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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

03 de fevereiro de 2012 - CORREIO BRAZILIENSE


PRIMEIRA PÁGINA

Escândalo, demissão e videotape
Durou apenas três meses a passagem do delegado na direção-geral da Polícia Civil. Ele foi forçado a pedir demissão após a divulgação de vídeo, feito em junho de 2011, no qual ataca Agnelo Queiroz. Em certo trecho, Onofre diz que não adiantaria pedir ajuda "quando o governador estiver saindo do camburão da Polícia Federal". Em entrevista publicada no Correio na terça-feira, Onofre garantiu não haver qualquer gravação que colocasse a conduta dele sob suspeita. Ontem, visivelmente constrangido, disse que as acusações foram "galhofas" e "brincadeiras".

"Nem vou ver"
Agnelo afirmou não haver "condição concreta" para Onofre continuar no cargo, mas disse que a gravação não tem credibilidade.

Negromonte cai, Aguinaldo assume
Enfraquecido por uma guerra interna no PP, Mário Negromonte (D) pediu demissão do Ministério das Cidades. É o sétimo integrante do primeiro escalão de Dilma a sair sob denúncias. O substituto, Aguinaldo Ribeiro (PB), já nega participação em atos ilícitos.

CNJ mantém poderes de investigação
Por seis votos a cinco, o STF garantiu ao Conselho Nacional de Justiça a autonomia para abrir processos disciplinares contra magistrados independentemente das ações internas dos tribunais. "Até as pedras sabem que as corregedorias não funcionam quando se cuida de investigarem os próprios pares", alertou o ministro Gilmar Mendes.

Preço do JK passará de R$ 582 milhões
Onze grupos apresentaram propostas para o leilão dos terminais de Brasília, Guarulhos (SP) e Campinas (SP). A privatização começa na segunda-feira.

OPINIÃO
Ditadura econômica

 Frei Betto

Escritor, é autor, em parceria com Marcelo Barros, de O amor fecunda o Universo - ecologia e espiritualidade (Agir), entre outros livros
A pobreza já afeta 115 milhões de pessoas nos 27 países da União Europeia. Quase 25% da população. E ameaça mais 150 milhões de habitantes.
Na Espanha, a taxa de desemprego atinge 22,8%. Grécia e Itália encontram-se sob intervenção branca, governados por primeiros-ministros indicados pelo FMI. Irlanda e Portugal estão inadimplentes. Na Bélgica e no Reino Unido, manifestações de rua confirmam que "a festa acabou".
Agora, o Banco Central da União Europeia quer nomear, para cada país em crise, um interventor de controle orçamentário. É a oficialização da ditadura econômica. Reino Unido e República Tcheca votaram contra. Porém, os outros 25 países da União Europeia aprovaram. Resta saber se a Grécia, o primeiro na lista da ditadura econômica, vai aceitar abrir mão de sua soberania e entregar suas contas ao controle externo.
A atual crise internacional é muito mais profunda. Não se resume à turbulência financeira. Está em crise um paradigma civilizatório centrado na crença de que pode haver crescimento econômico ilimitado num planeta de recursos infinitos... Esse paradigma identifica felicidade com riqueza; bem-estar com acumulação de bens materiais; progresso com consumismo.
Todas as dimensões da vida — nossa e do planeta — sofrem hoje acelerado processo de mercantilização. O capitalismo é o reino do desejo infinito atolado no paradoxo de se impor num planeta finito, com recursos naturais limitados e capacidade populacional restrita.
A lógica da acumulação é mais autoritária que todos os sistemas ditatoriais conhecidos ao longo da história. Ela ignora a diversidade cultural, a biodiversidade, e comete o grave erro de dividir a humanidade entre os que têm acesso aos recentes avanços da tecnociência, em especial biotecnologia e nanotecnologia, e os que não têm. Daí seu efeito mais nefasto: a acumulação ou posse da riqueza em mãos de uns poucos se processa graças à desposessão e exclusão de muitos.
A questão não é saber se o capitalismo sairá ou não da enfermaria de Davos em condições de sobrevida, ainda que obrigado a ingerir remédios cada vez mais amargos, como suprimir a democracia e trocar o voto popular pelas agências de avaliação econômica, e os políticos por executivos financeiros, como ocorreu agora na Grécia e na Itália.
A questão é saber se a humanidade, como civilização, sobreviverá ao colapso de um sistema que associa cidadania com posse e civilização com paradigma consumista anglossaxônico.
Estamos às vésperas da Rio+20. E ninguém ignora que esta casa que habitamos, o planeta Terra, sofre alterações climáticas surpreendentes. Faz frio no verão e calor no inverno. Águas são contaminadas, florestas devastadas, alimentos envenenados por agrotóxicos e pesticidas.
O resultado são secas, inundações, perda da diversidade genética, solos desertificados... Há na comunidade científica consenso de que o efeito estufa — e, portanto, o aquecimento global — resulta da ação deletéria do ser humano.
Todos os esforços para proteger a vida no planeta têm fracassado até agora. Em Durban, em dezembro de 2011, o máximo que se avançou foi a criação de um grupo de trabalho para negociar um novo acordo de redução do efeito estufa... a ser aprovado em 2015, e colocado em prática em 2020!
Enquanto isso, o Departamento de Energia dos EUA calculou que, em 2010, foram emitidas 564 milhões de toneladas de gases de aquecimento global. Isto é, 6% a mais do que no ano anterior.
Por que não se consegue avançar? Ora, a lógica mercantil impede. Basta dizer que os países do G8 propõem, não salvar a vida humana e do planeta, mas criar um mercado internacional de carbono ou energia suja, de modo a permitir aos países desenvolvidos comprar cotas de poluição não preenchidas por outros países pobres ou em desenvolvimento.
E o que a ONU tem a dizer? Nada, porque não consegue livrar-se da prisão ideológica da lógica do mercado. Propõe, portanto, à Rio+20 uma falácia chamada economia verde. Acredita que a saída reside em mecanismos de mercado e soluções tecnológicas, sem alterar as relações de poder, reduzir a desigualdade social e criar um mundo ambientalmente sustentável no qual todos tenham direito ao bem-estar.
Os donos e grandes beneficiários do sistema capitalista — 10% da população mundial — abocanham 84% da riqueza global e cultivam o dogma da imaculada concepção de que basta limar os dentes do tubarão para que ele deixe de ser agressivo...

Dilma cobra "disciplina e ousadia" do Congresso

Karla Correia

Pouco mais de um mês depois de enfrentar um duro embate no Legislativo para evitar a inclusão de aumentos salariais para o Judiciário e outras categorias do funcionalismo público, a presidente Dilma Rousseff defendeu a manutenção da rigidez fiscal e do controle das despesas públicas em 2012, na reabertura dos trabalhos do Congresso. "Frente à instabilidade do cenário internacional em 2012, a gestão econômica do nosso país nos exigirá disciplina e ousadia", afirmou a presidente, na Mensagem ao Congresso Nacional, que foi levada à sessão conjunta da Casa pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann e lida pelo primeiro-secretário da Mesa, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO).
"Disciplina para assegurar a solidez de nossos fundamentos macroeconômicos, o que passa pelo alcance do superavit fiscal proposto para o corrente ano, pela atenção constante sobre a evolução dos preços e pela continuidade da redução da dívida pública brasileira", reforçou a mensagem da presidente.
O apelo de Dilma para que o Congresso auxilie o governo na condução de uma política fiscal mais austera ocorre em meio à pressão, dentro do Legislativo, pela convocação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para prestar esclarecimentos sobre as denúncias que levaram à demissão do presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci (leia mais na página 8). Ligado ao governista PTB, Denucci saiu do cargo sob suspeita de ter recebido propina de fornecedores da Casa da Moeda.
Entre as prioridades detalhadas pelo governo na mensagem, a aprovação da Lei Geral da Copa mereceu a maior atenção da presidente. "Assim que o Congresso Nacional concluir a análise do projeto de Lei Geral da Copa, teremos finalizado todos os ajustes na legislação necessários ao cumprimento dos compromissos firmados com a Fifa", afirmou Dilma.

Prioridade
Dentro do Palácio do Planalto, o texto é visto como uma das poucas propostas que o governo tem pressa de aprovar, em um ano encurtado pelas eleições municipais. Demais projetos citados entre as prioridades da bancada governista para o ano, como o Fundo de Previdência Complementar para os Servidores Públicos Federais (Funpresp), ou a votação do novo modelo de rateio dos royalties do petróleo, mereceram mais atenção no discurso do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), do que na mensagem do governo ao Congresso.
Apesar da relativa "independência" do Planalto na aprovação de projetos polêmicos pelo Legislativo, Dilma fez afagos ao Congresso em sua mensagem, em agradecimento pelo que classificou como bom relacionamento entre Executivo e Legislativo em 2011. "Quero agradecer ao Congresso Nacional pela grande contribuição que vem dando ao país, aprovando projetos fundamentais", afirmou Dilma, citando, entre os exemplos, a política de valorização do salário mínimo e a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) no ano passado. As duas propostas foram consideradas como os maiores testes políticos da presidente no Congresso em 2011.

PSD, enfim, tem onde ficar
Após reunião entre o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e o líder do PSD, Guilherme Campos (SP), ficou acertado que a liderança do partido será fixada na parte superior do Anexo II. O local — que conta com um espaço de 200m² — era dividido entre os funcionários da Liderança da Minoria, do Partido Progressista e o Departamento de Comissões da Câmara. "Não é o que queríamos, mas atende o nosso partido", avaliou Campos, que tinha como preferência parte do espaço destinado ao setor de taquigrafia da Casa. Quanto ao número de comissões que o partido poderá comandar, nada foi definido até o momento. Nos cálculos do PSD, eles têm direito a presidir dois colegiados. "Ainda teremos um desgastante debate sobre esse tema", ressalvou o parlamentar.

Polícia descobre o esquema do lobista

» Isabella Souto

A Polícia Civil mineira revelou ontem o mecanismo usado pelo lobista Nilton Monteiro — mentor da Lista de Furnas — para falsificar documentos e cobrar dívidas de R$ 300 milhões por meio de um programa de computador, ele escaneava assinaturas, logotipos de empresas e selos de cartórios. Também foi apresentada pela polícia cópia de documento em que ele cobra uma dívida do deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) por supostos serviços prestados ao parlamentar. Correia é acusado de ter encomendado a listagem com o nome de 156 políticos da oposição ao governo petista que teriam recebido recursos ilegalmente de Furnas na campanha eleitoral de 2002. Monteiro responde hoje a 97 processos por estelionato, falsidade ideológica e de documentos públicos e formação de quadrilha nos tribunais de Justiça de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF).
O delegado-geral da Polícia Civil, Márcio Simões Nabak, que conduziu dois inquéritos envolvendo o lobista, disse ontem nunca ter visto uma falsificação usando a técnica, que é "apurada" e "de alto nível". O mecanismo foi descoberto pela perícia da Polícia Civil ao analisar um nota promissória assinada supostamente por Carlos Felipe Amodeo, falecido em 2006. Ele foi advogado do então diretor de Furnas, Dimas Fabiano Toledo. O documento apresenta uma dívida de R$ 3 milhões do advogado por uma assessoria prestada por Monteiro — sem especificar qual seria o serviço. Em documento de setembro do ano passado, as peritas Heliane Anghinetti e Flávia da Cunha Moretzsohn Quintão alegam que a assinatura de Amadeo é falsa. Com base nesse resultado, em dezembro a polícia encaminhou à Justiça uma ação contra o lobista.
Ainda está em investigação outras notas apresentadas por Nilton Monteiro, preso em outubro, contra alguns nomes expressivos da política mineira: R$ 650 mil seriam devidos pelo deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB); R$ 190,6 milhões pelo ex-deputado federal Vitório Mediolli; R$ 1,86 milhão por Cláudio Mourão, ex-secretário do governo Azeredo; R$ 50 mil por Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro do Turismo e ex-vice-governador de Eduardo Azeredo; e R$ 14 milhões por Dimas Fabiano.
Esses documentos são contestados judicialmente pelos políticos e, de acordo com a Polícia Civil, são falsos. Um relatório com as conclusões foi encaminhado para a 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte, onde tramita uma ação contra Nilton Monteiro, com a sugestão de que seja enviado à Polícia Federal, responsável pela investigação da Lista de Furnas.

Economia
TCDF abre uma única vaga para procurador
Para concorrer aos R$ 22,9 mil de salário, o candidato precisa ser formado em direito e ter três anos de prática
» GUSTAVO HENRIQUE BRAGA

O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) vai selecionar um novo Procurador do Ministério Público para atuar no órgão. O salário é de R$ 22,9 mil. Para se candidatar, é preciso ser formado em direito e ter, no mínimo, três anos de atividade na profissão. As inscrições serão abertas no dia 13 e seguirão até 13 de março, por meio do site do Centro de Seleção e Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe-UnB), organizadora do certame (www.cespe.unb.br/concursos/tcdfprocurador2012).
A taxa é de R$ 170. No último concurso para esse cargo, em 2002, 155 candidatos disputaram duas vagas. O processo seletivo consistirá em quatro etapas: provas objetiva, discursiva, oral e análise de currículo. O exame objetivo está previsto para 13 de maio.
Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) publicou os critérios que serão usados nas avaliações físicas, psicológicas, de saúde, de comportamento e de idoneidade moral para os concursos da corporação. As regras valem tanto para o certame que oferece 750 vagas de policial rodoviário — suspenso há mais de dois anos — como para os próximos a serem lançados.
O processo seletivo foi interrompido em 2009 por suspeitas de fraude e o Ministério Público Federal recomendou sua paralisação. Após investigações, entretanto, o órgão entendeu que não havia provas suficientes que justificassem a anulação. Assim, ele deve ser retomado nos próximos meses. Mais de 113 mil inscritos aguardam os desdobramentos do concurso, que exige formação de nível superior em qualquer área. A concorrência média é de 151 participantes por vaga e o salário, de R$ 5,6 mil para uma jornada de 40 horas semanais.
Há oportunidades também na Aeronáutica, que abriu 102 vagas, divididas entre 75 para arrumadores e 27 para cozinheiros. As inscrições podem ser feitas até o dia 17 no site www.fab.mil.br ou www.epcar.aer.mil.br. A taxa é de R$ 60. O edital não informa o salário, mas atualmente a remuneração paga a esse cargo é de R$ 1,5 mil. As provas estão previstas para 25 de março.
O processo seletivo consistirá em prova escrita, inspeção de saúde, exame de aptidão psicológica e teste de avaliação do condicionamento físico. Os aprovados terão de fazer um curso de formação com duração de 16 semanas. O candidato matriculado passará a ser aluno, em situação de equivalência à graduação de taifeiro de segunda classe, e terá direito aos benefícios equivalentes ao cargo.
Para quem busca um estágio, o Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal (MPT) também abriu processo seletivo. São oferecidas vagas de cadastro de reserva para estudantes de direito. O candidato precisa ter concluído pelo menos 40% da carga horária ou dos créditos do curso. As provas serão aplicadas no dia 15. A jornada é de quatro horas diárias com bolsa de R$ 800. O estagiário ainda recebe auxílio-transporte no valor de R$ 7 por dia.

Fique atento
Tribunal de Contas do Distrito Federal
Cargo: procurador do Ministério Público
Vaga: 1
Salário: R$ 22,9 mil
Inscrição: 13 de fevereiro a 13 de março
Taxa: R$ 170
Data da prova: 13 de maio

Aeronáutica
Cargos: arrumador e cozinheiro
Vagas: 102
Salário: R$ 1.585
Inscrição: até 17 de fevereiro
Taxa: R$ 60
Data da prova: 25 de março

Ministério Público do Trabalho
Cargo: estagiário
Vagas: cadastro de reserva
Bolsa: R$ 800
Inscrição: até 8 de fevereiro
Data da prova: 15 de fevereiro

11 grupos disputam aeroportos
Grande procura por terminais, incluindo o de Brasília, cria expectativa de forte competição em leilões da próxima segunda-feira

Sílvio Ribas

Os leilões dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Campinas, marcados para a próxima segunda-feira, na Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&FBovespa), serão muito disputados. Onze consórcios protocolaram ontem seus envelopes com documentos e propostas econômicas no local do pregão, confirmando a expectativa do governo de arrecadar muito além da soma dos pisos dos lances mínimos (R$ 5,48 bilhões). A maior concorrência será pelo terminal de Guarulhos, em razão da maior receita, seguida pelo de Campinas, líder em cargas e dono das melhores perspectivas a longo prazo.
Os lances mínimos pelos aeroportos de Brasília (concessão por 25 anos), Guarulhos (20 anos) e Campinas (30 anos) foram fixados em, respectivamente, R$ 582 milhões, R$ 3,42 bilhões e R$ 1,47 bilhão. Os candidatos poderão participar dos três certames, mas só sair vencedor em um, considerando a maior diferença em relação ao segundo colocado. Irão para a disputa em viva-voz os consórcios que oferecerem as três maiores ofertas para cada aeroporto e cujos valores, no caso do segundo e do terceiro proponentes, corresponderem a pelo menos 90% do maior lance oferecido.
Compareceram na sede da BMF&Bovespa, entre as 9h e as 16h, representantes dos 11 consórcios: os grupos formados por Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), em associação com a operadora suíça Zurich; a construtora Fidens com a operadora norte-americana ADC & HAS; EcoRodovias com a alemã Fraport; e as construtoras Triunfo e UTC com a francesa Egis Airport Operation. Os outros sete inscritos não quiseram se revelar à imprensa. Cada um deles será representado por corretoras.

Modelo
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgará hoje a lista oficial dos concorrentes, excluindo os que tiveram documentação considerada inadequada. Os grupos se formaram de acordo com o modelo de empreiteiras ou concessionárias de rodovias brasileiras aliadas a operadores aeroportuários estrangeiros, conforme determina o edital.
Profissionais que acompanham as negociações de perto acreditam que ao menos cinco consórcios ficaram de fora por não terem conseguido se preparar em tempo — entre eles estão os que pediram formalmente o adiamento dos leilões. Esses grupos deverão se apresentar na próxima rodada de leilões, quando serão licitados os  aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG).
"O elevado nível de procura mostrou que as muitas dúvidas ficaram pequenas diante do tamanho dos negócios", disse Alexandre Martins Leite, advogado especialista em direito aeronáutico. Ele lembrou, contudo, que o processo está longe de acabar. Depois dos leilões, serão abertos espaços para os licitantes derrotados recorrerem contra os resultados. O desfecho pode ser anunciado em 7 de maio.
Marlon Ieri, representante de um dos consórcios, destacou que o governo decidiu inverter a segunda e a terceira fases do processo licitatório para garantir mais agilidade e competição. Nada impede, contudo, que haja novas contestações na Justiça.

Contrabando de R$ 1,47 bi
As apreensões pela Receita Federal de mercadorias contrabandeadas em portos, aeroportos e postos aduaneiros bateram novo recorde em 2011. Cresceram 16% em relação ao ano anterior, somando R$ 1,47 bilhão. Segundo o subsecretário de Aduana e Relações Internacionais, Ernani Checcucci, os veículos continuaram no topo da lista, representando, em valores absolutos, R$ 120,6 milhões, um aumento de 13,69%. Os cigarros também foram destaque, com apreensões de R$ 114 milhões — aumento de 21,97%. Também entraram na lista relógios, bebidas não alcoólicas, medicamentos, calçados e munições.

Miriam Be1chior terá alta hoje

Cristiane Bonfanti

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, deve receber alta na manhã de hoje. Internada no Hospital Sírio-Libanês desde a madrugada de ontem, ela passou por uma bateria de exames após sofrer uma crise hipertensiva. De acordo com boletim do hospital, a estado de saúde de Miriam é estável. O último exame, uma polissonografia - que avalia a atividade elétrica cerebral, cardíaca e respiratória - foi feito à noite.
Ontem, Miriam interrompeu os exames de rotina e encontrou a ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no hospital, onde ele realiza tratamento contra um câncer na laringe, diagnosticado em outubro. A reunião durou 40 minutos. Miriam também recebeu um telefonema da presidente Dilma Rousseff.
A ministra vinha reclamando de problemas relacionados à pressão alta nos últimos dias. No fim da manhã de quarta-feira, passou mal em casa. Por causa do mal-estar, cancelou uma reunião da Junta Orçamentária, que seria realizada na Casa Civil, com a ministra Gleisi Hoffmann, e passou a tarde fazendo exames no Instituto do Coração (Incor) de Brasília. Com medo de um infarto, ela embarcou à noite para a capital paulista.
O governo ainda está traumatizado com a morte do secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, vítima de infarto. No último dia 19, depois de se sentir mal, ele percorreu dois hospitais particulares de Brasília, mas não foi atendido porque a seu plano de saúde (Geap) não era aceito e ele não tinha um talão de cheques em mãos para pagar a caução. Quando chegou ao terceiro hospital, o quadro já era grave e os médicos não conseguiram reanimá-lo.

Mesmo médico
Miriam Belchior está sob os cuidados do cardiologista Roberto Kalil Filho. Ela decidiu pegar um avião da Força Aérea e voar para São Paulo, na noite de quarta-feira, depois de conversar com o médico. Kalil Filho também cuida da saúde da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma tratou de um linfoma no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo e Lula realiza tratamento contra um câncer na laringe.
O Ministério da Fazenda decidiu instaurar uma sindicância para investigar as denúncias contra Luiz Felipe Denucci, demitido pelo ministro Guido Mantega da presidência da Casa da Moeda no sábado - o órgão é responsável por imprimir as cédulas e cunhar as moedas de real. Ligado ao PTB, Denucci é suspeito de ter recebido propina de fornecedores. Ontem, o presidente do partido, Roberto Jefferson, afirmou que Mantega deveria explicar a indicação do técnico para o cargo. Segundo o ex-deputado, Denucci é afilhado político do ministro. No momento da nomeação, ele já era investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal por suposta sonegação fiscal.

MUNDO
Balsa naufraga com 350 pessoas

Uma balsa que transportava pelo menos 350 pessoas naufragou no litoral de Papua-Nova Guiné, próximo à Austrália, deixando dezenas de desaparecidos. Até o fim do dia de ontem (horário local), as autoridades tinham resgatado 238 passageiros, mas não sabiam confirmar o total de desaparecidos. Oito navios mercantes e helicópteros australianos foram enviados ao local do naufrágio, a cerca de 16km da costa, para ajudar na operação. "A embarcação afundou completamente. Os esforços dos socorristas continuarão enquanto for possível", declarou o capitão Nurur Rahman, responsável pelo resgate. A previsão era de que as condições meteorológicas piorariam durante a noite.
O navio Rabaul Queen deixou de fazer contato com a empresa Star Chips às 6h (18h de quarta-feira em Brasília), quando navegava entre os portos de Kime e Lae. A Autoridade Marítima de Socorro de Papua-Nova Guiné informou que havia 350 pessoas a bordo, mas relatos dos primeiros resgatados davam conta de superlotação. Segundo a mesma entidade, o comandante da embarcação chegou a emitir um pedido de socorro. O Ministério das Relações Exteriores da Austrália respondeu enviando os helicópteros. "A companhia marítima acredita que não havia estrangeiros a bordo, mas nossa embaixada ainda vai confirmar essa informação", disse uma fonte da chancelaria.
A primeira-ministra australiana, Julia Gillard, lamentou o desastre. "Dada a provável perda muito elevada de vidas, todos os australianos estarão pensando no povo de Papua-Nova Guiné e em como eles respondem a essa tragédia", afirmou. Nurur Rahman, coordenador das operações de resgate, garantiu que não havia excesso de passageiros. "É raro que ocorra esse tipo de acidente. Já tivemos problemas com cargueiros, mas nunca com uma balsa para passageiros", disse. Os naufrágios são frequentes na costa do país e na Indonésia, por conta das condições precárias da frota.

Costa Concordia
A Promotoria de Paris decidiu abrir inquérito sobre o naufrágio do Costa Concordia, em 13 de janeiro, na costa italiana. A ideia é agrupar as queixas dos parentes de vítimas francesas em uma mesma ação. No total, 462 cidadãos do país estavam no navio, e quatro deles morreram na tragédia. Já as autoridades da Itália seguem coletando provas para esclarecer se houve crime por parte do capitão Francesco Schettino, acusado de abandonar a embarcação durante o naufrágio. Ontem, foram encontradas roupas femininas na cabine. A dona, a jovem Domnica Cemortan, é uma das mais fervorosas defensoras de Schettino.

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