PRIMEIRA PÁGINA
Força-tarefa define ações para
combater o crack
Técnicos do governo federal e equipe gaúcha traçam
estratégia que deve ser centrada em encaminhamento a atendimento de saúde e
projetos de reinserção social.
EDITORIAL
O
desafio da segurança
Na véspera da maior festa popular do mundo e na
antevéspera da realização de eventos esportivos internacionais em nosso
território, o país vê agigantar-se o desafio de todos os dias, que muitas vezes
fica em segundo plano na visão das autoridades e governantes: a segurança
pública. Bahia e Rio de Janeiro já tiveram que recorrer a tropas federais para
garantir a segurança, depois que policiais militares e civis cruzaram os braços
e, em alguns casos, promoveram desordens. Ainda que tais manifestações sejam
condenáveis sob todos os aspectos, não se pode fugir do desafio maior, que é a
remuneração adequada e a concessão de condições dignas de trabalho para os
servidores que têm o dever de proteger a população da violência e da
criminalidade.
Mas o desafio da segurança em nosso país não se
limita a atendimento de demandas pontuais das corporações policiais nem pode
ser direcionado apenas para os turistas esperados na Copa de 2014 e na
Olimpíada de 2016. Precisamos de soluções para ontem – e que sejam duradouras.
Se o ponto de referência é o Mundial de futebol, precisamos evoluir muito. De
todos os países que já receberam a competição, apenas a África do Sul apresenta
um índice de homicídios superior ao brasileiro. No país-sede do último
campeonato promovido pela Fifa, registravam-se mais de 40 homicídios por 100
mil habitantes. A média brasileira é de 24 por 100 mil. A Organização das
Nações Unidas considera aceitável uma média de 10 homicídios para cada grupo de
100 mil pessoas.
Estamos, portanto, longe do desejável. A preparação
para a Copa, porém, pode ser uma grande oportunidade para este salto de
qualidade na segurança pública do país. Os investimentos que o governo brasileiro
se propôs a fazer nas cidades-sedes destinam-se a oferecer à população um
sistema de segurança baseado no planejamento, em ações preventivas e de
resposta imediata, e em equipamentos avançados para detectar armas de fogo. O
Ministério da Justiça pretende colocar em prática metodologias de trabalho e
ações nas áreas de operações, perícia, inteligência, logística e prevenção,
baseadas em estudos técnicos feitos por servidores que acompanharam uma visita
do Papa à Inglaterra e conheceram centros de controle de Washington e Nova
York. A ideia é transformar os investimentos para o Mundial em legado
permanente para a população.
A realidade atual, porém, é bem diferente. As
polícias estaduais contam com equipamentos precários, viaturas sucateadas,
insuficiência de pessoal e – a grande preocupação do momento – péssima
remuneração, o que está na base do descontentamento das forças de segurança e
de manifestações que beiram o amotinamento. A maior urgência, portanto, é a
questão salarial, que precisa ser resolvida pontualmente, pois a controversa
PEC 300 – que pretende fixar um piso nacional para os policiais – colide com as
desigualdades econômicas dos Estados.
ARTIGOS
Privatização
e coerência
Darcy Francisco Carvalho dos Santos
O PT está pensando em fazer uma cartilha para explicar
à militância que no caso dos aeroportos não houve privatização, mas uma
concessão. Seja como for, a verdade é que três principais aeroportos do país
ficarão administrados pela iniciativa privada por um tempo médio de 30 anos e
com expressivo financiamento do BNDES, a juros subsidiados. Aliás, o que seria
financiar mais R$ 20 bilhões ou R$ 30 bilhões a juros negativos para quem já
financiou mais de R$ 280 bilhões?
Mas acho que não houve uma mudança de ideologia,
mas o medo de enfrentar o maior apagão da história em matéria de transportes
aéreos, durante a realização da Copa do Mundo, o que seria um mico difícil de
suportar. Tudo isso porque aceitaram patrocinar a realização de um evento para
o qual o país não estava preparado dentro do tempo estabelecido para sua
realização.
No entanto, uma coisa é estar na oposição e outra é
estar no governo. Mas é preciso ter cuidado com o que é afirmado fora do
governo, para evitar situações que colocam cada vez mais em descrença a classe
política.
Não é que as pessoas não possam mudar. Podem e
devem. Não se pode esperar que ideias e conceitos permaneçam imutáveis diante
de uma realidade que constantemente varia. O que se discute no caso é a adoção
de políticas e práticas antes demonizadas.
Isso era feito antes com a dívida externa, que
precisava de uma auditoria, e depois o pouco que havia foi pago antes do
vencimento e, ainda, considerado um grande feito.
O superávit primário, a poupança para pagar a
dívida, era considerado como benefício ao FMI e aos banqueiros. Depois, seu
valor foi quase duplicado.
Quem não se lembra da pregação que havia contra os
transgênicos, alvo das mais torpes acusações. Hoje, ninguém mais fala nisso,
porque eles são os responsáveis pelo saldo positivo da balança comercial, que,
sem o agronegócio, seria altamente negativo, porque a balança da indústria
gerou um déficit de US$ 43 bilhões até novembro do ano passado.
E a Bolsa-Família, antes considerada esmola e
comparada às quinquilharias com que Cabral subornava os índios!
E os benefícios fiscais às empresas, sempre tão
combatidos, transformaram-se na política predileta do governo no enfrentamento
da crise financeira, mesmo com inegável prejuízo às transferências a Estados e
municípios!
A privatização é necessária em muitos casos, mas
sempre sem abandonar a coerência!
*Economista
DARCY FRANCISCO
CARVALHO DOS SANTOS*
POLÍTICA
Tarso
reduzirá número de projetos prioritários
Das 136 propostas consideradas fundamentais no início do
mandato, 40 devem permanecer no foco
O segundo ano do governo Tarso Genro começa com um
corte de quase metade dos projetos elencados como prioritários para o Rio
Grande do Sul – de 136 para 86 – e deve terminar com o foco ainda mais
reduzido. Definido como estratégia de gestão, o recuo terá as linhas gerais
confirmadas hoje pelo governador, em um encontro voltado a secretários e
servidores, no salão de eventos do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre.
Ao todo, 150 pessoas devem participar do Seminário
de Alinhamento Estratégico, com início previsto para as 9h. No encontro, Tarso
planeja compartilhar seu plano geral de ação para 2012. A intenção é concentrar
os esforços nas propostas já alinhavadas para garantir que deslanchem.
Entre as iniciativas garantidas, estão o programa
RS Mais Igual (versão gaúcha do Brasil sem Miséria), o Plano de Obras 2012/2014
(para a recuperação da malha rodoviária) e o Plano Safra (voltado à agricultura
familiar). Também se destacam o Pacto Gaúcho Pela Educação (voltado ao ensino
profissionalizante), as ações de combate ao crack e a reestruturação da
Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase).
Com o enxugamento, os projetos preferenciais que
vinham sendo monitorados na Sala de Gestão passaram de 136 para 86, segundo o
chefe da Assessoria Superior do Governador, João Victor Domingues. E a
tendência é que o afunilamento se intensifique – chegando a 30 ou 40, no
máximo, este ano. Como Domingues, o secretário de Planejamento, João Motta, não
vê problemas na redução:
– Entramos com uma carteira de mais de cem projetos
de prioridade estratégica, mas não há como conduzir o governo com tantas
prioridades. É natural que a gente reduza um pouco.
Por orientação do governador, ganharam primazia as
propostas que já contavam com fonte de financiamento e recursos humanos
assegurados e com detalhamento técnico e teórico consistente, inclusive com as
fases de execução especificadas. Também se teve o cuidado de contemplar todas
as secretarias – que foram consultadas com antecedência. Os projetos deixados
de lado não foram divulgados.
JULIANA
BUBLITZ
Ex-deputado
deve receber alta hoje
Internado desde o dia 3 na Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre, o ex-marido da presidente Dilma Rousseff, Carlos
Araújo, deve ter alta hoje. Araújo sofre de enfisema pulmonar e foi
hospitalizado para tratar de uma infecção nas vias respiratórias.
Em janeiro, o ex-deputado já havia dado entrada no
hospital pelo mesmo motivo. Dessa vez, Araújo também passou por uma bateria de
exames. Por recomendação médica, ele permanecerá em repouso durante o feriado
de Carnaval e deverá comemorar em família o 74º aniversário, no próximo dia 18.
CNJ vai
cobrar dívida de R$ 84 bi
A corregedoria do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) vai atacar a demora no pagamento de precatórios.
De acordo com o conselho, as dívidas dos Estados e
municípios reconhecidas pelo Judiciário somam R$ 84 bilhões. Isso é resultado
da falta de organização dos setores de pagamento de precatórios, situação que
também pode estimular desvios.
Ficha
Limpa volta à pauta do Supremo
A Lei da Ficha Limpa deve voltar a ser julgada no
Supremo Tribunal Federal na quarta-feira. Estão na pauta da Corte as três ações
que tratam da validade da norma, cuja análise começou em novembro.
O julgamento será retomado com o voto de Dias
Toffoli, que interrompeu a votação com um pedido de vista em dezembro.
Até o momento, foram registrados dois votos
favoráveis à lei. A Ficha Limpa é resultado de um projeto de iniciativa
popular.
Senado
discute direito de greve
A regulamentação do direito de greve dos servidores
públicos é um dos temas em debate na Comissão de Constituição e Justiça do
Senado. O assunto consta em projeto de Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
O senador tucano acredita que o presidente da CCJ,
Eunício Oliveira (PMDB-CE), deve indicar nesta semana o relator para iniciar a
tramitação do projeto.
Tomografia
não revela tumor na laringe de Lula
Uma tomografia feita sábado mostrou que não há mais
sinais de tumor na laringe do ex-presidente Lula, que teve diagnosticado um
câncer em outubro do ano passado. Ele foi internado no Hospital Sírio-Libanês,
em São Paulo, onde hoje deve retomar o tratamento radioterápico.
Com fadiga, falta de apetite e irritação na garganta,
Lula fez uma tomografia no tórax, na qual os médicos não detectaram a presença
do tumor na laringe. Conforme boletim divulgado pelo hospital, foi constatada
apenas presença de inflamação de mucosa da laringe e esôfago, decorrentes da
radioterapia.
De acordo com a equipe médica, o exame não é
conclusivo sobre o desaparecimento do tumor, mas o resultado foi considerado
excelente. Os exames não foram feitos com o objetivo de visualizar o tumor e
sim para verificar se o ex-presidente estava com inflamação nos pulmões, o que
também não foi constatado.
– Na tomografia, se tem a oportunidade de
visualizar a garganta e vimos uma resposta muito boa, mas o exame que vai
determinar se houve eliminação completa do tumor só será realizado em quatro a
seis semanas – ressaltou o médico oncologista, Paulo Hoff.
O ex-presidente foi aconselhado a permanecer no
Sírio-Libanês até o fim do tratamento, já que os efeitos colaterais tendem a
ser mais severos nesse período. A última sessão será sexta-feira, quando ele
completará o total planejado de 33 sessões de radioterapia.
Por causa dos efeitos da radioterapia, Lula foi
recomendado a não desfilar no Carnaval na escola de samba Gaviões da Fiel.
Também foi impedido de participar do 32º aniversário do PT, em Brasília, na
sexta-feira.
ECONOMIA
Arrocho
deixa Grécia em chamas
Novo pacote de medidas de austeridade é aprovado
depois de confrontos, saques e incêndios em praça central da capital
Com o Parlamento cercado por prédios em chamas,
resultado de uma violência até agora inédita na crise atual, a Grécia aceitou
ontem o quarto pacote de medidas de austeridade em pouco menos de um ano. Cerca
de 100 mil pessoas foram às ruas contra o novo plano de ajuste ditado pela
Europa, aprovado pouco depois da meia-noite local para tentar evitar a quebra
do país.
Em meio a uma greve geral contra as imposições da
chamada troika – composta por União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo
Monetário Internacional (FMI) –, os ânimos se acirraram entre os participantes
de um ato de protesto na praça Sintagma, em frente ao Parlamento. Lá dentro,
199 foram favoráveis ao pacote, 74, contra, 22 faltaram e cinco se abstiveram.
Do lado de fora, um grupo de manifestantes tentou
romper o cordão policial, e a polícia reagiu com bombas de gás lacrimogêneo. Os
manifestantes então converteram as ruas laterais em campos de batalha, lançando
pedras e coquetéis molotov.
Cinemas históricos, cafés e lojas foram incendiados
no centro de Atenas. Dezenas de edifícios ficaram em chamas, atingidos por
coquetéis molotov. Grupos de saqueadores destruíram lojas, em episódios
considerados os piores vistos em anos.
– Não é fácil viver nestas condições. De agora até
2020 seremos escravos dos alemães – reclamava, do lado de fora, Andreas
Maragoudakis, engenheiro de 49 anos.
Embora confrontos entre polícia e manifestantes
tenham se tornado habituais na Grécia, é a primeira vez desde que o país tenta
escapar do calote da dívida pública que a violência alcança tal dimensão. Desde
que foi descoberto um rombo gigantesco nas contas do governo, no final de 2009,
as tentativas de evitar que o país entre em moratória já exigiram enormes
sacrifícios da população.
O alcance dos protestos de ontem pode assinalar uma
nova etapa da crise grega, perigosamente próxima do conflito social. Em artigo
publicado no site do jornal britânico The Guardian, a jornalista Helena Smith
afirmou: "Eu temo uma explosão social". Há 20 anos no país, Helena
destaca que a população não suporta mais ser punida por erros de seus líderes e
por pressões dos líderes europeus.
Os protestos se estenderam à Salônica, segunda
maior cidade do país, onde policiais calculam que 20 mil participavam das
manifestações.
Atenas
GERAL
Versão
gaúcha do plano anticrack
Técnicos do governo federal desembarcam hoje no
Estado para, ao lado de especialistas locais, traçar estratégias de ação
Começa a ser alinhavado hoje, com o desembarque de
40 técnicos do governo federal em Porto Alegre, um novo projeto destinado a
combater o consumo de crack no Rio Grande do Sul. Durante dois dias, a equipe
de especialistas de diferentes ministérios vai se reunir com colegas de
secretarias estaduais e de órgãos da Capital para elaborar um plano antidroga.
O foco do programa deverá ser, mais do que a repressão a cracolândias, o
encaminhamento de usuários para atendimento de saúde e projetos de reinserção
social.
A versão gaúcha do programa nacional de
enfrentamento ao crack, realizado por meio de parceria entre a União e os
Estados, deve procurar se desvincular da imagem repressiva deixada pelas
operações de combate à cracolândia realizadas pela Polícia Militar em São Paulo
desde o começo do ano.
Os técnicos gaúchos fizeram um levantamento de pontos
de venda e uso de droga, principalmente na Capital, mas a avaliação é de que no
Rio Grande do Sul o consumo é muito mais pulverizado do que em relação à
capital paulista, por exemplo.
A listagem é mantida sob sigilo até a deflagração
das ações, mas inclui pontos de Porto Alegre como Parque da Redenção, Viaduto
da Conceição, entorno da esquina das vias Ipiranga e João Pessoa e áreas dos
bairros Rubem Berta e Lomba do Pinheiro e na Ilha da Pintada.
A intenção principal, conforme o diretor do
Departamento de Políticas Públicas sobre Drogas do Estado, Solimar Amaro, é
utilizar essas referências para chegar aos usuários e encaminhá-los a serviços
de saúde e programas de reinserção social.
– Nossa preocupação não é reproduzir como foi feito
em São Paulo, onde a questão foi mais de repressão. Aqui, não queremos apenas
acabar com pontos de consumo, mas oferecer condições de recuperação, projetos
que possam ajudar usuários a se reinserirem, por meio de ações como programas
educativos e de profissionalização – revela Amaro.
Técnicos devem visitar hoje centro de atendimento
Isso deve incluir reforços em ações como
atendimentos realizados pelos chamados consultórios de rua, encaminhamentos
para serviços de saúde e, em um segundo momento, cursos de capacitação para o
mercado profissional.
Os detalhes e os recursos necessários para tocar
essas ações somente deverão ser definidos após os encontros de hoje e amanhã.
No orçamento da União, porém, foram previstos R$ 42
milhões para o Estado em 2012 a fim de combater o crack.
Os 40 técnicos de ministérios como Justiça,
Desenvolvimento Social e Saúde chegam hoje à tarde e devem visitar um Centro de
Atendimento Psicossocial (CAPs) para Álcool e Drogas e um centro de população
em situação de rua do município.
No final da tarde, rumam para o Novotel, no bairro
Três Figueiras, onde deverão se reunir com colegas da Capital e do Estado até
amanhã – quando também é esperada a presença da ministra de Desenvolvimento
Social, Tereza Campello.
O Rio Grande do Sul está no grupo de oito Estados
que receberam alta prioridade do governo federal para receber auxílio na luta
contra a pedra.
Embora Porto Alegre deva receber preferência nas
ações devido à sua dimensão, a Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos garante
que o plano a ser definido em parceria com a União deverá ter abrangência
estadual.
Depois de definidos os detalhes do plano, a adesão
do Estado ao programa nacional deverá ser formalizada em março, com a presença
de vários ministros e do governador Tarso Genro.
MARCELO
GONZATTO
“Não
temos cracolândias como em São Paulo”
Fabiano Pereira, secretário estadual da Justiça e Direitos
Humanos
À Secretaria Estadual da Justiça e dos Direitos
Humanos cabe coordenar a articulação dos órgãos estaduais com os técnicos da
União. O titular da pasta, Fabiano Pereira, afirma que o plano levará em conta
o perfil de consumo do crack no Estado, mais pulverizado do que em outros
grandes centros. Confira trechos da entrevista:
Zero Hora – O que o Estado espera da visita dos técnicos do
governo federal?
Fabiano Pereira – A vinda deles faz parte do que
estão fazendo de forma semelhante em outros Estados. Já estiveram no Rio e em
Alagoas, agora estão vindo para o Rio Grande do Sul. Trata-se de uma reunião de
trabalho. A expectativa é de que, durante dois dias, se discutam em parceria
entre União, secretarias e órgãos do Estado e da prefeitura de Porto Alegre
ações em três eixos principais: cuidado, autoridade e prevenção.
ZH – E quais os resultados concretos? Deverá ser elaborado
um plano de ação?
Pereira – Ao final do encontro, deveremos ter uma
pactuação do que cada um vai fazer. Depois, haverá um ato público com os
diversos ministros, em que será assinado o termo de adesão ao programa (de
combate ao crack) com o prefeito da Capital e o governador.
ZH – Quando isso deve ocorrer?
Pereira – Em março, provavelmente.
ZH – O foco não será na repressão a cracolândias, mas na
recuperação de usuários?
Pereira – O programa terá início, meio e fim. Cada
órgão vai apresentar algumas ações. O Ministério da Justiça, por exemplo, vai
apresentar ações com uso de câmeras. A saúde, o trabalho dos consultórios de
rua, o encaminhamento social. No Rio Grande do Sul, não temos cracolândias como
em São Paulo. É mais pulverizado, e temos de chegar até as pessoas que usam o
crack.
MUNDO
Milhões
votam em prévia para escolher anti-Chávez
Governador de 39 anos lidera pesquisas sobre voto
em primária inédita na história da Venezuela
Num feito inédito na história venezuelana, milhões
de eleitores participaram ontem da prévia para escolher, entre cinco
postulantes, o candidato da oposição a Hugo Chávez no pleito presidencial de 7
de outubro. A organização das prévias, a cargo da coalizão opositora Mesa da
Unidade Democrática (MUD), instalou 7,6 mil colégios eleitorais em todo o país,
convocando todos os venezuelanos às urnas e garantindo a confidencialidade do
voto. Para participar da prévia, o único requisito era ser eleitor regularmente
cadastrado. Em todo o país, existem 18,6 milhões de eleitores.
Jenny Figueredo, uma advogada de 42 anos que votou
na prévia do sul da Flórida, nos Estados Unidos, onde vive a maior comunidade
de venezuelanos no Exterior (cerca de 150 mil e 200 mil venezuelanos, dos quais
aproximadamente 20 mil eleitores, a maioria de oposição), demonstrou esperança
de ver uma mudança de governo este ano no país:
– Vim para cumprir um dever com a Venezuela. Temos
a oportunidade de ter um só candidato para concorrer com Chávez.
O encerramento da votação estava previsto para as
16h no horário de Caracas (18h30min de Brasília), e as pesquisas indicavam uma
cômoda vitória para o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, 39
anos, sobre seu adversário mais forte, Pablo Pérez, 42 anos, governador de
Zulia. Os dois se destacaram na campanha com a promessa de reconciliar um país
politicamente polarizado, abstendo-se de atacar diretamente a figura de Chávez.
Os discursos agressivos contra o presidente foram a tônica das campanhas dos
outros três candidatos, a deputada María Corina Machado, o ex-embaixador Diego
Arria e o sindicalista Pablo Medina.
No poder desde 1999, Chávez teve a popularidade
reforçada nos últimos dois meses pelo anúncio de novos programas sociais e por
ter vencido o câncer, diagnosticado em junho. Ele conta com a possibilidade de
reeleição imediata, assegurada pela constituição venezuelana, para ficar no
poder até 2031.
Consulta é ensaio para eleição de outubro, afirma
analista
Depois de amargar por 10 anos os efeitos da
desmoralização resultante do golpe fracassado contra Chávez, em 2002, quando o
presidente chegou a ser deposto e preso até que militares leais a seu governo o
libertassem e o reinstalassem no Palácio de Miraflores, a oposição aposta na
prévia como uma demonstração de força e unidade.
– De alguma forma, o dia 12 de fevereiro será um
ensaio para o dia 7 de outubro. Dependendo da mobilização do eleitorado, o
rival de Chávez dará partida com mais ou menos força – assegura Carmen Beatriz
Fernández, da empresa Datastrategia.
Além do candidato presidencial, os venezuelanos
foram convocados para votar em candidatos a governadores para as eleições
regionais do dia 16 de dezembro e a prefeitos para as eleições locais em abril
de 2013.
Caracas
Sucessor
de Bin Laden apoia revolta síria
O homem que assumiu o comando da rede terrorista
Al-Qaeda após a morte de Osama bin Laden, em 2011, veio a público ontem apoiar
a oposição que luta contra o governo do ditador Bashar al-Assad na Síria. Em um
vídeo de oito minutos que circulou por sites islâmicos e foi monitorado pela
CIA (agência de inteligência americana), o egípcio Ayman al-Zawahiri acusou o
regime sírio de cometer crimes contra seus cidadãos.
Com o título "Avante, leões da Síria", o
terrorista apresenta-se em frente a uma cortina verde. Ele sugere que os
rebeldes sírios não confiem em governos ocidentais nem árabes:
– Não dependam do Ocidente nem da Turquia, que
tiveram contratos, acordos e negócios com esse governo durante décadas.
Al-Zawahiri pede aos muçulmanos de Turquia,
Jordânia e Líbano que apoiem a rebelião e derrubem Al-Assad, chamado de
"anti-islamista" pelo líder da Al-Qaeda.
– É um regime cancerígeno que sufoca a liberdade das
pessoas na Síria, e a solução é derrubá-lo – afirmou Al-Zawahiri.
Ele ainda incentiva os rebeldes sírios a
estabelecerem um Estado que defenda os países muçulmanos e libere as Colinas de
Golã, que são ocupadas por Israel.
Também ontem, a Liga Árabe decidiu pedir ao
Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) a criação de uma
missão de paz conjunta para colocar fim à violência na Síria. Em reunião no
Cairo, Egito, os ministros concordaram em cortar toda a cooperação com o
governo sírio e abrir um canal de comunicação com a oposição no país.
– É chegado o momento de uma ação decisiva para
acabar com o sofrimento do povo sírio – afirmou o secretário-geral da Liga
Árabe, general Nabil El Arabi.
Damasco
ESPORTE
Plano
para Copa de 2014 prevê painéis eletrônicos
A medida foi adotada como solução enquanto murais
com informações completas sobre horários e itinerários não são desenvolvidos:
outros dois projetos relacionados à sinalização estão sendo elaborados na
cidade.
De acordo com Carlos Pires, diretor-presidente em
exercício da EPTC, o projeto de mobiliário urbano – que busca padronizar não
apenas as paradas, mas telefones públicos e caixas de correio – será colocado
em licitação até junho deste ano. Já a criação de painéis de mensagem faz parte
da série de medidas voltadas à Copa do Mundo em 2014.
Caso seja implantado, os corredores de ônibus terão
telas eletrônicas que informarão o tempo de espera entre um veículo e outro.
Por enquanto, o edital está sendo montado, e a prefeitura busca a aprovação do
financiamento na Caixa Econômica Federal:
– Por meio da central de monitoramento, poderemos
controlar o fluxo dos veículos por GPS e enviar mensagens aos painéis – diz
Pires.
A adesão relâmpago interrompeu a colocação de novos
adesivos. Giovani Groff, que também integra o Shoot the Shit, conta que, até o
momento, foram arrecadados R$ 1.758, quantia suficiente para comprar mais 2 mil
adesivos. A produção, porém, foi interrompida, e o dinheiro será devolvido aos
doadores que se engajaram na causa.
– Foi muito importante eles terem abraçado o projeto.
Surpreende o fato de que metade dos apoiadores eram desconhecidos – conta
Groff.
Já Gomes acredita que esta mobilização possa gerar
outras manifestações pacíficas e criativas:
– Existem várias formas de se manifestar. O cidadão
pode ir para a rua bater panela ou pode fazer algo inventivo. E isso mostrou
que os órgãos (públicos) estão dispostos a mudar.
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