PRIMEIRA PÁGINA
Ficha
Limpa passa e bane Roriz até 2023
Por 7 votos a 4, o Supremo Tribunal Federal sacramentou
a norma que torna inelegíveis candidatos condenados por órgão colegiado ou que
renunciaram ao mandato para escapar da cassação. Esse segundo caso se aplica ao
ex-governador Joaquim Roriz, que está impedido de disputar eleições até 2023. O
debate sobre a Ficha Limpa dividiu-se no confronto de duas ideias principais.
Os ministros favoráveis à lei argumentaram que ela atende a exigência
constitucional de probidade administrativa a cidadãos em funções públicas. O
grupo contrário ressaltou que a norma fere o princípio da presunção da
inocência, pois a inelegibilidade só poderia ser aplicada em casos de
condenação definitiva. A Lei da Ficha Limpa será aplicada as eleições
municipais de outubro
ONGs na
ativa
Ministério do Trabalho prorroga convênios com
entidades suspeitas de fraudes na gestão de Lupi
Novo
mascote
A presidente foi presenteada no Palácio do Planalto
com um cão da raça Labrador
Menos é
mais
Dilma defende corte de R$ 55 bi para ampliar
investimentos. O aumento da carga tributária pode compensar as perdas
Vigilância
maior nos aeroportos
Autoridades de setor aéreo vão aumentar a
fiscalização no carnaval, quando a movimentação cresce 13%. Mas os passageiros
devem ficar alertas e conhecer os direitos em caso de abusos das companhias
OPINIÃO
Visão do
Correio
Alvo errado no
bloqueio orçamentário
O corte de R$ 55 bilhões nas despesas do Orçamento
de 2012 errou o alvo. Anunciado na quarta-feira pela equipe econômica, o
bloqueio prevê perda de R$ 7,4 bilhões em gastos da saúde e da educação. A
primeira sofreu prejuízo maior — nada menos de R$ 5,473 bilhões.
Vista com frieza, a medida tem um quê de
demagógica. Mais de um terço do total (R$ 20 bilhões) se refere a despesas
obrigatórias. Não pode, pois, ser contingenciado. A tesoura atinge,
efetivamente, R$ 35 bilhões. Desse montante, R$ 25 bilhões destinavam-se a
investimentos — R$ 20,3 bilhões por emendas parlamentares.
Programas considerados essenciais para manter a
economia aquecida foram poupados da tesoura meio cega. É o caso do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), do Minha Casa Minha Vida e do Brasil Sem
Miséria. Frustrou-se a expectativa de que a mão pesada do Estado caísse sobre
gastos de custeio. Só R$ 10 bilhões receberam tal destino.
A timidez decepciona, mas não surpreende. Confirma,
mais uma vez, a determinação governamental de manter a máquina burocrática
obesa, lenta e ineficiente. Uma administração com 38 ministérios, cujo nome dos
titulares talvez nem a presidente conheça, joga para as calendas gregas a
esperança de um dia ingressar na modernidade.
Modernidade que se distancia ainda mais com o golpe
desferido na educação e na saúde. Exames nacionais e estrangeiros, como o Pisa
e o Enem, retratam realidade que, além de nos constranger e humilhar,
demonstram crescente apartheid social. Ano após ano, os alunos do ensino
privado se distanciam dos matriculados na escola pública.
Fecha-se, assim, a porta que dá acesso à redução do
hiato que separa pobres e ricos desde Mem de Sá. No mundo globalizado e
competitivo, o conhecimento de qualidade constitui a moeda mais valiosa que
circula pelos cinco continentes. Ora, a educação ruim, que as avós de
antigamente chamavam de primário malfeito, barra o acesso aos bons empregos e
aos bons salários. Em suma: quem nasceu tostão pode sonhar chegar ao milhão.
Mas o sonho não passará do sonho.
A saúde não fica atrás. O corte em área nevrálgica,
que tem roubado vidas precoces e inutilizado trabalhadores em plena idade
produtiva, faz duvidar da seriedade da iniciativa. Há pouco o governo falava na
ressurreição da CPMF para robustecer o orçamento do setor. Agora sente-se à
vontade de bloquear quase R$ 5,5 bilhões. Espera-se, ante tão gritante
incoerência, que caia na real e faça o que deve ser feito — gastar bem e melhor.
Oportunidade
para os jovens
Antônio Rocha
Empresário e presidente do Sistema Fibra (Federação das
Indústrias do Distrito Federal)
Fevereiro marca o início de mais um ano letivo. E
foi com muita honra que atendi ao convite da direção de uma instituição de
ensino superior de Brasília para levar a minha experiência de vida profissional
para a aula inaugural de estudantes que ingressam agora no mundo acadêmico, em
busca de carreiras bastante heterogêneas. Como missão, transmitir a esses
jovens sonhadores qual é a realidade do mercado de trabalho atual da capital
federal.
Ao longo dos 50 anos, o DF mudou. Não somos uma
cidade meramente administrativa. Temos um setor produtivo em desenvolvimento.
Vamos aos números apresentados. O Produto Interno Bruto do Distrito Federal
referente a 2010 mostra crescimento de 3,6% frente ao ano anterior, com
resultado impulsionado pela alta de 7,5% do setor industrial e apenas 3,3% do
de serviços. Mantendo-se esse cenário pelos próximos anos, a economia do DF
necessitará de outra fonte de crescimento e o setor industrial se mostra como
principal alternativa.
A taxa média de desemprego no Distrito Federal
fechou 2011 em 12,4%, contra os 13,6% apurados em 2010 — uma boa notícia para
quem está entrando no mercado, já que a tendência para os próximos anos é de
maior diminuição no desemprego. A Copa do Mundo surge no calendário como o
maior celeiro de oportunidades para o mercado de trabalho, principalmente na
indústria. Mas o momento também é extremamente propício para o
empreendedorismo.
É importante que os estudantes brasileiros tenham
visão para os negócios. Os jovens, principalmente aqueles que estão em busca do
primeiro emprego e os que estão saindo da universidade com a esperança de uma
boa colocação, são os que mais sofrem com o encaixe no mercado de trabalho. Há
um paradoxo entre oportunidades de trabalho e emprego: nosso cenário mostra que
carteira assinada é artigo cada vez mais em extinção. O segredo está em tirar o
foco da estabilidade de um emprego e colocar no trabalho.
A notícia boa é que os jovens brasileiros estão
empreendendo mais. Segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, do total
de jovens entre 18 e 24 anos no Brasil, 15% empreendem, o equivalente a 3,82
milhões de pessoas. O Brasil está em terceiro lugar no ranking mundial, atrás
apenas do Irã (29%) e da Jamaica (28%). Em 2010, por exemplo, a Taxa de
Atividade Empreendedora (TEA) foi a mais alta desde o início da realização da
pesquisa no país.
Pelo que constatamos, o brasileiro está
aproveitando o ensejo. E o mais animador é observar que o empreendedorismo
motivado pela oportunidade volta a ser maior que o dobro do que o
empreendedorismo por necessidade. Cerca de 68% dos jovens empreendem por
oportunidade e de 32%, por necessidade.
A pesquisa revela que o jovem empreendedor por
necessidade tem renda e escolaridades baixas, desempenhado principalmente
serviços orientados ao consumidor, em segmentos como comércio e alimentação. Já
o jovem empreendedor por oportunidade diferencia-se por dispor de renda e
escolaridade maiores, iniciando seus negócios com atividades mais
especializadas, com mais intensidade de serviços orientados à empresa.
O mesmo estudo, porém, nos apresenta um desenho com
cores sombrias: o Brasil é o país com uma das menores taxas de inovação. E cabe
aí um desafio estimulante para a juventude: apostar em novas nuances de
negócios, importar tecnologias, mapear soluções inusitadas para questões
recorrentes. Em tempos de redes sociais pujantes, não nos parece ser tão
complicado vencer esse desafio.
É necessário ousar com o pé no chão. Além de
empreender, precisa-se colocar em segurança a sobrevivência do negócio. Segundo
o Sebrae, a taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas brasileiras é de
80% antes de completarem o primeiro ano de funcionamento. Já nas empresas que
passam por incubadoras, esse índice cai para 20%. Para bom entendedor, um pingo
é letra.
O empreendedor é o grande ator do crescimento
econômico e do desenvolvimento sustentável de uma nação. Sua atuação se reflete
nas transformações econômicas, sociais e ambientais da sociedade e é
responsável direta pela evolução e bem-estar do cidadão. Entretanto, é
necessário primar sempre pela inovação. Uma empresa só consegue ser inovada
atuando em ambiente inovador. Esse é um desafio que precisamos enfrentar.
POLITICA
Roriz
inelegível até 2023
PAULO DE TARSO LYRA
A aprovação da Lei da Ficha Limpa no Supremo
Tribunal Federal ontem praticamente encerrou a carreira política do
ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz. Ele só poderá candidatar-se
novamente em 2023, quando estará com 87 anos. Em nota divulgada logo após o
término do julgamento, contudo, Roriz disse que não está aposentado da vida
política. "Estou certo de que Deus me dará saúde e forças para continuar
lutando pelos brasilienses nas próximas eleições, mesmo sem poder disputá-la.
Estarei apoiando alguém que comungue com minhas ideias, que seja do nosso grupo
político, respeite e governe para o povo, E que será vitorioso. O povo de
Brasília pode continuar contando comigo", prometeu Roriz, que governou o
Distrito Federal em quatro oportunidades.
Dentre os herdeiros — na verdade, herdeiras — de
seu capital político, Roriz citou as filhas Jaqueline e Liliane. A primeira é
deputada federal e a segunda, distrital. "Decidiram me seguir na política
e já receberam a confiança dos brasilienses. Assim, continuaremos lutando por
melhores condições de vida dos mais humildes, daqueles que padecem nas filas
dos hospitais, nas paradas de ônibus, nas ruas inseguras", prosseguiu.
O ex-governador reclamou que a Lei da Ficha Limpa e
o próprio julgamento do STF foram "urdidos por seus adversários, sempre
derrotados nas urnas". Citou o ministro Gilmar Mendes, que teria afirmado
ao longo do julgamento que "a lei foi feita para a eleição do Distrito
Federal". Disse, no entanto, que acata a decisão do STF de maneira calma e
serena. "Respeito-a, embora a considere injusta e violentadora do meu
direito de participar mais ativamente da vida pública da minha Brasília e do
meu Brasil. Não cometi nenhum crime. Nunca fui condenado em última instância
legal".
Roriz lembrou que, ao renunciar ao mandato de senador
em 2007 para evitar a cassação de seu mandato, não havia nenhuma lei em vigor
que impedisse tal ato. E disse que o "seu amor por Brasília fará com que
continue influenciando a vida política da cidade". "A ela dediquei a
maior parte de minha vida. Em nenhum momento deixei de pensar em seu povo,
ordeiro e trabalhador".
Citou todo o seu histórico, lembrando, inclusive,
que deixou um ministério — Ministério da Agricultura e Reforma Agrária do
ex-presidente Fernando Collor — para concorrer à primeira eleição de Brasília,
em 1990. "E, por mais duas vezes, o povo me reconduziu ao Palácio do
Buriti. Essa história política ninguém poderá apagar. Ela pertence a um povo
que conquistou, nas ruas, o direito de eleger os seus representantes.
Infelizmente, hoje, o Supremo Tribunal Federal lhes tirou o direito de,
soberanamente, escolher o melhor nome para governa-los em 2014, como já fizera
em 2010, ao decidir não decidir, mutilando o processo eleitoral
brasiliense".
Disputa
A ausência de Roriz como candidato nas próximas
eleições abre espaço para o surgimento de outras alternativas. E a disputa
interna será grande. Tanto Jaqueline quanto Liliane, citadas pelo ex-governador
na nota, aparecem como favoritas. Mas há quem acredite que a caçula poderia
levar vantagem por não ter passado, como Jaqueline, por um julgamento de
cassação do mandato na Câmara Federal.
Outro nome que aparece como opção é do
ex-governador do Distrito Federal Rogério Rosso, presidente do PSD-DF.
"Tenho um carinho e um afeto muito grande pelo governador Roriz. Por tudo
que ele fez por essa cidade, sempre exercerá uma influência muito grande nas
eleições que serão disputadas no Distrito Federal", disse Rosso.
Ex-vice-governador de Roriz, Jofran Frejat considerou o resultado do STF uma
injustiça. "Por que ele foi condenado e o Jader Barbalho (PMDB-PA), que
também renunciou, pôde assumir o mandato no Senado?" questionou Frejat.
Ao povo
de Brasília
Roriz divulgou um texto sobre a sua situação política, logo
após a decisão do Supremo. Confira a íntegra do documento:
"Como democrata e homem público que sempre
respeitou as leis e as cortes do meu país, acato a decisão do Supremo Tribunal
Federal de maneira calma e serena.
Respeito-a, embora a considere injusta e
violentadora do meu direito de participar mais ativamente da vida pública da
minha Brasília e do meu Brasil.
Não cometi nenhum crime. Nunca fui condenado em
última instância legal. Quando do meu ato, em 2007, não havia qualquer
impedimento ou punição previstos nas leis brasileiras.
Meus adversários — sempre derrotados por mim nas
urnas — urdiram uma lei e um julgamento que praticamente só atinge a mim.
Como bem disse o ilustre ministro Gilmar Mendes, a
lei foi feita para a eleição do Distrito Federal. Fui vítima de uma infame
conspiração, como a mídia começa a revelar!
Aos meus amigos e amigas e àqueles que me levaram a
assumir cargos públicos da maior relevância em 40 anos de carreira política,
digo que não deixarei a vida política.
Jamais poderia abandonar Brasília, essa cidade que
amo tanto. Que vi nascer e crescer nas terras dos meus pais, da minha família e
da minha esposa, Weslian.
A ela dediquei a maior parte de minha vida. Em
nenhum momento deixei de pensar em seu povo, ordeiro e trabalhador.
Ajudei a quem precisava. Com eles criei nove
cidades, dei moradia, um lar para morar, com água, luz, rede de esgoto,
saneamento básico.
Consolidei o sonho do saudoso presidente Juscelino
Kubitscheck, de transformar Brasília num polo de desenvolvimento regional e
nacional.
Governei para os mais pobres e necessitados e não
para os ricos. Aprendi que governar é definir prioridades, ouvido o povo.
Certamente contrariei muitos e poderosos
interesses, mas sempre tive — como ainda tenho — o povo ao meu lado. As
pesquisas indicam isso.
Fui governador nomeado. Deixei um ministério para
disputar e ganhar a primeira eleição direta para governador de todos os
brasilienses. E, por mais duas vezes, o povo me reconduziu ao Palácio do
Buriti.
Essa história política ninguém poderá apagar. Ela
pertence a um povo que conquistou, nas ruas, o direito de eleger os seus
representantes.
Infelizmente, hoje, o Supremo Tribunal Federal lhes
tirou o direito de, soberanamente, escolher o melhor nome para governa-los em
2014, como já fizera em 2010, ao decidir não decidir, mutilando o processo
eleitoral brasiliense.
Sou um homem
religioso, acredito nos desígnios de Deus, que me deu uma família maravilhosa.
Duas de minhas filhas, Jaqueline e Liliane,
decidiram me seguir na política e já receberam a confiança dos brasilienses.
Assim, continuaremos lutando por melhores condições de vida dos mais humildes,
daqueles que padecem nas filas dos hospitais, nas paradas de ônibus, nas ruas
inseguras.
Estou certo de que Deus me dará saúde e forças para
continuar lutando pelos brasilienses nas próximas eleições, mesmo sem poder
disputá-la. Mas estarei apoiando alguém que comungue com minhas ideias, que
seja do nosso grupo político, respeite e governe para o povo, E que será
vitorioso.
O povo de
Brasília pode continuar contando comigo!"
Joaquim Roriz
Pasta
estica convênios com ONGs suspeitas
Estopim da queda de Lupi, acordos com entidades
investigadas permanecem nas contas do ministério
Vinicius Sassine
Aliado de primeira ordem do ex-ministro do Trabalho
Carlos Lupi, o secretário de Políticas Públicas de Emprego da pasta, Carlo
Roberto Simi, prorrogou os prazos de seis convênios com entidades protagonistas
da crise política que derrubou o pedetista do cargo. O ministro foi demitido em
4 de dezembro, depois das acusações de fraudes, desvios e uso político no
repasse de dinheiro público a organizações responsáveis por capacitação
profissional. Nove dias depois, Simi determinou a continuidade da parceria
entre o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e uma das entidades suspeitas.
Os atos do secretário continuaram em janeiro.
Os convênios com as entidades reabilitadas pelo MTE
somam R$ 8,4 milhões, dos quais R$ 4 milhões já foram pagos. Com a extensão da
validade das parcerias, as organizações estão oficialmente aptas a receber os
R$ 4,4 milhões restantes.
O maior contrato entre os seis prorrogados é com a
Fundação Pró-Cerrado. Foi o proprietário da fundação, Adair Meira, quem
providenciou um avião King Air para Carlos Lupi fazer um périplo político pelo
Maranhão, em dezembro de 2009. As contradições do então ministro, que chegou a
dizer que desconhecia Adair Meira, foram decisivas para a demissão. Como
secretário de Políticas Públicas de Emprego, Simi prorrogou um contrato de R$ 4
milhões com a Fundação Pró-Cerrado, dez dias após a queda de Lupi. A entidade
poderá receber, até 23 de março, os R$ 2,6 milhões restantes do convênio.
A Federação Interestadual dos Mototaxistas e
Motoboys Autônomos (Fenamoto), sediada em Goiânia, ganhou uma sobrevida até 1º
de março para conseguir qualificar 2 mil motoboys no DF — o convênio havia
expirado em agosto de 2011. A Fenamoto, que fraudou a lista de motociclistas
qualificados, é de um aliado partidário de Lupi.
Repasses cancelados
Decreto da presidente Dilma Rousseff de 28 de
outubro de 2011 suspendeu os repasses às entidades contratadas pelo governo por
meio de convênios, enquanto durasse um pente-fino em todos os convênios. As
entidades selecionadas pelo MTE deixaram de receber novos repasses, mas isso
pode voltar a ocorrer em razão das prorrogações de prazo. O pente-fino foi
concluído no último dia 7. O governo decidiu cancelar 181 convênios, 21 com o
MTE. A Controladoria-Geral da União (CGU) ainda não divulgou quais são as entidades
consideradas irregulares.
Uma das organizações que tiveram o convênio
prorrogado depois da demissão de Lupi, o Instituto Administrativo de
Capacitação, Estudos, Controle e Organização (Iaceco), serviu de sede para o
comitê eleitoral de uma diretora do MTE, Ana Paula da Silva, que perdeu em 2008
a disputa pela prefeitura de Bombinhas (SC). Ana Paula e Simi são da estrita
confiança de Lupi e continuam nos cargos. Chegaram ao ministério e a postos
estratégicos pelas mãos do ex-ministro. Simi, além de secretário, é presidente
do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), que
administra R$ 30 bilhões por ano.
Por meio da assessoria de imprensa, o MTE informou
que as entidades suspeitas não receberam mais recursos, em cumprimento ao decreto
da presidente Dilma. Uma portaria interministerial de 2008 determina a
prorrogação dos prazos dos convênios com atraso na liberação dos recursos,
segundo a assessoria do ministério.
Contratos ganham sobrevida
Aliado de primeira ordem do ex-ministro Carlos Lupi
e remanescente no cargo, secretário do Ministério do Trabalho prorrogou
convênios com entidades que estiveram no foco da crise:
Fundação Pró-Cerrado
Valor: R$ 4 milhões
Encerramento: 31 de dezembro.
(Prorrogado até 23 de março de 2012).
Responsável pelo empréstimo de um avião para Carlos
Lupi viajar ao Maranhão, a empresa foi o estopim da crise e da queda do
ministro.
Federação Interestadual dos Mototaxistas e Motoboys
Autônomos (Fenamoto)
Valor: R$ 1,58 milhão
Encerramento: 13 de agosto de 2011.
(Prorrogado até 1º de março de 2012).
A entidade é de aliado partidário de Carlos Lupi e
fraudou a capacitação de motoboys.
Instituto de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação (IPDE)
Valor: R$ 316 mil
Encerramento: 31 de dezembro.
(Prorrogado até 6 de maio de 2012).
A entidade é ré na Justiça Federal do DF por
supostamente ter sido favorecida na seleção do ministério.
Instituto Administrativo de Capacitação, Estudos, Controle
e Organização (Iaceco)
Valor: R$ 427,2 mil
Encerramento: 31 de dezembro de 2011.
(Prorrogado até 30 de junho de 2012).
A sede da entidade foi comitê eleitoral de diretora
do ministério, quando ela disputou a prefeitura de Bombinhas (SC).
Indesi Brasil
Valor: R$ 436 mil
Encerramento: 31 de dezembro de 2011.
(Prorrogado até 17 de fevereiro de 2012).
Comandada por pedetistas, já foi subcontratada por
outra entidade financiada pelo ministério.
Agência de Desenvolvimento Regional (ADRVale)
Valor: 1,7 milhão
Encerramento: 31 de dezembro de 2011.
(Prorrogado até 17 de fevereiro de 2012).
O diretor já foi candidato a vereador pelo PDT em
Brusque (SC). A entidade teve o pedido para ser enquadrada como Oscip
rejeitado.
ECONOMIA
Consumidor
sofre com descaso de aéreas
Nem o reforço à fiscalização no carnaval deverá intimidar o
desrespeito das empresas. Orientação é ficar atento aos direitos e
reclamarNotíciaGráfico
» ANA CAROLINA DINARDO
» SÍLVIO RIBAS
» JORGE FREITAS
Às vésperas do carnaval e a pouco mais de dois
meses do começo da gestão privada dos maiores aeroportos do país, o brasileiro
ainda cruza os dedos para não sofrer com transtornos no transporte aéreo nos
quatro dias de folia. Diante da expectativa da Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) de um movimento 13,2% maior em relação
ao feriado de 2011, as autoridades do setor começaram a aplicar, ontem, uma
série de medidas para reforçar a fiscalização e esclarecer os passageiros sobre
os seus direitos. Pelo menos 3 milhões de turistas passarão pelos 66 terminais
administrados pela estatal na semana da festa.
O esquema especial repete ações adotadas nas
comemorações de fim de ano e que resultaram em 205 autuações da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) nos seis principais aeroportos
do país. A Operação Carnaval esbarra, contudo, na
combinação do crescimento da procura por voos com as graves restrições de
infraestrutura e a pouca eficácia das penalidades impostas às companhias
aéreas. Para piorar, o consumidor costuma fazer confusão na hora de reclamar,
sem saber a quem recorrer.
Campanhas
Desde o ano passado, Infraero e Anac realizam
campanhas de esclarecimento com o intuito de redirecionar a maioria das queixas
que recebem para as concessionárias de transporte aéreo. A ideia é que as
principais reclamações dos usuários sejam cobradas diretamente nos guichês
exclusivos de atendimento das empresas. Caso os problemas persistam, aí sim, a
recomendação é apelar ao órgão regulador, ao operador do aeroporto ou até mesmo
à Justiça.
Ontem, por exemplo, 10 passageiros de Cuiabá, que
desembarcaram às 14h30 em Brasília num avião da Avianca, não encontraram a
conexão que os levaria a Recife, às 15h. O grupo foi ao juizado especial, onde
um funcionário da empresa prometeu embarcar todos num voo da TAM. Mas, por
falta de assentos disponíveis nas aeronaves da companhia, apenas quatro deles
conseguiram viajar. Os outros seis foram levados para um hotel e a expectativa
é de que embarquem hoje, às 11h.
O faturista Marcelo Henrique da Silva, 24 anos,
relatou que a Avianca atrasou duas horas a saída em Cuiabá e ainda quebrou o
acordo no juizado. "A empresa falhou ao nos informar sobre conexões que
não existiam", reclamou. O consultor de sistemas Anderson da Silva
Ferreira, 28, também integrou o grupo que prestou queixa no Aeroporto
Internacional de Brasília. "Estou viajando desde Lucas do Rio Verde(MT),
de onde saí às 22h de quinta-feira", desabafou ele, irritado.
Passageiros que iam a Belo Horizonte pela Webjet
também tiveram problemas. O casal Rogério Luiz Moreira Leite, 23 anos, e
Thamyres Santos, 21, ele fotógrafo e ela estudante de artes, quer passar o
carnaval em São João Del Rey (MG), mas o atraso do voo das 16h o impediu de
pegar o ônibus, às 19h, para o interior de Minas Gerais. Os dois terão de
dormir, por conta própria, na capital mineira. "Eles só dão reembolso se
for mais de quatro horas de atraso", lamentou Thamyres. Os seis
juizados
especiais instalados nos aeroportos brasileiros —
em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Mato Grosso — registraram, no
ano passado, 25.117 reclamações de clientes das companhias aéreas. Nas queixas,
os problemas de atendimento estão no topo da lista. Mas apenas 3.970 casos,
15,8% do total, resultaram em acordo, diz um levantamento do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ). O Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek liderou as
reclamações: 7.888 no total. Delas, só em 1.389 (17,6%) houve conciliação. No
ranking das ocorrências, os dois aeroportos do Rio também se destacaram. Foram
7.678 protestos no Santos Dumont e outros 7.001 no Galeão.
Processo
Diante desses números, Ana Cecília Paz,
conciliadora do aeroporto de Brasília, acha que o percentual de acordos pode
melhorar. "Quando recebemos as reclamações, o primeiro passo é tentar
fazer a conciliação entre as partes sem a necessidade de abrir um processo judicial.
Se o passageiro não ficar satisfeito com o acordo proposto pela empresa, pode
buscar seus direitos na Justiça", explicou.
Para o diretor do juizado especial do Aeroporto JK,
Ryan Chantal, os problemas refletem a falta de infraestrutura dos terminais e
não precisariam chegar à Justiça. Ele contou que durante um mês são
documentadas, no mínimo, 60 reclamações de passageiros e que as indenizações
variam com a gravidade de cada caso. "Os danos morais sofridos por um
passageiro, por exemplo, foram comprovados e sua ação rendeu R$ 10 mil em
ressarcimento. Apesar disso, a maioria dos registros pode ser resolvida na
hora, sem processo", comentou ele. No JK, 59% dos acordos já foram
cumpridos.
Em 2011, a Anac aplicou 4.666 multas, num total de
R$ 35,3 milhões, e recebeu mais de 40 mil reclamações dos usuários. Os números
são 40% superiores aos do ano anterior, mas não revelam o volume real de
queixas. Por outro lado, os valores cobrados das companhias aéreas pelas
infrações representam menos de 1% da soma das receitas das empresas líderes de
mercado, Gol e TAM. O problema é que as multas, geralmente, ficam paradas na
Justiça.
Diante da saturação dos aeroportos e do impacto
limitado das penalidades aplicadas sobre as companhias, nos períodos de alta
temporada o órgão regulador persegue o teto de até 20% para os índices médios
de atrasos de até 30 minutos e de 5% para os de cancelamentos de voos. Apesar
do crescimento expressivo do movimento de passageiros, esses patamares
começaram a ceder.
Em dezembro passado, mesmo com um movimento de
passageiros 15,5% superior ao do mesmo mês de 2010, houve registro de 13% de
atrasos de até 30 minutos, contra 20,9% no mesmo período do ano anterior. O
índice de cancelamentos de voos no último mês de 2011 foi de 3,55%, inferior
aos 5,51% apurados no fim de 2010.
Operação –padrão
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pretende
colocar mais 80 fiscais, em média, por dia nos principais aeroportos do país
para exigir aeronaves extras e manter a regularidade das operações, além de
coibir a prática das companhias aéreas de vender bilhetes acima do número de
assentos do avião (overbooking). A Polícia Federal, por sua vez, promete elevar
em 30% o número de agentes nos terminais e a Receita Federal também vai
intensificar a atuação, sobretudo em Guarulhos (SP). Funcionários da Infraero
identificados por coletes amarelos vão circular nos saguões para orientar os
passageiros.
Dólar
cai e preocupa
Depois de iniciar as negociações em alta, o dólar
acabou perdendo força e fechou a quinta-feira em queda. Segundo os analistas,
esse movimento foi ditado pelo bom humor dos analistas, que comemoraram o fato
de a Espanha vender mais títulos do que o esperado, mesmo estando efetivamente
em recessão. Também ajudaram os indicadores do mercado de trabalho
norte-americano. Os pedidos de auxílio-desemprego foram inferiores às
expectativas: os especialistas projetavam 365 mil solicitações e foram
contabilizadas 348 mil. Com isso, as cotações da divisa dos Estados Unidos
caíram ante as principais moedas do globo. No Brasil, o recuo foi de 0,17%, com
o dólar valendo
R$ 1,720 para venda. No acumulado do ano, a baixa chega a 8%.
R$ 1,720 para venda. No acumulado do ano, a baixa chega a 8%.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a
tendência é de o dólar recuperar as forças em relação ao real, o que favorecerá
a indústria em 2012. Segundo ele, o real desvalorizado torna os produtos
brasileiros mais baratos no exterior. "Essa é uma área sensível (para a
indústria) porque, como a economia mundial está desacelerando, falta mercado de
manufaturados. Então, os países estão desesperados para exportar seus
produtos", disse.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o dia foi de alta
de 1,18%, com o Ibovespa indo para os 66.141 pontos, o nível mais alto desde 27
de abril de 2011. (VM)
Recorde de
autuações
CRISTIANE BONFANTI
As fiscalizações da Receita Federal geraram
resultado de R$ 109,3 bilhões em autuações no ano passado. A arrecadação é um
recorde histórico e representa crescimento de 20,6% na comparação com o
montante de R$ 90,6 bilhões cobrado em multas e impostos em 2010, em operações
contra sonegação de impostos e fraudes fiscais.
O último recorde, de R$ 107 bilhões, havia sido
registrado em 2007. O subsecretário de Fiscalização da Receita Federal do
Brasil, Caio Marcos Cândido, lembrou que, a despeito de números tão altos,
somente de 5% a 6% entram efetivamente nos cofres da União no ano do
lançamento. O restante demora para ser recebido porque, na maioria dos casos, o
contribuinte ou a empresa entra com recursos administrativos, que são julgados
ao longo dos anos.
Mesmo com o crescimento na arrecadação, o número de
pessoas físicas com problemas na declaração de Imposto de Renda caiu 26,4%
entre 2010 e 2011, de 520.028 para 382.412. Cândido atribuiu a redução ao
processo de autorregularização dos contribuintes criado pelo Fisco no fim de
2010. Por meio dele, pode ser acessado o extrato do Imposto de Renda para saber
se há pendências para não cair na malha fina.
BRASIL
Braz de
Aviz nomeado cardeal
Papa Bento XVI oficializará amanhã 22 clérigos de várias
nacionalidades para o posto, entre eles o ex-arcebispo de Brasília. Ele é padre
há 40 anos e dirigiu a igreja na capital federal entre 2004 e 2010, quando foi
convocado pelo Vaticano
Edson Luiz
Desde 2010, dom João Braz de Aviz é prefeito de uma
congregação no Vaticano responsável pela ordenação de padres e de freiras
O papa Bento XVI nomeará, amanhã, 22 novos cardeais
de várias nacionalidades. Entre eles, está dom João Braz de Aviz, que foi
arcebispo de Brasília de 2004 a 2010, ano em que foi transferido para o
Vaticano. Além disso, ele é o único latino a assumir o posto nessa leva.
Atualmente, ele está no Vaticano, onde é prefeito da Congregação para os
Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Dos
religiosos que receberão o barrete cardinalício, neste sábado, apenas quatro
não estão habilitados a eleger o sucessor do papa. O ministro da
Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, representará o
Brasil na cerimônia.
Nascido em Mafra, no interior de Santa Catarina,
dom João Braz foi ordenado padre em 1972, mas desde 1958 estudava em um
seminário de Assis (SP), para onde a família se mudou. Em 1994, passou a ser
bispo e, em 2004, foi nomeado arcebispo de Brasília. Na capital, ele ficou por
seis anos, até ser chamado ao Vaticano para substituir o cardeal Franc Rodé, na
prefeitura da congregação. O religioso, que completa 65 anos em abril, será o
20º cardeal brasileiro nomeado pelos papas desde 1905.
Os 22 cardeais que serão oficializados assumem o
posto em um momento delicado da Igreja Católica. O Vaticano está tentando
resgatar a imagem dos católicos, que hoje estão perdendo terreno para outras
religiões, principalmente evangélicos. Para atrair fiéis brasileiros, o
papa Bento XVI virá ao Rio de Janeiro entre 23 e 28 de janeiro do ano que vem
para a 27ª Jornada Mundial da Juventude.
Só da Itália, serão nomeados sete clérigos. Além de
dom João Braz de Aviz, terão oficializada a posição de cardeal 16 europeus,
dois americanos, um canadense, um chinês e um indiano
Além de perder fiéis e dos escândalos, a Igreja
Católica está atraindo menos religiosos, como admitiu dom João Braz, em uma
entrevista ao jornal L"Osservatore Romano, que é ligado ao Vaticano. A
fala foi publicada no momento em que o religioso foi conduzido para a
Prefeitura da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades
de Vida Apostólica, que cuida da questão das ordenações de religiosos
masculinos e femininos, além da disciplina, entre outra coisas.
Otimismo
O novo cardeal brasileiro ressaltou que o problema
maior estava acontecendo na Europa e em menor escala nos outros continentes,
mas se mostrou otimista com uma futura mudança de panorama. "Há nações em
mudanças, onde há um crescimento enorme. Penso na Índia, na Coreia, e em outros
países do Oriente, nos quais o número de consagrados está aumentando",
disse ele ao periódico, no início deste mês.
Para representar o Brasil na cerimônia de nomeação
de D. João Braz de Aviz, a presidente Dilma Rousseff enviou para o Vaticano o
seu secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que é católico
fervoroso. Na quarta-feira, ele esteve reunido com a bancada evangélica na
Câmara e Senado, onde se desculpou pelo efeito negativo da frase que teria dito
no Fórum Social Mundial, de que o governo precisaria criar uma mídia estatal
para disputar a mídia evangélica. O ministro negou que tenha feito a
declaração.
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