PRIMEIRA PÁGINA
Nova
classe C será dona de empresas
Luiz Henrique tem 14 anos e já passou no primeiro
teste para ser o que sonha: empresário de sucesso. Ele fabricou brigadeiros
para vender e, com o lucro, bancou parte da viagem aos EUA. O tino empreendedor
é um dos retratos da nova classe média - que, em uma década, terá domínio dos
pequenos negócios.
OPINIÃO
Visão do
Correio
Ficha Limpa supre vácuo de legitimidade
A decisão do STF de estampar o selo da
constitucionalidade sobre a Lei da Ficha Limpa estabeleceu o primado da ética e
da moralidade pública na escolha de candidatos a postos eletivos. Era tudo de
que precisava a democracia brasileira para suprir os vazios de legitimidade na
construção do poder político.
Não prosperou a noção de que a nova legislação
eleitoral haveria de sujeitar-se ao princípio da presunção de inocência
previsto no art. 5º da Constituição, ou seja, que o cidadão só será culpado com
a sentença transitada em julgado em caráter definitivo.
Acima de tal preceito prevaleceu a exigência
constitucional de que a probidade é condição indispensável para ocupação de
funções públicas. Como disse a ministra Rosa Weber, "a Constituição não
assegura o direito adquirido à elegibilidade. Ao contrário, a Constituição a
condiciona à moralidade e à probidade".
A Carta Magna exige reputação ilibada àqueles que
devem exercer funções judicantes nos tribunais superiores conforme estabelecem
os artigos 101 e 104. Esse pressuposto significa que não será necessário que o
cidadão esteja desavindo com a Justiça para ser preterido aos cargos das
instâncias mais altas do Poder Judiciário. Basta exibir conduta censurável
segundo os padrões de moralidade prevalecentes na sociedade.
A rejeição da Lei da Ficha Limpa corresponderia a
deferir ao Poder Legislativo do país — em todos os níveis — o privilégio de
admitir em seus quadros membros com histórico manchado. A restrição se aplica
também aos que postulam o voto popular para assumir os Executivos federal,
estaduais e municipais.
Tão importante passo não significa que os políticos
finalmente corresponderão à confiança do eleitor. A lei fruto da vontade
popular tem o dom de impedir a entrada de sujos no processo. Mas não pode
assegurar que o eleito se mantenha limpo no exercício do mandato. É importante,
para prevenir danos ao erário e a necessidade de promover faxinas, que o
parlamentar e o executivo sejam acompanhados de perto por quem lhes deu assento
em palácios ou em casas legislativas.
Em outubro haverá eleições municipais. Os partidos
políticos terão de se renovar. Ficou para trás a velha prática de submeter ao
crivo popular figuras com passado pouco lisonjeiro, mas com influência e
recursos capazes de levá-las à conquista do cargo. As legendas terão de
apresentar caras novas. A sociedade e a imprensa precisam permanecer atentas.
Ninguém tem atestado de lisura eterna.
Façam
suas apostas
Ana Dubex
O Supremo Tribunal Federal decretou aquela que,
talvez, seja sua primeira e única sentença de morte. Depois de quatro sessões e
muitos debates, enterrou de vez — ou ao menos por um prazo bem razoável — as
pretensões dos candidatos condenados ou que renunciaram a seus mandatos para
escapar da cassação e da inelegibilidade. Ao selar a constitucionalidade da Lei
da Ficha Limpa, o STF não apenas abriu o primeiro flanco para melhorar a
qualidade da classe política do país como referendou a vontade popular. Não me
lembro ao certo a quantidade de vezes que comemorei aqui este projeto, desde a
coleta das 1,6 milhão de assinaturas até a aprovação no Congresso e a sanção,
há um ano e oito meses. Enfim, temos motivo consistente para renovar as
esperanças na democracia brasileira.
A Ficha Limpa não é a solução de todos os problemas,
é claro, mas é um símbolo concreto. Diz com todas as letras: um homem público
precisa de reputação ilibada e deve estar acima de qualquer suspeita. O que era
uma necessidade óbvia passou a ser uma realidade impressa na cédula de votação.
A lei, enfim, dá aos eleitores a certeza de que a honestidade e a vida
pregressa são critérios importantes numa eleição. Quem sabe essa sentença não
abre o valioso precedente para que outras medidas sejam acatadas em favor do
fim da corrupção, do descuido com o dinheiro público, da ladroagem, da compra
de votos?
Particularmente, no Distrito Federal, a lei tem
caráter mais definitivo, ao retirar a possibilidade de o ex-governador Joaquim
Roriz disputar as eleições até 2023. Depois de 40 anos de vida política no
Planalto Central, Roriz tem que obrigatoriamente transferir seu cajado
eleitoral às filhas. Não chegou a se despedir. Vai continuar trabalhando nos
bastidores, articulando e, podem apostar, influenciando a conjuntura local. Mas
não há dúvidas de que a sentença do Supremo tem peso importantíssimo na
capital, a ponto de mudar o jogo de forças políticas no DF.
A essa altura, os caciques candangos estão com o
tabuleiro na mesa, já estudando os próximos movimentos, ainda que não haja
eleições municipais por aqui. A ausência de Roriz é a cereja do imenso bolo que
se tornou a política local depois do episódio Caixa de Pandora, o detalhe que
faltava para aumentar a imprevisibilidade das próximas eleições ao Palácio do
Buriti. Façam suas apostas.
A crise
da segurança pública no Brasil
Ana Amélia
Senadora (PP/RS)
A recente paralisação dos policiais militares da
Bahia e a possibilidade de que a greve da categoria ocorra em outros estados
expôs diferentes aspectos do problema da segurança pública. A greve, mesmo
justa, ocorreu na ilegalidade e com a utilização de métodos reprováveis; e
alertou autoridades e a população para a precariedade das condições de trabalho
dos policiais militares. Faltam equipamentos para o enfrentamento da
criminalidade e, principalmente, salários adequados a quem arrisca a vida,
diariamente, para manter a segurança pública.
Como se não bastassem as dificuldades do dia a dia
de respeito à lei e à ordem nas ruas do país, os policiais são obrigados a
conviver com o preconceito e a indiferença dos cidadãos, que não conseguem
perceber a importância da atividade policial para assegurar o cumprimento da
justiça e, assim, garantir a liberdade dos indivíduos, um dos pilares de
sustentação de qualquer democracia.
São poucos os defensores da melhoria das condições
salariais para esses profissionais. No entanto, é comum para outras categorias
de servidores públicos, como médicos e professores. São muitos os que se
proclamam humanistas ao defender invasores de terras, viciados em drogas, detentos
e outras pessoas em situação de conflito com a lei, mas são poucos os que
defendem os policiais pelos maus-tratos que sofrem pela própria sociedade,
constatou, em artigo recente, Luiz Felipe Pondé. Em certa medida, isso acontece
porque os policiais detêm o monopólio legítimo da violência e, portanto, têm a
atividade associada à repressão.
Além de cultural, o descaso com a segurança pública
esbarra em questões federativas. A concentração de recursos financeiros na
União é fator que gera dificuldades para as polícias nos estados. Como a
maioria dos governos não dispõe de recursos para investimentos e melhoria dos
serviços, a segurança fica em segundo plano. Só ganha visibilidade na
confrontação, como ocorreu na Bahia.
Quando o governo federal investe em segurança, o
faz de forma incompleta e ineficaz. O Programa Nacional de Segurança Pública
com Cidadania (Pronasci), constante no Plano Plurianual 2008-2011, não aplicou
os recursos a que se propunha e também não atingiu as metas definidas à época
da sua criação, em 2007. De acordo com o Instituto de Estudos Socioeconômicos
(Inesc), o programa só teve 68% das verbas efetivamente aplicadas e sua meta,
que era diminuir a taxa de homicídios de 26 mortes por 100 mil habitantes, em
2006, para 12 mortes por 100 mil em 2011, permanece em 25 mortes para 100 mil
habitantes.
A situação dos salários dos policiais brasileiros é
grave problema social, de origem federativa. Tramita no Congresso Nacional a
PEC 300, para criar o Piso Salarial Nacional para os policiais, tendo como
referência os salários pagos no Distrito Federal. É um pleito justo, mas os
estados não têm condições de pagar esse piso, e os policiais correm o risco de
ficar na mesma situação dos profissionais da educação, que viram a lei do piso
salarial nacional ser aprovada, mas não veem mudanças nos contracheques. No DF,
os policiais só são bem pagos por causa dos subsídios da União à capital
federal. Sem isso, estariam com os salários também defasados, como os policiais
de todos os estados. O Rio Grande do Sul está na penúltima posição do ranking
salarial para a categoria (R$ 1.375 como valor inicial).
Somado a isso, há o fato de que os policiais
militares ou civis são servidores públicos. Portanto, ainda não têm o direito
de greve regulamentado. O inciso sétimo do artigo 37 da Constituição de 1988
concede o direito de greve aos servidores, mas a Constituição já foi promulgada
há 23 anos, e o Congresso Nacional ainda não aprovou a lei que regulamenta esse
direito, em que pese existam matérias tramitando nesse sentido. Para preencher
o vazio legal, o STF equiparou a greve no setor público às regras aplicadas no
setor privado.
Entre as matérias que regulamentam a greve no
serviço público, há o PLS nº 83/2007, que relatei na Comissão de Assuntos
Sociais do Senado. A proposição define os serviços essenciais que devem ser
prestados à população, em caso de greve, e estabelece as condições para o
exercício desse direito, que é legítimo aos trabalhadores, do setor público ou
privado. Como relatora, incluí, entre outros serviços, as atividades policiais
relacionadas à segurança pública e penitenciária, pois acredito que a
regulamentação seja um passo importante para que categorias profissionais tão
importantes possam reivindicar seus direitos de maneira pacífica, sem prejuízos
para a sociedade.
POLÍTICA
Adeus em
dois atos
Familiares, amigos, políticos e juristas participam da
despedida ao ex-presidente do STF e ex-senador Maurício Corrêa
Josie Jeronimo
Erich Decat
Gabriel Mascarenhas
O legado das ideias, militância e carreira jurídica
de Maurício Corrêa foi lembrado por autoridades, parentes e amigos na última
homenagem prestada ao ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Cerca de
300 pessoas estiveram no velório de Corrêa, realizado no Salão Branco do
Supremo, e no enterro, no Cemitério Campo da Esperança, no fim da tarde de
ontem. Quando o corpo de Corrêa chegou ao Supremo, a viúva do magistrado, Alda
Mara Gontijo Corrêa, emocionou os familiares ao receber o marido com um beijo na
testa e demorado abraço. Ela foi acompanhada pelas três filhas do casal e os
netos.
A morte de Maurício Corrêa, na noite de
sexta-feira, vitimado por uma parada cardiorrespiratória, surpreendeu os
familiares e amigos mais próximos. O ex-ministro passou por uma intervenção
cardíaca para o implante de um marcapasso na segunda-feira, mas estava bem, de
acordo com pessoas próximas. A comoção também tomou conta da família quando o
corpo de Corrêa deixou o Supremo carregado por seis militares até o carro do Corpo
de Bombeiros, que aguardava para iniciar o cortejo pelas ruas de Brasília.
Em meio ao percurso, aplausos e soluços de choro
contido se misturavam entre os familiares, amigos e pessoas que conviveram com
o ex-ministro durante décadas de vida pública. Antes do cortejo, o cardeal dom
José Frei Falcão confortou a família dizendo que a morte é "o começo de
uma nova presença". Discursos, salvas de palmas e tiros da Polícia do
Exército marcaram o enterro do ex-ministro no Cemitério Campo da Esperança. A
presidente Dilma Rousseff, que passa o feriado de carnaval com a família na
Bahia, enviou uma coroa de flores com homenagem ao magistrado e o governo do
Distrito Federal decretou luto de três dias.
A cessão do Salão Branco do Supremo para o velório
do ex-ministro foi a forma escolhida pela corte para homenagear o magistrado. O
presidente do STF, ministro Cezar Peluso, lembrou sua posse na corte, em 2003,
quando Corrêa comandava o Supremo. Peluso associou-se ao sentimento da família
e amigos do ex-ministro para definir a perda do magistrado. "A morte é uma
coisa inevitável e dolorosa. Em particular, no meu caso, pois tomei posse
quando ele era presidente. Ele me recebeu e mantivemos um relacionamento muito
próximo e agradável. Nos tornamos muito amigos. Ele teve uma atuação expressiva
no Supremo e foi um constituinte de atuação marcante. Vai deixar muita saudade,
estamos todos de luto. Se de alguma forma o Supremo pode homenageá-lo é
permitindo que o velório seja realizado aqui. Essa é a última homenagem do
Supremo a um dos ilustres ministros."
Trajetória lembrada
O ex-ministro Nelson Jobim também lembrou sua
trajetória profissional a partir de Maurício Corrêa. Jobim disse que "foi
um sujeito de sorte" por sempre estar "atrás" do ex-ministro.
"Na constituinte, ele era senador e eu era deputado, e eu sempre ajudava
muito o Maurício. Depois, eu fui para o Ministério da Justiça e o Maurício
Corrêa havia sido ministro antes. Depois, eu vim para o Supremo e fui vice do
Maurício, aqui e no TSE. Tenho um débito imenso com ele, que era um homem da
melhor qualidade. Superava as controvérsias e sempre olhava para a frente, ou
seja, não retaliava os adversários."
Além do histórico que envolve a atuação de Corrêa
em momentos marcantes da vida republicana do país, os amigos também lembraram
histórias do ex-ministro. Jobim chegou a imitar um cacoete de Corrêa, que,
segundo ele, fazia um "bico" toda vez que debatia um assunto com
interlocutor com opinião contrária.
O ex-ministro do STF e presidente da Comissão de
Ética Pública da Presidência, Sepúlveda Pertence, também contou que Corrêa
ficava embravecido, às vezes, mas, por ter um temperamento afetuoso, contornava
as divergências. "Eu não consigo falar primeiro do homem público, pois
tenho uma amizade de quase 60 anos com ele. Na política, tivemos alguns
desencontros. Ele era um lutador. Um homem às vezes rude, mas um homem amoroso.
Tudo isso faz desse momento um momento doloroso."
Símbolo
nos Três Poderes
Políticos enaltecem o único nome do DF a ter ocupado cargos
no Executivo, Judiciário e Legislativo
Josie Jeronimo
Erich Decat
Gabriel Mascarenhas
Das lutas pela redemocratização do país ao mais
alto posto do Judiciário, a trajetória do ex-ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Maurício Corrêa sempre foi marcada pela política. O perfil mais
técnico da magistratura, em relação ao exercício do Legislativo, não apagou a
veia política do militante que lutou contra a ditadura, relatam amigos que
acompanharam a carreira do ex-constituinte que se aposentou como presidente do
STF. Representando o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, que está
em viagem à Argentina, o vice-governador Tadeu Filippelli lembrou que, mesmo à
frente do Supremo, Corrêa se conservou como um "político- jurista".
"É inquestionável a luta desse homem pela
redemocratização do país. Outro fato interessante é que ele também lutou pela
representatividade política de Brasília. É uma pessoa que ao longo da sua vida
pública e política foi extremamente exemplar. Ele nunca se submetia a qualquer
gesto que representasse uma violência contra aquilo que pensava", afirmou
o vice-governador, durante o velório de Corrêa no Salão Branco do STF.
A presença de parlamentares, juristas e integrantes
do governo federal nas cerimônias de homenagem ao ex-ministro, ontem, indicam o
trânsito construído por Corrêa ao longo de sua vida pública. O senador Rodrigo
Rollemberg (PSB-DF) afirmou que o ex-ministro foi o representante público de
maior relevância da capital brasileira. "Dos políticos do Distrito
Federal, ele foi o que ocupou cargos mais importantes nos Três Poderes",
lembrou. Além da homenagem de Rollemberg, do Congresso o ex-ministro recebeu
reverência dos presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), que enviaram coroas de flores para a cerimônia de despedida.
O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp
(PMDB-RO), e o deputado federal Policarpo (PT-DF) também marcaram presença no
velório e elogiaram a história construída pelo magistrado. "Maurício
Corrêa é um homem honrado, exemplo a ser seguido. Deixa um legado, uma história
de vida bonita", resumiu o presidente do PMDB. A moralidade no desempenho
dos cargos públicos foi ressaltada pelo ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo. "Corrêa atuou nos Três Poderes e em todos se comportou com a mesma
lisura e coerência. Isso foi importante para a democracia e para o estado de
direito. Por essa razão, hoje o país perde um grande homem público."
Da Câmara Legislativa, pelo menos três deputados
distritais marcaram presença na última homenagem a Corrêa. Os deputados Chico
Vigilante (PT) e Raimundo Ribeiro (PSDB) estiveram no Salão Branco do Supremo
pela manhã. Durante a tarde, Benedito Domingos (PP) lembrou a história de
militância do jurista à época da Ditadura. "Ele foi um grande companheiro,
vivemos alguns anos juntos no período da ditadura. Fica a imagem de um homem
correto e um grande jurista."
Articulista assíduo
A morte de Corrêa surpreendeu amigos e colegas de
trabalho, que falaram com ele às vésperas da parada cardiorespiratória. A
editora de Opinião do Correio, Dad Squarisi, conta que eles conversaram na
quarta-feira, quando ele solicitou prazo para entregar um novo artigo que seria
publicado no jornal. "Ele era de uma pontualidade, de uma assiduidade.
Quando precisava atrasar a entrega de algum artigo, ligava avisando. Ele ligou
na quarta-feira para pedir um tempo para retomar depois os artigos. Eu disse,
não demore, porque os leitores sentem sua falta."
Pioneiro
da política no DF
O ex-presidente do STF e advogado que sempre sonhou em
alcançar o Palácio do Buriti teve a vida marcada pela defesa de temas como a
Lei da Ficha Limpa e as críticas à corrupção em todos os Poderes da República
Ana Maria Campos
O velório do mineiro Maurício Corrêa no salão
branco do Supremo Tribunal Federal (STF) foi um flash do que ele representou no
cenário nacional. Ex-presidente da mais importante corte de Justiça do país, o
homem que escolheu trilhar sua trajetória no Distrito Federal foi o político da
capital do país que mais longe chegou. Autoridades do Judiciário,
parlamentares, advogados, familiares e amigos estiveram na cerimônia e no
enterro no cemitério Campo da Esperança, para prestar uma homenagem. Ele era
admirado pela oratória contundente sobre temas nacionais e locais.
Era possível discordar da opinião do ex-ministro da
Justiça, magistrado aposentado e ex-senador, mas não se pode dizer que Maurício
Corrêa fugiu de qualquer debate. Fez duras críticas ao governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e do poder que José Dirceu teve como ministro-chefe
da Casa Civil, entre 2003 e 2005, até a crise do mensalão. Mesmo após os
momentos mais agudos do governo Lula, o ex-presidente do STF, em várias
manifestações públicas, considerou "inconcebível" a ideia que surgiu,
mas não prosperou, de o Congresso dar um terceiro mandato ao petista, em forma
de uma nova candidatura à Presidência da República.
Quando o governo defendia a reforma do Judiciário,
ele reclamava da criação de um órgão concebido para exercer o controle externo
de juízes. Era, portanto, contrário a superpoderes de corregedoria do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), recentemente sacramentados pelo STF com um plenário
rachado. O ex-presidente do STF, no entanto, não deixou de combater, em seus
pronunciamentos, colegas magistrados envolvidos em suspeitas de corrupção.
"O juiz que erra e se desvia da rota do cumprimento da lei é indigno de
pertencer aos nossos quadros e desonra a sociedade e o poder que
representa", afirmou.
Era também um defensor de uma reforma processual
que acelerasse a tramitação de processos. "A impunidade também é gerada
pela falta de um dinamismo maior no encaminhamento dos processos, e isso tem
que ser feito por meio de uma reforma processual", sustentou. Nos últimos
tempos, Maurício Corrêa abraçou a Lei da Ficha Limpa. Na última eleição,
afastou-se do PSDB para anunciar apoio a Agnelo Queiroz (PT). Declarou, na
ocasião, que não poderia defender um ficha-suja. Afastou-se, assim, de Maria de
Lourdes Abadia (PSDB) e de Joaquim Roriz (PSC). "Acho que é uma lei
extremamente oportuna se examinarmos tanta irregularidade, tanta trapaça que
ocorreu em eleições no passado", afirmou sobre a Lei da Ficha Limpa.
Palácio do Buriti
Maurício Corrêa participou dos temas nacionais,
como ministro da Justiça e ministro do STF, cargos a que chegou pelo aliado e
ex-presidente Itamar Franco, mas nunca se desligou dos assuntos do DF. Tentou
ser governador duas vezes. Em 1990, foi derrotado por Joaquim Roriz. Em 2006,
cobrou do ex-governador o compromisso de apoio para uma candidatura ao Palácio
do Buriti. Ficou apenas com a possibilidade de concorrer a vice na chapa de
Abadia. Com Roriz, era assim. Uma história de acertos e desacertos. Os dois
foram aliados e adversários, muitas vezes.
O ministro aposentado sempre dizia que ajudou o
ex-governador quando ele mais precisou de um advogado. Roriz teve Maurício a
seu lado quando venceu um longo e duro processo de cassação de seu mandato em
2004, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob acusação, do PT e do Ministério
Público, de uso da máquina administrativa e abuso de poder econômico. O
ex-aliado não foi ao velório, mas enviou uma coroa de flores. Em vários artigos, anos depois, Maurício
Corrêa defendeu uma investigação profunda de desvios de recursos do Instituto
Candango de Solidariedade (ICS) e dos contratos de lixo no Distrito Federal,
dois temas que nasceram nos governos de Roriz.
Nos últimos meses, em seu escritório no Lago Sul,
Corrêa recebeu pelo menos duas vezes o amigo Agnelo, que o procurou em busca de
conselhos. Os dois conversaram sobre as crises políticas no governo do petista,
que Maurício Corrêa acompanhava pela cobertura jornalística. Maurício Corrêa
dava uma bronca: "Eu te apoiei. Faça um bom governo".
Opinião do
internauta
Leitores do Correio dão adeus e avaliam a perda de
Maurício Corrêa para o DF
Manoel Neto
"Nosso adeus a um grande homem da democracia
brasileira e sinceros pêsames à família. Manoel Araújo, Audrey e Clara
Baby."
Antonio Ferreira
"Maurício Corrêa, meus sinceros sentimentos, a
este que sempre foi zeloso e honrado, essa é linha de nossas vidas, descanse em
paz."
Marcelino Rocha
"Pedemos um grande homem. Perda irreparável
para a Justiça e para a política brasileira. Exemplo de honestidade e
humildade, Dr. Maurício Corrêa deixa um legado de ética política que deveria
ser copiado por todos aqueles que desejam ser homens públicos. Vá com Deus! O
senhor fará muita falta!"
Lucivan Nascimento
"Perdemos um defensor da moral na política,
mas este grande homem viu a Lei da Ficha Limpa ser aprovada. Em sua homenagem,
o STF deveria dedicar este dia ao Dr. Maurício Corrêa."
Renan Alexander
"Ele foi para as cidades espirituais hoje, mas
com uma grande notícia recebida ontem. O afastamento definitivo do ex-senador
Joarquim Roriz da vida política através da Lei da Ficha Limpa que ele tanto
apoiou e divulgou com artigos no Correio Braziliense. Um exemplo que faz falta
no STF hoje!"
Stenio Freitas
"O Dr. Maurício Corrêa, como fundador de
Brasília, amava o cerrado de tal maneira que fez de Brasília sua terra adorada.
Os brasilienses se orgulham dele. Estamos todos de alma partida com essa ida
prematura desse herói. Descanse em paz. Que Deus o acolha!"
Esplanada
da contradição
Trabalho informal em frente ao MTE, pedintes na pasta de
Combate à Fome e buraco no estacionamento dos Transportes. Ao lado dos
ministérios, situações inusitadas refletem a dimensão dos desafios do país
» Gabriel Mascarenhas
De segunda a sexta-feira, no início da manhã,
Jucivaldo Britto, 35 anos, sai de Planaltina, onde mora de aluguel com a esposa
e os três filhos, no carro que funciona como seu "escritório", rumo
ao Plano Piloto. Embaixo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), ele dá
início a mais um dia de expediente na informalidade, vendendo refrigerantes,
açaí e água de coco, que mantém gelada dentro de um isopor guardado na mala da
sua Parati modelo 1999, cujas prestações chegam todos os meses. Ao seu lado, a
concorrência oferece salada de fruta, preparada dentro da Kombi. Entre os
companheiros de escritório, há flanelinhas e lavadores de carro, espalhados no
estacionamento. Assim como a informalidade está presente nas cercanias da pasta
do Trabalho e Emprego, em outros ministérios, o problema mora ao lado.
"Há 15 anos, vendo minhas bebidas embaixo do
ministério, como ambulante mesmo. Preferiria ter carteira assinada. Já procurei
emprego de motorista, vigia e porteiro, mas não consigo encontrar uma vaga que
renda os R$ 2 mil que tiro aqui por mês", justificou Jucivaldo.
Embora sejam vizinhos dos temas que combatem em
âmbito nacional, os ministérios não são responsáveis pelos casos que os cercam.
Essa incumbência fica a cargo do Governo do Distrito Federal (GDF). A Agência
de Fiscalização do DF, encarregada de reprimir vendedores ambulantes, informou
que atua com equipes itinerantes, diariamente, fazendo operações-surpresa em
diversos pontos.
Já a calçada do Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome é o endereço funcional do mendigo — como ele mesmo se
apresenta — João Vieira Cerqueira, 34 anos. É ali que o ex-técnico de
informática pede esmolas para comprar cachaça, como ele também admite.
"Nunca vou para outro lugar. Aqui, consigo ganhar mais. Normalmente, uns
R$ 6 por dia", contabiliza João, antes de contar por que deixou a
profissão: "Eu demoro 48 segundos para configurar um computador, com ou
sem vírus. Mas roubaram um computador na empresa em que eu trabalhava, acharam
que fui eu e me demitiram".
O taxista Daniel Leonardo dos Santos, 40 anos, diz
que o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome não é frequentado
apenas por João: "Sempre tem pedintes e camelôs nessa região. Acho que os
funcionários do ministério nem tomam conhecimento". A Secretaria de
Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) do DF argumenta que
faz abordagens sistemáticas a moradores de rua e os encaminha a unidades de
acolhimento.
Entulho e lixo
O contrassenso também estacionou a cerca de 100
metros do Ministério do Meio Ambiente. No canteiro ao lado das vagas para
carros, há duas caçambas com entulho e lixo. "Elas estão abandonadas aí há
pelo menos um ano. Não me incomodam, mas poderiam estar num espaço mais
adequado", ponderou um funcionário do ministério, que se identificou
apenas como Thiago. A pasta do Meio Ambiente informou que as caçambas não foram
alugadas nem estão sendo utilizadas pelo órgão.
Descaso com o letreiro do MCT: pasta já repôs as peças
Já no Ministério dos Transportes, o buraco é,
literalmente, mais embaixo: uma cratera no asfalto do estacionamento é o cartão
de visita para quem deixa o prédio pela porta da entrada privativa. A Companhia
Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) diz que mantém operações tapa-buracos
constantemente. Já a fachada do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) estava
com o letreiro sem parte das letras em alguns meses de 2011 até o fim de
janeiro. Nas primeiras semanas de fevereiro, a pasta repôs as peças.
ECONOMIA
O
negócio é empreender
A nova classe média satisfez boa parte de suas necessidades
de consumo. Agora, 51% dos jovens querem ser donos de empresasNotíciaGráfico
» VERA BATISTA
» GABRIEL CAPRIOLI
Luiz Henrique Bonvini, 14 anos, ainda está longe de
entrar na universidade, mas já tem na ponta da língua o caminho que deseja
seguir. Amante da gastronomia, faz planos de se especializar na área e ganhar
muito dinheiro. No primeiro teste, ele já passou com louvor. Em parceria com os
primos Laura, 13, e Vitor, 10, o jovem fabricou brigadeiros em casa para
vender. O retorno foi tamanho que os três vão usar o lucro para bancar parte de
uma viagem à Disney, com a família, programada para este ano. Com tino
empreendedor, Luiz é o retrato fiel da nova classe média, que, depois de
incluir na sua cesta de alimentos itens a que antes não tinha acesso, comprar a
casa própria e eletrodomésticos e fazer as suas primeiras viagens ao exterior,
será senhora quase absoluta dos micro e pequenos negócios no Brasil dentro de
uma década.
Dados do Instituto Data Popular mostram que 51% dos
jovens entre 18 e 35 anos da classe C querem abrir o próprio negócio. Desse
total, 91% definiram que 2020 é o prazo máximo para concretizar o sonho. Não
por acaso, a nova classe média — que ganhou 40 milhões de brasileiros na última
década e, somente no ano passado, injetou de R$ 1,03 trilhão na economia em
consumo de bens e serviços — é uma das armas mais poderosas da presidente Dilma
Rousseff para aquecer a atividade econômica e proteger o país da crise que
assola a Europa.
No caso de Luiz, o estímulo veio da mãe, a
microempresária Ursula Bonvini, 37, que auxiliou os jovens em todos os
preparativos da empreitada, desde o cálculo dos gastos com o chocolate até o
transporte. "Fomos para a rua e vendemos tudo", comemora o jovem.
Herdeiros da transição econômica vivida pelos pais, Luiz e os primos reconhecem
que a sua realidade é bem diferente da vivida pela geração anterior. Sem
desgrudar dos iPods, símbolos dessa mudança, eles querem se qualificar para
fazer frente a um mercado cada vez mais competitivo. Luiz, que, além de
gastronomia, quer cursar direito, também planeja ir para a Suíça com Laura para
realizar um intercâmbio. "Será muito bom conhecer outras culturas,
conviver com pessoas que falam outras línguas", aposta Laura.
Especialistas reconhecem que a nova classe média
conquistou seu espaço após a estabilização da economia, o aumento da
formalização do mercado de trabalho e o incremento na renda da população.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
Brasil está muito próximo do que se pode chamar de pleno emprego, quando
praticamente todas as pessoas que querem trabalhar estão contratadas. Em
janeiro deste ano, a taxa de desocupação ficou em 5,5%, a menor para o mês
desde o início da série histórica, em março de 2002. O salário médio ficou em
R$ 1.672, também um recorde para o mês.
Apesar de tantos números positivos, manter esse
contingente em condições tão boas é um dos desafios que o país terá que
enfrentar nos próximos anos. Embora tenham se rendido ao consumo e sorvam até a
última gota a possibilidade de levar para casa bens até antes impensáveis, os
56% da população ou 106,4 milhões de pessoas que estão na classe C — número
quase igual ao de habitantes do México e duas vezes o da Colômbia — reconhecem
que a conquista está apenas no começo. "Nós procuramos deixar claro para
os nossos filhos que eles podem ter um futuro confortável, mas que é preciso
batalhar", destaca Ursula.
Reformas
Na avaliação do economista José Márcio Camargo, da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), uma série de
fatores fez com que a classe média se tornasse tão importante para o país, mas
ainda faltam reformas para que todo o seu potencial seja aproveitado. Entre
elas, destaca-se uma profunda transformação no sistema público de educação, um
dos principais entraves para o crescimento do país. Outro problema é a
enrijecida legislação trabalhista brasileira. Um conjunto de nada menos que 2,4
mil regras compõe o emaranhado de leis na área. "São necessárias mudanças
que induzam ganhos de produtividade", diz Camargo.
Para Rossano Oltramari, economista-chefe da XP
Investimentos, a classe média vai transformar a economia brasileira e exigir
contrapartidas, seja da iniciativa privada, seja do Estado. Uma das principais
preocupações, diz ele, é garantir uma renda para a velhice. Hoje, o Brasil tem
20,5 milhões de idosos. Em 2050, eles serão 60 milhões e os problemas de agora,
caso não sejam corrigidos, poderão fazer a terceira idade assistir ao colapso
da Previdência Social, que amargou deficit de R$ 36,5 bilhões em 2011. "O
Brasil passou, nos últimos anos, por várias fases. Tivemos um "boom"
do frango, do iougurte, das passagens aéreas. O próximo será o dos produtos
financeiros", afirma.
Oltramari não está isolado em sua avaliação.
Economistas são unânimes em dizer que, se não começar a poupar logo, a classe
média comprometerá, na velhice, a qualidade de vida conquistada com tanto suor.
"A classe C tem noção diferente da elite. O foco é construir carreira do
filho, abrir um negócio, comprar a casa própria. Aplicar recursos em
aposentadoria exigiria reduzir o consumo imediato. Para parte dessa população,
guardar esse dinheiro ainda é visto como luxo", explica Renato Meirelles,
diretor do Instituto Data Popular. A antropóloga Luciana Aguiar, diretora do
Instituto de Pesquisa Plano C, D e E, observa que a necessidade de comprar
tanto é uma maneira de ser aceito na sociedade. "O consumo, antes de tudo,
é uma forma de comunicação. É mostrar que é igual", analisa. (Colaborou
Cristiane Bonfanti)
Bancos
se preparam para mais calotes
Instituições reservam R$ 115 bi para cobrir a
inadimplência, 21% além do valor de 2011
» VICTOR MARTINS
A escalada da inadimplência no Brasil está
obrigando os bancos a guardarem um volume recorde de recursos para cobrir o
rombo deixado pelos maus pagadores — uma fortuna de R$ 115 bilhões até dezembro
do ano passado. Comparado ao fim de 2010, esse colchão anticalote cresceu 21,5%
e tem custado às instituições uma fatia expressiva dos lucros. Os dados do
Banco Central mostram que esse montante se expande a cada dia, e mais:
evidenciam que o setor privado, sobretudo o estrangeiro, é o que exige menos
garantias para emprestar e, portanto, tem registrado as maiores taxas de
incremento nas provisões.
Os bancos particulares elevaram suas reservas em
25,5%, enquanto as instituições públicas aumentaram a rubrica em 14%. Na
abertura entre nacionais e estrangeiros, os primeiros elevaram as provisões em
24,6% e os demais em 28,1%. Na visão dos especialistas ouvidos pelo Correio
esse avanço decorre da rápida expansão do crédito em 2009 e 2010, que levou o
brasileiro a um endividamento sem precedentes. Atualmente, quase 50% da renda
familiar está comprometida e, agora, a fatura dessa farra dos empréstimos
começou a cair no colo dos bancos. A inadimplência do consumidor está em 7,3%
e, conforme mostram os dados do Banco Central, os clientes "A", de
risco quase nulo e maior poder aquisitivo, têm liderado os calotes. "É um
número muito alto, mais que o dobro da média mundial", alerta o economista
Roberto Luís Troster.
O volume de provisões é tão elevado que superou as
reservas feitas em 2008, após o agravamento da crise global, para essa
finalidade. Em relação àquele período, o colchão dos bancos aumentou 76,4%.
Para Troster, o aperto feito pelo BC no início de 2011, que deixou mais caras
algumas linhas de financiamento mais longas, aliado à elevação da taxa básica
de juros (Selic), complicou ainda mais a vida do consumidor. "Aquele
pacote barrou o crédito, mudou a composição das carteiras e as linhas ficaram
mais apertadas. Muita gente se enrolou ainda mais", explica. Em sua
avaliação, as famílias deverão permanecer com os orçamentos estrangulados por
um longo período, obrigando os bancos a manterem suas provisões altas ao menos
até o fim do segundo semestre. Mesmo com um pequeno recuo, para Troster a inadimplência
fechará o ano em torno de 5%.
Falta de
controle
A preocupação do sistema financeiro com a
resistência dos calotes aumentou porque, além dos atrasos acima de 90 dias
estarem em níveis elevados, as dívidas vencidas abaixo desse prazo também estão
crescendo, conforme explica Nicola Tingas, economista-chefe da Associação
Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).
"A gente tem verificado esse problema em reuniões internas com bancos e
financeiras, eles reclamaram bastante da qualidade do tomador de crédito ao
longo de 2011. As famílias calcularam mal sua capacidade de pagamento e
compraram mais do que podiam pagar", disse. Para ele, a renda dos
brasileiros também foi corroída pela inflação elevada, que fechou ano passado
em 6,5%, e pela pesada carga tributária, elementos que colaboraram para apertar
ainda mais o orçamento doméstico.
Os dados do Banco Central mostram que a dificuldade
de planejamento financeiro atingiu todas as classes. O incremento de provisões
para cobrir as dívidas de clientes classificados como A, porém, só não foi
maior do que o colchão dos correntistas E e F, duas das piores avaliações de
crédito (veja o quadro). Os recursos destinados a esse fim foram ampliados em
23,1% para a primeira categoria, enquanto as reservas para os tomadores de
maior risco cresceram 24,8 e 30,2%, respectivamente. Os colchões para os
empréstimos C e D também foram reforçados em 9,6% e 13%. (VM)
Risco alto
Provisões em 2011 para devedores de alta renda
avançaram 23,1%, próxima da aplicada aos clientes mais pobres
Variação por nível de renda (Em %)
AA - -56,29
A - 23,1
B - -2,7
C - 9,6
D - 13,0
E - 24,8
F - 30,2
G - 25,4
H - 24,0
Variação por tipo de instituição (Em %)
Privadas - 25,5
Públicas - 14,0
Estrangeiras - 28,1
Nacionais - 24,6
Fonte: Banco Central
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