PRIMEIRA PÁGINA
Ágio estimula novos leilões de
aeroportos
Com valor final cinco vezes superior ao preço
mínimo, leilão de Guarulhos, Campinas e Brasília deve apressar privatizações de
outros terminais
Bahia
convulsionada
Embates entre Polícia Federal e grevistas ampliam a
sensação de insegurança da população de Salvador e assustam o país
Presidente
devolve comando do Judiciário
Questionamento que gerou suspensão de posse no
Judiciário gaúcho já havia motivado manifestação do STF no ano passado
EDITORIAL
Descontrole
em Salvador
Está acontecendo na Bahia, mas interessa a todo o
país esta greve da Polícia Militar que já gerou dezenas de assassinatos, saques
no comércio, invasão de prédios públicos e caos no transporte coletivo da
capital baiana, além de deslustrar a imagem do Brasil na antevéspera de eventos
esportivos internacionais em território brasileiro. O pano de fundo deste foco
de descontrole, que ameaça espalhar-se para outros Estados, é a mentalidade
corporativa de servidores que se julgam no direito de fazer a sociedade refém
de seus interesses. Mesmo que seja justa a reivindicação dos policiais
militares baianos, mesmo que seja uma questão de sobrevivência, nenhum segmento
da sociedade, especialmente servidores mantidos pelos impostos dos cidadãos,
pode promover a desordem para pressionar autoridades a atendê-los.
Tem total razão o governador Jacques Wagner ao se
recusar a negociar com desordeiros e a anistiar infratores da ordem pública. As
lideranças da manifestação violenta devem ser identificadas e punidas na forma
da lei. Depois, sim, cabe ao governo baiano apreciar as demandas dos policiais
decentes e atendê-las na medida de suas possibilidades.
É preocupante a informação de que a greve de
Salvador está sendo orquestrada nacionalmente para pressionar a aprovação pelo
Congresso da PEC 300, que cria um piso nacional para policiais. Evidentemente,
a proposta de emenda constitucional deve ser examinada pelo parlamento e
avaliada por critérios de justiça e de adequação a cada unidade da federação.
Endereçar pleitos ao Congresso e até pressionar deputados e senadores para as
causas corporativas são caminhos legítimos e democráticos. Mas as greves no
serviço público, especialmente quando incluem episódios de violência e
desrespeito aos direitos dos demais cidadãos, não podem ser toleradas. Por
isso, no atual episódio, justifica-se plenamente a presença do Exército e da
Força Nacional em Salvador.
O desejável é que o conflito seja encerrado com
negociação, mas sem excluir a responsabilização dos manifestantes que optaram
pela desordem e pela violência. De qualquer forma, há uma lição importante a
ser considerada pelos governantes, pelas lideranças políticas e também pelos
sindicatos de servidores de outros Estados brasileiros. É pelo diálogo – e não
pelo jogo de braço – que as partes poderão avançar.
E o país precisa também abrir um debate amplo sobre
a responsabilidade dos servidores públicos para com a nação, pois o concurso, a
estabilidade no emprego e as prerrogativas de determinadas funções não dão
direito a indivíduos e corporações de se apropriar do Estado e de fazer o
cidadão refém de suas causas. Os funcionários conscientes de suas atribuições,
que certamente são a maioria, merecem ser valorizados e remunerados dignamente,
até mesmo para não serem confundidos com essa minoria que desmerece a classe.
Voo de
maturidade
Sem os protestos e manifestações que marcaram as
privatizações da década de 90 nas administrações Collor e Fernando Henrique, o
governo federal deu início esta semana ao processo de concessão de aeroportos
brasileiros para consórcios nacionais e estrangeiros. No primeiro leilão, foram
concedidos os serviços de três dos maiores aeroportos do país: Guarulhos, em
São Paulo; Viracopos, em Campinas; e JK, em Brasília. Em troca, o governo
arrecadou R$ 24,5 bilhões, cinco vezes o mínimo estipulado pela concessão dos
terminais.
Mais do que os recursos arrecadados, porém, o que
interessa ao país é a melhora dos serviços. Os investidores privados têm
condições de fazer o que o governo necessitava, com urgência, mas não dispunha
de recursos para tal: a modernização da infraestrutura aeroportuária antes da
Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. O sentido da concessão de
serviços públicos é exatamente livrar o Estado de uma missão que ele não tem
condições de executar, garantindo aos usuários o direito de usufruir as
benesses, sem onerá-los exageradamente. Por isso, os contratos têm que ser
sempre absolutamente transparentes, para que os cidadãos tenham confiança e
garantia de que não serão explorados.
A transferência de aeroportos à iniciativa privada
no governo Dilma dá sequência, de forma madura, a movimentos feitos na
administração Lula, que também fez concessões de rodovias, bancos e até mesmo
no setor energético, com hidrelétricas e linhas de transmissão. A Infraero, que
continuará sócia dos concessionários, administrou de forma criteriosa os
editais do leilão, inclusive analisando os pedidos de impugnação. Espera-se que
os órgãos governamentais, especialmente as agências reguladoras, continuem
vigilantes para que o preço das tarifas seja mantido em níveis aceitáveis.
COLUNAS
Brasília
Carolina Bahia
A privatização do PT
As promessas de campanha da então candidata Dilma
Rousseff contra a privatização foram jogo de cena para a militância aplaudir.
Na vida real, ela se deu conta de que a Infraero é má gestora e que a União
precisava se capitalizar para investir em aeroportos não tão atrativos. O PT
sempre teve como bandeira o discurso contra a venda do bem público, diante do
risco do fiasco de um apagão aéreo em plena Copa, falou mais alto o
pragmatismo. Se esse negócio de R$ 24,5 bilhões resultar em terminais mais
modernos em todo o país, logo será capitalizado pelo Planalto, que exaltará o
jeito Dilma de privatizar. Resta saber se os contratos atenderão à demanda
reprimida. No aeroporto de Brasília, a contrapartida do consórcio vencedor é de
R$ 2,8 bilhões ao longo de 25 anos. No futuro, o consumidor é quem dirá se foi
ou não um baita negócio.
Fim da PEC 300
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (foto),
enterrou a chamada PEC 300. Ao classificar a proposta de um piso nacional para
os policiais como inviável, ele assume de vez que o Planalto quer engavetar a
lei. Há dois motivos para o ministro ser tão enfático: a pressão de
governadores e a previsão de um fundo bancado pela União, que ajudaria os
Estados em dificuldades. A equipe econômica não quer pagar essa conta.
QG
A estratégia para tentar convencer o ministro do
STF Luiz Fux a reverter a liminar que impede a diretoria do TJ de assumir o
mandato foi arrematada no gabinete do ministro do STJ, o também gaúcho Paulo de
Tarso Sanseverino. A reunião ocorreu na semana passada.
Currículo
Além de indicar Aguinaldo Ribeiro para o Ministério
das Cidade – um político que chega dando explicações – o PP escolheu para líder
da bancada na Câmara o deputado Arthur de Lira (PP-AL), que responde a
processos no STF e no Tribunal Eleitoral. O gaúcho Jerônimo Goergen deixou a
vice-liderança.
Foliões
Se depender do PT, a decisão sobre a instalação da
CPI da Privataria vai ficar para depois do Carnaval. O presidente da Câmara,
Marco Maia (PT-RS), e o líder do partido, Paulo Teixeira (SP), pretendem
conversar sobre o assunto, mas sem pressa. Maia explica que, antes de uma
definição, gostaria de ouvir a opinião das lideranças do próprio partido.
JOGO RÁPIDO
Em março o PSD bate o martelo sobre se apoia
Manuela D"Ávila (PC do B) ou Adão Villaverde (PT) à prefeitura da Capital.
O PP ficou com o comando da pasta das Cidades, mas
já está acertado que toda a área financeira e administrativa do ministério será
entregue ao PT.
POLITICA
Supremo
alertou TJ sobre eleições
Questionamento que gerou suspensão de posse no Judiciário
gaúcho já havia motivado manifestação do STF no ano passado
Impedido de empossar sua nova administração, o
Tribunal de Justiça já havia sido alertado pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
de que deveria observar a Lei Orgânica da Magistratura (Loman) nas suas
eleições. A recomendação foi feita em 27 de outubro de 2011, no julgamento de
uma reclamação semelhante à que resultou, na semana passada, na suspensão da
posse de Marcelo Bandeira Pereira na presidência da Corte gaúcha. O
desembargador venceu o pleito realizado em 12 de dezembro passado.
As duas queixas (a primeira referente à eleição de
2009 e a segunda, à de 2011) foram feitas pelo desembargador Arno Werlang. Para
ele, as disputas no TJ não têm respeitado o princípio da antiguidade. O relator
das duas reclamações no STF também é o mesmo, o ministro Luiz Fux.
No voto referente à primeira queixa, que foi
acompanhado por unanimidade na Corte em 27 de outubro de 2011, Fux chegou a
duas conclusões. Primeiro, que a eleição de 2009 havia afrontado a Loman, mas
que era tarde demais para anular a votação, porque faltavam apenas três meses
para o fim do mandato. Em segundo lugar, recomendou que os "futuros
processos de escolha" deveriam seguir à risca a lei, e não o regimento
interno do tribunal.
Para que não houvesse dúvidas, ele chegou a
exemplificar o artigo 102 da Loman: "Se a eleição for feita para três
cargos de direção, os elegíveis serão os três magistrados mais antigos".
Na interpretação de Werlang, porém, isso não ocorreu em 2009 nem em 2011,
porque nem todos os eleitos estavam entre os mais antigos do TJ. Por isso, o
desembargador recorreu pela segunda vez ao STF, e Fux concedeu, na semana
passada, a liminar contra a posse da chapa eleita.
Embora a decisão do STF tenha sido publicada apenas
em 14 de dezembro (dois dias após as eleições), seu conteúdo já era conhecido –
ao menos informalmente – no TJ gaúcho desde outubro. Para a Corte, no entanto,
não houve o descumprimento da Loman, mas uma interpretação diferente.
– O tribunal aplicou a Loman, só que não do modo
que o desembargador Arno Werlang queria – diz o desembargador Túlio Martins,
presidente do conselho de comunicação do TJ.
JULIANA
BUBLITZ
Ato
durou três minutos
Visivelmente abatido, Marcelo Bandeira Pereira
transmitiu ontem o cargo de presidente do TJ para José Aquino Flôres de
Camargo, 1º vice-presidente da gestão anterior. Cercado de constrangimento, o
ato levou três minutos.
Bandeira Pereira disse que estava cumprindo a
decisão do Supremo, da qual já recorreu, e que iria a Brasília "tentar
sensibilizar o STF" para agilizar o julgamento e arrefecer a crise:
– Espero que o STF prestigie a posse. Se não for
assim, que venha uma definição qualquer. O que não é saudável para o Judiciário
é esse estado em que estamos.
Aquino foi solidário e disse ter certeza de que a
liminar será revertida. Ele também fez questão de dizer que não estava feliz por
assumir o comando daquela forma. Bandeira Pereira deixou a sala em silêncio. Às
11h, ele embarcou para Brasília, onde fará contatos em busca de apoio no STF.
PGE
recebe relatório do Caso Daer
O relatório final da comissão processante que
investigou irregularidades no Daer foi entregue ontem pelo secretário de
Infraestreutura, Beto Albuquerque, ao procurador-geral do Estado, Carlos
Henrique Kaipper. A homologação das conclusões do processo investigatório
(comandado pela procuradora do Estado Adriana Krieger de Mello) também será
publicada no Diário Oficial de hoje.
Kaipper encaminhará o relatório para a Procuradoria
Disciplinar e de Probidade Administrativa, especializada na avaliação da
conduta dos servidores públicos. No setor, será estudada por tempo
indeterminado a consistência das conclusões da comissão. Ao final da análise dos
procuradores, Kaipper definirá se abre processos administrativos disciplinares
(PADs) – instrumentos que podem determinar a perda da função pública – contra
os 17 servidores apontados pela investigação como integrantes de suspostos
esquemas de fraude no Daer. Ações civis de improbidade administrativa também
poderão ser instauradas no Judiciário. O governo manteve a opção por não
divulgar os nomes dos 17 citados.
– Termos a convicção de que a denúncia e a
difamação andam muito próximas – disse Beto.
O Ministério Público já recebeu o relatório final
da comissão e, ao final da análise, poderá fazer denúncias na Justiça contra os
suspeitos apontados pela investigação.
Ex-colega
de prisão na Esplanada de Dilma
No dia em que deu posse a um novo ministro, a
presidente Dilma Rousseff encaminhou a saída de outro integrante do primeiro
escalão.
A exemplo de Fernando Haddad, que deixou a pasta da
Educação para concorrer a prefeito, desta vez o Planalto acertou a saída de
Iriny Lopes, que deixa a Secretaria de Políticas para Mulheres para disputar a
prefeitura de Vitória. A substituta de Iriny é conhecida de longa data de
Dilma: a socióloga Eleonora Menicucci de Oliveira, que foi companheira da presidente
na prisão.
Eleonora é pró-reitora da Universidade Federal de
São Paulo e militante de esquerda desde a década de 60, quando conviveu com a
presidente. Eleonora, que é filiada ao PT, foi vice-presidente da União
Estadual dos Estudantes de Minas Gerais e da diretoria da UNE.
Ela foi presa em julho de 1971 e esteve com Dilma
no Presídio Tiradentes, que abrigava prisioneiras políticas do regime militar.
Ao sair da prisão, reorganizou sua vida em João Pessoa, na Paraíba, onde
iniciou sua carreira docente na Universidade Federal da Paraíba. Nesse período,
se engajou mais fortemente na militância feminista e na pesquisa sobre as
condições de vida das mulheres brasileiras.
Em nota divulgada no final da tarde, a Secretaria
de Comunicação da Presidência afirma que Dilma deseja "sucesso" a
Eleonora em suas novas funções por políticas que têm contribuído para melhorar
a vida das brasileiras.
Brasília
Quem é
ELEONORA MENICUCCI DE OLIVEIRA
- É mineira da cidade de Lavras
- Nascida em 21 de agosto de 1944, é divorciada e
tem dois filhos – Maria, de 42 anos, e Gustavo, 37 – e três netos.
- Envolvida com movimentos de esquerda, esteve
presa por três anos, entre 1971 e 1973, durante o regime militar.
- Como pesquisadora e professora titular da
Universidade Federal de São Paulo, publica regularmente artigos e estudos sobre
temas críticos da condição das mulheres nos campos da saúde, violência e
trabalho.
Torre das Donzelas
- A Torre das Donzelas foi o apelido dado à
masmorra que abrigava presas políticas durante o regime militar no Presídio Tiradentes,
em São Paulo. Dilma Rousseff ficou quase três anos no local.
- Dilma chegou à torre em fevereiro de 1970, aos 23
anos, após mais de 20 dias nos porões da repressão política. Lá, conviveu com
Eleonora Menicucci de Oliveira, agora escolhida para a Esplanada. Ambas se
conheciam desde que viviam em Belo Horizonte.
- A torre era composta por dois andares ligados por
duas escadarias. No primeiro, as celas eram pequenas. No seguinte, havia a cela
4, chamada de celão por ter 80 metros quadrados. Havia também a 5 (transformada
em cozinha) e a 6, que abrigou Dilma.
- Com o tempo, as presas conseguiram garantir que
as celas ficassem abertas durante o dia. Também cozinhavam alimentos levados
pelas famílias. Dilma ficou conhecida como péssima cozinheira.
- A atual presidente, no entanto, destacava-se nos
grupos de estudo. Dilma, que havia deixado a faculdade por conta da
clandestinidade, passou a dar lições de economia às colegas.
- O Tiradentes foi desativado em 1972. Sobrou
apenas o portal de pedra, tombado como patrimônio histórico.
ECONOMIA
Desempregados
enchem as ruas
No terceiro dia da série sobre a crise na Europa, a
descrença dos espanhóis chega até a monarquia
Queda na bolsa de valores, aumento da dívida,
resgate, recessão, risco-país. A cada dia, novos indicadores tumultuam o dia a
dia dos espanhóis. O vocabulário das ruas se mescla ao do noticiário e todos,
além de treinadores de futebol, agora são analistas econômicos. Enquanto
Mariano Rajoy terminava seu discurso de estreia como novo primeiro-ministro
espanhol, no final de dezembro, um senhor comentava com outro:
– Mais de uma hora de discurso, e a única coisa de
que lembramos é que ele quer passar todos os feriados para segundas-feiras.
A observação reflete como a crise econômica afeta o
modo de vida e a cultura espanhola. Assim como para o povo brasileiro, para os
espanhós os feriados são sagrados. Abrir mão dos largos puentes (feriados) será
uma dura obrigação.
Quando o número de desempregados passa de 5 milhões
– mais de um a cada 10 habitantes – e fica cada vez mais difícil prever o que
irá acontecer nos próximos meses, os espanhóis começam a colocar em xeque até o
que antes parecia inquestionável.
Combinado aos sacrifícios impostos à população, um
escândalo de desvio de dinheiro que envolveu o genro do rei Juan Carlos obrigou
a tradicional monarquia, pela primeira vez desde a redemocratização, a tornar
públicas suas contas. Os valores, que chegam a 1 milhão de euros por ano,
indignaram a população. A notícia veio à tona no fim de 2011, quando os efeitos
da crise já fustigavam o país.
Na época, o país já era conhecido por abrigar
algumas das maiores marchas de protesto da Europa, comandadas pelos
autodenominados Indignados. O desemprego é o que mais preocupa os espanhóis. Um
exemplo da falta de perspectivas é dado por duas profissionais da área de
comunicação que trabalhavam sob contrato temporário – o mais comum neste momento
– e receberam a notícia da demissão às vésperas do Natal. A explicação: todos
os negócios voltados ao mercado espanhol haviam sido cancelados, e a empresa
passaria a atender outro país. Como as duas amigas, de 25 e 35 anos, não tinham
experiência nesse novo mercado, seus postos seriam ocupados por outros.
A funcionária mais antiga dizia estar tranquila,
pois com seu salário-desemprego poderia viver alguns meses. Já a mais nova, que
ingressara há pouco no mercado de trabalho, estava apavorada – seu contrato não
lhe dava direito ao seguro, e a possibilidade de encontrar um novo trabalho era
remota. Mais de um mês depois, as duas espanholas ainda estão desempregadas.
Cresce barreira a estrangeiros
Esta não é a primeira crise enfrentada pela
Espanha, mas já está entre as mais duras. Os que atravessaram outros períodos
de dificuldade econômica, como a do princípio dos anos 90, acreditam que o
momento está servindo para chamar a atenção da população para a necessidade de
se adaptar às mudanças e não temer as adversidades. Tal como está a economia, é
impossível saber o que vai acontecer, mas tudo indica que uma nova alta de
impostos se aproxima.
A crise afeta também estrangeiros que estão na
Espanha. Muitos, ainda com a velha ilusão de fazer dinheiro na Europa e depois
voltar aos seus países, seguem desembarcando no país. Há muitos jovens
venezuelanos que estudam em Madri. Para eles, a situa- ção está muito difícil,
mas ainda não compara à de seu país.
Atualmente, segundo dados do Instituto Nacional de
Estatísticas (INE) quase 10% da população da Espanha é formada por
estrangeiros. Aqueles que já estavam no país antes de 2008 e têm algum tipo de
formação seguem com seus trabalhos, mas já avaliam a possibilidade de voltar à
terra natal. Os que estão chegando agora encontram ainda mais barreiras para
entrar e permanecer. Entre empregar um espanhol e um estrangeiro, as empresas
optam por cidadãos locais.
- Tatiana Mantovani, 28 anos, é jornalista e vive
em Madri. Natural de Carlos Barbosa, atua na área de marketing e gestão de
conteúdo para uma página de internet na capital espanhola
TATIANA
MANTOVANI | Especial/Madri
ANP e MP
vão investigar preços idênticos em postos
Depois que reportagem publicada ontem por Zero Hora
mostrou que sete em cada 10 postos de Porto Alegre cobram preço idêntico no
litro de gasolina, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Ministério Público
Estadual (MPE) decidiram abrir investigações. Com base em levantamento da ANP,
feito entre 29 de janeiro e 4 de fevereiro, o litro do combustível custava, na
semana passada, R$ 2,699 em 66 dos 90 postos pesquisados.
O estudo da ANP será feito pela Coordenadoria de
Defesa da Concorrência da agência e deverá atingir os cerca de 300 postos da
Capital. Serão analisadas as notas fiscais dos estabelecimentos e comparados os
preços do produto adquirido nas distribuidoras e o repassado ao consumidor,
levando em conta também os tributos e a margem de lucro. A previsão é de
apresentação do resultado dentro de um mês.
Segundo o coordenador-geral do escritório regional
Sul da ANP, Edson Silva, o último levantamento com análise semelhante foi feito
em dezembro de 2005. Em abril de 2008, quando a cidade tinha 255 postos, outro
foi realizado, mas com base nos preços apurados pela agência. Na ocasião, não
foi verificado indício de cartel.
– Esse estudo exaustivo que vamos iniciar agora irá
mostrar se há combinação de preços entre os postos. Se isso ocorrer, a ANP
poderá encaminhar representação ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), para que o órgão tome as medidas necessárias – diz Silva.
Caso não forneçam as notas fiscais exigidas, os
estabelecimentos poderão ser autuados, advertiu.
Objetivo é averiguar acordo explícito entre
empresas
Por meio da Promotoria de Justiça Especializada
Criminal de Porto Alegre, o Ministério Público Estadual decidiu começar ontem a
investigação sobre o preço dos combustíveis na Capital. O promotor de Justiça
Mauro Rockenbach instaurou procedimento administrativo para verificar a
situação e encaminhou ofício para que a ANP forneça os estudos que serviram de
base para a reportagem, além de questionar se a agência informou a Secretaria
de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça a respeito da situação. A
SDE tem acordo de cooperação técnica com a ANP para esse tipo de investigação.
– É evidente que não é uma situação normal. Existem
dois tipos de acordo, o implícito e o explícito. A meta é investigar se ocorreu
o segundo tipo – salientou Rockenbach.
Oferta
de prêmios reforça liquidação em Porto Alegre
No primeiro dia do tradicional torra-torra de verão
na Capital, consumidores que se anteciparam tiveram uma recepção especial no
comércio. A novidade da promoção Liquida Porto Alegre deste ano é o sorteio de
prêmios.
O cupom para concorrer a um Hyundai Veloster, dois
iPads, dois Playstations e dois iMacs é distribuído a cada R$ 100 em compras
nas 9 mil lojas participantes. Os descontos nas mercadorias em oferta podem
chegar a 70%. A expectativa da Câmara dos Dirigentes Lojistas da Capital (CDL)
é que o faturamento do Liquida, que se estende até 4 de março, chegue a R$ 1
bilhão.
Participante da promoção, a Manlec surpreendeu na
manhã de ontem os primeiros consumidores que chegaram à Mega Store, localizada
no Centro da cidade. As 150 pessoas que formaram fila em frente ao
estabelecimento ganharam um bilhete do próximo sorteio da Mega Sena, além de um
lanche de café da manhã.
CAMPO E LAVOURA
Exportação
de frangos tem alta de 11,3%
No primeiro mês de 2012, as exportações brasileiras
de frango chegaram a 328,8 mil toneladas, crescimento de 11,3% na comparação
com janeiro do ano passado, conforme dados divulgados ontem pela União
Brasileira de Avicultura (Ubabef).
A receita dos embarques também aumentou , embora em
proporção menor, de 7,9%, com a soma de US$ 634,6 milhões. Para o presidente
executivo da Ubabef, Francisco Turra, apesar dos bons resultados, o momento é
de cautela. O dirigente entende que as altas nas comparações com o primeiro mês
de 2011 não refletem a situação das exportações do setor, já que o crescimento
do volume seguiu ritmo diferente da receita, indicando queda de preços.
– Escassez de insumos, instabilidade do câmbio e problemas
em alguns mercados mais afetados pela crise indicam dificuldades para a
manutenção do ritmo dos embarques em 2012 – afirmou Turra.
GERAL
"É
mais difícil ter o controle dos que não são de linha"
José Altair Benites, superintendente da PRF no Estado
ZH – Há um maior número de acidentes com ônibus no
verão?
José Altair Benites – Aqui no Estado tem essa
peculiaridade, pois é no verão que aumenta o número de veículos de turismo
circulando. Como as empresas contratam ônibus de outras empresas para engrossar
a frota, pode ser que eles não sejam fiscalizados corretamente. É mais difícil
ter o controle desses, que não são os de linha. É preciso contar com as
empresas para que contratem veículos em condições.
ZH – Na maior parte dos acidentes com coletivos, a
falta de uso de cinto de segurança é o principal problema?
Benites – É um grande problema. Já sabíamos disso
antes mesmo desses últimos acidentes ocorrerem. Tanto que já havíamos pedido
para nosso pessoal reforçar a fiscalização no banco traseiro dos automóveis e
também nos coletivos. Agora, estamos com uma operação esquematizada para o
Carnaval. Nossa ideia é realizar abordagens nas quais ingressaremos nos
coletivos e explicaremos a motorista e passageiros a importância de usar cinto
de segurança. Agora, tem um grande problema que é a legislação, que não obriga
ônibus fabricados antes de 1999 a disponibilizar cinto.
POLICIA
Exército
cerca grevistas na Bahia
Enquanto a criminalidade cresce no Estado, imediações do
prédio da Assembleia, em Salvador, têm dia de tensão e confrontos
Forças federais, grevistas da Polícia Militar
baiana e apoiadores do movimento protagonizaram ontem uma série de confrontos
em frente à Assembleia Legislativa da Bahia. Dentro do prédio, cerca de 500
manifestantes estão sitiados. Às vésperas do Carnaval, as cenas de violência e
a insegurança que tomou Salvador assustam o país.
Olocal, onde os líderes da greve e seus familiares
estão concentrados, foi cercado pelos homens do Exército que tentam garantir a
segurança no Estado após o início da paralisação dos PMs, iniciada em 1º de
fevereiro. A tomada da Assembleia Legislativa pelos grevistas é o ponto máximo
da maior crise enfrentada pelo governo Jaques Wagner (PT).
O petista pediu à presidente Dilma Rousseff que
tropas federais assumissem o controle do policiamento na capital baiana para
evitar a violência nas ruas, agravada pela falta de policiamento ostensivo.
Ontem, houve quatro confrontos entre o Exército e
manifestantes. Os conflitos aconteceram quando manifestantes que estão fora do
prédio tentaram entrar. Entre rasantes de helicópteros, bombas de efeito moral
foram detonadas e gás de pimenta foi lançado contra a multidão. Balas de
borracha causaram escoriações em cinco pessoas.
Crianças em prédio sem luz e água
Sitiados e armados, grevistas estavam sem luz e
água. Até a noite de ontem, o Exército dizia que não faria a desocupação à
força. Uma das preocupações é com a presença de familiares de PMs – mulheres e
crianças – entre os sitiados. Por volta das 21h, oito crianças acompanhadas de
adultos deixaram o local.
Cerca de 2 mil homens do Exército, da Força
Nacional de Segurança e da Polícia Federal, além de PMs que não aderiram à
greve, estão mobilizados para a operação. O Comando de Operações Táticas da
Polícia Federal é o encarregado de cumprir o mandado de prisão contra o líder
dos grevistas, o ex-PM Marco Prisco.
Dentro da Assembleia, os acampados ocuparam a rampa
de acesso ao prédio e os andares superiores, onde montaram postos de
observação. Do lado de fora, grades de ferro foram instaladas ao redor do
prédio.
– Não queremos que seja uma nova Canudos, só
queremos nossos filhos de volta – disse Arlete Meireles, mãe de um PM
amotinado.
Salvador
Temor,
mortes e alerta dos Estados Unidos
Chegou, ontem à noite, a 95 o número de homicídios
registrados na Bahia desde o início da greve dos Policiais Militares no Estado,
em 1º de fevereiro. O Estado tem o apoio de mais de 2,5 mil homens das Forças
Armadas e da Força Nacional que atuam no patrulhamento em Salvador, Feira de
Santana, Barreiras e Paulo Afonso. Rumores de arrastões provocaram pânico em
cidades baianas e fizeram com que parte do comércio fechasse as portas nos
últimos dias, num "efeito cascata".
Em Ilhéus, Itabuna e Vitória da Conquista, na
região sul do Estado, parte das lojas, shoppings e supermercados não funcionou.
– Correu boato de toda natureza, a população entrou
em paranoia e lojas fecharam as portas – disse o presidente da Câmara de
Dirigentes Lojistas de Vitória da Conquista, Marcos Alberto das Virgens.
Situação semelhante ocorreu em Itabuna, segundo o
presidente da OAB local, Andirlei Silva:
Ontem, o Departamento de Estado dos Estados Unidos
divulgou um alerta no qual aconselha aos americanos que adiem viagens à Bahia.
"Os cidadãos americanos são aconselhados a acompanhar as reportagens e a
considerar adiar viagens não essenciais a essas áreas" diz a nota,
publicada na página da Embaixada dos Estados.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chamou
ontem de "vandalismo" a atitude de alguns dos PMs que estão em greve
na Bahia.
– Uma coisa é reivindicar e exercer o direito de
greve. Outra coisa é o abuso, a prática de crimes e atos de vandalismo – disse.
Policiais
civis gaúchos iniciam operação-padrão
Todas as delegacias do Departamento Estadual de
Investigações Criminais (Deic) no Estado deverão iniciar hoje uma
operação-padrão, conforme decisão de assembleia do Sindicato dos Escrivães,
Inspetores e Investigadores da Policia Civil gaúcha (Ugeirm) na noite de ontem.
As medidas programadas são protesto à proposta de
reajuste salarial oferecido pelo governo gaúcho. Conforme a Ugeirm, a decisão
vai atingir atividades do cartório e da investigação. O presidente do
sindicato, Isaac Ortiz, assinalou que o respeito às atribuições dos agentes é a
forma com que a categoria irá demonstrar sua importância:
– A decisão dos agentes do Deic têm mais
visibilidade pelas operações especiais e combate ao crime organizado.
O sindicato tem assembléia-geral marcada para o dia
7 de março, quando a categoria vai votar indicativo de greve.
Como será
- Agentes não fazem relatório de inquérito policial
e flagrantes terão presença de delegados no comando dos trabalhos
- Depoimentos deverão ser conduzidas pelos
delegados
- Todas as medidas cautelares deverão ser
formuladas e requisitadas à Justiça pelos delegados.
- Agentes não vão preparar ou organizar operações
policiais
- A partir de hoje, as viaturas ficarão no pátio do
Deic após 18 horas e equipes volantes não cumprirão plantão de sobreaviso fora
do horário de expediente.
- Amanhã, todos os agentes vão entregar telefones
funcionais, e as viaturas sem condição de circular ficarão na garagem
Atraso
em obras sairá caro
Levantadas ainda durante os preparativos para o
leilão, duas preocupações afligem passageiros e companhias aéreas: qual será o
aumento de tarifas nos aeroportos concedidos e como garantir que os
investimentos em melhorias sejam feitos?
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)
determinou que os reajustes sigam um cálculo que levará em conta a inflação
medida pelo IPCA e indicadores de desempenho dos aeroportos. Se apresentar
resultados abaixo da meta, o aeroporto não poderá elevar as taxas acima da
inflação.
Nicolau Gualda, especialista da USP, afirma que a
competição entre os aeroportos evitará que as vencedoras dos leilões cobrem
taxas abusivas. No entanto, o valor pago pelos aeroportos, muito acima do
mínimo, poderá servir de argumento para aumentos exponenciais de tarifas de
embarque e taxas de conexão, teme o ex-superintendente da Anac, Anderson
Correia.
– As concessionárias pagaram muito pelos aeroportos
e poderão argumentar falta de caixa para investir. A Anac terá de ser firme na
regulação – adverte Correia.
Isso significa fazer valer os contratos,
considerados rigorosos mas necessários. A Anac prevê multas pesadas em caso de
descumprimento do cronograma. Para reformas que devem ser feitas até a Copa, a
multa é de R$ 150 milhões, mais R$ 1,5 milhão por dia de atraso. O objetivo é
evitar que o Brasil repita problemas como o da Argentina, onde obras prometidas
foram atrasadas.
Para seu filho ler para diminuir a fila
- Você já deve ter ouvido adultos reclamando de
filas ou de outros problemas nos aeroportos brasileiros.
- Isso acontece porque não são feitas obras como
aumentar as pistas para os aviões ou melhorar o atendimento para que
passageiros não fiquem esperando demais para embarcar.
- Como o governo não tem dinheiro para fazer essas
mudanças em pouco tempo, decidiu vender uma parte de alguns dos principais
aeroportos do Brasil. Essa venda não é para sempre, mas é por bastante tempo,
até 30 anos.
- Agora, esses novos sócios vão mandar nesses
aeroportos, mas também vão ter de colocar dinheiro para melhorar a situação de
cada um.
- O principal objetivo do governo é deixar esses
aeroportos em melhores condições para receber a enorme quantidade de
passageiros que vai passar pelas maiores cidades brasileiras durante a Copa do
Mundo, em junho de 2014.
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