PRIMEIRA PÁGINA
TCE
aponta desperdício em estradas
Inspeção em programa de obras condena qualidade do
asfalto e prejuízo de R$ 83 milhões
Incursão à cidade do medo
"Mesmo à luz do dia, as pessoas estão
amedrontadas, e comerciantes fecham as portas."
Transplantes
no país dobram em 10 anos
Aumento de doadores fez tempo de espera por órgão cair
23% em um ano
EDITORIAL
Emergência
no ensino
Mais do que preocupante, é vergonhosa para o Rio
Grande do Sul a revelação do documento De Olho nas Metas de 2011 – Quarto
Relatório de Monitoramento das 5 Metas do Todos pela Educação de que os estudantes
gaúchos tiveram o pior desempenho, entre os 26 Estados e o Distrito Federal, no
que toca à permanência no Ensino Fundamental depois dos 16 anos. A julgar pelos
números preliminares do Censo Demográfico de 2010, fomos a única unidade da
federação a não atingir as metas propostas pela ONG Todos pela Educação para a
conclusão da 8ª série, ficando atrás de Acre, Roraima e Mato Grosso do Sul. O
percentual obtido pelo Estado nesse quesito foi de 64,7% para uma meta de
71,2%, considerando-se o total de alunos desta faixa etária que concluem o
Ensino Fundamental. O resultado coloca os gaúchos aquém do almejado, mesmo
levando-se em conta a margem de erro. Outros Estados ficaram igualmente abaixo
da meta buscada, mas a variação para menos deu-se dentro da referida margem.
O descumprimento da meta de idade máxima para
conclusão do Ensino Fundamental combina-se, no caso gaúcho, com outros
indicadores de gravidade similar. No 3º ano do Ensino Médio, 55% dos alunos
ficaram abaixo da média em língua portuguesa. No caso de matemática, o
percentual dos que não alcançaram a média foi de 80,6%. O Estado também
registrava, de acordo com o Censo 2010, um contingente de 114.181 crianças de
quatro a cinco anos fora da escola. A taxa de atendimento escolar a essa faixa
etária no Rio Grande do Sul é de modestos 58,6%, o que lhe garante o penúltimo
lugar entre os 26 entes federados, à frente apenas de Rondônia, com 57,1%.
Acrescente-se a esse quadro, finalmente, um dado alarmante compartilhado por
todos os Estados e pelo Distrito Federal: em nenhum deles foi atingida a meta
intermediária de atendimento escolar proposta para o ano de 2010.
É tarefa difícil encontrar, na referida pesquisa,
dados abonadores para o sistema educacional gaúcho. Digno de nota é o fato de
que o Rio Grande apresentou o maior percentual de alunos do Ensino Médio com
aprendizado adequado em língua portuguesa (45,1%), tendo superado a meta. No
mesmo universo pesquisado, em matemática, o Estado apresentou o melhor índice
de aprendizado adequado (19,4%). Segundo o próprio relatório, porém, "não
há motivos para celebração, já que este Estado não atingiu as metas para o
ano", fixadas em 23,6%.
O Rio Grande do Sul tem um histórico de valorização
da educação pública que remonta ao alvorecer da República, no século 19, e que
é justamente apontado como determinante para os altos índices de escolaridade,
leitura e desenvolvimento humano ostentados pelo Estado em mais de uma
pesquisa. Esses ganhos, porém, correm o risco de se perder caso não seja
revertido o cenário captado pelo Todos pela Educação. Não se trata de
reivindicar ufanisticamente para o Rio Grande do Sul uma liderança isolada no
terreno educacional, mas de ressaltar que esse desempenho deve ser dividido com
os demais Estados por meio da elevação geral dos indicadores brasileiros e não
da perda de posições, pelo Estado, no ranking do atendimento e do desempenho
escolar. Só assim poderemos contribuir para que, em 2022, o país alcance, entre
outras, a meta mais do que desejável de 98% das crianças e jovens cursando a
educação básica.
ARTIGOS
Controle
externo: só do Judiciário?
Régis de Oliveira
M. Barbosa
Indisfarçada a fragorosa comemoração nos
meios de comunicação por conta da decisão do Supremo Tribunal Federal que
conferiu ao Conselho Nacional de Justiça o poder de investigar juízes, de modo
concorrente às respectivas corregedorias dos tribunais, a ponto de ter sido
conferida moldura especial à frase do ministro Gilmar Mendes de que "até
as pedras sabem que as corregedorias não funcionam quando se trata de
investigar os próprios pares".
Supondo-se verídica tal assertiva (paradoxal à
recente notícia de que a Corregedoria-Geral da Justiça afastou de suas funções
a juíza da Infância e Juventude de Santa Maria, fato amplamente veiculado pela
imprensa), partindo do raciocínio que vingou e atento ao princípio da isonomia,
é de se cogitar da gestação de órgãos externos de fiscalização dos demais
poderes e de outras instituições que prestam serviços não menos relevantes à
sociedade, como o Ministério Público, as polícias civil e militar etc., essas
depuradas de forma não exógena, pois que somente através de suas corregedorias
e por seus pares. Relativamente aos demais poderes, por óbvias razões
(conchavos políticos, manipulações etc.), não se preconize que o voto popular,
as CPIs, e mesmo o impeachment, constituam ferramentas indefectíveis e
suficientes a tanto.
O argumento de que aqueles que nada têm a temer não
ostentam motivos para se oporem à tese do amplo controle pelo CNJ, de molde a
"passar por cima" das corregedorias locais, maneja falácia de
"petição de princípio", visto que parte da premissa de antemão tida
como verdadeira e irrefutável de que toda pessoa, pelo simples fato de ser
competente, proba e honesta, deva necessariamente aquiescer e se submeter, resignada
e confortavelmente, a variegadas ingerências de terceiros acerca de sua conduta
e "modus operandi" quando no exercício de suas funções.
Ora, até a imprensa escrita e falada empresta
exemplo contrário, na medida em que, sem embargo de exercer o incomensurável
"poder" (embora não estatalmente instituído) de formar opinião (emite
não só "juízos de realidade", mas, acima de tudo, de
"valor"), mediante a modelagem do pensamento e formatação da
mentalidade dos cidadãos, se opõe tenazmente a qualquer espécie de
fiscalização, controle ou limite, em tese a serem exercidos pelo Poder
Judiciário, com o que invariavelmente lança mão dos clichês de "atentado à
liberdade de expressão", "retrocesso à ditadura" e de
"censura prévia".
Se os órgãos de controle interno não se mostram
suficientes para o fim a que se destinam, o que tornaria imperativa a
ingerência de órgãos externos para controle das instituições, assoma ao
espírito a indagação que não quer silenciar: por que só do Judiciário?
*Juiz de Direito
RÉGIS DE OLIVEIRA MONTENEGRO BARBOSA*
O Rio
Grande precisa reagir!
Paulo Odone
Falo como dirigente esportista e como deputado,
interessado e responsável pela defesa de temas que importam a todo o Rio
Grande.
Muito mais do que uma iniciativa ligada a um clube,
o conjunto da Arena do Grêmio significa o maior empreendimento dos últimos anos
no Estado, depois dos investimentos que estão sendo feitos no Porto de Rio
Grande. Sejam quais forem as motivações para ser contrário a esse projeto,
nunca podemos perder de vista sua grande importância.
Com a Arena, o Bairro Humaitá, historicamente
esquecido, será revitalizado. Haverá geração de empregos e renda, pois esse
empreendimento contará com shopping, restaurantes, bares, centro de convenções
e serviços de hotelaria que funcionarão todos os dias da semana, atraindo
pessoas e movimentando a vida em todas as suas instâncias. Quem pode ser contra
isso? Nós, homens públicos, a despeito de nossas convicções, precisamos saber
onde estão as oportunidades de melhoras coletivas, estejam elas nos movimentos
comunitários, estejam nos grandes empreendimentos.
Neste momento, o Rio Grande precisa de todos nós,
pois está a perigo. Os investimentos do poder público para a Copa do Mundo
estão atrasados.
Em relação à Arena, se as verbas necessárias para
as obras viárias no seu entorno não chegarem até março, elas não ficarão
prontas no momento da inauguração do estádio.
Além disso, corremos o risco de não recebermos a
Copa. Por quê? Porque nos falta mobilização política. E, o que é pior, sobra má
vontade e oposição inconsequente. Sobra, sempre, essa luta fratricida que nos
consome as energias. O governador Jaques Wagner arregimentou o esforço político
e popular e conseguiu incluir a Bahia na Copa das Confederações.
E nós, os gaúchos? O que estamos fazendo?
A perda da Copa das Confederações, em 2013, trará
imenso prejuízo econômico para todo o Estado. Precisamos tentar reverter essa
decisão. E se o Inter não conseguir resolver seus problemas em relação ao
estádio? Temos plano B ou atiramos a toalha? Quem paga, depois, o preço dessa
omissão? Afinal, queremos protagonismo ou atraso para o Rio Grande?
Por que não nos mobilizamos nesse momento e fazemos
a diferença? Agora! Uma grande mobilização que exija respeito e atitude do
governo federal.
Não vamos deixar que a história do caranguejo,
daquele que sempre puxa para baixo, se torne a narrativa símbolo do espírito
gaúcho. É hora de dizer: caranguejos? Não!
Sejamos decisivos nessa luta! E que sirvam
nossas façanhas de reconciliação para nós mesmos.
Presidente do Grêmio e deputado estadual
(PPS)
TCE: 19%
do asfalto é inaceitável
Inspeção verificou obras de recapeamento do programa O
Estado na Estrada, do Daer, e calcula desperdício de R$ 83 milhões
Ao esquadrinhar 2 mil quilômetros de rodovias
gaúchas que deveriam ser contempladas pelo programa O Estado na Estrada,
auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE) depararam com um cenário
alarmante. Pelo menos 197 quilômetros recém recapeados apresentaram condições
"inaceitáveis" e R$ 83 milhões teriam sido desperdiçados em obras
malfeitas ou inexistentes.
Com base no relatório da inspeção, que ainda não
foi divulgado, o órgão emitiu ontem uma cautelar determinando que a atual
administração do Daer corrija as falhas do projeto, iniciado em 2009, na gestão
Yeda Crusius, com a pretensão de atingir um terço da malha estadual.
Entre julho e setembro, após analisar toda a
documentação do programa, incluindo os detalhes das licitações, técnicos
formados em engenharia civil percorreram o Estado com a missão de examinar a
situação de perto. A intenção era verificar se as intervenções planejadas
haviam sido concretizadas e em que condições estava o asfalto reabilitado.
Foram feitas 4,5 mil fotografias e preenchidas 500 planilhas com descrições
pormenorizadas.
Os auditores concluíram que o programa atendeu só
metade da extensão prometida, mas consumiu 81% dos recursos previstos, de R$
297 milhões. Dos mil quilômetros contemplados, 19% estão em frangalhos. O valor
despendido com o trabalho precário e com obras pagas mas não efetuadas é
estimado em R$ 83 milhões – 55 vezes mais do que o previsto para a compra de
equipamentos e de material didático destinados a escolas estaduais de Ensino
Fundamental em 2011.
Também foram encontradas evidências de obras feitas
sem projeto básico e em trechos sob concessão privada, assim como serviços não
cobertos pelos contratos. Convencido de que os danos ainda podem ser
revertidos, o conselheiro relator do processo no TCE, Iradir Pietroski, decidiu
recorrer ao Daer para que reveja todo o programa. Entre outras medidas,
determinou que o órgão exija das construtoras a apresentação de registros
fotográficos anteriores e posteriores às obras.
– O que temos, até o momento, é uma cautelar do
conselheiro relator, que ainda vai ser referendada pelo pleno. Além disso, o
governo ainda tem 30 dias para se manifestar sobre o documento – disse o
diretor-geral do TCE, Valtuir Pereira Nunes, que evitou comentar o teor do
material.
A assessoria de imprensa do Daer confirmou o
recebimento do calhamaço de 131 páginas e a constituição de uma comissão de
cinco engenheiros para "tomar as providências necessárias". Ainda
segundo a assessoria, "todos os contratos estão em vigência", e as
"empresas envolvidas serão notificadas para prestar esclarecimentos".
Os resultados
- Foram atendidos apenas 54% da extensão programada
(1.044km de 1.949km) e consumidos 81% dos recursos previstos.
- 19% do asfalto recuperado (197km de 1.044km) têm
qualidade inaceitável, isso sem que as obras tenham completado dois anos.
- O custo do quilômetro passou de R$ 152 mil para
R$ 231 mil.
- O desperdício de dinheiro público no programa é
estimado em R$ 83 milhões.
O que diz Vicente Britto Pereira, ex-diretor-geral
do Daer.
– Isso está com os meus advogados. Inclusive sou
conselheiro da Agergs, não posso falar nada sobre isso sem consultar o conselho
– disse.
JULIANA
BUBLITZ
Promotoria
cobra mudanças no Daer
Sete meses após o fim da força-tarefa que apurou
irregularidades no Daer, o Ministério Público articula a assinatura de um Termo
de Ajustamento de Conduta (TAC) que force o governo estadual a efetivar
modificações nos procedimentos do órgão.
Ontem, o promotor-assessor da subprocuradoria do MP
para Assuntos Institucionais, César Faccioli, e o secretário de Infraestrutura,
Beto Albuquerque, discutiram detalhes do TAC.
O TAC é um instrumento pelo qual o MP busca
resolver uma irregularidade oferecendo ao responsável um acordo em que ele se
compromete com a solução do problema num prazo determinado. O esboço do
documento foi enviado à secretaria em 25 de novembro de 2011, mas o MP ficou
sem resposta.
Para solucionar o problema, foi enviado um ofício,
nesta semana, concedendo prazo de 15 dias para que o governo respondesse se
concordaria em firmar o TAC. A cobrança do MP levou o Piratini a sinalizar
aceitação das principais cláusulas propostas.
– A ideia é transformar as recomendações da
força-tarefa em cláusula de ajustamento, para termos de efetividade. São
pequenas as divergências que precisam ser superadas – avalia Faccioli.
Dentre as normas que deverão ser cumpridas pelo
Daer, constam novidades que vão além dos problemas verificados pela
força-tarefa, como a obrigatoriedade em estabelecer um cronograma permanente de
vistoria e manutenção das pontes do Estado. Após a força-tarefa, uma comissão
aprofundou as investigações sobre estradas, pardais e pedágios.
– Estamos tentando regrar culturas omissivas do
Daer para que passe a cumprir a lei – afirma o promotor Nilson de Oliveira
Rodrigues Filho, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público.
Ele explica que não há proposta de acordo na área
dos pardais porque o MP já ajuizou ações acerca do tema. Se o governo assinar
e, depois, descumprir o TAC, o MP poderá executar penalidades. Em geral, as
sanções se limitam a multas. Procurado por ZH, Beto não quis se pronunciar.
- Prazo para elaboração do sistema intermunicipal
do transporte de passageiros, com abertura de licitação para a exploração das
linhas de ônibus.
- Organização de cronograma de licitações para a
exploração das estações rodoviárias.
- Cronograma de obras de manutenção e vistoria em
pontes, viadutos e proteções de barrancos nas rodovias.
- Identificar técnicos responsáveis pela elaboração
dos editais. Eles serão cobrados em caso de irregularidades.
- Indicar os técnicos responsáveis pela fiscalização
da execução de obras rodoviárias. Eles serão cobrados em caso de
irregularidades.
- Nos pedágios comunitários, destacar servidores
responsáveis pela aferição do fluxo de veículos de forma regular e permanente.
carlos.rollsing@zerohora.com.br
CARLOS ROLLSINGO que pede o MP
Prefeito
abre guerra contra o Orkut
Fábio Branco, chefe do Executivo de Rio Grande, move ação
por supostas ofensas em rede social
Alvo de críticas em redes sociais, o prefeito de
Rio Grande, Fábio Branco (PMDB), entrou na Justiça contra o Google,
administrador do site de relacionamentos Orkut, por supostas ofensas destinadas
a ele. Porém, para isso, precisará buscar um advogado próprio. O Tribunal de
Justiça (TJ) decidiu que o Ministério Público (MP) não está legitimado a agir
em seu nome neste caso.
O mérito da ação não chegou a ser julgado. Pela
decisão da desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira – acompanhada pelos
desembargadores Túlio Martins e Marilene Bonzanini – apenas ficou decidido que
o caso não é de competência do MP. Para a relatora, "em nenhum momento houve
ofensas a um leque relevante de pessoas, circunstância que evidencia interesse
por parte da própria vítima (e não da sociedade)".
Assim, manteve-se a primeira decisão. Nela, a juíza
Fernanda Duquia Araújo, da 3ª Vara Cível de Rio Grande, havia determinado que o
processo deveria ser extinto. Mais: exigiu que o Ministério Público, por ter
ingressado ilegitimamente, deveria arcar com os honorários advocatícios em
favor do Google, estimados em R$ 1,2 mil.
Prefeito terá de ingressar na Justiça como pessoa
física
Assim, para conseguir retirar de circulação os
perfis que considerou ofensivos, Branco deverá ingressar como pessoa física e
aguardar julgamento. Uma comunidade e seis usuários são os alvos da ação.
Usuário de redes sociais e dono de perfis em
Facebook e Twitter, Branco foi criticado pela ação, acusado de tentar censurar
manifestações contra si. O prefeito afirma não querer impedir as pessoas de se
manifestarem, mas "exige que digam a verdade".
– Já registrei ocorrências na polícia civil. Quando
entrei com o processo (em outubro de 2010), estava passando dos limites. Vou
para a Justiça como cidadão – disse.
rafael.diverio@zerohora.com.br
barbara.nickel@zerohora.com.br
RAFAEL DIVERIO BARBARA
NICKEL | Rio Grande/Casa Zero Hora Editora de Mídias Sociais
Confrontar
é a pior estratégia
Já faz mais de cinco anos que o Orkut tornou-se
popular no Brasil e, com blogs e outras ferramentas de publicação de conteúdo
como o YouTube, fez surgir no país uma voz com a qual ninguém estava
acostumado. Se têm ou não razão não importa: pessoas comuns ganharam no mundo
digital um espaço de expressão sem precedentes. Reunidos pelas redes sociais,
provocam um barulho tão alto que em alguns lugares são capazes de alterar
estruturas políticas. Aos pouco preparados para lidar com críticas e
contestações públicas, o cenário gera desconforto. Tentar suprimir as
manifestações, no entanto, tem se provado a pior estratégia. A demonstração de
intolerância sempre gera maior repercussão que as reclamações originais. O caso
de Rio Grande é apenas o exemplo mais recente. Infelizmente, é fácil prever que
não será o último.
“Estava
passando dos limites”
Fábio Branco, prefeito de Rio Grande
Sob críticas por tentar censurar protestos contra
si nas redes sociais, o prefeito de Rio Grande, Fábio Branco (PMDB) afirma não
querer controlar as manifestações. A síntese da entrevista:
Zero Hora – O senhor pretende entrar na Justiça contra o
Google?
Branco – Vou fazer, imediatamente. Até parou. Perdi
mas eles pararam de falar bobagem. Isso é um direito meu. Estava passando dos
limites. Acho que essas redes sociais devem ser usadas para o bem. Vou fazer o
trâmite que a própria Justiça está dizendo, como pessoa física, nada
institucionalmente.
ZH – Não é tentativa de censura?
Branco – Por que censura? Não tem absolutamente
censura. Pelo contrário, cada um fala o que quer. Agora, fale-se o que é verdade,
né? Meu objetivo é que falem a verdade. Já registrei na polícia por alguns
fatos que acho ofensivos contra mim. Estou denunciando para que eles provem
aquilo que estão dizendo. Não é censura. Só quero que provem o que estão
dizendo.
ZH – O senhor usa bastante as redes sociais?
Branco – Eu uso bastante. Acho uma ferramenta
importantíssima. Trouxe grandes ganhos para que tenhamos uma melhor comunicação
com as pessoas. Para nós, pessoas públicas, é mais uma ferramenta de
reivindicação. Mas que seja usada para o bem. Não uso para atacar ninguém. Uso
para me comunicar melhor.
Afastamento prévio de juízes é suspenso
STF, porém, manteve poder do órgão de regrar
julgamentos disciplinares
Na conclusão do julgamento relativo aos poderes de
investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), iniciado na semana passada
no Supremo Tribunal Federal (STF), os ministros mantiveram nas mãos do conselho
a definição das normas para julgar juízes em todo o país. O CNJ, porém, perdeu
o poder de afastar magistrados antes da abertura de processo.
Na semana passada, já havia sido decidido, entre
outros pontos, que o CNJ tem poder para iniciar investigações sem a necessidade
de que as corregedorias regionais o fizessem primeiro – este era o principal
artigo questionado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).
No primeiro tema julgado ontem, os ministros mantiveram,
por seis votos a cinco, a o prazo limite de 140 dias para o processo
administrativo ser concluído nos tribunais locais. Especifica, ainda, que
membros do colegiado devem participar do julgamento de seus pares.
CNJ
perde o poder de afastar juízes antes do processo
Outro ponto importante votado ontem foi o que
estabelece regramento para a aplicação de penas aos magistrados considerados
culpados. Até agora, o juiz recebia punição apenas se houvesse maioria absoluta
de votos de seus pares na hora de definir a pena.
Por dez votos a um, os ministros suspenderam, em
decisão liminar, a competência do CNJ para afastar magistrados temporariamente,
antes da abertura de processo administrativo para apurar indícios de
irregularidades. A possibilidade de afastamento de juízes tinha sido incluída
na resolução do CNJ que regulamenta processos contra magistrados para evitar
eventuais interferências em investigações.
Como fica
PRAZO
- Está mantido o prazo de 140 dias para que o
processo administrativo contra os magistrados seja concluído pelos tribunais
locais.
PENAS
- O STF manteve regulamentação do CNJ sobre a
aplicação da pena contra juízes. Nos casos em que houver maioria de votos pela
punição, mas houver divergência sobre qual pena aplicar, será adotada a mais
branda.
AFASTAMENTO
- O STF suspendeu o dispositivo que permitia o
afastamento do magistrado antes mesmo da abertura de processo.
ECONOMIA
DESPEDIDA
DO FUTURO
No encerramento da série sobre a crise da Europa,
irlandeses acuados por impostos e desemprego deixam o país ou buscam consolo em
pubs
Depois de terminar 2011 com aumento de imposto de
renda e a notícia de que o governo pretende cortar 23 mil empregos no setor
público até 2015, este ano começou ainda mais caro para os irlandeses. Suportam
o peso do novo valor do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, que
passou de 21% para 23%, e se preparam para arcar com um novo tributo sobre
propriedades – equivalente ao IPTU brasileiro.
Um país que tem emigração em massa como parte da
história e que já teve dias de glória como Tigre Celta – referência ao
crescimento rápido do início dos anos 2000 – agora é mais uma vítima da
turbulência econômica. Que, mais uma vez, muda a vida de seus cidadãos. Sean
O"Saor, 30 anos, bancário, não consegue ver na Irlanda um futuro para sua
carreira.
– O banco em que eu trabalhava perdeu mais da
metade dos lucros, e muitos perderam promoções e o emprego. Nossos clientes
eram irlandeses e estrangeiros que estavam com grandes problemas. Então, decidi
deixar o país antes que ficasse ainda pior – conta.
O"Saor vive há ano e meio em Luxemburgo, país
da zona do euro que ficou praticamente imune à crise e continua a ter a maior
renda per capita do mundo.
– Eu tenho um projeto. Quero abrir um negócio, mas
não acredito que seja possível na Irlanda. A crise está matando os que têm
ambição e empurrando o país de volta ao comportamento conservador em busca de
segurança – explica.
Casa da família vira refúgio
Aos 25 anos, Christopher Coventry, assistente de
gerente no varejo, quis investir na compra de um imóvel antes da crise, e o fez
por meio de um banco. Quando a bomba econômica estourou, vendas e comércio
foram afetados, sua renda diminuiu com os impostos e com a redução nas horas de
trabalho. Não achou outro emprego que permitisse pagar a casa comprada dois
meses antes:
– Eu fui mal orientado pelo banco, que disse ser o
momento certo para comprar imóveis. Eles só queriam empurrar financiamento. Ao
renegociar, só ofereceram 8% de redução. Passei a trabalhar mais por menos e
cheguei a dormir no chão na casa dos meus pais.
Coventry deixou família e amigos para viver no
Canadá, onde trabalha na mesma função. Só assim está conseguindo pagar o
financiamento da casa.
– Precisei deixar a Europa em busca de trabalho. Se
depender da minha vontade, não volto nunca mais – afirma.
Stephen Dunne perdeu o emprego de consultor em
empresa de recrutamento.
– Tive de morar com minha mãe. Aos 25 anos, não
deveria mais estar dependendo dela – lamenta.
Stephen Cullen é dono de uma loja de conveniência
ao norte do condado de Dublin. Os moradores passaram a comprar em grandes
supermercados, e trabalhadores, a levar suas refeições, o que diminuiu o
movimento de sua loja.
– Tive sorte de conseguir renegociar o aluguel do
prédio, que reduziu 40% nesses quatro anos. Se o proprietário não entendesse
minha situação, eu teria perdido meu negócio – relata.
É impossível falar da Irlanda sem lembrar de seus
pubs, hoje refúgios da tensão. Mesmo num momento de fazer economia, esse gasto
tem sido difícil de cortar. O pint, copo com 500ml de cerveja, ainda custa de
5,50 euros a 6,10 euros. É comum ouvir um irlandês dizer que gastou 150 euros
numa noite.
*O jornalista
Leandro Rocha, 32 anos, vive na Irlanda há cinco anos. Natural de Campo Grande
(MS), é estudante de Marketing.
LEANDRO
ROCHA | Especial/Dublin
Acordo
na Grécia esbarra na aposentadoria
Depois de oito horas, a reunião de líderes de partido
da coalizão governamental grega foi encerrada sem acordo sobre as medidas de
austeridade propostas pelos credores do país. A delegação de representantes da
chamada troika – União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário
Internacional (FMI) – manteve conversas com o primeiro-ministro grego, Lucas
Papademos, depois que os demais participantes se retiraram.
Os três partidos representados nas tratativas estão
de acordo sobre "todos os pontos menos em um", segundo comunicado do
primeiro-ministro, que espera fechar o acordo até a noite de hoje. A
divergência reside na redução das aposentadorias, conforme uma fonte do governo
da Grécia.
– Não posso, em uma hora, me comprometer com um
plano que vai mudar o país durante 40 ou 50 anos sem ter a garantia de que as
medidas tirarão a Grécia do beco sem saída – afirmou George Karatzaferis, líder
do partido de extrema direita.
Depois dos violentos protestos do dia anterior, a
polícia reforçou a segurança de prédios do governo.
Casa da
Moeda terá novo presidente
Francisco de Assis Leme Franco foi indicado pelo
ministro da Fazenda, Guido Mantega, para a presidência da Casa da Moeda. O
decreto presidencial com a nomeação deverá ser publicado no Diário Oficial da
União nos próximos dias.
No último dia 28, o então presidente do órgão, Luiz
Felipe Denucci, foi demitido depois de suspeitas sobre contas em paraísos
fiscais que Denucci e integrantes de sua família mantinham no Exterior.
Reforço
na rede de hotéis
Até a Copa do Mundo de 2014, o número de leitos na
Capital deve aumentar 23,3%, passando dos atuais 14,6 mil para 18 mil. Ontem, a
rede hoteleira da Capital ganhou um reforço com o início das operações do
Novotel Porto Alegre Aeroporto, da rede Accor.
Conforme o diretor-geral do grupo Accor para a
América Latina, Roland de Bonadona, há planos para implantar dois hotéis Ibis
em Porto Alegre até 2013, investimento de R$ 44 milhões, e mais oito no
interior do Estado, que exigirão mais R$ 75 milhões. Assim, o grupo tem
previstos projetos que somam R$ 119 milhões no Estado.
Apesar dos frequentes anúncios de novos
empreendimentos na Capital, a previsão do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia
de Porto Alegre (Sindpoa) encolheu desde abril de 2011, quando eram projetados
20 mil leitos até 2014. Agora, a estimativa é alcançar esse número até 2016. Um
dos motivos para a mudança é o atraso em obras como o Cais do Porto e o Pontal
do Estaleiro, segundo o vice-presidente da entidade, Ricardo Ritter.
Em 2011, a ocupação na rede hoteleira de Porto
Alegre foi de 61,18%, crescimento de 0,68 ponto percentual em relação ao mesmo
período de 2010. Ritter considera ideal uma ocupação acima de 70%. Mesmo assim,
o dirigente considera adequada a capacidade hoteleira estimada para a Capital
em 2014.
O Novotel Aeroporto está enquadrado na categoria
superior – diárias entre R$ 171 e R$ 250 –, pelo sindicato do setor, que
contabiliza mais 16 hotéis similares na cidade. O empreendimento é o segundo da
rede na Capital e o sétimo do grupo Accor na Capital.
Dinheiro
dos leilões irá para outros terminais
Serão destinados à infraestrutura de aviação civil
os R$ 24,5 bilhões arrecadados com a concessão dos aeroportos de Guarulhos,
Brasília e Viracopos (Campinas). O valor não vai entrar em restrições
orçamentárias (contingenciamento) ou ser usado para pagar juros da dívida
pública, afirmou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
– Os recursos irão para o fundo que já criamos, o
Fnac (Fundo Nacional de Aviação Civil), e irão para novos investimentos –
afirmou.
Mantega afirmou ainda que a União não pretende fazer,
neste momento, novas concessões de aeroportos. O ministro negou intenção de
transferir terminais regionais para Estados e municípios e privatizar os
aeroportos internacionais do Rio de Janeiro (Galeão-Tom Jobim) e de Confins, em
Minas Gerais. As duas possibilidades haviam sido mencionadas no dia anterior
pelo ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt.
O ministro rebateu ainda as críticas do PSDB de que
o governo petista se apropriou da ideia de privatização que antes condenava e
combatia.
– Nossa concessão é diferente da concessão do
governo Fernando Henrique Cardoso, que tinha obrigação por lei de utilizar o
recurso para pagar a dívida – disse.
Em depoimento em vídeo postado no site Observador
Político, Fernando Henrique afirmou que as concessões do governo Dilma acaba
com a demonização das privatizações:
– Não é questão ideológica. É uma questão de
responsabilidade.
O ex-presidente também defendeu fundos de pensão em
privatizações:
– Os fundos são para isso, para investir, não tem
nada de negativo. O importante é ser transparente, ter agência reguladora.
Quando a privatização é bem feita, todos ganham, aumenta o emprego, o governo
arrecada mais, aumenta a tecnologia.
PF
indicia 22 em caso do Panamericano
A Polícia Federal (PF) encerrou a investigação que
apurou os crimes envolvendo o banco PanAmericano. Foram indiciadas 22 pessoas
suspeitas de provocar um rombo de R$ 4,3 bilhões na instituição.
A pedido da PF, a Justiça Federal decretou o
bloqueio de mais de R$ 21 milhões em investimentos dos envolvidos. O inquérito
segue para o Ministério Público Federal.
A investigação, iniciada em dezembro de 2010, foi
instaurada para investigar crimes decorrentes de fraudes contábeis e subtração
de valores envolvendo a administração da instituição financeira, com sede em
São Paulo, entre janeiro de 2008 e novembro de 2010. Cinco ex-diretores do
banco, três ex-funcionários e um ex-presidente do Grupo Silvio Santos foram
indiciados por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta,
caixa dois e crimes financeiros.
LAN e TAM
ganham mais prazo
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) adiou o início da contagem do prazo para o cumprimento das restrições
impostas à fusão das empresas aéresa LAN e TAM em dezembro passado, quando a
operação foi aprovada com algumas condições. As companhias alegaram que a fusão
ainda não foi consolidada e pediram mais tempo.
Foram concedidos dois anos para que a LAN e a TAM
escolham um só programa de milhagem – hoje cada uma faz parte de um sistema
diferente de vantagens a passageiros – e de 90 dias para permutar horários de
pouso e decolagem no aeroporto de Guarulhos (SP).
GERAL
Frota
cresce 56,6% em 10 anos
Número de veículos no RS cresce 10 vezes mais do que a
população e desafia cidades a debater soluções para o trânsito caótico
Aquela sensação de que o trânsito das cidades
gaúchas se tornou um amontoado de carros em enervantes vias congestionadas não
é mera impressão. Ela é uma verdade corroborada pelos números: em 10 anos, de
2001 a 2011, a quantidade de veículos em circulação no Estado saltou de
3.211.739 para 5.031.931, um avanço de 56,67%.
Oimpacto do aumento da frota se torna ainda mais
significativo ao compará-lo com o crescimento da população gaúcha, a que menos
cresceu nos últimos 10 anos em relação aos outros Estados, de acordo com o Censo
2010. O crescimento populacional no Rio Grande do Sul foi de 5,02% – o que
significa um acréscimo de 512 mil habitantes, um padrão tido como
"europeu". O aumento no número de carros foi 10 vezes superior.
– Há o fenômeno da "motorização". As
pessoas estão com mais dinheiro e compram carros. Vamos ter mais uns 10 anos
com esse fenômeno, em razão da classe média que vem chegando com maior poder
aquisitivo – diz o engenheiro Luiz Afonso Senna, especialista em transportes.
O que fazer, então, para atenuar esse fenômeno?
Senna recomenda que a população "não se apavore":
– Nenhuma cidade do mundo parou por isso. O que
está ocorrendo conosco é o que já ocorreu na Europa, nos Estados Unidos e no
Japão. As pessoas com poder aquisitivo compram carro. Isso vai parar no momento
em que a maior parte da população tiver o seu carro, mas não necessariamente
utilize-o cotidianamente.
O especialista espera que os números de Primeiro
Mundo em motorização também elevem o transporte público a outro patamar.
– O carro passa a não ser só destinado a pessoas de
alta renda, e o rico vai também andar de ônibus ou metrô – resume Senna.
O economista Alfredo Meneghetti concorda:
– É necessária uma política forte de mobilidade
urbana. Caminhamos para um carro por morador. A solução é o transporte coletivo
– recomenda.
LÉO GERCHMANN
Brasil
realiza 8% dos transplantes no mundo
País alcançou 23,3 mil cirurgias no ano passado, mais do
que o dobro de 2001
O número de transplantes de órgãos e tecidos mais
que dobrou na última década no país, alcançando 23.397 cirurgias no ano
passado. É o equivalente a aproximadamente 8% dos transplantes feitos em todo o
mundo no mesmo período, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério da
Saúde.
Houve um crescimento de 11% entre 2010 e 2011 e de
124% se comparado ao total feito em 2001, informa o ministério. Em 10 anos,
foram feitos 6.827 transplantes dos chamados órgãos sólidos, como coração, rim
e fígado, entre outros, e 16.570 de tecidos. As cirurgias de transplante que
mais cresceram, em quantidade, foram as de medula óssea, córnea, fígado, pulmão
e rim.
Para o governo, o aumento do número de transplantes
está relacionado à maior quantidade de doadores. Em 2011, chegaram a 11,4
pessoas por grupo de 1 milhão de habitantes. A meta é chegar a 15 doadores por
milhão até o fim de 2014, taxa semelhante à de países que são considerados
referência em doação de órgãos.
Com mais doações e cirurgias, o tempo de espera por
um órgão na fila dos transplantes caiu, em média, 23% em um ano. No caso do
transplante de rim, a redução do tempo de espera foi 42%. Mas 27.827 pessoas
ainda aguardam por um transplante na rede pública de saúde. No Sistema Único de
Saúde (SUS), os candidatos a transplante compõem uma fila, podendo haver
mudanças conforme a gravidade do caso.
– A única fila que pode acabar é a do transplante
de córnea. O número de pessoas que necessitam desse transplante vai ficar menor
e todas as pessoas que morrem podem doar as córneas – explica José Medina,
presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, as metas deste ano são expandir e melhorar a estrutura para os
transplantes de coração e pulmão, considerados os mais complexos. Uma das
dificuldades é o tempo curto que o coração pode ficar fora corpo humano, no
máximo quatro horas. O rim, por exemplo, pode ficar armazenado por até 24
horas.
– É muito difícil manter um coração de forma
adequada no doador vivo para ser transplantado. Em relação ao pulmão é a mesma
coisa, é difícil manter um paciente que está na UTI e possível doador com um pulmão
adequado. Ele pode estar entubado (respirando com ajuda de aparelhos), o que
aumenta o risco de infecções – disse Padilha.
A pasta estudará ainda proposta para ampliar a
verba aos hospitais e centros de transplantes com bons resultados. Para este
ano, a previsão do ministro é investir 10% a mais no sistema de transplantes em
comparação com o ano passado, quando a verba chegou a R$ 1,3 bilhão.
Julgamento
sobre a Lei Seca é suspenso
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) interrompeu
ontem o julgamento sobre quais provas valem para atestar embriaguez ao volante,
depois de dois ministros votarem a favor de uma aplicação mais rigorosa da Lei
Seca. A lei determina que é crime dirigir com uma quantidade de álcool acima de
seis decigramas por litro de sangue, o que só pode ser atestado por exame de
sangue ou bafômetro.
Orelator do caso, ministro Marco Aurélio Bellizze,
admitiu outras provas, como exame médico ou testemunha, para os casos de
embriaguez "evidente", que relevem sintomas típicos de uma quantidade
de álcool acima do permitido em lei. O voto do relator foi acompanhado pelo
desembargador convocado Vasco Della Giustina.
Outro desembargador convocado, Adilson Macabu pediu
vistas do caso. Ele deixou a entender que a interpretação do relator pode
ultrapassar o texto da lei, que exige um exame técnico para se atestar a
quantidade exata de álcool no sangue.
– Enquanto não ocorrer essa mudança na lei, sou um
escravo da Constituição. E o princípio da legalidade deve prevalecer – disse ao
anunciar o pedido de vista.
Macabu pediu vista após a presidente da 3ª Seção do
STJ, ministra Maria Thereza de Assis Moura, recomendar "cuidado"
sobre como a interpretação da lei poderia ser levada ao Supremo Tribunal
Federal. A decisão da 3ª Seção, que reúne as duas turmas penais do STJ, vai
uniformizar o entendimento da corte.
Policiais
rodoviários orientam uso de cinto
À medida que o feriadão de Carnaval se aproxima,
cresce a preocupação com o risco de acidentes nas estradas. Na tentativa de
conscientizar quem pretende viajar de ônibus nos próximos dias, a Polícia
Rodoviária Federal (PRF) realizou ontem uma blitz no km 98 da rodovia Porto
Alegre-Eldorado do Sul (BR-290). O objetivo era alertar passageiros dos
veículos para a importância e a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança
durante a viagem.
A legislação de trânsito determina instalação de
cintos em todas as poltronas de ônibus fabricados a partir de 1999 – e o uso do
equipamento de segurança pelos passageiros é obrigatório.
– Se os passageiros não estão de cinto, o motorista
do ônibus é multado – explica Alessandro Castro, chefe de Comunicação Social da
PRF.
Apesar da obrigatoriedade, o uso do cinto de
segurança nos ônibus parece estar longe de se tornar um hábito entre os
passageiros. Segundo Castro, dos ocupantes dos 20 coletivos fiscalizados ontem,
menos de 50% estavam usando o equipamento – e destes, muitos utilizavam o cinto
de maneira inadequada, sem ajustar a tira para ficar rente ao corpo.
Parado na blitz da PRF, o motorista Vanderlei
Teixeira, que trabalha há oito anos na linha Porto Alegre-Camaquã da empresa
Frederes, afirmou a ZH que orienta os passageiros a colocarem o cinto, mas que
poucos usam o equipamento de segurança.
– A gente está sempre orientando, mas eles não dão
bola. Quando o ônibus sai da rodoviária, eles tiram o cinto – afirma Vanderlei.
Uma das passageiras que estavam sem cinto no
coletivo que fazia a linha Porto Alegre-Camaquã era a empresária Viviane
Zordan, de Barra do Ribeiro. Ela viaja de ônibus mais ou menos uma vez por
semana e afirma não ter o hábito de usar o equipamento, apesar de saber a sua
importância:
– Quando entro no meu carro, a primeira coisa que
faço é colocar o cinto. Estou tão acostumada que, quando esqueço de pôr, fico
me sentindo solta. Mas não tenho esse hábito no ônibus. Agora, com essa
puxadinha na orelha, vou começar a usar.
Sobre seus companheiros de viagem, Viviane diz que
a maioria dos passageiros não costuma utilizar o equipamento.
– Dá pra dizer que que uns 98% não usam. É raro
alguém usar. É até o contrário: quando alguém usa, nos chama a atenção – afirma
a empresária.
Empresa diz que não tem como obrigar passageiros
Segundo Janice Pierobom, diretora da Frederes, o
desrespeito de alguns passageiros pela lei do cinto de segurança vai além do
não uso do equipamento:
– Muitos não apenas não usam o cinto, como
estragam. Vários ônibus chegam com o cinto cortado. A gente não dá conta de
repor. Alguns passageiros tiram as fivelas para vender.
Janice diz achar necessário que os ônibus tenham
cinto, mas destaca a dificuldade para fazer com que os passageiros cumpram a
lei, pois, segundo ela, a empresa não tem como obrigar as pessoas a utilizarem
o equipamento. A diretora também afirma que a empresa nunca teve motoristas
multados pelo descumprimento da lei.
De acordo com a PRF, os meses de janeiro e
fevereiro são os que mais registram movimento de ônibus nas estradas federais.
Durante a campanha de conscientização, os passageiros receberão folhetos com
explicações sobre a obrigatoriedade do equipamento e a sua importância para
salvar vidas no trânsito.
POLICIA
Tecnologia
para identificar corpos
Software desenvolvido para o FBI será usado por 16 Estados
e cruzará informações genéticas de desaparecidos e familiares
Depois de elucidar recentemente três estupros
ocorridos entre 2007 e 2008 em Lajeado, no Vale do Taquari, um software
desenvolvido para o FBI de cruzamento de informações genéticas será usado agora
no Rio Grande do Sul e em outros 15 Estados para identificar também corpos
encontrados sem documentos. O banco de dados cruzará dados genéticos de ossadas
e cadáveres encontrados sem identificação com o DNA de pessoas que buscam o
paradeiro de familiares desaparecidos.
Administrado pelo setor de genética forense do
Laboratório de Perícias, o Banco de DNA de Desaparecidos modificará o jeito de
identificar corpos no Estado. Até hoje, o resultado de exames de DNA de
cadáveres sem identificação era comparado apenas com o código genético de
pessoas que se apresentavam como familiares. O método esbarrava em questões
geográficas e temporais. Se uma ossada era encontrada distante de casa e muito
tempo depois de o sumiço da pessoa ter sido registrado, por exemplo, encontrar
familiares para exames de comparação era uma missão bem mais complicada.
– Com o software, será possível cruzar informações
de amostras de diferentes casos. Ou seja, uma pessoa aqui no Estado poderá
descobrir que o corpo de um familiar foi encontrado até em outro Estado –
explica Cecília Helena Fricke Matte, chefe do setor de genética forense do
Instituto-geral de Perícias (IGP).
O programa de computador também pode ser usado na
identificação de vítimas de tragédias com muitos mortos. Recentemente, o
software foi usado na identificação de restos mortais de passageiros do voo 447
da Air France que caiu no Atlântico em 2009 quando seguia do Brasil para a
França.
Medida impedirá que família se sinta inibida a doar
material
Conforme Cecília, além de casos já examinados que
permanecem sem identificação do morto, serão inseridos no banco de dados mais
101 amostras a serem analisadas a partir deste mês.
– São amostras em que o DNA não foi extraído, pois
não há material de referência, ou seja, de familiares para comparação. Agora,
os dados serão inseridos e cruzados com dados de todas as pessoas que estão em
busca de parentes – explica Cecília.
O banco funcionará de forma independente ao banco
de DNA criminal. Assim, as autoridades brasileiras querem evitar que um
familiar se sinta inibido a fornecer material genético para análise.
Como funciona
BANCO DE DNA DE DESAPARECIDOS
- Para identificar um corpo ou ossada, um software
desenvolvido para o FBI cruzará informações genéticas de desaparecidos e
familiares
- A rede integrará informações de desaparecidos do
Rio Grande do Sul e outros 15 Estados, além dos dados armazenados pela Polícia
Federal
NOS ESTADOS UNIDOS
- O banco de dados genético do FBI, a polícia
federal americana, começou como um projeto-piloto em 1990, em 14 laboratórios
estaduais.
- Em 1994, foi criado o Sistema Nacional de DNA nos
Estados Unidos.
- Já são mais de 170 laboratórios interligados à
rede no país.
- O banco de dados conta com mais de 8,9 milhões de
perfis de criminosos, segundo dados de 2010.
- Em setembro de 2010, o banco produziu informações
para 123,9 mil inquéritos.
- Fora dos Estados Unidos, 25 países já utilizam o
software Codis. Entre eles, o Brasil.
Fonte:
Federal Bureau of Investigation (FBI).
francisco.amorim@zerohora.com.br
FRANCISCO
AMORIM
Ação da
PF contra pornografia infantil
A Polícia Federal (PF) prendeu ontem na Capital um
homem suspeito de divulgar pornografia infantil na internet após autoridades
espanholas identificarem o endereço de IP que distribuía as imagens. Assim que
identificou o endereço do suspeito, a PF fez buscas na residência do homem de
32 anos, onde foram apreendidos câmera fotográfica, imagens de pornografia infantil,
HDs e um notebook.
O homem, cuja identidade não foi informada pela PF,
foi autuado em flagrante. A prisão ocorreu no dia posterior às ações do Dia
Mundial da Internet Segura, que mobilizaram a Delegacia de Defesa Institucional
da Polícia Federal. Na ocasião, a PF visitou lan houses da Capital para
distribuir material educativo sobre o uso seguro da internet.
MUNDO
Ditadura
síria mira até em hospital
No quinto dia consecutivo de ataques, 18 recém-nascidos
morreram em Homs
Enquanto o Ocidente e o mundo árabe não conseguem
encontrar uma estratégia diplomática para pacificar a Síria, o governo de
Bashar al-Assad realizou ontem o mais intenso bombardeio à cidade rebelde de
Homs. Durante o ataque a um hospital, 18 bebês prematuros morreram pelo corte
de energia elétrica nas incubadoras.
O saldo de mortos pelas tropas da ditadura, ontem,
chegava a pelo menos 61 pessoas.
– A shabbiha (milícia de Al-Assad) invadiu três
casas durante a noite e matou a tiros uma família de cinco pessoas (o pai, a
mãe e três crianças). Uma outra família de sete membros e uma terceira com oito
– relatou o dissidente Rami Abdelrahman, do Observatório Sírio de Direitos
Humanos, com sede em Londres.
No quinto dia de ataques incessantes a Homs, as
forças sírias avançaram em direção ao centro da cidade, disparando foguetes e
morteiros contra locais controlados pela oposição. Tanques entraram no bairro
de Inshaat e se aproximaram de Bam Amro, a região mais atingida pelas ofensivas
do governo.
A imprensa estatal síria afirma que um carro-bomba
explodiu ontem em Homs e culpou "gangues de terroristas" pelo
atentado.
Em tom duro, o premier russo, Vladimir Putin,
respondeu às críticas contra a diplomacia de Moscou – que vetou com a China uma
resolução na ONU para a renúncia de Assad – e disse que nenhum país deve
interferir no futuro da Síria.
– O cenário líbio não deve se repetir – disse
Putin, lembrando o que chamou de "crimes horríveis" em Trípoli.
Mais cedo, o chanceler russo, Sergei Lavrov, pediu
que países com influência sobre a oposição síria convençam os opositores de
Al-Assad a dialogar e lembrou que ambos os lados têm culpa nas mortes. Lavrov
disse também que o presidente sírio está disposto a enviar seu vice, Farouk
al-Sharaa, para conversar com seus oponentes.
Damasco
REPORTAGEM ESPECIAL
Uma
cidade amedrontada
Incursão de Zero Hora em pontos turísticos e bairros
boêmios mostra como a greve dos policiais militares mudou a rotina na capital
do Carnaval de rua do Brasil
O som dos atabaques e dos repeniques não tem ecoado
nas cidades baianas nos dias que antecedem o Carnaval. A greve da Polícia
Militar, que completa hoje 10 dias sem acordo entre governo e PMs, deixa vazias
as ruas à noite. Mesmo à luz do dia, as pessoas estão amedrontadas, e parte dos
comerciantes fecha as portas para evitar saques. O resultado é que turistas
começam a cancelar sua vinda para a Bahia. A badalação minguou, e Salvador sem
festa é como Roma sem o Papa. Irreconhecível.
Foi uma Salvador quieta e solitária que ZH
percorreu na noite de terça para quarta-feira. Bastaram poucas horas rodando de
carro para ver que, se continuar, a greve vai aniquilar o mais precioso bem dos
soteropolitanos, a alegria. Shopping centers fecham as portas assim que o sol
começa a se pôr. No auge dos distúrbios, alguns nem abriram. Os bares da orla,
nas badaladas praias do circuito Barra-Ondina, estão com baixa procura.
Sair às ruas virou aventura. Os hotéis aconselham
hóspedes a jantar dentro do prédio ou nas proximidades. Perto do Boteco Rio
Vermelho, um elegante restaurante na praia do mesmo nome, rapazes de gestos
nervosos se acercavam dos fregueses, às 23h de terça.
– Malandragem – diz um garçom, atemorizado,
referindo-se a possíveis assaltantes.
Um mulato com físico de pugilista se aproxima dos
suspeitos.
– É melhor caírem fora daqui – rosna para dois dos jovens,
que saem de fininho.
Trata-se de um policial civil da 9ª DP, que fica
por perto. Na falta de PMs, ele passa no bar após o expediente, para impor
respeito. Mesmo assim, o dono do estabelecimento calcula que perdeu R$ 60 mil
em uma semana, pela queda do movimento. Bares da praia, onde é comum casais
ficarem até a manhã bebendo para ver o nascer do sol, estão agora fechando
portas assim que anoitece.
O patrulhamento das ruas é feito pelo Exército,
pela Força Nacional de Segurança Pública e também por PMs que não aderiram à
greve, como os do 18º BPM, no Centro Histórico. Inexperientes, os militares das
Forças Armadas se limitam a fazer barreiras e pedir documentos. Não conhecem
bandidos. Como não são identificados, os criminosos estão livres para acertar
contas. E como acertaram. Subiu para 135 o número de homicídios desde o início
da greve – são 15 mortes diárias, mais que o dobro da média de 2011.
Roubos também aumentaram. É por isso que os
comerciantes de bairros como Liberdade e Amaralina desistem de vender. Uma em
cada quatro lojas está com cortinas metálicas baixadas ou vende através de
grades. Vendedores reclamam que nunca viram Carnaval pior. Tranquilidade, só no
Pelourinho, com seu casario tombado pelo patrimônio histórico. Lá, turista
continuam passeando e fotografando. Seguidos de perto por soldados do Exército,
que nem toda a reza do mundo garante segurança contra ladrões que ganharam
coragem com a greve dos homens da lei.
HUMBERTO
TREZZI | Enviado Especial/Salvador
Viagens
e shows são cancelados
Tropas nas ruas, população assustada, cancelamento de até
20% dos pacotes de viagens na época mais concorrida do ano. Esse é o cenário na
Bahia às vésperas do Carnaval, em decorrência da paralisação dos PMs.
A Banda Eva cancelou um espetáculo que realiza
todos os anos no Alto do Andu, na semana anterior à do Carnaval. Isso provocou
também a suspensão do convite à cantora Daniela Mercury. A greve causou o
cancelamento da apresentação de Ivete Sangalo na festa Cerveja & Cia Folia,
que deveria ser realizada na Praia do Forte. A organização está providenciando
a devolução de ingressos.
Empresários calculam que o prejuízo, por baixo, é
de R$ 250 milhões desde o início da greve. Isso devido aos cancelamentos dos
espetáculos, à antecipação do fechamento dos shopping centers, às lojas com
cortina abaixada durante o dia.
O governador Jaques Wagner tenta manter o otimismo
dos baianos. Reunido ontem com empresários e músicos em um hotel da praia de
Ondina, ele prometeu segurança para o Carnaval e recebeu, como resposta, que
eles vão "colocar o bloco na rua". Alguns empreendedores se
anteciparam. Na falta de policiais, aumentaram o contingente de seguranças
privados. É o que fez Jose Iglesias Garcia, dono da agência Tours Bahia. Ele
contratou 12 guarda-costas para cuidar dos turistas europeus que desembarcam em
transatlânticos. Até agora não sofreu incidentes, mas afirma que a procura por
pacotes está aquém do esperado.
Wagner ainda tenta seduzir os policiais com
proposta de 6,5% de reajuste, retroativo a janeiro, além de prometer novos
aumentos em 2013. Mas Marco Prisco, um dos líderes dos grevistas, adianta, em
entrevista concedida por telefone da Assembleia Legislativa (onde ele está
entrincheirado com outros 500 grevistas), que "os 6,5% é um aumento linear
para todo servidor público, então o soldo fica abaixo do mínimo".
Os grevistas contam com proteção espiritual na sua
luta. É o que garante o pai de santo Zé Carlos de Omolum, que ontem ofereceu
uma bênção aos PMs. Famoso nas imediações do Mercado Modelo de Salvador, o Pai
Zé Carlos se diz "mentor espiritual" dos PMs. Tocou sineta junto ao
rosto dos soldados do Exército, fez preces e jogou uma pomba branca, que acabou
pousando sobre o ombro de um dos militares:
– A pomba é
para que cessem os conflitos.
Exército
aperta o cerco a amotinados
Diante da intransigência, os ânimos se exaltaram em
frente à Assembleia. O Exército mudou a estratégia de atuação ao bloquear a
entrada de mantimentos para os manifestantes acampados no prédio. O
fornecimento de energia também foi cortado, e uma invasão por parte dos
militares não era descartada na noite de ontem.
O general Marco Edson Gonçalves Dias, da 6ª região
militar, foi afastado do comando das operações. Em seu lugar, assumiu o
comandante militar do Nordeste, general Odilson Sampaio Benzi. A postura do
general Gonçalves Dias desagradou o Exército e o Palácio do Planalto. Na
terça-feira, ele completou 62 anos e recebeu um bolo dos grevistas, que
cantaram Parabéns para Você.
Escuta
revela planejamento de vandalismo
Conversas gravadas entre os chefes dos PMs
grevistas na Bahia revelam supostos acertos para realização de ações de
vandalismo na cidade. Obtidas pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, as escutas
mostram também articulações para que a paralisação se estenda ao Rio de
Janeiro, a São Paulo e outros Estados. Os PMs envolvidos negam participação em
ações violentas.
No primeiro trecho, o presidente de uma associação
que reúne bombeiros e policiais baianos, Marco Prisco, combina uma ação de
vandalismo com um de seus liderados. Prisco nega ter participado de atos de
violência. Veja abaixo trecho da escuta:
Prisco – Alô, oi. Desce toda a tropa pra cá meu
amigo. Caesg e você. Desce todo mundo para Salvador, meu irmão... Tou lhe
pedindo pelo Amor de Deus, desce todo mundo para cá...
David Salomão – Agora?
Prisco – Agora, agora. Embarque...
David Salomão – Eu vou queimar viatura... Eu vou queimar
duas carretas agora na Rio-Bahia que não vai dar tempo...
Prisco – Fecha a BR aí meu irmão. Fecha a BR.
Policiais
gaúchos entregam celulares
No Rio Grande do Sul, agentes do Departamento de
Investigações Criminais (Deic) entregaram ontem celulares funcionais e deixaram
nas garagens viaturas que consideram não apresentar condições de ir para as
ruas. O ato, pela manhã, no Palácio da Polícia, em Porto Alegre, faz parte da
operação-padrão deflagrada esta semana.
Segundo o presidente do Sindicato dos Escrivães,
Investigadores e Inspetores de Polícia (Ugeirm), Isaac Ortiz, uma assembleia em
7 de março decidirá se a categoria cruza ou não os braços para reivindicar
reajuste salarial:
– A partir de agora, nós só vamos fazer a nossa
obrigação, sem horas extras. O agente trabalha muito além do horário.
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