PRIMEIRA PÁGINA
Polícia
e bombeiros do Rio entram em greve
Insatisfeitos com o aumento aprovado pelo Estado,
policiais militares, civis e bombeiros fluminenses decidiram ficar aquartelados.
Exército irá para as ruas. Na Bahia, PM mantém paralisação.
Dilma
mantém discurso duro
No Sertão, presidente avisou às empreiteiras que
não dará mais nenhum aditivo à Transnordestina.
COLUNAS
Cláudio
Humberto
Maia resiste
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia
(PT-RS), está outra vez às turras com o Palácio do Planalto, queixando-se de
dificuldades de emplacar indicados até em cargos inexpressivos, como gerente do
Banco do Brasil. O problema se agrava à medida em que se aproxima o fim da
gestão. Irritado, chegou a desligar o telefone, interrompendo uma discussão com
a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Marco Maia se sentiu
ofendido e se descontrolou com o oferecimento de um cargo na agência do BB em
Angola. Mais de 300 deputados presenciaram a cena de Marco Maia abandonando o
barco no meio da votação. O Planalto está mais preocupado com a sucessão de
Marco Maia, que parece temer o ostracismo como destino, após o fim de sua
gestão. No início do governo Dilma, reclamando de “desprestígio”, Marco Maia
boicotou eventos no Planalto aos quais o protocolo pedia sua presença.
Coro dos descontentes
A orelha da presidente Dilma esquentou na quarta à
noite. A cúpula do PMDB se reuniu com o vice Michel Temer (foto) para reclamar
do tratamento que recebe do governo e da fome do PT por cargos.
PTB vence
O ministro Mendes Ribeiro (Agriculturas) perdeu a briga
para indicar o novo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Ele queria no cargo o atual diretor-financeiro Luiz Carlos Bono Garcia, mas o
PTB ameaçou uma rebelião e conseguiu manter seu espaço no loteamento político
do governo. Uma das possibilidades seria oferecer ao ministro uma lista
tríplice para substituir o enroladíssimo Evangevaldo Santos.
CEF como fonte
Ontem à noite, o PTB evoluiu para buscar uma
solução técnica, recrutando um funcionário da Caixa para presidir a Conab.
PT à espreita
O PT tenta passar a perna no PTB e emplacar no
comando da Conab o diretor de Política Agrícola, Sílvio Porto, indicado por
Gilberto Carvalho.
Inconformados
O PMDB-CE não se conforma: queria aproveitar o rolo
na Conab para promover Matheus Gadelha, neto do deputado Mauro Benevides.
Presente baiano
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), mandou
ao colega do Rio, Sérgio Cabral, as gravações de conversas de lideranças de PMs
e bombeiros tramando o motim, com o objetivo de inviabilizar o Carnaval do Rio.
Alívio no Planalto
Assim que foi informada da desocupação pacífica da
Assembleia Legislativa da Bahia, ontem, logo cedo, a presidenta Dilma telefonou
ao governador Jaques Wagner, parabenizando-o pela condução da crise.
Combatente
No Exército, são cáusticas as críticas à atitude do
general Gonçalves Dias, que, diante de PMs amotinados na Bahia, que tinha o
dever de meter na cadeia, ele apenas confraternizou. E até chorou.
Compromisso
Líder de PMs e bombeiros do DF, o ex-deputado João
de Deus diz esperar do governador Agnelo Queiroz (PT) o cumprimento dos
compromissos que ele assumiu durante a campanha, e por escrito.
Frase
"Se anistiar, aí vira um País sem regra” –
Presidente Dilma, contrária à anistia dos
amotinados da Bahia que cometeram crimes
Royalties
As bancadas carioca e capixaba estão preocupadas
com o andamento do projeto que redistribui royalties do petróleo. Temem que
deputados de outros Estados o aprovem logo, para tirar proveito eleitoral.
Sabotagem
O governo do DF suspeita de sabotagem nos trens do
metrô, que todos os dias voltam às oficinas com misteriosos defeitos. Menos de
um mês após o fim da última greve, de 37 dias, metroviários ameaçam nova
paralisação, liderados pelo PSOL.
Vida
& Ciência
Fogo em áreas protegidas
O Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) lançou o segundo número da Revista Biodiversidade
Brasileira. A edição trata dos resultados técnico-científicos da avaliação do
estado de conservação de espécies e da discussão feita entre pesquisadores de
diversos setores sobre assuntos críticos relacionados à conservação e o manejo
do fogo em áreas protegidas. Os incêndios trazem grandes prejuízos ambientais
para as áreas protegidas, mas seus efeitos e severidade variam conforme a
região e a forma como se lida. Como destaca o editorial da revista, o fogo
ainda é uma ferramenta importante em muitas áreas rurais, sendo seu uso
preferível a outras opções acessíveis de trato da terra. Acesse a revista no
site www2.icmbio.gov.br/revistaeletronica/index.php/BioBR.
Olimpíada
Professores de todo o País podem inscrever, até 2
de abril, trabalhos de alunos na 6ª Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio
Ambiente (www.olimpiada.fiocruz.br). As modalidades são audiovisual, texto e
projeto de ciências, destinadas a estudantes do ensino fundamental II e do
ensino médio.
Levantamento
Lixões em Pernambuco
Para erradicar os lixões do Estado serão
necessários R$ 75.603 milhões e a construção de seis aterros de grande porte e
um de pequeno porte, de acordo com levantamento divulgado esta semana pela
Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP).
EDITORIAL
A
barragem Serro Azul
O início de construção da barragem Serro Azul vem
acompanhado de uma série de considerações de grande importância para a
administração pública estadual, para a população que vai ser diretamente
atingida, e para todos os pernambucanos. Trata-se da maior de cinco barragens
projetadas para a Mata Sul do Estado, com o que se espera evitar tragédias como
as que marcaram a região nos dois últimos invernos, quando as enchentes
provocaram dezenas de mortes, deixaram mais de 80 mil desabrigados e destruíram
praticamente toda a infraestrutura dos municípios inundados.
A primeira consideração a fazer é o reconhecimento
da agilidade do governo em responder com o caminho mais difícil – pela
dimensão, pelo custo e pelas implicações políticas e ambientais da obra – a
exigência que foi posta com a tragédia das enchentes. Que não foram as
primeiras, vêm de uma recorrência quase anual, e só agora têm realmente um
enfrentamento com perspectiva de permanência. Assim como aconteceu com a
barragem de Tapacurá para impedir as enchentes que faziam parte da crônica dos
invernos recifenses, desde os tempos coloniais até os anos 70 do século
passado, quando foi feita a grande obra.
Um aspecto inesperado nesse trabalho inadiável e
que deveria ser mostrado como um exemplo de agilidade e eficiência
administrativas é o tratamento político que passou a ser dado a todas as
grandes obras projetadas ou em andamento no nosso Estado, pelo viés da
conveniência política do momento, no nível federal. Chega a ser curiosa, por
absurda, a insistência com que determinados segmentos agridem a ação
administrativa, contagiando-a com suspeitas, quando tão urgentes e necessárias.
Esse nunca foi, nem deveria ser, o enfoque apropriado para a avaliação de uma
grande obra pública como a barragem Serro Azul, que poderia, aí sim, ser
analisada e até questionada tendo por base o impacto ambiental, o impacto
social com as desapropriações ou, por exagero, até mesmo a possibilidade de
riscos futuros com alagamento de áreas que hoje não são alagadas. Evidente que
todos esses aspectos são levados em consideração e supõe-se que têm respostas
técnicas apropriadas neste momento em que a barragem deixa de ser uma
expectativa e começa a se tornar realidade, mudando profundamente, e para
melhor, a qualidade de vida e segurança de populações que sempre viveram o
risco das enchentes. A resposta está dada no anúncio do início das obras,
quando foi dito que medidas mitigadoras serão adotadas para minimizar os
impactos ambientais da obra e permitir a preservação da fauna, da flora e de
outras riquezas naturais. Diante dessa convergência de objetivos, todos
benéficos para uma população que só pode lembrar o pior – seu histórico de
sofrimento com as respostas agressivas da natureza às agressões que sofre com a
intervenção humana –, agora população pode ter a alternativa que só pode ser
questionada por quem tem outros interesses bem menos relevantes e valiosos, como
o de confundir a atenção do governo a uma obra irrenunciável com qualquer outro
interesse menor.
POLITICA
Jarbas
volta ao plenário e ataca Dilma
Em um discurso duro e recheado de frases de efeito,
o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) ocupou a tribuna do Senado ontem para fazer
um balanço do primeiro ano de gestão da presidente Dilma Rousseff (PT). Antes
de iniciar o discurso, o primeiro de 2012, o peemedebista fez questão de frisar
a sua posição de independência em relação ao partido, que tem o vice-presidente
da República, Michel Temer.
Revelando a sua decepção com as atitudes da
presidente, apesar de ter elogiado, no ano passado, as primeiras demissões
promovidas pela petista na equipe a partir das denúncias de corrupção, Jarbas
afirmou que Dilma não conseguiu “fugir da armadilha” preparada pelo
ex-presidente Lula. Ele se referiu à política praticada para manter a base
aliada. Por isso, de acordo com o senador, o “Congresso não existe mais como
Poder legislador”. O Legislativo, para ele, é uma instituição que cumpre um
“papel simbólico”.
“Apesar de se dizer intolerante com os corruptos,
(Dilma) passou a conviver com vários deles em seu governo. Foi forçada, a
partir de denúncias da imprensa, a demitir, até este momento, sete ministros
acusados de corrupção. É recorde absoluto. Não se tem notícia, nas modernas
democracias, de demissões dessa magnitude motivadas exclusivamente por
denúncias de corrupção”, falou. Para criticar os dois petistas, chegou a
utilizar a popular expressão “boquinha” para falar sobre a briga por “espaços
de poder e pelas benesses decorrentes dessa ocupação” no governo federal.
Jarbas frisou que o critério técnico não é considerado quando se nomeia e que a
presidente promove o loteamento dos cargos. “O que realmente vale é o poder de
barganha do padrinho político. O que impera é a promiscuidade e o escândalo”,
argumentou. Jarbas discursou no Senado, lançando essas críticas, justamente no
dia em que Dilma realizava uma visita a Pernambuco.
Baile
Municipal vira tema para oposição
Alegando falta de transparência na gestão dos
recursos do Baile Municipal, a vereadora Priscila Krause (DEM) apresentou,
ontem, um projeto de lei que altera o modelo de organização do evento. Além de
incluí-lo no calendário oficial da cidade, a democrata quer regulamentar a
prestações de contas pela Prefeitura do Recife. No formato atual, segundo
Priscila, não é possível ter acesso aos valores das cotas de patrocínios do
Baile e tampouco a detalhes da aplicação da verba.
“Já tentei obter respostas sobre esses valores no
ano passado e a PCR não respondeu porque disse que o evento não era
responsabilidade da gestão”, argumentou Priscila. O projeto determina a criação
de um comitê Executivo, composto por pessoas nomeadas pelo próprio prefeito,
que responderá não só pela organização como pelas finanças do evento.
Levantamento feito pela vereadora mostra que dos 27 patrocinadores do Baile,
pelo menos 13 são empresas que prestam serviços à prefeitura em diversas áreas.
“Qualquer empresa pode patrocinar, mas é preciso prestar contas”, afirma.
De acordo com o secretário de Assuntos Jurídicos,
Cláudio Ferreira, a gestão dos recursos da festa não é de responsabilidade da
PCR, mas de uma instituição sem fins lucrativos conveniada, à qual cabe tanto a
captação e aplicação das verbas de patrocínio, como a prestação de contas das
mesmas.“O baile é praticamente autossuficiente. A PCR cria um coordenação para
acompanhar o trabalho dessa entidade e garante que se a arrecadação do
patrocínio não for suficiente, ela complementa o que for necessário para
realização do Baile”, disse.
Tal modelo, segundo o secretário, permite maior
“flexibilidade” e “agilidade” na gestão das verbas que financiam o Baile. “O patrocínio,
muitas vezes, é feito de maneira indireta, através da troca de serviços.
Perderíamos essa possibilidade se a responsabilidade passasse para a PCR, por
conta dos limites da gestão pública, e iríamos de encontro à tradição
beneficente da festa”.
CONGRESSO
Romário
no ataque. Até Eduardo é alvo
Deputado afirma que há três semanas vai à Câmara e não tem
nada para fazer. Também reclama que há dois meses tenta, sem sucesso, falar com
Eduardo Campos
Agência Estada
BRASÍLIA – Craque da conquista da Copa de 1994 o
agora deputado federal Romário (PSB-RJ) entrou de sola contra os colegas na
Câmara, o governo federal e o presidente do seu partido, Eduardo Campos,
governador de Pernambuco. Na rede de microblog twitter Romário disparou contra
a falta de trabalho na Câmara e em seu site reclamou do contingenciamento de
emendas parlamentares e de ser ignorado por Campos.
A revolta de Romário com a falta de trabalho na
Câmara aconteceu na noite de quarta-feira após o presidente da Casa, Marco Maia
(PT-RS), ter abandonado o plenário da Casa e atrapalhado os planos do governo
de votar o projeto que cria o fundo de previdência complementar para os
servidores públicos. Romário queria que fosse votada uma proposta de emenda
constitucional que dá benefícios a servidores aposentados por invalidez. Esta
proposta fazia parte da pauta de votações. “Têm três semanas que venho a
Brasília para trabalhar e nada. E olha que estamos em ano de eleição”, reclamou
o ex-jogador no Twitter. “Espero que na minha próxima vinda a Brasília tenha
alguma porra pra fazer. Ou será que o ano só vai começar depois do Carnaval?”,
indagou.
Os ataques do craque continuaram por meio de seu
site pessoal, onde reclamou da falta de liberação de emendas parlamentares.
“Meu partido é 100% governo e é incrível como que na hora de empenhar suas
emendas todos os deputados reclamam. E o pior é que existem partidos que são
oposição e as emendas desses parlamentares sempre são aceitas.”
Ele afirmou que em reunião de bancada seu partido,
o PSB, teria decidido “deixar de ser capacho do governo”. Mesmo se dizendo
satisfeito com a condução da bancada do PSB na Casa, Romário aproveitou seu dia
de fúria e protestou contra a falta de prestígio com o presidente do partido.
“Outra coisa que gostaria muito, é que o presidente do meu partido, Eduardo
Campos, atendesse às minhas ligações. Faz dois meses que tento dar uma resposta
que ele me pediu e até agora nada.”
Os protestos de Romário contra a falta de trabalho
na Câmara contrastam com a postura do próprio parlamentar no ano passado. Em
fevereiro de 2011 ele foi flagrado jogando futevôlei numa quinta-feira,
enquanto a Câmara realizava sessão.
Coutinho:
projeto de R$ 2 bi para Jaboatão
O pré-candidato a prefeito de Jaboatão dos
Guararapes e primeiro secretário da mesa da Assembleia Legislativa de
Pernambuco (Alepe), deputado João Fernando Coutinho (PSB), 32 anos, revelou,
ontem, que o governo do Estado – através da Secretaria das Cidades – tem um
projeto de R$ 2 bilhões em investimentos para o município, abrangendo
habitação, equipamentos de lazer, saneamento e uma série de outras ações na a
área da Lagoa Olho D’Água. Coutinho afirmou, ontem, em entrevista à Rádio
JC/CBN, que pretende tirar do papel e priorizar a implantação do projeto caso
seja eleito, em outubro.
O deputado adiantou, ainda, que sua proposta de
governo visa a integrar “as várias Jaboatões” – Centro, Cavaleiro, Muribeca,
Curado e Prazeres – em uma só cidade. “Vou buscar financiamentos nacionais e
internacionais para investir em projetos no município”, disse. Anunciou,
também, o Todos por Jaboatão, uma réplica do programa Todos por Pernambuco, a
forma de escuta da população por seminários, uma marca do PSB (inspirado no
Orçamento Participativo, do PT).
Assim como pré-candidatos de oposição de todas as
cidades da Região Metropolitana do Recife (RMR) têm acusado os gestores de “não
acompanhar o ritmo de desenvolvimento do Estado”, o socialista João Fernando
Coutinho acusou a atual gestão de Jaboatão, do prefeito tucano Elias Gomes
(PSDB), de estar perdendo a oportunidade de crescimento que Pernambuco oferece.
“O atual momento é único e o prefeito não tem acompanhado esse ritmo. É uma gestão
muito tímida. Todas as ações são dos governos estadual e federal. É o segundo
maior município do Estado (700 mil habitantes), está próximo do maior polo de
desenvolvimento (Suape), mas está se tornando uma cidade de passagem”,
disparou.
Coutinho destacou que está construindo um aliança
de apoios partidários com “musculatura” e demonstrou certeza de que terá o
apoio do governador e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. “No momento
certo, o governador não vai nos faltar, nem ao PSB”, avaliou.
JUSTIÇA
Jovaldo
assume TJPE e anuncia novos concursos
Novo presidente do Tribunal de Justiça, Jovaldo Nunes
promete realizar dois concursos para enfrentar o déficit de pessoal
Juliane Menezes
A nova mesa diretora do Tribunal de Justiça de
Pernambuco (TJPE) tomou posse na tarde de ontem em cerimônia solene no Palácio
da Justiça. O tribunal agora será presidido pelo desembargador Jovaldo Nunes,
que ocupa o lugar deixado por José Fernandes de Lemos. Também assumiram seus
cargos o novo vice-presidente, Fernando Ferreira, e o novo corregedor-geral de
Justiça, Frederico Neves. Os três desembargadores deverão permanecer no comando
do Tribunal durante o biênio 2012/2013.
Em seu discurso, o novo presidente não escondeu os
problemas enfrentados pela Poder, como o grande número de processos e o déficit
de profissionais, contando com 160 vagas em aberto para juízes e 1.200 para
servidores públicos. Para solucionar essas questões, ele pretende lançar dois
novos concursos públicos, e acredita que pelo menos um terço das vagas será
preenchida. Jovaldo Nunes também ressaltou que os membros do TJPE trabalham
intensamente, muitas vezes com jornadas de trabalho que duram de 10 a 12 horas.
E reclamou que a imprensa e a sociedade apenas dão destaque aos escândalos e
problemas do Tribunal. Mesmo assim, ele reconheceu que nem todos os membros são
compromissados com seus deveres, mas disse que “esses casos serão fiscalizados
e os que transgredirem as normas da Casa deverão ser punidos”. Essa
fiscalização, registrou, tem sido feita em parceria com o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ).
A cerimônia contou com a presença de diversas
autoridades dos três Poderes, amigos e familiares dos desembargadores. Entre os
que fizeram parte da mesa do evento, estavam o deputado Guilherme Uchôa,
presidente da Assembleia, o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar,
representando o governador Eduardo Campos (PSB), o presidente da OAB, Henrique
Mariano, o procurador-geral de Pernambuco, Aguinaldo Fenelon, e o desembargador
do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, Rogério Fialho. Outras presenças
destacadas pelo novo presidente foram a do senador Armando Monteiro (PTB), a do
presidente da Câmara Municipal, Jurandir Liberal (PT), a da presidente do TCE,
Tereza Duere, e a do empresário João Carlos Paes Mendonça, presidente do Grupo
JCPM e do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação.
Araçoiaba:
vice assume de novo
A Justiça determinou ontem, pela terceira vez em
seis meses, o afastamento do cargo do prefeito de Araçoiaba (Região
Metropolitana), Severino Alexandre Sobrinho (PMDB). A decisão liminar é do juiz
Marco Aurélio Mendonça, no exercício da 2ª vara cível de Igarassu, com
jurisdição sobre Araçoiaba, atendendo pedido do Ministério Público de
Pernambuco (MPPE). O magistrado justificou que o objetivo é garantir a
preservação documental de provas e o andamento da instrução das três ações
civis públicas por improbidade administrativa a que Alexandre Sobrinho
responde. No cargo, ele poderia atrapalhar a coleta de provas, considerou o
magistrado. Ontem mesmo, o vice-prefeito, Carlos Jogli (PSDB), reassumiu a
gestão.
Sobrinho informou que seus advogados vão recorrer
ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) para tentar voltar ao cargo. Na
decisão, o juiz acolheu posição do MPPE de que, no cargo, o prefeito estaria
manipulando documentos, ameaçando testemunhas e que estaria na prestes a “novos
ataques” ao patrimônio público. “É fato comprovado que ao assumir
provisoriamente a direção do executivo municipal o vice-prefeito, acompanhado
de testemunhas (inclusive um oficial de justiça), constatou a burla na
documentação, e a intenção de mascarar licitações”, escreveu o juiz, em sua
decisão. Alexandre Sobrinho negou as acusações. “Não tem fundamento. Isso é
fruto de fofocas levadas ao juiz”, afirmou.
Ao assumir o cargo, o vice Carlos Jogli atacou o
gestor afastado, como fez nas outras vezes que o sucedeu por força de decisões
judiciais. “Minha preocupação é com as contas municipais. Quando saí, em
dezembro, deixei R$ 2 milhões em caixa. Mas o prefeito tinha usado R$ 150 mil
para festas de fim de ano, dinheiro suficiente para reformar as escolas
municipais”, criticou ele.
Sobrinho é réu em três ações de improbidade acusado
de várias irregularidades, entre elas fraude em licitações, contratação
irregular de empresas e desvio de merenda. Ele havia sido afastado no final de
julho por conta das denúncias. Conseguiu retornar ao cargo duas semanas depois.
No final de agosto, nova decisão da Justiça em Igarassu determinou sua saída do
cargo. Mas no início de dezembro, o Superior Tribunal de Justiça determinou,
por liminar, seu retorno novamente.
Dilma
foi a favor de perdão ano passado
BRASÍLIA – Em agosto do ano passado, com apoio de
praticamente todos os senadores, o Senado, ao votar a anistia aos policiais
militares e bombeiros grevistas do Rio, incorporou ao projeto o perdão a
integrantes da categoria em 14 Estados que se envolveram em movimentos
reivindicatórios desde 1997.
O texto final, que virou lei a partir de 13 de
outubro após sanção da presidente Dilma Rousseff, estendeu a anistia do Rio
para os profissionais da Bahia, Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco,
Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe, Tocantins,
Distrito Federal e Alagoas. Todos os envolvidos em movimentos grevistas foram
anistiados até a data da publicação da lei. No caso da greve do Ceará, pode ter
sido negociada a anistia com o governo do Estado, mas não foi aprovada pelo
Congresso. Os PMs e bombeiros do Maranhão aguardam anistia prevista em projeto
do ex-deputado Weverton Rocha (PDT-MA).
Especialistas afirmam que a anistia estimulou a
onda grevista. “A PM vai parar quantas vezes quiser, pois sabe que,
independentemente da bagunça que fizerem, serão anistiados de novo”, afirma o
promotor de Justiça Militar da Bahia Luiz Augusto de Santana. O procurador da
República Vladimir Aras concorda: “As leis estabeleceram um perdão
generalizado, sem considerar caso a caso”.
ECONOMIA
Transporte
interestadual terá licitação
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)
vai abrir licitação, em abril, para entrada de empresas que desejarem operar
linhas de ônibus interestaduais. O projeto intitulado ProPass Brasil vai
delimitar as linhas, agrupá-las em lotes e sistematizar dados operacionais, a
exemplo de duração das viagens e horários de partida e chegada. Hoje, as
empresas operam sob regime de autorização especial.
Para o consumidor, a racionalização proporcionará
melhoria na qualidade dos serviços e queda no preço das passagens, diz a ANTT.
A redução em Pernambuco será, em média, de 15%, enquanto no Brasil, de 11%.
Ontem o Recife recebeu uma sessão pública para colher sugestões para elaboração
do edital. Quem desejar pode enviar sugestões para o www.antt.gov.br. As
empresas interessadas em concorrer deverão seguir uma série de regras como
equipamento embarcado para fornecer dados direto à ANTT, frota com idade máxima
de 10 anos e mínima de cinco anos, acessibilidade, entrou outras.
Integração
de rios alimenta a esperança
A transposição vai juntar a água do São Francisco
com a de outros rios do Nordeste e até da rara chuva na região para levar
segurança hídrica a grande parte do Semiárido. Matar a sede e dar ao povo o
mínimo de condições de higiene, no entanto, não é a única finalidade do
projeto. Com todas as suas ramificações, o potencial de geração de empregos da
transposição é enorme, uma estimava de induzir a criação de 240 mil postos
diretos e indiretos de trabalho.
Se apenas uma mínima parte do enorme número vingar,
a mudança será grande em lugares desolados como Manari. A cidade será uma das
beneficiadas pelo maior complemento da transposição, a Adutora do Agreste, em
Pernambuco, estimada entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões. Na última radiografia
do Brasil por municípios, com dados de 2000, o Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento Humano classificou Manari como o pior Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) do País.
Não houve uma nova lista do IDH por município. Em
Manari, de qualquer forma, a situação permanece desesperadora. A cidade não tem
água, nem emprego. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
mostra que o município, de 18 mil habitantes, só tinha 642 pessoas ocupadas, em
2009. “Não tem emprego nenhum aqui não. Tem dia que a gente tem nem caroço de
feijão para comer”, diz Maria de Lurdes da Silva, 46 anos.
Desempregada, ela mantém dois filhos e o marido,
João Paulo da Silva, 27 anos, com o Bolsa Família. Eles moram em um dos seis
quartos de um tipo de cortiço em miniatura, uma casa adaptada. Sem ventilação
ou cano de qualquer tipo, o quarto tem apenas um colchão velho, cadeira, roupas
espalhadas e um pote de barro, para guardar o que beber. O abafado se mistura
ao fedor do cachorro, sempre sujo.
“Falta água para banho, para limpeza da casa. A
água só chegava no quarto da ponta, perto da rua, mas o cano ficava seco 20, 30
dias, e quebrou com a pressão quando a água veio”, conta Maria. João Paulo
mostra um ferimento a faca, segundo ele uma agressão feita por um parente, em
uma briga. A ferida está inflamada. “Sobra dinheiro nem para remédio”, afirma
ele. Maria pergunta de onde a reportagem veio. “Vocês são de onde? Recife? É
terra de gente rica.”
A desempregada conta que já ouviu falar da tal
transposição. Só não entende bem como é que a água vai correr tanto chão do rio
até Manari. “Eu acredito que vem. Só que é muito longe”, diz Maria, com
expressão intrigada.
A água vai para lá pela Adutora do Agreste, com
diâmetro de 1.200 milímetros e 1.100 quilômetros de extensão. A licitação da
primeira fase da obra deve ser lançada até o mês que vem.
CAPA DOIS
Vereadores
recuam do aumento. Em BH
Em sessão tumultuada, Câmara de Belo Horizonte aprova veto
do prefeito Márcio Lacerda ao reajuste de 61,8% que os vereadores tinham
aprovado nos seus salários
Marcelo Portela
Agência Estado
BELO HORIZONTE – Em pleno ano eleitoral, os
vereadores de Belo Horizonte cederam à pressão popular e, apesar de discursos
contrários, mantiveram o veto do Executivo municipal ao projeto que aumentava
em 61,8% os salários dos parlamentares. Mesmo com voto secreto, 21 vereadores
foram favoráveis à posição do Executivo, que alegou inconstitucionalidade do
projeto. Dez parlamentares votaram pela derrubada do veto.
Bastante tumultuada, a sessão teve que ser suspensa
em alguns momentos por causa de protestos dos manifestantes que lotaram as
galerias e entoavam a marchinha vencedora de concurso carnavalesco na capital –
Na Coxinha da Madrasta. A música faz referência aos gastos de R$ 62 mil da
verba indenizatória por parte do presidente da Câmara, vereador Léo Burguês
(PSDB), com lanches no estabelecimento de sua madrasta.
Durante a sessão, o vereador Leonardo Mattos (PV)
fez a mais ferrenha defesa da derrubada do veto e acusou o prefeito de
“desrespeitar” a “soberania” da Câmara. “O prefeito veta tudo. Não tem a menor
consideração com o Poder Legislativo”, disse. E afirmou que o prefeito Márcio
Lacerda (PSB) foi “oportunista” ao vetar o projeto, após diversos protestos nas
ruas da capital e nas redes sociais na internet.
Mattos disparou também contra os colegas ao lembrar
que a maioria da Casa foi favorável ao reajuste. “Todos os vereadores assinaram
o documento em que se comprometiam com o projeto”, declarou.
O aumento foi aprovado na última sessão ordinária
de 2011 e faria os salários dos vereadores saltarem de R$ 9 mil para mais de R$
15 mil. Na ocasião, o texto foi aprovado com 22 votos favoráveis e apenas três
contrários.
BRASIL
MP
autorizado a denunciar agressor
LEI MARIA DA PENHA STF decidiu que qualquer pessoa,
e não apenas a mulher agredida, pode comunicar violência e que MP pode fazer
denúncia mesmo contra vontade da vítima
BRASÍLIA – Por dez votos a um, o Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu ontem que qualquer pessoa, e não apenas a mulher vítima
de violência doméstica, pode comunicar a agressão à polícia. Além disso, o
Ministério Público poderá apresentar denúncia contra o algoz mesmo contra a
vontade da mulher. Antes, apenas a vítima poderia representar contra o agressor
em caso de lesões corporais leves, e a denúncia ficava condicionada à
autorização da vitima – que, em muitos casos, mudava de ideia, retirava a
ocorrência e o caso terminava arquivado.
A decisão foi tomada em uma ação direita de
inconstitucionalidade proposta pela Procuradoria Geral da República contra um
dos artigos da Lei Maria da Penha. No caso, o que exigia representação apenas
por parte da vítima em situações de lesões leves provocadas por atos de
violência doméstica.
De acordo com o relator, ministro Marco Aurélio, as
mulheres desistem das queixas em 90% dos casos de lesões corporais leves.
Segundo ele, na maior parte das vezes isso ocorre porque a mulher acredita na
possibilidade de mudança do agressor, mas acaba ocorrendo reincidência. “Não se
coaduna com a razoabilidade deixar a atuação estatal a critério da vítima, cuja
expressão de vontade é cerceada pela violência, que provoca o medo de
represálias”, disse o ministro.
O presidente do STF, ministro Cezar Peluso, foi o
único a votar pela manutenção da regra que permite a notificação da agressão
apenas pela vítima. Segundo ele, a mudança poderia deixar o agressor “ainda
mais enfurecido” e determinado a maltratar mais a companheira.
Na mesma sessão, o tribunal manteve válidos os
demais artigos da lei, no julgamento de outra ação proposta pela Presidência da
República. O pedido era para que a lei fosse declarada constitucional, para que
não houvesse risco de ela deixar de ser aplicada por suposta violação ao
direito da igualdade entre homens e mulheres.
Todos os integrantes do tribunal afirmaram a
importância da Lei Maria da Penha para corrigir a desigualdade histórica entre
os gêneros no Brasil. A decisão foi tomada na primeira parte do julgamento. A
ministra Cármen Lúcia aproveitou para revelar que era vítima de preconceito de
gênero, mesmo ocupando um posto tão alto no Judiciário. “Na cabeça daquele que
passa (e nos vê em carro oficial), estamos usurpando a posição de um homem.
Imagina-se a esposa de alguém que deve estar trabalhando enquanto ela está
fazendo compras”, disse.
Jornalista
é assassinado em praia fluminense
A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu inquérito
sobre o assassinato do jornalista Mário Randolfo Marques Lopes e de sua
namorada, Maria Aparecida Guimarães. Os dois foram encontrados mortos a tiros
na BR-393, em Barra do Piraí (RJ), no início da madrugada de ontem.
Editor do site Vassouras na Net, Lopes já tinha
sido vítima de uma tentativa de homicídio no ano passado. Após o atentado, o
jornalista deixou a cidade, mas continuou a publicar reportagens com acusações
contra autoridades locais – costumava dizer que seu site era “nitroglicerina
pura”.
“Ele criou um volume de inimigos tão grande que
fica até difícil saber por onde começar”, disse o delegado José Mário Salomão
de Omena, da 88ª Delegacia de Polícia (Barra do Piraí). A polícia já fez
perícia no local onde os corpos foram encontrados e na casa do jornalista.
Computadores foram apreendidos para análise. Hoje o delegado deve ir a
Vassouras.
O site da vítima exibia ontem um longo artigo,
publicado em dezembro, em que ele criticava a atuação do Judiciário e
denunciava um suposto esquema de venda de sentenças em Vassouras.
SUS terá
de substituir prótese em 1 semana
PORTO ALEGRE – A Justiça Federal de Carazinho, no
Rio Grande do Sul, determinou que o Sistema Único de Saúde (SUS) providencie em
uma semana uma cirurgia para substituição de próteses de silicone de uma
moradora de Passo Fundo, cidade na mesma região.
A decisão tem caráter liminar e foi publicada na
última terça-feira, mas o prazo só começa a correr quando as partes forem
notificadas. O nome da paciente, que tem 36 anos, não foi divulgado. Ela
relatou ter procurado três hospitais públicos, que se recusaram a agendar o
procedimento alegando não ter orientações claras do Ministério da Saúde e nem
dispor do material necessário à troca.
A autora entrou com a ação contra o Ministério da
Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Emi Importação e
Distribuição, afirmando que exames detectaram um possível rompimento do
silicone e pedindo que as rés paguem a substituição cirúrgica dos implantes, da
marca Poly Implant Prothese (PIP), e outros tratamentos necessários à sua
recuperação. Também pediu pagamento de danos morais e materiais decorrentes do
episódio.
A liminar estabelece que a autora pode escolher qualquer
hospital municipal habilitado e impõe multa de R$ 500 por dia por eventual
descumprimento da determinação. Também admite avaliar o encaminhamento para a
rede privada caso haja alguma impossibilidade técnica comprovada pela rede
pública.
Exército
enviará 14 mil homens para o Estado
RIO – O secretário estadual de Defesa Civil e
comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Sérgio Simões, garantiu
ontem que 14 mil homens do Exército e 300 soldados da Força Nacional de
Segurança estão mobilizados para atuar no Estado, substituindo policiais e
bombeiros em greve.
A decisão foi tomada durante reunião no Comando
Militar do Leste. “Greve é inegociável”, afirmou Simões. Ele disse acreditar
que a paralisação terá percentual mínimo de participação. “Mas meu dever
profissional é imaginar o pior cenário”, disse.
Simões já determinou que cerca de 2 mil bombeiros
que atuam em funções administrativas e 700 que frequentam cursos de formação e
especialização fiquem de prontidão para eventual convocação. “Eu não diria que
é oportunismo, eu diria que é uma covardia, é inaceitável, é leviano”, afirmou
o comandante, referindo-se ao que, até então, não passava de uma ameaça de
greve da categoria a apenas oito dias do Carnaval, festa que atrai milhares de
turistas ao Rio.
Simões também comentou eventuais interesses
políticos por trás da paralisação. “Isso surpreende, estarrece, indigna, porque
nós estamos cuidando da corporação e vamos nos dar conta de que o que se
discute não é melhoria de vencimentos, na verdade tem interesses que não estão
claros. Qual é o verdadeiro objetivo de uma articulação nacional? O que está
por trás? Eu ainda não sei responder. Se houver (interesse político), vou
lamentar muito.”
Simões disse que o cabo Benevenuto Daciolo pode ser
expulso da corporação. “É uma possibilidade que se abra rito administrativo
para avaliar as condições de permanência dele (Daciolo) na corporação”,
afirmou.
PARALISAÇÃO
Impasse
prolonga greve baiana
Após desocupar Assembleia de manhã, PMs rejeitaram, em
reunião à noite, proposta do governo e decidiram manter greve
SALVADOR – Em assembleia que terminou ontem por
volta das 20h locais (19h no Recife), policiais militares baianos decidiram
continuar em greve. Os PMs rejeitaram os termos propostos pelo governo do
Estado e esperam nova proposta. A estimativa é de que 6 mil pessoas
participaram da reunião, que ocorreu no sindicato dos bancários, já que, ainda
pela manhã, os PMs que estavam amotinados na Assembleia Legislativa deixaram o
prédio. Uma nova assembleia dos grevistas está marcada para hoje às 16h locais
e vai avaliar novamente sobre a continuidade da greve. Até o final da noite,
não havia ainda uma definição sobre a adesão de oficiais da PM à paralisação.
A verdade, porém, é que o movimento grevista parece
ter perdido força com a divulgação, na noite de quarta-feira, de um áudio em
que o líder dos grevistas, Marco Prisco, orienta David Salomão, que comanda o
movimento em Vitória da Conquista, a queimar ônibus e fechar uma BR. No início
da manhã de ontem, os PMs em greve deixaram a Assembleia, invadida no dia 31 de
janeiro. Prisco foi preso, assim como o policial Antonio Angelini. Os dois, que
estavam com prisões decretadas, deixaram o local pelos fundos e foram e levados
à Polícia do Exército.
Sitiados por forças federais desde a segunda-feira,
os PMs começaram a deixar o prédio às 6h30 locais, em silêncio. Na hora da
rendição, cerca de 1.800 homens das forças federais cercavam o prédio. Grades
metálicas foram instaladas e um corredor, formado por homens da Força Nacional
de Segurança, Exército e Polícia Federal entrada do prédio.
Após a saída dos 245 grevistas, o prédio foi tomado
pelo Exército e PF. Havia sujeira na Assembleia, vidros quebrados, mas, segundo
o Exército, as instalações foram preservadas.
SIMULAÇÃO
Um serviço de contrainformação foi montado pelos
PMs no período em que ocuparam na Assembleia. O objetivo era disseminar
informações falsas ou conflitantes, para confundir as forças federais.
Mensagens falsas foram postadas nas redes sociais e divulgadas a jornalistas.
Dois exemplos falsos citados por participantes da invasão foram a existência de
até 150 crianças e 1.500 manifestantes no local. Triagem feita pelo Exército na
desocupação revelou haver 245 pessoas e nenhuma criança.
A comida era preparada pelas mulheres, no andar
térreo. Na segunda, o grupo tinha estoque para quatro dias. Na terça, o general
Gonçalves Dias, que comandava a operação militar, liberou a entrada de
alimentos, e a reserva passou para 15 dias.
A complacência de Dias com os grevistas, aliás, foi
bastante criticada. A expectativa inicial no Palácio do Planalto era de que a
greve da PM fosse resolvida na terça. Relatos repassados pelo governo baiano
atribuíram ao general o retrocesso nas negociações. A confraternização com o
bolo de aniversário e a negociação branda por parte dele enfraqueceram a
posição do governo.
Além da revogação da prisão de Prisco e de outros
12 líderes do movimento, os PMs reivindicam o pagamento, a partir de março, de
uma gratificação acertada após o fim da greve de 2001 e a anistia
administrativa dos manifestantes. O governo só aceita pagar a gratificação em
novembro e admite dar anistia a quem não cometeu crime comum. Sobre as prisões,
diz não poder interferir em decisão judicial.
PARNAMIRIM
Presidente
rejeita anistiar PMs
A presidente Dilma Rousseff condenou ontem os rumos
da greve deflagrada por PMs na Bahia e advertiu que não se pode confundir
reivindicações legítimas de uma democracia com o clima de desordem instaurado
naquele Estado. Ela ressaltou ainda que conceder anistia para os líderes do
movimento é levar o Brasil ao risco de se transformar em um “país sem regras”.
Dilma fez os comentários durante visita a
Parnamirim, no Sertão de Pernambuco, onde passou a manhã inspecionando a
Transnordestina. “O Brasil tem hoje uma visão de garantia da lei e da ordem
muito moderna. Não consideramos correto instaurar o pânico, o medo, criar
situações que não são compatíveis com a democracia. Numa democracia, sempre tem
que se considerar legítimas as reivindicações. Mas há formas de reivindicar. E
não considero que o aumento de homicídios nas ruas, a queima de ônibus, entrada
em ônibus encapuzados seja uma forma correta de conduzir o movimento”,
advertiu.
E revelou seu espanto com o áudio no qual líderes
grevistas e políticos combinavam atos de vandalismo na Bahia e a propagação do
movimento por outros Estados. “Fiquei estarrecida. Eu estava em Juazeiro,
quando vi gravações divulgadas por uma televisão, no caso a TV Globo, sobre o
fato de que há outros interesses envolvendo a paralisação. Isso não é correto”,
disse. E avisou: “O governo federal prontamente vai agir no suporte e em apoio
aos governadores, sempre que eles peçam”.
Para desestimular novas ações em outros Estados, o
governo federal espera punição exemplar aos líderes que cometeram atos de
vandalismo.
CIDADES
Estudo
inédito sobre lixo começa nos portos
O trabalho feito pelas Universidades Federais de
Pernambuco e do Rio de Janeiro contempla, desde ontem, 22 unidades do País,
entre elas a do Recife e a de Suape
Equipes da Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) e do Rio de Janeiro (UFRJ) deram início, ontem, nos Portos do Recife e
de Suape, a um levantamento inédito sobre lixo e efluentes. O diagnóstico, com
duração prevista de um ano, será realizado em 22 portos do Brasil e tem como
objetivo indicar um modelo de gestão para os resíduos portuários.
Na primeira etapa do estudo, os pesquisadores
identificarão os pontos de geração e acúmulo de resíduos. “Em seguida, vamos
quantificar e determinar as características do lixo e dos efluentes”, detalha
Fábio Giusti, coordenador regional da equipe de campo do projeto.
O plano, orçado em R$ 16 milhões, conta com
recursos do governo federal. O trabalho é executado pelo Programa de
Planejamento Energético (PPE), vinculado ao programa de pós-graduação em
engenharia da UFRJ, o Coppe. O trabalho começou ano passado, no Estado do Rio
de Janeiro, nos portos da capital e de Itaguaí.
O diagnóstico contempla, ainda, os Portos de Vila
do Conde e Belém (Pará), Itaqui (Maranhão), Cabedelo (Paraíba), Maceió
(Alagoas), Salvador (Bahia), Aratu e Ilhéus (Bahia), Vitória (Espírito Santo),
São Sebastião e Santos (São Paulo), São Francisco do Sul, Itajaí e Imbituba
(Santa Catarina), Paranaguá (Paraná) e Rio Grande (Rio Grande do Sul).
Incluído nas ações do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC 2), o programa apontará não só sugestões para a gestão dos
resíduos dos portos, mas para seu uso comercial. “Parte do resíduo poderá, por
exemplo, ser transformada em energia, gerando economia para os portos ou mesmo
receita extra”, diz Aurélio Murta, um dos coordenadores do programa.
Em cada Estado envolvido a Coppe-UFRJ estabeleceu
convênios com instituições de pesquisas locais. Em Pernambuco, o acordo é com a
UFPE.
“Nessa etapa, organizamos o trabalho e iniciamos a
coleta, já com a equipe local. Os dados serão enviados para o centro de coleta
e tratamento. Aplicaremos então modelos matemático-estatísticos e iremos gerar
indicadores de cada porto. Até abril, todos os portos terão iniciado o
programa”, explica.
O programa fará três tipos de diagnóstico: resíduos
sólidos, efluentes líquidos e fauna sinantrópica nociva, composta por animais
como pombos, ratos, insetos e escorpiões.
“A fauna é classificada como sinantrópica, que são
as espécies que se adaptaram a viver junto ao homem, e sinantrópica nociva,
quando esses animais oferecem risco à saúde pública, por transmitir doenças”,
lembra Murta.
Os resíduos incluem desde alimentos dos navios de
passageiros aos grãos gerados pelas operações portuárias, passando pelo papel
descartado pelas empresas. Já os efluentes, que são os resíduos líquidos,
envolvem esgoto e óleo combustível.
INTERNACIONAL
Oposição
denuncia 631 prisões em Cuba
HAVANA – Ao menos 631 cubanos sofreram “detenções
arbitrárias” em janeiro na ilha, quase um quarto deles no âmbito da morte e do
funeral do opositor preso Wilman Villar, que provocou críticas do exterior a
Havana, informou ontem um grupo opositor.
A Comissão Cubana de Direitos Humanos e
Reconciliação Nacional (CCDHRN) “registrou ao menos 631 detenções arbitrárias
por motivos políticos. Quase todas elas se estenderam por certo número de horas
ou dias”, disse o grupo em um relatório mensal.
“Os padrões da repressão política vigentes
continuam sendo aplicados, embora mostrem uma clara tendência, pelo menos ao
longo de 2011, ao aumento da violência policial não provocada contra
dissidentes que tentaram se reunir ou se manifestar de maneira pacífica”,
acrescentou a Comissão, presidida por Elizardo Sánchez.
A CCDHRN destacou a libertação em janeiro de três
presos políticos – Ivonne Malleza, Isabel Alvarez e Ignacio Martínez – “poucas
horas depois do anúncio de que foram adotados como prisioneiros de consciência
pela (organização de direitos humanos) Anistia Internacional”.
“Os três sofreram 51 dias de prisão temporária sob
condições subumanas”, acrescentou a Comissão, que também lamentou que o governo
comunista não tenha dado “nenhum passo visível” para esclarecer a morte, em 19
de janeiro, do opositor preso Wilman Villar Mendoza, de 31 anos.
Jornal
das Malvinas chama Cristina de “vaca”
O jornal semanal Penguin News, das Ilhas Malvinas
(Falklands, para os britânicos), aumentou a revolta dos argentinos ontem após
publicar uma foto da presidente Cristina Kirchner, cujo nome de arquivo era
“bitch” (em português, uma ofensa semelhante a “vaca”). A foto ilustrava uma
reportagem sobre o anúncio do dia anterior de que Cristina irá à ONU denunciar
a militarização do arquipélago. A denúncia será encaminhada hoje.
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