EDITORIAL
A
medicina avança
O nosso País vive um momento notável em matéria de
saúde: estamos em vias de realizar o primeiro transplante de pulmão regenerado
– que representa um extraordinário avanço da medicina brasileira – e há motivos
para festejar a realização de 23.397 transplantes em 2011, o maior aumento em
10 anos. No primeiro caso, o transplante de pulmão deixou de ser novidade entre
nós em 1989, mas depois de passar por um processo de regeneração, técnica
desenvolvida na Suécia e seguida por todo mundo desenvolvido, somente agora,
com a habilitação do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina de São Paulo.
Em todas as demais áreas, o Brasil está colocado
como o País com o maior programa público de transplantes do mundo: de cada 100
cirurgias, 92 são pagas pelo governo. O grande problema, ainda, é o sistema de
doação e captação de órgãos e, assim, os procedimentos são ainda muito abaixo
do necessário, com filas enormes em todas as áreas e muitas dificuldades a
serem superadas. Como a notificação de morte encefálica e poucos doadores,
problema na manutenção do corpo do doador, ou recusa de doação dos órgãos.
Mas a notícia do recorde de transplantes no ano
passado é uma boa e promissora notícia nessa área de tão grande repercussão na
preservação ou melhoria da qualidade de vida, muitas vezes através de procedimentos
simples, como um transplante de córnea, aos mais complicados, como de fígado,
rins, coração e pulmão – até porque esses últimos requerem vários requisitos
especiais do doador, além de técnicas avançadíssimas, como o desenvolvimento da
imunologia ou a que foi desenvolvida nos últimos anos para o transplante de
fígado, com a divisão de um órgão para beneficiar duas pessoas.
Os exemplos mais notáveis nos meios médicos
internacionais são de países que conseguiram investir para aumentar o número de
doadores, como aconteceu na Espanha, Inglaterra, França e Bélgica, por exemplo.
Nesses países foram adotados procedimentos que superaram em muito o principal
problema do transplante, que é o número de doadores. Daí, adotaram estratégias
como a criação de uma rede de coordenadores de transplantes para monitorar os
hospitais e identificar doadores, ou manter trabalhos de esclarecimento sobre a
importância da doação para salvar milhares de vida todos os anos. Na
Inglaterra, as informações são transmitidas pela internet.
O Brasil vem avançando e será sempre muito
importante transformar cada passo em uma conquista. Como aconteceu a partir de
2006, quando à lista cronológica de pacientes a serem atendidos foi
acrescentado o critério da urgência, da prioridade para a gravidade. Atitudes
dessa natureza sempre acompanhadas da maior clareza possível, para que não
subsistam suspeitas de privilégios, são fundamentais na melhoria que se
processa nessa área. E, sobretudo, se deve louvar o avanço dos procedimentos
médicos no Brasil e a consciência crescente da importância de doar órgãos,
permitindo que outras pessoas condenadas à morte tenham uma sobrevida digna e
normal.
POLITICA
Definição
dos petistas tem data marcada
Presidente do PT diz que o entendimento em torno da
candidatura de João da Costa deve acontecer até o final de março
Gilvan Oliveira
Passado o Carnaval, começa a contagem regressiva no
PT para a definição da candidatura do partido à Prefeitura do Recife. O
presidente estadual da legenda, deputado federal Pedro Eugênio, confirmou que
os petistas intensificarão a partir de agora as conversas na busca por um
entendimento sobre o apoio à reeleição do prefeito João da Costa ou o
lançamento de outro postulante ao seu principal espaço de Poder no Estado.
“Queremos definir isso até o fim de março”, anunciou Eugênio, durante almoço
oferecido ontem pelo prefeito, em sua residência, aos homenageados do Carnaval
2012 no Recife, o cantor e compositor Alceu Valença e o artista plástico José
Cláudio.
O deputado afirmou que não pretende informar à
imprensa a agenda de conversas. A intenção do diretório estadual petista, disse
Pedro Eugênio, é levar o tema sucessão municipal do Recife à instância nacional
do partido, ou mesmo ao ex-presidente Lula, já com as questões locais
resolvidas e os entendimentos com os aliados, costurados. Ele também informou
que o PT continuará a realizar pesquisas, para consumo interno, que vão medir a
avaliação e a reprovação da gestão e os percentuais de voto dos pré-candidatos
a prefeito, inclusive no Recife. Mas não precisou quantas serão feitas até o
fim de março. Mesmo assim, enfatizou que os obstáculos para a confirmação de
João da Costa na cabeça de chapa são mais de ordem política que administrativa.
“A gestão vem melhorando seus índices de aprovação, mas o ‘xis’ da questão está
na política”, reforçou.
O almoço oferecido pelo prefeito contou com as
presenças do vice-prefeito Milton Coelho (PSB), de secretários, vários
vereadores, deputados federais – Pedro Eugênio e Fernando Ferro (PT) – e
estaduais – Teresa Leitão e Eriberto Medeiros (PTC) – artistas e jornalistas.
Mas houve ausências notadas de caciques do PT e de partidos da Frente Popular,
caso dos senadores Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB).
João da Costa e assessores mais próximos evitaram
temas políticos no evento – a assessoria de Imprensa do prefeito informara
previamente que ele não trataria do assunto. O petista concede hoje a
entrevista coletiva de balanço do Carnaval.
OPOSIÇÃO
Apesar de toda a polêmica sobre a ausência de convites
a vereadores da oposição para participarem do almoço de ontem – reclamada pelo
decano da Câmara, Liberato Costa Júnior (PMDB) – nenhum oposicionista
compareceu ao ato, e entre os governistas, a bancada do PTB não se fez
presente. Liberato queixou-se do fato de oposicionistas serem excluídos de um
evento oficial, levando o cerimonial da Prefeitura a consertar o erro às
pressas.
PT tenta
segurar Kassab
RIO – Diante da possibilidade de o tucano José
Serra disputar a prefeitura de São Paulo, o que jogaria por terra as
negociações para que o atual prefeito da cidade, Gilberto Kassab (PSD), apoie o
candidato do PT, ministro Fernando Haddad (Educação), os petistas se dedicam a
acertar alianças em outras cidades paulistas. “Nossa aproximação com o PSD não
está restrita à capital. Temos parcerias no interior, na região metropolitana.
Este é um projeto que não acaba agora, se estende a outros Estados, como Bahia
e Sergipe”, afirmou o petista Alexandre Padilha, atual ministro da Saúde.
Até a semana passada as negociações com os petistas
estavam bem avançadas. Mas o cenário embolou ao ganhar força dentro do PSDB a
tese de uma candidatura de Serra. Lideranças do PSDB dizem que a aproximação de
Kassab com o PT teria feito o tucano repensar a posição de não concorrer à
eleição. O PSD é um aliado estratégico para o ex-governador e empurrá-lo para
os petistas não atenderia às ambições nacionais de Serra.
Alexandre Padilha reforçou que, desde o início das
conversas, Kassab havia deixado claro ao ex-presidente Lula que, caso Serra
optasse por entrar na disputa, ele apoiaria o tucano. O ministro da Saúde
aponta o lado positivo, para o PT, de uma possível candidatura de Serra. “Ajuda
a polarizar a campanha desde o início. A polarização mais clara atrai mais
aliados”, defendeu Padilha, na madrugada de ontem, no sambódromo do Rio de
Janeiro. No sábado de Carnaval, Padilha e Kassab estiveram juntos no Recife, no
camarote do governador Eduardo Campos (PSB), assistindo ao desfile do Galo da
Madrugada.
FORÇA
Presidente nacional do PSD, em apenas dez meses de
existência do partido Kassab reuniu um significativo capital político, que
inclui um orçamento de R$ 38 bilhões para gastar em ano eleitoral, a segunda
maior bancada de vereadores em São Paulo, a terceira maior da Câmara dos
Deputados e a perspectiva de minutos preciosos no horário eleitoral já neste
ano. Tudo isso transformou a legenda numa das mais cobiçadas na eleição.
STF
julga ação contra Raupp
BRASÍLIA – O Supremo Tribunal Federal (STF) deverá
julgar amanhã um processo no qual o senador e presidente em exercício do PMDB,
Valdir Raupp (RO), é acusado de ter cometido o crime de peculato na época em
que governou o Estado de Rondônia. Os ministros analisarão recursos do
Ministério Público de Rondônia e do próprio Raupp contra sentença de 2002 da 1ª
Vara Criminal de Porto Velho, condenando o político por peculato e impondo a
pena de seis anos de reclusão mais pagamento de multa.
O Ministério Público quer que a pena seja
aumentada. De acordo com a acusação, a sentença da Justiça de Roraima não teria
levado em conta o “elevado grau de reprovabilidade da conduta” diante do fato
de que na época o réu era governador do Estado. Já a defesa de Valdir Raupp
pede que seja declarada a nulidade alegando que houve cerceamento de defesa. Os
advogados também sustentam que as provas são frágeis e que teriam sido
emprestadas de outros processos, o que seria ilegal.
Essa não é a única ação existente no STF contra
Raupp. Em 2010, o tribunal aceitou uma denúncia do Ministério Público contra o
político pelo crime de falsidade ideológica para fins eleitorais De acordo com
a denúncia, a prestação de contas da campanha de 1998 ao governo do Estado
teria dados “sabidamente inverídicos”.
ECONOMIA
Grécia
receberá 130 bilhões
Ministros das Finanças da zona do euro aprovaram na
madrugada de ontem um segundo e decisivo pacote para evitar um calote grego
BRUXELAS e LONDRES – Com uma crise social cada vez
maior na Grécia, os ministros das Finanças da zona do euro aprovaram na
madrugada de ontem em Bruxelas a liberação de 130 bilhões de um segundo e
decisivo pacote de resgate ao país, que corre riscos cada vez maiores de
inadimplência. Os ministros também determinaram que o governo grego deverá
implantar medidas que reduzam a dívida da Grécia de 160% para 121% do Produto
Interno Bruto (PIB) até 2020. Com isso, o acordo chega perto da meta anterior
de 120% do PIB.
Durante as negociações, que duraram mais de 12
horas, novo entrave ao empréstimo foi levantado pela Holanda. Descrente de que
os gregos cumprirão a sua parte no acordo, o ministro das Finanças holandês,
Jan Kees de Jager, declarou que deseja estabelecer uma missão permanente da
chamada troica (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário
Internacional, FMI) na Grécia.
Essa missão teria a finalidade de assegurar que
Atenas cumpra os ajustes impostos pelos credores públicos. As medidas de
austeridade, que chegam a 3,3 bilhões, reduzirão salários, aposentadorias e o
total de empresas e empregos públicos no país. De Jager foi firme ao dizer que
“a Grécia quer o dinheiro, mas até agora não demos nada a eles. Nós podemos
dizer não até que o país cumpra todas as exigências”.
A exigência holandesa surge em um momento em que a
Alemanha, até aqui a maior fonte de pressão sobre a Grécia, enfim dava sinais
de concordância com a liberação dos recursos. O ministro das Finanças alemão,
Wolfgang Schäuble, se disse otimista e afirmou que seu objetivo era decidir
sobre o novo plano, embora ainda quisesse esclarecimentos a respeito da redução
da dívida da Grécia.
O foco de Schäuble era a negociação com os credores
do setor privado, que envolve o perdão de 100 bilhões da dívida. O ministro
quer que o país alcance o objetivo de reduzir sua dívida para 120% do PIB em
2020. Hoje, ela está em 160%.
O FMI, dirigido por Christine Lagarde, acredita que
só o acordo com credores privados será insuficiente para esse objetivo, e pede
que o Banco Central Europeu, o maior credor da Grécia, aceite deixar de lucrar
15 bilhões para que a meta seja atingida.
De acordo com algumas das autoridades, credores
privados da dívida grega concordaram em desconto de 53,5% no valor de face dos
seus títulos – número maior do que os 50% concedidos antes da reunião. O
Instituto Internacional de Finanças, que representa os credores, não foi
encontrado para comentar.
Sem o empréstimo e o acordo com os credores
privados, a Grécia não teria como pagar parte da dívida, de 14,5 bilhões, que
vence no dia 20 de março. Um eventual calote põe em risco a permanência do país
na zona do euro. As medidas de austeridade que o governo aprovou na semana
passada geraram grandes protestos no país.
SUPLEMENTO
Governo
privilegiará mercado interno
O governo vai adotar uma margem de preferência,
permitindo o pagamento de valores mais altos a produtores nacionais, nas
compras públicas de equipamentos de rede e material de informática, disse o
secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Delfino Natal de Souza. “A gente vai buscar proposta mais
vantajosa e não necessariamente será pelo melhor preço. Nosso objetivo é
fortalecer o mercado interno”, explicou Delfino. Segundo ele, o governo vem
estudando mudanças na Lei de Licitações, à semelhança do que foi feito no setor
têxtil, com o objetivo de estimular a inovação tecnológica.
Somente a União deve gastar em torno de R$ 130
milhões anuais em compras conjuntas de diversos órgãos federais de equipamentos
de rede, mas ainda não está certo se a regra valerá para a licitação deste ano,
uma vez que o Planejamento quer analisar como a margem será aplicada nas
compras de vestuário. “Estamos estudando adoção de margem de preferência. Se
não for possível no primeiro semestre, será em 2013. ”
De acordo com o secretário, um grupo de estudos
capitaneado pelo Serpro vem preparando a migração de bancos de dados estatais
para a computação em nuvem, na qual programas e arquivos podem ser acessados
por qualquer PC, sem instalação de software específico.
Uma forma de desenvolver o mercado de cloud computing
no Brasil seria por meio de um novo capítulo do Plano Brasil Maior, a política
industrial do governo Dilma Rousseff, que estimularia novas tecnologias usando
as compras públicas. “Há possibilidade de abrigar grandes data centers e com
uso do poder de compra promover essa arrancada.”
O governo também espera comprar neste ano meio
milhão de tokens, uma espécie de chave eletrônica, para iniciar a eliminação de
papel nos documentos do Executivo, seguindo algumas linhas do que foi aplicado
pelo Poder Judiciário na digitalização de processos, contou o secretário. “A
ideia é estancar a geração de papel, o documento nasce eletrônico e vive a
história dele como eletrônico”, disse Delfino, ressaltando que será necessário
modificar a legislação, para que alguns documentos eletrônicos sejam válidos
como substitutos e que o original em papel possa ser descartado.
O ministério do Planejamento espera submeter ao
Planalto as regras sobre a eliminação de papel ainda no primeiro semestre e
eleger alguns projetos pilotos para início dos testes. Até o final do ano, a
proposta é tornar somente eletrônicos todos os novos documentos do governo.
“Este é o ano em que viramos a página em relação à documentação eletrônica.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário