principal na exploração e produção de
nutrientes derivados do fosfato, a Vale Fertilizantes, maior produtora de
matérias-primas para adubos do país - a empresa não vende produtos acabados -,
investiu R$ 530 milhões de janeiro a setembro do ano passado, conforme
informações divulgadas em seus balanços trimestrais de resultados. No mesmo
intervalo de 2010, foram R$ 526 milhões.
Roquetti Filho observa que, mesmo com a alta dos
preços no ano passado, as relações de troca entre as principais commodities
agrícolas e os fertilizantes foram favoráveis aos agricultores, o que também
ajuda a explicar o salto das vendas, puxadas por soja, milho, cana, café e
algodão.
Essas relações de troca também ajudarão a
determinar o ritmo das vendas em 2012. A expectativa é que elas sigam
favoráveis aos produtores mesmo em caso de queda moderada das cotações das
commodities agrícolas, até porque esse movimento normalmente é acompanhado da
queda dos preços dos adubos.
A RC Consultores, que prevê baixa das commodities
agrícolas em geral neste ano, estima que as entregas das misturadoras aos
clientes finais poderão alcançar 28 milhões de toneladas. Os mais pessimistas
acreditam em um volume mais próximo de 27 milhões.
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