PRIMEIRA PÁGINA
Manchete:
Posseiros param Suape
Agricultores do entorno do porto fecharam a rodovia
PE-60 por mais de quatro horas, na manhã de ontem, protestando contra as
desapropriações na área. Manifestação provocou congestionamento quilométrico no
já complicado acesso ao Litoral Sul.
Cai
sétimo ministro do governo Dilma
Negromonte deixa pasta das Cidades acusado de pagar
por apoio. PP mantêm vaga.
Procuradora
é morta pelo marido a facadas em Minas Gerais
Procuradora é morta em condomínio de luxo
COLUNAS
Claudio
Humberto
Omissão complica Mantega
A situação do ministro Guido Mantega (Fazenda) se
deteriorou ontem, com a revelação de que ele conhecia há pelo menos um ano
denúncias de corrupção contra o subordinado Luiz Felipe Denucci, presidente da
Casa da Moeda, e nada fez. Sabia que a Receita e a Polícia Federal investigavam
o suposto pagamento de US$ 25 milhões em propinas para Denucci, e também foi
avisado pelo PTB, por carta, há um ano. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO)
quer convocá-lo a se explicar. Dilma ficou irritada quando soube, ainda em
Cuba, que o caso Mantega seria noticiado. Seus assessores apostaram na demissão
do ministro. O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) irritou o governo ao
defender a convocação de Mantega. Seu irmão, Geddel, é dirigente da Caixa.
Tentando conter a repercussão, Mantega se reuniu com próceres da TV Globo e de
outros veículos, para minimizar sua atitude omissa.
Improbidade
Pode ser enquadrada como improbidade administrativa
a nomeação ilegal do espanhol José Lopez Feijoo, amigo pessoal do ex-presidente
Lula, como assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência da República. A
Constituição proíbe a nomeação de estrangeiros para cargos públicos. Feijoo
pediria sua naturalização apenas dez dias após sua nomeação assinada pelo
ex-chefe da Casa Civil Antônio Palocci (foto). A cidadania vapt-vupt de José
Feijoo, segundo juristas, ofenderia os princípios constitucionais de
moralidade, impessoalidade e legalidade.
Piada baiana
Com a greve na polícia, todo mundo correu do caos e
dos arrastões em Salvador. Menos o governador Jaques Wagner, que estava em
Cuba.
Telejornalismo
Há mais de um ano, com o fim do contrato de
assinatura, a GloboNews não é mais sintonizada no Senado, que fez opção pela
BandNews TV.
Mais do mesmo
Todos são inocentes até prova em contrário, mas o
novo ministro de Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), começa pendurado na
brocha: tem 14 processos na Justiça, segundo a ONG Transparência Brasil.
Outra demissão
O diretor de segurança dos Jogos Olímpicos de 2016,
Luiz Fernando Corrêa, será demitido. Ele é investigado pelo Ministério Público
Federal por supostas irregularidades nos Jogos Panamericanos de 2007.
Lista tríplice
O governador do DF, Agnelo Queiroz (PT) pediu à
Associação dos Delegados de Polícia uma lista tríplice de sugestões para
substituir Onofre de Moraes, que deixou ontem a direção-geral da Policia Civil.
Sem acordo
Nossos leitores sabem desde 2 de janeiro que Marta
Suplicy (PT-SP) decidiu rasgar o acordo para revezar com José Pimentel (PT-CE)
na vice-presidência do Senado. Nada teve com a eleição paulistana.
Engoliu
O PT e a mesa diretora do Senado foram informados
por Marta Suplicy, no final do ano, que não via “sentido” em abrir mão da
vice-presidência. Na ocasião, José Pimentel nem sequer ousou comentar a decisão
dela.
Sem descanso
Apesar dos planos de concorrer ao governo do Paraná
em 2014, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), pouco visitou seu
Estado em 2011. A presidente Dilma não lhe dá tréguas.
Frase
"Eu não confio no PT. O PT é um amigo que trai
o outro”. Roberto Jefferson, presidente do PTB, e o envolvimento petista no
caso Mantega
Chega de intrigas
Conselheiros amigos da onça tentaram convencer o
governador Agnelo Queiroz a explorar referências a seu vice, Tadeu Filippelli,
no vídeo que derrubou o diretor da Polícia Civil. Mas ele proibiu que se
estimulasse a intriga.
Cadeia
O terrorista Cesare Battisti disse que está “pronto
para responder pelos seus atos”. Pediu reconciliação ao presidente Giorgio
Napolitano, “stalinista dos anos 1970”, e novo julgamento. A resposta foi que
ele deve voltar para “cumprir pena”.
EDITORIAL
Lições
de uma tragédia
A tragédia do desabamento de três prédios no Rio de
Janeiro chega carregada de temores que vão fazer perdurar os riscos não apenas
na parte mais antiga da Cidade Maravilhosa, mas de todas as grandes cidades
brasileiras, de onde não se ouve falar em trabalhos sistemáticos, rotineiros,
de manutenção das velhas estruturas urbanas. Com frequência se trata de
revitalização de tal e qual trecho mais antigo, e nunca de ações técnicas para
conferir o grau de desgaste das construções com décadas, com frequência mais de
um século, onde nasce o temor.
A Região Metropolitana do Recife tem uma crônica
preocupante de desabamentos. Que tem a ver com um processo de que não temos o
conhecimento suficiente para instalar segurança, da análise do solo à qualidade
do material empregado e laudos periódicos, atestando se há necessidade de
reparos preventivos ou corretivos. Essa questão é particularmente apropriada
para ser pensada e discutida no Grande Recife, com muitos prédios interditados
por risco de desabamento.
São muitas as razões para temer esse risco, pelo
que vemos todos os dias quando circulamos pelos trechos mais antigos, do Bairro
do Recife, de Santo Antônio e São José, principalmente. Não chamam atenção –
como acontece com o caso do Rio, pelo tamanho e localização dos prédios que
caíram –, mas é comum se encontrar de pé apenas antigas fachadas de casas. No
interior, os escombros do tempo, por abandono, simplesmente, ou na espera da
valorização imobiliária e construção de grandes prédios. O mais grave, que
também nos diz respeito, é a condição de cansaço das grandes estruturas, de que
é farta a cidade do Recife naquelas localidades mais antigas para as quais se
voltam as apreensões diante do que aconteceu no Rio. A primeira e mais evidente
questão que nos ocorre é: estamos imunes a esse tipo de acidente? Há algum
trabalho sistemático que assegure, por exemplo, a segurança das velhas
construções de dois, três pavimentos no bairro onde a cidade nasceu?
Não se trata de catastrofismos, de paranoia apenas
porque estamos diante de um grave acidente no Rio de Janeiro, mas de uma
questão a que com frequência recorremos, para lembrar que o Grande Recife
também tem a sua crônica de queda de prédios antigos – como já aconteceu, com maior
repercussão, com o edifício Gisele, em julho de 1977, em Jaboatão.
As possibilidades visíveis estão por toda parte e
todas exigem um maior cuidado, quando se trata de obras de manutenção ou de
restauração, aí, sim, com base nas tristes lições que vêm do Rio, onde todas as
observações levantadas até agora apontam para a imprudência como causa
principal da tragédia, além, naturalmente, da ausência do trabalho permanente
de manutenção, de que igualmente carecemos. Assim como tornar uma prática a
conscientização de moradores dos edifícios a só realizarem alterações
estruturais dos apartamentos seguindo rigoroso controle da engenharia.
Ministro
cai de paraquedas no governo Dilma
BRASÍLIA – Até hoje, o novo ministro das Cidades,
que comandará um super orçamento de R$ 8 bilhões, poderia passar despercebido
por onde andasse em Brasília. Desconhecido do centro político da capital,
marinheiro de primeiro mandato e com experiência administrativa que se resume a
passagens pelas secretarias de Agricultura e Ciência e Tecnologia da Paraíba, o
deputado Aguinaldo Ribeiro caiu de paraquedas na equipe da presidente Dilma
Rousseff.
Sua escolha foi fruto mais das articulações do
comando do PP do senador Francisco Dorneles (RJ) do que de suas credenciais
pessoais. O paraibano Aguinaldo Ribeiro, 43 anos, emergiu da desgraça do
companheiro Mário Negromonte, bombardeado dentro da própria legenda. Foi alçado
a ministro poucos dias depois de sua primeira conversa com a presidente Dilma
Rousseff, que ocorreu quinta-feira passada.
Na avaliação de sua ficha pelo Palácio do Planalto
não pesaram na decisão da presidente o fato de responder a dois inquéritos no
Supremo Tribunal Federal (STF) sobre supostas irregularidades no cumprimento da
Lei de Licitação e as suspeitas sobre ações no passado de seu pai, o
ex-deputado e ex-prefeito de Campina Grande, Enivaldo Ribeiro.
Pesou bastante a seu favor a capacidade que teve
nos últimos meses de virar o jogo na bancada do PP a favor do governo, desde
que assumiu a vaga no lugar de Nélson Meurer (PP-PR). “Ele encantou o Palácio e
tem hoje a maioria da bancada com ele, tem 70% da bancada”, afirmou um
influente pepista.
No PP, a avaliação corrente é que sua aliança com o
grupo do senador Ciro Nogueira (PI) e do deputado Eduardo da Fonte (PE) estão
entre suas principais credenciais. O mineiro Márcio Reinaldo Moreira (MG), um
dos que tiveram o nome cotado para a vaga de Negromonte, avaliou: “Ele é bom de
bola. Jogou no grupo certo”.
Sarney
faz desabafo na abertura do Congresso
BRASÍLIA – Com poucos parlamentares presentes na
solenidade de abertura da segunda sessão da 54ª Legislatura, o presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP), anunciou ontem que essa foi a última vez que
presidiria essa solenidade. No seu discurso, incluiu sua mágoa pela forma como
é criticado pela opinião pública do País. Ele anunciou que presidia a sessão
solene “pela oitava e última vez”, após exercer três vezes o mandato de
deputado, cinco vezes o de senador, além de ter sido governador,
vice-presidente e presidente da República. “Sendo uma das mais longas vidas
públicas do País, vivi e envelheci servindo a suas instituições e procurando
melhorar a vida do nosso povo, que em muitas conquistas tem a marca do meu
trabalho”, afirmou.
Sarney lembrou, em seguida, que “os grandes países
tem como patrimônio os seus velhos políticos, objeto de respeito, homens de
Estado que merecem reconhecimento nacional”. Mas sem fazer referência a seu
caso, disse que “a política é cruel, porque lida com a injustiça e a
ingratidão”. “Mas é um sacerdócio e um martírio que só sentem os bons políticos.
Nunca cravei, por meu desejo, espinho algum no peito de ninguém”, acrescentou.
O senador reconheceu que, como parlamentar, não
apenas ele, mas todos os demais têm defeitos. “Temos defeitos, e muitos, porque
somos um corte da sociedade. E a sociedade democrática tem sua vida na
diversidade, onde não se pode a priori condenar uns à salvação e outros à
perdição.” No entender do senador, “o Congresso Nacional retrata os diferentes
segmentos e interesses da sociedade, não é uma corte de sábios ou santos”.
José Sarney voltou a defender a necessidade de
realizar uma reforma política no País e a de reagir como a “interferência” das
medidas provisórias. Mas constatou que, há vários governo, só tem enfrentado a
“frustração” nas tentativas de resolver a questão.
Daniel
expõe a “cautela” do PSDB
O deputado estadual e pré-candidato à Prefeitura do
Recife Daniel Coelho (PSDB) afirmou, ontem, que, apesar de seu nome estar
consolidado como prefeiturável, o atual momento ainda não é o de colocar o
“bloco na rua”. O tucano acredita que o foco agora é na criação de propostas e
novos conceitos para a cidade, além de aprofundar o conteúdo para apresentar à
população uma candidatura que represente algo de novo para a sociedade.
Daniel Coelho, em entrevista à Rádio JC/CBN, disse
que sempre teve uma agenda puxada nas ruas, mas que está trabalhando
tranquilamente na Assembléia Legislativa e que o PSDB está levando o processo
com calma e paciência. Posicionado como um candidato da oposição, o deputado
foi questionado sobre a relação próxima entre o seu partido e o governo do
Estado, o que dificultaria uma aproximação com os outros partidos que se opõe
ao atual prefeito João da Costa (PT), o PMDB, o Democratas e o PPS, ambos com
postulantes à Prefeitura do Recife.
“A relação do PSDB não é de inimizade com o PSB,
mas a maioria que faz oposição está no PSDB. O partido me deixa livre para
fazer críticas ao governo de Eduardo Campos quando eu acho que é necessário”,
explicou Daniel, que continuou com relação a um possível isolamento do PSDB no
campo das oposições. “Ainda não houve conversas com relação a nomes. Um
candidato único (das oposições), eu acho que é um equívoco. Defendo duas ou
três candidaturas e penso que o momento não é para falar em nomes, mas discutir
os fatos”.
Se Daniel Coelho se mostra cauteloso em falar das
definições das candidaturas da oposição, para expor suas críticas ao governo
petista ele não mede palavras. O deputado critica o projeto de poder do PT no
Recife e aposta que a sociedade “cansou” destes 12 anos seguidos de
administração do PT na cidade. “Não escuto um petista falar do futuro do
Recife. A capital perdeu sua liderança metropolitana e o PT só quer se manter
no poder”, afirmou o deputado.
Perguntado se esse é o momento da oposição assumir
a Prefeitura, Daniel garante que a luta vai ser muito difícil. “Com o PT não é
fácil. Usam a máquina pública de forma vergonhosa, a disputa vai ser desigual”.
Daniel Coelho acredita que a saúde e a segurança pública serão os principais
assuntos dos debates durante a eleição e que questões como mobilidade urbana e
meio ambiente também farão parte das discussões.
Após
atacar Agnelo, delegado deixa cargo
Agência O Globo
BRASÍLIA – Depois da divulgação de um vídeo onde
aparece declarando que o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT),
sairia da Polícia Federal num “camburão”, o diretor-geral da Polícia Civil do
DF, Onofre de Moraes, deixou o cargo. Anteontem à noite, o jornalista Edson
Sombra tornou público em seu blog a gravação de uma conversa que teve com
Onofre, feita em junho de 2011, na qual o ex-chefe da Polícia Civil, na época
apenas um delegado, faz as declarações contra Agnelo.
Sombra é uma espécie de porta-voz do delegado
Durval Barbosa, delator da operação Caixa de Pandora, que levou à prisão e à
queda do ex-governador José Roberto Arruda (DEM). Onofre trabalhou na campanha
de Agnelo e tinha expectativa de ser escolhido diretor-geral da Polícia Civil
na montagem do governo. Ele passou a ocupar o cargo no final do ano passado e
manteve-se no posto por apenas três meses.
Na gravação, Onofre ataca a atuação de Mailine
Alvarenga à frente da direção da Polícia Civil e relata a conversa que teria
tido com uma pessoa, não identificada. “...Quando seu governador tiver saindo
de camburão da Polícia Federal, e eu aposentado vendo, pede para a diretora ir
lá tirar ele. Foi o recado que mandei direto”, disse Onofre na gravação, onde
aparece na sala da casa de Sombra, com outras pessoas.
Sombra postou o vídeo em seu blog numa reação a
declarações de Onofre, que, numa entrevista ao Correio Braziliense, anteontem,
afirmou que não aceitaria pressões do jornalista e nem de Durval Barbosa. Em
entrevista à revista Veja, publicada no último final de semana, Durval afirmou
que Onofre teria oferecido propina de R$ 150 mil a Sombra para o jornalista
evitar críticas à gestão de Agnelo.
Na imagem, Onofre aparece bem à vontade na casa de
Sombra. Serve-se no frigobar e também numa bomboniére no centro da mesa. O
ex-diretor da Polícia Civil fala da progressão da carreira política de Agnelo e
afirma que quanto maior o cargo, maior a exposição do político. “Você é
pintinho e ninguém vai querer te destruir. Vira diretor aí nego fuça tudo.
Quando deputado (Agnelo) ficou só no periférico. Foi para o ministério, até que
não se expôs tanto...”, afirmou Onofre.
Protesto
fecha acesso a Suape
PORTO Por mais de 4 horas, agricultores bloquearam a
rodovia PE-60 para protestar contra a política de desapropriações de Suape
Adriana Guarda
adrianaguarda@jc.com.br
Agricultores do entorno do Porto de Suape, apoiados
pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fecharam, ontem,
durante mais de quatro horas, a rodovia PE-60, no Cabo de Santo Agostinho. A
manifestação, que começou por volta das 6h, foi para protestar contra a
política de desapropriações adotada pela diretoria do complexo. O ato provocou
um congestionamento quilométrico no sentido Recife-Litoral Sul, que se estendeu
até a BR-101. Com uma barreira de pneus queimados, os manifestantes impediram a
passagem dos veículos.
Ônibus transportando trabalhadores da Refinaria
Abreu e Lima, da PetroquímicaSuape e do Estaleiro Atlântico Sul ficaram presos
no engarrafamento e o jeito foi ligar para os encarregados e avisar sobre o
atraso. Motoristas das companhias de ônibus fretadas tentaram fazer rotas
alternativas pela Reserva do Paiva e pelo município de Escada para driblar o
trânsito e evitar prejuízo maior para as empresas. O primeiro turno do
expediente das empreiteiras acabou prejudicado. Funcionários das cozinhas industriais
de Suape também estavam preocupados em chegar a tempo para preparar a refeição
de centenas de operários.
Viaturas das Polícias Militar e de Trânsito e dois
carros do Corpo de Bombeiros acompanharam o protesto, que ocorreu de forma
pacífica, com as lideranças se alternando ao microfone para explicar a pauta
com 11 reivindicações. Os manifestantes também queriam a presença de uma
comissão do porto para negociar, mas não foram atendidos. No início da tarde de
ontem, o vice-presidente de Suape, Frederico Amâncio, disse que os
manifestantes não oficializaram esse pedido.
O protesto só se dispersou depois das 10h, com a
chegada do Batalhão de Choque da PM. As lideranças avaliaram que era melhor não
entrar em confronto e seguiram em caminhada para o Engenho Algodoais, onde se
localiza a casa da posseira Raquel Minervino, ameaçada de ter sua casa
derrubada se não desocupasse o local até hoje. Os Bombeiros apagaram o fogo e a
pista foi liberada, mas o trânsito ainda ficou lento por mais uma hora.
O presidente do Sindicato dos Agricultores na
Agricultura Familiar do Cabo, Ariel Melo, disse que a lista de pleitos inclui a
retirada dos processos de reintegração de posse contra os moradores de Suape,
revisão dos valores das indenizações pagas, retirada das “milícias armadas” de
Suape, criação de uma comissão de negociação e acompanhamento dos processos de
desapropriação e outros itens.
A agricultora Raquel Minervino participou do ato,
junto com outros familiares que há três gerações moram no Engenho Algodoais. “Não
quero deixar a minha vida para trás nessas terras recebendo uma indenização
ridícula de R$ 12,5 mil”, reclamou, apostando que a manifestação servisse como
pressão para evitar a derrubada de sua casa.
Na avaliação de Amâncio, a manifestação de ontem
foi um ato político e não uma reivindicação social. “O que vimos ali foram
discursos de candidatos a vereador. Onde estavam os moradores de Suape? A
liderança era do MST e de pessoas de fora da região”, observa. Participaram da
manifestação representantes do MST, agricultores dos engenhos de Serraria,
Algodoais e Massangana (com presidentes ou líderes de suas associações), além
do presidente da Associação de Moradores de Gaibu e do Sindicato dos
Trabalhadores na Agricultura Familiar do Cabo.
Arrecadação
federal cresce 24,8% em PE
A Receita Federal arrecadou em 2011 R$ 15,7 bilhões
em tributos em Pernambuco, um aumento de 24,8% em relação ao total de R$ 12,6
bilhões registrado no ano anterior. As receitas de Imposto de Renda retido na
fonte, ou seja, a mordida que o Fisco dá todos os meses no contracheque dos
trabalhadores, cresceu 15,9% e bateu a casa de R$ 1,07 bilhão, um reflexo
direto do crescimento no número de empregos com carteira assinada e atividades
formalizadas.
Outro dado que reflete diretamente o cenário de
baixo desemprego no Estado é o de crescimento nas receitas previdenciárias, de
20,5%, atingindo R$ 5,06 bilhões. Trata-se, como o nome indica, das
contribuições mensais ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Entretanto, o dado que mais chamou atenção da Superintendência da Receita
federal da 4ª Região (que engloba, além de Pernambuco, os Estados do Rio Grande
do Norte, Paraíba e Alagoas) foi o de elevação do Imposto sobre Importação, de
47,6%.
“Foi um desempenho fantástico, impulsionado
principalmente pela movimentação de cargas em Suape. A arrecadação de tributos
alfandegários nesse Porto teve uma alta de aproximadamente 50%”, comentou o
chefe do serviço de maiores contribuintes na 4ª Região, Nelson Leitão Paes.
Já as “outras receitas administradas” tiveram um
salto de 70,2% motivado pelo pagamento da maior parte das parcelas de dívidas
atrasadas das empresas que aderiram ao programa de renegociação lançado em 2009
e batizado de Refis da Crise.
Identificado
servidor citado em relatório
RIO – O servidor público Rogério Figueiredo Vieira,
do Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT-RJ), foi o responsável por 16
movimentações financeiras atípicas, no valor total de R$ 282,9 milhões, em
2002, rastreadas pelo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf). A informação
foi publicada ontem pelo colunista Ancelmo Gois.
Investigado pela Polícia Federal, Rogério, que já
foi preso em 2004, ocupou os cargos de coordenador de Despesas e de integrante
da Comissão de Licitação do TRT-RJ, entre 1994 e 1995.
Relatório divulgado pelo Coaf, a pedido do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), listou cerca de 3,5 mil operações atípicas
envolvendo magistrados e funcionários da Justiça de todo o País, entre 2000 e
2010, com valores que chegam a R$ R$ 855,7 milhões. O Conselho, no entanto, não
havia revelado os nomes. O documento deu início, então, a uma investigação da
corregedora do CNJ, Eliana Calmon, mas, em dezembro do ano passado, a apuração
foi interrompida por liminar do ministro Marco Aurélio Mello a pedido de
entidade ligada à magistratura.
Em 2004, Rogério foi preso, no Rio, pela Polícia
Civil do Paraná, em operação que também prendeu os ex-secretários do governo de
Jaime Lerner Ingo Hübert e José Cid Campêlo Filho. Eles eram suspeitos de terem
desviado R$ 16,8 milhões da Companhia Estadual de Energia paranaense.
A Operação Voo Livre, no ano passado, provocou a
abertura de três inquéritos contra Rogério por lavagem de dinheiro e crimes
contra o sistema financeiro. O Ministério Público Federal investiga as
movimentações atípicas feitas no TRT-RJ.
O episódio abriu uma crise entre a atual presidente
do TRT-RJ, Maria de Lourdes Sallaberry, e o presidente da seccional do Rio da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Wadih Damous. Ela considerou “levianas
e açodadas” as declarações de Damous diante da polêmica sobre o servidor. Em
entrevista, Damous havia pedido ao tribunal que informasse o nome de quem
movimentou os R$ 282,9 milhões.
Onze
presos por desviar remédios
SÃO PAULO – Funcionários de três hospitais, um
presidiário e mais oito pessoas são suspeitas de desviar remédios de alto custo
das redes pública e particular de São Paulo. Os medicamentos custam até R$ 8
mil e são usados no tratamento do câncer. Após serem furtados, eram revendidos
para distribuidoras e farmácias de São Paulo, Praia Grande (SP), São Caetano do
Sul (SP) e Belford Roxo (RJ).
O grupo foi desmontado ontem em uma operação da
Polícia Civil, do Ministério Público e da Corregedoria da Administração de São
Paulo. As investigações duraram seis meses. Onze pessoas foram presas. Nas casas
de algumas delas, a polícia apreendeu R$ 34 mil em dinheiro, dezenas de caixas
dos medicamentos e nove carros. Outros oito suspeitos ainda são investigados.
Conforme a apuração, o empresário Stefano Mantovani
Fernandes, um dos detidos, comandava o esquema de dentro do Centro de Detenção
Provisória (CDP) de Pinheiros por meio de um telefone celular. Fernandes está
preso lá desde 2009. No ano passado, ele foi condenado a 14 anos de prisão por
receptação de medicamentos furtados. Na ocasião, ele negou as acusações. O
contato de Fernandes com o grupo era feito por meio da mulher dele e de um
cunhado. Ambos foram presos em flagrante.
A quadrilha atuava desde 2009, segundo informações
da promotora Beatriz Lopes de Oliveira, baseadas em investigações do Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Neste período, o grupo
provocou um prejuízo aos cofres público de R$ 10 milhões.
O grupo, de acordo com a Polícia Civil, pagava R$ 1
mil pelos remédios desviados. O produto era revendido por até R$ 7,5 mil. Entre
os presos, está uma servidora pública federal cedida ao Hospital Brigadeiro,
que é da rede estadual. Câmeras de vigilância a flagraram furtando os remédios.
O Hospital Samaritano e o Instituto Brasileiro
Contra o Câncer, ambos particulares, também foram vítimas do esquema. As
unidades de saúde disseram que acompanham as investigações.
HISTÓRICO
A operação foi a terceira contra suspeitos de
desviar remédios de hospitais públicos. Em maio de 2010, seis pessoas foram
presas sob suspeita de participar de roubos a um posto de distribuição de
remédios da rede pública na Zona Sul de São Paulo. O prejuízo chegou a R$ 8
milhões. O alvo dos roubos foi o remédio Mabthera, uma droga de alta tecnologia
contra o câncer do sistema linfático. Cada caixa custa cerca de R$ 8 mil, mas,
em razão de descontos obrigatórios por lei, a Secretaria da Saúde paga perto de
R$ 6 mil.
Em setembro de 2009, nove pessoas foram presas na
primeira investida contra o desvio. Na ocasião, a polícia informou que o
prejuízo chegava a R$ 40 milhões. A quadrilha usava 13 distribuidoras para
vender os remédios para hospitais e clínicas de 20 Estados e o Distrito
Federal.
Bahia
recebe reforço do Exército
SALVADOR – Encapuzados e armados, policiais
militares em greve na Bahia isolaram o acesso de veículos à sede do governo
estadual. O governador Jaques Wagner (PT) pediu ontem o reforço da Força
Nacional de Segurança e foi atendido pelo governo federal.
A greve foi decretada anteontem, por associação de
policiais que o governo não reconhece. A Força Nacional de Segurança e o
Exército foram destacados para atuar em Salvador. Ao todo, 1.250 homens foram
enviados.
A paralisação foi considerada ilegal pela Justiça.
Segundo o procurador-geral do Estado, Ruy Moraes, caso a entidade não cumpra a
decisão será cobrada multa de R$ 80 mil por dia. Apesar disso, o movimento
cresceu e reduziu sensivelmente o policiamento nas ruas de Salvador e de
algumas cidades do interior. Em alguns bairros da capital, o comércio fechou
mais cedo por temor de assaltos.
No início da noite, o acesso ao Centro
Administrativo da Bahia, que reúne o Executivo, o Legislativo e o Judiciário do
Estado, foi fechado. PMs encapuzados e exibindo pistolas na cintura abordaram
ônibus e obrigaram motoristas e passageiros a descer. Depois, os grevistas
atravessaram os veículos nas avenidas de acesso ao Centro Administrativo e
furaram os pneus a facadas.
O governo afirma que dois terços dos policiais
militares continuam trabalhando normalmente. O presidente da Associação de Policiais
e Bombeiros da Bahia, Marco Prisco, diz que a adesão à greve é total. Prisco
foi expulso da PM após ter liderado uma grande greve de policiais em 2001.
Na madrugada de ontem, cinco agências do Banco do
Brasil, instaladas em bairros nas proximidades do Centro de Salvador, sofreram
ataques a tiros. Em todas as unidades, as portas de vidro foram quebradas.
ECONOMIA
Economia
milionária na compra de tablets
EDUCAÇÃO Por causa de intervenção da Justiça, que
colocou sub suspeita a 1ª licitação, o Estado reduziu em R$ 26,6 milhões valor
da aquisição de computadores para 156 mil alunos
Por causa de uma intervenção judicial, o Estado dá
início ao ano letivo de 2012 com economia milionária. A Secretaria de Educação
realizou, ontem, novo pregão eletrônico para a compra de 156 mil tablets
(computadores de mão) para distribuir entre os alunos dos 1º e 2º anos do
ensino médio. A nova tomada de preços, dessa vez com nove empresas, reduziu em
R$ 26,6 milhões o orçamento do primeiro certame, de dezembro. O valor unitário
do equipamento caiu de R$ 890 para R$ 629. O novo pregão só ocorreu por
determinação da Justiça, que considerou suspeita a primeira licitação efetuada
apenas com duas empresas que vendiam um mesmo produto.
No pregão eletrônico de ontem, a empresa Positivo
Informática, vencedora do primeiro certame, reduziu o preço de seu produto de
R$ 890 para R$ 639. A Digibras, empresa que entrou na Justiça por ter sido
excluída da primeira licitação, venceu a disputa, oferecendo seu equipamento
por R$ 629.
“A justiça suspendeu a primeira licitação e
determinou que a Secretaria de Educação realizasse nova tomada de preços. O
resultado foi uma economia de mais de R$ 26 milhões aos cofres públicos”,
afirmou o advogado Ronnie Preuss Duarte, representante da Digibras.
Durante entrevista coletiva na manhã de ontem para
anunciar as novidades para o ano letivo de 2012, o secretário de Educação,
Anderson Gomes, tratou de maneira superficial o novo pregão dos tablets. Mais
tarde, por telefone, ele avaliou a economia na aquisição dos equipamentos como
um aprendizado de gestão pública.
“Em momento nenhum, houve má-fé da Secretaria de
Educação. Tanto que acatamos imediatamente a determinação da Justiça. Vamos
lutar, agora, para manter o valor contingenciado e utilizá-lo no ano que vem
para entregar tablets a mais estudantes”, destacou.
Devido ao novo pregão eletrônico, os tablets serão
distribuídos para os alunos a partir de abril e não em março, como estava
previsto. A secretaria estima que até junho todos terão recebido o equipamento.
Os professores serão capacitados para usar o instrumento nas aulas. “Decidimos
dar aos alunos do 2º ano em diante para estimular os dos primeiros anos a
continuar os estudos”, observou Anderson. A evasão no ensino médio é de 18%.
Os estudantes poderão levar os tablets para casa,
mas só os ganharão de vez quando concluírem o 3º ano e se forem aprovados. Os
equipamentos terão chips para que sejam monitorados, caso haja roubo.
Onda de
assaltos causa o afastamento de bancários
VIOLÊNCIA Nove agências foram assaltadas este ano
em Pernambuco, violência que provocou o desligamento de 11 funcionários para
tratamento psicológico, no mês de janeiro. Ano passado, 17 profissionais foram
afastados
A Polícia Civil registrou ontem pela manhã, o nono
assalto a banco em Pernambuco este ano. Cinco homens roubaram a agência do
Bradesco de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife e fugiram levando o
dinheiro dos caixas e as armas dos vigilantes. O grupo assustou clientes e
funcionários ao quebrar uma vidraça na saída da agência. A onda de assaltos tem
causado o afastamento do trabalho de bancários e seguranças, traumatizados com
a violência.
Em 2011, o Sindicato dos Bancários registrou 17
casos de profissionais que pararam as atividades por problemas psicológicos
decorrentes de traumas durante o trabalho realizado em agências que foram
assaltadas. Apenas em janeiro deste ano, 11 casos semelhantes já foram
anotados.
“Em 60% das agências bancárias não existem os
equipamentos básicos de segurança. Os funcionários estão em risco permanente, a
todo instante. Os bancos lucram bilhões e não querem investir o mínimo para
resguardar os empregados e clientes”, afirmou o diretor de Saúde do Trabalhador
do Sindicato dos Bancários, João Rufino.
Para o presidente do Sindicato dos Vigilantes de
Pernambuco, Cassiano de Souza, a insegurança nos bancos só vai mudar quando os
clientes exigirem melhorias. “A maior parte das agências tem apenas dois
vigilantes. Na hora do almoço, apenas um homem fica de prontidão, enquanto o
outro está se alimentando. Essa fragilidade constante só prejudica o usuário e
facilita a vida do criminoso”, disse o presidente do Sindicato dos Vigilantes
de Pernambuco.
MEDO
“Tem dias que não consigo sair de casa. Vivo
apreensivo desde que a agência na qual eu trabalhava foi assaltada. Eu era o
tesoureiro. Quatro homens invadiram o banco e me obrigaram a abrir o cofre. A
abertura tinha um retardo de 15 minutos e eles ficaram esperando com uma arma
na minha cabeça. Dez dias depois, outro assalto. Não aguentei e tive um
infarto. Desde então, não tenho sossego nem vontade de voltar ao serviço. Só
quem passou por isso sabe o que é. Quando escuto essas notícias de gente sendo
baleada na porta de um banco, o medo volta com tudo”, relatou um bancário de 40
anos, que preferiu não se identificar. Ele está afastado do trabalho para
tratamento psicológico.
Até o fechamento desta edição, a Polícia Civil não
tinha localizado os cinco homens que roubaram a agência do Bradesco de Abreu e
Lima. O grupo fugiu em um carro de cor escura e marca não identificada.
Inquérito
investiga vazamento de óleo
ÁREA DE PRÉ-SAL A Polícia Federal e o Ministério
Público Federal em São Paulo vão apurar causas do acidente na Bacia de Santos,
de onde escaparam 26 mil litros de petróleo
SÃO PAULO, BRASÍLIA, RIO – A Polícia Federal e o
Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo abriram inquéritos para
investigar o vazamento de óleo no Campo de Carioca Nordeste, operado pela
Petrobras na Bacia de Santos, a 250 km do município de Ilhabela, no Litoral Norte
do Estado.
Segundo a Marinha, a mancha de óleo atinge 70
quilômetros quadrados de mar. Na PF, as investigações ficarão a cargo da
Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais e Patrimônio Histórico, que terá 30
dias para apurar o caso.
Já no MPF, a Procuradoria em São José dos Campos
instaurou inquérito civil público para apurar as causas do primeiro vazamento
de óleo do pré-sal e pode preparar ações judiciais e extrajudiciais. O Ibama
também notificou a Petrobras a apresentar, em um prazo de cinco dias, um
relatório consolidado sobre a resposta que foi dada ao vazamento. Segundo o
instituto, a depender das informações apresentadas, a empresa poderá receber
sanções. O caso está com o procurador Angelo Augusto Costa, que requisitou
documentos e informações a diversos órgãos.
Um sobrevoo na região, realizado por técnicos do
Ibama e da Marinha na quarta-feira, comprovaram a existência de uma mancha
“pouco espessa e descontínua, com aparência de frisos prateados”, a cerca de
cinco quilômetros do navio-plataforma FPWSO Dynamic Producer. Na avaliação do
instituto, dada a distância e as condições oceanográficas no local, o petróleo
não deve chegar no litoral.
A Petrobras retificou a estimativa do volume vazado
e informou que 26 mil litros de óleo cru foram liberados ao mar, elevando a
previsão anterior de 25 mil litros.
Em nota, a estatal informou que três embarcações
recolhedoras de óleo percorreram ontem à tarde o local e que, até o momento,
foram recolhidos 15 metros cúbicos de água oleosa, que serão tratados. Toda a
atuação da empresa está sendo monitorada pelo Ibama e pela Cetesb, órgão
ambiental paulista.
PLANO
Em meio ao problema ambiental, ficou pronto o Plano
Nacional de Contingência (PNC) contra grandes vazamentos de petróleo no mar
brasileiro. No entanto, falta decidir de onde sairão os recursos para sua
implantação.
O PNC estabelece o modo de atuação dos diferentes
entes envolvidos em um vazamento — como Agência Nacional do Petróleo (ANP),
Ibama, Marinha e a própria empresa — em casos de grandes vazamentos. Com um
plano definido, haverá parâmetros prévios para que o impacto no ambiente seja o
menor possível.
Segundo a Secretaria de Petróleo, Gás Natural e
Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, há uma negociação em
curso com o Ministério do Planejamento para se buscar a fonte mais adequada
para custear a implementação do plano.
Para
TRT, greve é “ilegal”
Por unanimidade, os 19 desembargadores do Tribunal
Regional do Trabalho de Pernambuco (TRT-PE) julgaram a greve dos operários da
Arena da Copa, em São Lourenço da Mata, como “abusiva e ilegal”. A decisão de
ontem determinou a volta ao trabalho já no primeiro turno de hoje. Se a decisão
não for cumprida, o sindicato da categoria, o Sintepav, terá de pagar uma multa
diária de R$ 5 mil por dia não trabalhado. O Sintepav promete recorrer, assim
que o acórdão for publicado.
Na decisão judicial também consta que sejam
descontados todos os dias parados, ou seja, desde a quarta-feira da semana
passada, quando teve início o movimento. Membros de uma comissão formada pelos
trabalhadores compareceram à sessão e saíram decepcionados. Um desses
integrantes, que não quis se identificar, informou que a notícia será repassada
aos mais de 2.400 operários hoje pela manhã. No entanto, ele adiantou que a
tendência é os funcionários ignorarem a decisão e não voltarem ao trabalho.
“Se isso acontecer, eles estarão sujeitos a
demissão por justa causa”, enfatizou o procurador do Ministério Público do
Trabalho, Manoel Goulart, que também deu parecer favorável à ação impetrada pela
Odebrecht, responsável pela obra.
Presidente do Sintepav (Sindicato dos Trabalhadores
na Construção de Estradas, Pavimentação e Terraplenagem em Geral), Aldo Amaral,
declarou que já esperava essa decisão, já que a convenção coletiva está em
vigência e tem validade até 31 de julho. “A nossa data-base é 1º de agosto.
Ponderamos com os trabalhadores que não era o momento de deflagrar o movimento.
Mas eles não entenderam desta forma. Vamos recorrer, mas esperamos que eles
voltem às atividades, uma vez que decisão judicial é para ser cumprida”, disse
Amaral.
Os trabalhadores reivindicavam aumento de
benefícios, como cesta básica de R$ 80 para R$ 120, maior participação nos
lucros e resultados (PLR), plano de saúde para os profissionais e ajudantes e
abono dos dias parados.
INTERNACIONAL
Brasileira
julgada por envenenar o marido
PARIS – Uma brasileira de 41 anos negou ontem
diante do Tribunal de Grenoble, no centro-oeste da França, ter envenenado em
2004 o seu companheiro francês, cujo corpo foi encontrado em maio de 2008 em
Cabuçu (BA), quatro anos depois de seu desaparecimento. “Não assassinei
Sebastien”, declarou Denize Soares, depois de ouvir a leitura da ata de
acusação feita pelo presidente do tribunal. “Lamento pelo que foi lido. Não tem
um mínimo de verdade”, acrescentou, dirigindo-se ao presidente do tribunal.
Os advogados de defesa lamentaram que as conclusões
da perícia de abril de 2009 tenham chegado apenas 15 dias antes do começo do
julgamento. “Trata-se de um relatório que anula a tese da acusação sobre o
cianureto”, disse a advogada Joelle Vernay. Denize é acusada ter matado seu
companheiro, envenenando-o com cianureto.
A polícia começou a investigar o caso quando
Sebastien Brun, florista vindo de Grenoble, de 31 anos, desapareceu, depois de
uma viagem ao Brasil com Denize em agosto de 2004. Em seu retorno à França, ela
contou aos sogros que o filho deles “adorou o charme do Brasil e decidiu
prolongar a sua estadia”. Depois retirou dinheiro das contas bancárias do homem
imitando sua assinatura.
Sem receber nenhuma ligação telefônica do filho por
8 meses e sabendo do saque de 10 mil de sua conta bancária, os pais de
Sébastien prestaram queixa nas polícias francesa e brasileira, que iniciaram
uma longa investigação de 4 anos.
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