PRIMEIRA PÁGINA
Festa da Uva terá presença de
Dilma
Presidente participará de abertura amanhã.
Falta de comando aprofunda crise
no PMDB
Única grande sigla sem rumo definido na Capital,
legenda consome energia em sucessão interna
EDITORIAL
Compromisso
pela Copa
É promissor para o Estado constatar que o ministro
do Esporte, Aldo Rebelo, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, os
presidentes dos principais clubes gaúchos, o prefeito de Porto Alegre e
representantes do Executivo estejam renovando o compromisso com a realização de
jogos da Copa de 2014 no Beira-Rio. Ao afirmar que o estádio do Inter é plano A
e plano B para o Mundial, Aldo Rebelo deu um voto público de confiança na
parceria entre o clube e a construtora Andrade Gutierrez, que ainda não está
documentada pelo esperado contrato. Essa lentidão é que preocupa,
principalmente quando se lembra que o Estado perdeu a oportunidade de receber a
Copa das Confederações por absoluta leniência de todos os envolvidos
diretamente naquele episódio.
Foi visível, também, o esforço do ministro do
Esporte para evitar que a expectativa em torno da Copa no Rio Grande do Sul
derive para a rivalidade futebolística local. Ontem, depois de inspecionar o
Beira-Rio, o ministro foi conhecer as obras da Arena do Grêmio, que vem se
apresentando como alternativa para as competições internacionais. Reconheceu
que o Estado terá dois estádios dignos de sua história no futebol, mas em
momento algum considerou a possibilidade de uma transferência de última hora.
Vê-se, portanto, que a bola está com a construtora
Andrade Gutierrez, que na semana passada se manifestou sobre o assunto por meio
de nota oficial, mas não anunciou a data de assinatura do contrato nem
apresentou um cronograma de obras. Garantiu, porém, que há tempo suficiente
para a reforma do estádio, que deverá estar concluída em dezembro de 2013. Não
há motivo para duvidar. Ainda assim, a preo- cupação dos gaúchos continua sendo
legítima, pois tudo o que não pode acontecer é o Estado perder nova
oportunidade de receber um evento da dimensão de um Mundial.
A Copa do Mundo costuma ser um marco de
desenvolvimento para os países que a promovem. A competição não apenas serve
para divulgar a imagem do país no mundo, mas também para aprimorar a
infraestrutura de transportes, comunicação e turismo. O Estado, em especial
Porto Alegre, tende a receber benefícios permanentes, como a modernização do
aeroporto Salgado Filho e as obras viárias necessárias para o escoamento do
tráfego durante a competição. Há, também, uma mobilização de setores privados,
para aproveitar as oportunidades que a Copa oferecerá. Esta preparação exige
investimentos que não podem ficar na dependência de um negócio mal resolvido.
Depois dos encontros e dos discursos dos últimos
dias na Capital, simbolizados pela foto publicada ontem na primeira página
deste jornal, não resta dúvida de que o Rio Grande está comprometido com a
Copa. Os únicos pontos de intranquilidade continuam sendo a não assinatura do
contrato e a falta de transparência em relação ao cronograma das obras.
A bola está com a construtora Andrade Gutierrez,
que na semana passada se manifestou sobre o assunto por meio de nota oficial,
mas não anunciou a data de assinatura do contrato nem apresentou um cronograma
de obras.
Orientações
do governo
É preocupante o rumo do debate a respeito de
posicionamentos atribuídos à ministra de Políticas para as Mulheres, Eleonora
Menicucci. Por seu passado de militante dos direitos das mulheres e do aborto,
a ministra é alvo de fortes pressões para se afastar do cargo, especialmente por
líderes religiosos e políticos. Há um visível ranço macarthista na polêmica. A
ministra já reiterou a disposição de sobrepor a suas convicções pessoais as
diretrizes de governo. Por isso, o debate só se justificaria diante de even-
tuais distorções nas políticas nessa área. Nesse caso, os cidadãos e seus
legisladores terão o direito – e até o dever – de interferir e de se
posicionar.
As últimas eleições presidenciais reafirmaram o
quanto esse tema pode ter repercussões para quem pretende alcançar o poder e se
manter nele. O Estado brasileiro, porém, é laico. Isso significa que
manifestações de conotação religiosa, entre outras, estão asseguradas, dentro
dos limites legais. E nenhuma política de Estado pode simplesmente ignorá-las.
Como 2012 será novamente marcado por eleições,
desta vez de âmbito municipal, é improvável qualquer iniciativa do Executivo
para mudar a legislação em relação ao tema. A competência sobre uma eventual
descriminalização do aborto, de qualquer forma, caberia ao Congresso. Hoje, o aborto
só é permitido em duas situações bem definidas em lei: quando a gravidez
decorre de estupro ou quando a gestante corre risco de vida. A Justiça, por sua
vez, tem autorizado a alternativa no caso de fetos anencéfalos. Fora essas
situações, não há amparo legal nem razões, portanto, para debates passionais.
O fato concreto é que a legislação assegura a
liberdade religiosa no país e, ao mesmo tempo, garante à responsável pela
Secretaria de Políticas para as Mulheres o direito de encarar o aborto como uma
questão de saúde pública. Por isso, os cidadãos devem ficar atentos é se, na
adoção de políticas públicas – nessa e em outras áreas –, o Estado está
conseguindo se posicionar acima de visões meramente pessoais, pois essa, sim, é
uma questão essencial.
COLUNAS
BRASÍLIA
Carolina Bahia
Mantega na vitrine
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai ao
Congresso na tentativa de abafar os boatos de que está por um fio. Enfraquecido
depois do episódio da Casa da Moeda, ele virou vítima contumaz de especulações.
Situação inadmissível para quem comanda a economia. Por isso, o governo voltou
atrás na estratégia equivocada de blindá-lo. Por determinação do próprio
Planalto, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos no Senado, Delcídio
Amaral (PT-MS), convidou o ministro para ir à Casa. É claro que ele ficará exposto
a perguntas incômodas. Mas a história recente da passagem de ministros pelo
Congresso revela uma oposição incompetente, que não consegue colocar autoridade
contra a parede. Já os governistas são eficientes em esvaziar esse tipo de
inquisição. Se não acabar se atrapalhando com a própria verborragia, Mantega
tem tudo para sair dessa sessão melhor do que entrou.
Bola de cristal
Apesar de Germano Rigotto ter recusado a indicação
para a presidência do PMDB no Estado, o deputado Osmar Terra arrisca uma profecia.
Segundo ele, até março, quando ocorre a convenção do partido, Rigotto estará
consolidado à frente da legenda e Ibsen Pinheiro será o candidato peemedebista
à prefeitura da Capital.
Pedra no sapato
A resistência do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP)
ao nome de Vieira da Cunha é o que atrapalha a definição do Planalto pela
indicação do gaúcho ao Ministério do Trabalho.
No paralelo
Um almoço na casa do deputado Onyx Lorenzoni (DEM,
foto), marcado para o próximo dia 27, vai discutir a formação de uma frente
para disputar as eleições de Porto Alegre. Além do DEM, participarão os
presidentes regionais de PMDB, PSDB, PPS e PP. O acordo prevê o peemedebista
Ibsen Pinheiro na cabeça de chapa.
PARA CONFERIR ali adiante Unidos
A bancada gaúcha resolveu criar uma força-tarefa
para pressionar a União pela criação de uma nova lei que regule a compra de
terras por estrangeiros. Um parecer da AGU, em vigor desde 2010, limitou as
vendas. Nos próximos dias, os parlamentares farão um périplo pelo Ministério da
Agricultura, pela Casa Civil e Advocacia-Geral da União, acompanhados por
empresários do ramo da celulose dispostos a investir R$ 6,5 bilhões em projetos
no Estado.
Regalo
Organizadores da Festa da Uva se apressam em
providenciar uma lembrança para a presidente Dilma, que resolveu prestigiar a
abertura do evento amanhã. A preocupação, porém, é com o limite do valor de
presente permitido ao servidor público. Ninguém quer saber de saia justa com a
presidente.
POLITICA
Sem
comando, PMDB patina na disputa em Porto Alegre
Única grande sigla sem rumo definido na Capital,
legenda consome energia em sucessão interna
Um navio à deriva em meio à tempestade, uma
tripulação aparentemente preocupada em salvar a própria pele e um comandante
que, misteriosamente, abandonou o leme: este é o retrato do PMDB gaúcho.
Rachado entre as possibilidades suscitadas para substituir Ibsen Pinheiro na
presidência da sigla (ele comunicou em dezembro que deixaria o cargo), o PMDB
ainda se debate por não ter definido o seu rumo na eleição à prefeitura de
Porto Alegre.
A primeira tarefa é definir a sucessão de Ibsen.
Antes, não há como tomar qualquer decisão relacionada aos pleitos municipais.
Uma hipótese é a manutenção do atual diretório, que seria convocado para eleger
nova executiva e escolher um presidente de consenso. Há outras alternativas
(veja ao lado), mas a bancada estadual afirma que vai apelar pela permanência
de Ibsen até o fim do ano.
– Vamos estudar uma forma de sensibilizá-lo. Se
isso não acontecer – afirma o deputado Marco Alba, que, nos bastidores, está
credenciando o secretário-geral do PMDB, João Alberto Machado, para a
presidência.
A saída de Ibsen, que não quis dar entrevista,
causa diferentes interpretações. Há quem diga que ele não queira permanecer no
cargo em um ano eleitoral que ameaça impor ao PMDB uma redução no número de
prefeituras e de vereadores. Setores do partido avaliam a postura como
"individualista" e a comparam ao comportamento de José Fogaça e
Germano Rigotto. Ambos, após serem derrotados em 2010, estão distantes da vida
partidária. A tese mais forte, porém, é a de que Ibsen já esteja fardado para
concorrer à prefeitura da Capital – seja como vice de Fortunati ou como cabeça
de chapa.
– Ele saiu para se colocar no jogo. Não tem como
ser presidente do partido e, ao mesmo tempo, articular a sua própria indicação
à prefeitura – avalia um líder peemedebista.
Perdidos em um labirinto de discórdias, os
peemedebistas ensaiam um discurso unificado quando instados a avaliar os
motivos que levaram a sigla à crise: individualismo exacerbado, estratégia
equivocada na eleição de 2010 e opção pelo regionalismo, com a desvinculação de
projetos políticos nacionais.
CARLOS
ROLLSING
Justiça
Federal absolve Dantas
O banqueiro Daniel Dantas e outras 10 pessoas
investigadas pela Polícia Federal na Operação Chacal foram absolvidas pela
Justiça Federal em São Paulo da acusação de espionagem. A juíza federal Adriana
Freisleben de Zanetti, substituta da 5ª Vara Federal Criminal, decidiu pela
absolvição dos acusados por falta de provas.
A Chacal foi deflagrada em 2004. Dantas teria se
associado aos demais acusados para cometer crimes de violação de sigilo de
executivos da Telecom Itália.
Apurada
morte de filho de Flávio Dino
A Polícia Civil do DF apura se houve erro ou
negligência na morte do filho de 13 anos do presidente da Embratur, Flávio
Dino, após um ataque de asma.
Segundo o Hospital Santa Lúcia, Marcelo Dino
possuía asma crônica e teve uma crise durante atividade física na escola, na
manhã de segunda-feira. Marcelo passou a noite consciente e por volta das 6h de
ontem "foi verificado quadro súbito de piora de oxigenação", que
levou à morte do estudante.
STF
decide sobre Lei da Ficha Limpa
O Supremo Tribunal Federal deve decidir hoje se a
Lei da Ficha Limpa é válida ou não. A tendência é de que o texto seja aprovado
e entre em vigor nas eleições deste ano.
A constitucionalidade da Ficha Limpa é questionada
desde 2010. A lei determina a inelegibilidade, por até oito anos, de políticos
condenados criminalmente em segunda instância, cassados ou que tenham
renunciado para evitar processo. No ano passado, o STF julgou que a lei não
podia ser aplicada às eleições de 2010.
Valério
é condenado a mais nove anos
O empresário Marcos Valério e seus ex-sócios na
agência SMP&B, envolvidos no caso do mensalão, foram condenados pela
Justiça Federal a mais nove anos de prisão pela prática de crimes financeiros.
Valério, Cristiano Paz e Ramon Cardoso foram
condenados por sonegação fiscal e falsificação de documentos públicos. Eles
podem recorrer em liberdade. No ano passado, Valério e Paz foram condenados a
seis anos de PR
isão por prestar informações falsas ao Banco
Central.
Dnit
gaúcho pode ter novo comando
Planalto conclui amanhã conjunto de mudanças nas chefias de
seis Estados
Uma reunião do Conselho de Administração do Dnit
irá acertar, amanhã, os últimos detalhes sobre as substituições nas
superintendências regionais da autarquia. Por ordem do Planalto, as indicações
políticas devem ser eliminadas, dando lugar a gestores de perfil técnico. O
governo estuda trocar a cúpula do Dnit em seis Estados, entre eles o Rio Grande
do Sul.
No Estado, as especulações em torno de uma eventual
saída do superintendente Vladimir Casa incluem uma suposta ligação com o
petista Hideraldo Caron, ex-diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit e
afastado do cargo no ano passado em meio à crise nos Transportes. Em férias,
Casa negou a ZH que tenha sido indicado para ocupar o posto por influência de
Caron e fez questão de afirmar que não é filiado a nenhum partido:
– Sou engenheiro do Dnit há 28 anos e a única
ligação que tive com Hideraldo foi de trabalho, durante o período em que ele
ocupou a Diretoria de Infraestutura Rodoviária – afirmou Casa.
Dnit pretende estabelecer pré-requisitos de
qualificação
As especulações sobre a substituição de Vladimir
Casa trazem também uma questão pessoal. Há três anos e meio à frente da
superintendência no Estado, ele permanece afastado da família, que reside em
Pelotas. O próprio superintendente teria comentado com pessoas próximas o
desgaste causado pela distância da mulher e dos filhos, porém negou a
disposição de deixar o posto nos próximos meses por motivações pessoais.
Amanhã, o grupo composto por representantes dos
ministérios dos Transportes e da Fazenda e do próprio Dnit pretende especificar
quais serão os requisitos básicos para que um profissional possa ocupar cargos
de superintendentes regionais, coordenadores gerais e para os chefes dos
serviços de administração, finanças e de engenharia. A ideia é formular um
documento contendo os critérios mínimos de capacitação e qualificação
funcionais que os servidores deverão possuir. O projeto, elaborado nos últimos
dois meses pela diretoria colegiada do Dnit, será apresentado e votado pelo
Conselho durante o encontro.
– Queremos poder escolher, do ponto de vista da
gestão, quem é o funcionário mais eficiente, mais preparado, aquele que mostrou
liderança dentre os servidores – explica um técnico ligado à direção do Dnit.
KELLY MATOS | Brasília
Caxias
se mobiliza para receber Dilma
Planalto confirmou que presidente irá à Festa da Uva, que
começa amanhã
Uma das grandes expectativas de todas as Festas da
Uva acabou somente ontem, na antevéspera da abertura: Dilma Rousseff confirmou
presença. Será a 13ª presidente a comparecer. A visita causou em Caxias do Sul
o habitual alvoroço que antecede as mobilizações da organização do Planalto.
Perto das 14h, 39 assessores da Presidência
embarcavam em Brasília. Às 16h, desembarcavam em Caxias e tocavam a primeira e
decisiva reunião com os organizadores da festa. O objetivo era conhecer os
pavilhões e a cidade, a fim de assegurar a segurança de Dilma nos deslocamentos
e pontos que ela poderá visitar.
A reunião terminou por volta das 19h, ainda com
indefinições. Não se sabe quantas horas Dilma permanecerá em Caxias, se ela
assistirá ao primeiro desfile na Rua Sinimbu ou mesmo se ela pernoitará na
Serra – ou se deslocará para Porto Alegre.
O que ficou acertado é que a presidente discursará
no palco montado na entrada dos pavilhões, cortará a fita de inauguração e
visitará estandes. Aos assessores, ela pediu para conhecer alguns agricultores.
Ontem, agentes de segurança e cerimonialistas vistoriaram os pavilhões para
decidir como será a solenidade e o itinerário no parque. A presidente será
recebida pelo prefeito José Ivo Sartori (PMDB) e pelo governador Tarso Genro
(PT) provavelmente no Aeroporto Regional Hugo Cantergiani. O horário não foi
confirmado.
Dali, a comitiva seguirá em um carro direto para os
pavilhões. Antes e durante a passagem de Dilma, o 3º Grupo de Artilharia
Antiaérea mobilizará soldados para controlar acessos da cidade e pontos de
referência, com o apoio da Brigada Militar (BM).
Para um rápido descanso da presidente durante a
visita nos pavilhões, a organização reservou a sede da Secretaria do Turismo.
Dilma também terá à disposição um camarim ao lado do palco. Ontem, a
organização negociava a presença da presidente também no primeiro desfile, às
20h30min de amanhã, o que ainda está pendente de definição.
ADRIANO DUARTE
Presidente
recusa campanha
A presidente Dilma Rousseff avisou aos aliados que
não fará campanha para nenhum candidato nas eleições de outubro. E que também
não vai aceitar o uso da máquina pública em favor da campanha de qualquer
aliado.
Diante dos líderes e presidentes das siglas na
reunião do conselho político, ela reconheceu a existência de disputa entre os
partidos da base em muitos municípios e que, portanto, não subirá em palanque
em nenhum Estado. A posição foi tomada após conselho de Lula. Ele quer evitar
problemas com aliados.
– A presidente não vai entrar na eleição nem pedir
voto para nenhum candidato – afirmou o deputado Hugo Leal (PSC-RJ).
A decisão da presidente agradou aos partidos da
base.
– É uma sinalização que tranquiliza os aliados,
receosos de que o PT pudesse ser beneficiado no pleito – afirmou o líder do
governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Um dos líderes chegou a brincar, durante almoço dos
aliados:
– Já que o governo não vai colocar a máquina na
eleição, dá para tirar também o ex-presidente Lula?
O ex-presidente tem sido o principal articulador
das candidaturas do PT.
Lupi, de novo
Depois de deixar o governo por denúncias de
corrupção, o ex-ministro Carlos Lupi voltou ontem ao Planalto. Como presidente
nacional do PDT, ele participa do conselho político da presidente Dilma
Rousseff. Sem qualquer constrangimento, Lupi saiu do encontro dizendo que
"brevemente" deverá ser chamado outra vez para discutir o nome do
partido que vai assumir a pasta do Trabalho.
Efeito na Capital
- Em Porto Alegre, há três candidatos a prefeito de
partidos da base de Dilma: Adão Villaverde (PT), José Fortunati (PDT) e Manuela
D"Ávila (PC do B).
- Com a decisão da presidente anunciada ontem,
Fortunati e Manuela não precisarão temer a participação de Dilma em programas e
em comícios de Villaverde.
- A posição do governador Tarso Genro, no entanto,
é diferente: ele já avisou os aliados de que fará campanha para o candidato do
PT.
ECONOMIA
Banrisul
planeja ampliar financiamento imobiliário
Expansão do crédito e baixa inadimplência elevam lucro do
banco em 22%, para R$ 904 milhões
Expandir a oferta de crédito para a compra de
imóveis é uma das prioridades do Banrisul neste ano. Ao divulgar ontem os
resultados de 2011, com destaque para o lucro líquido de R$ 904 milhões, o que
representa alta de 22%, o presidente da instituição, Túlio Zamin, adiantou que
planeja aumentar o financiamento imobiliário em até 20%.
Atualmente, a carteira de crédito desse segmento no
banco é de R$ 1,7 bilhão. Até dezembro, deverá alcançar R$ 2 bilhões. No ano
passado, com o aquecimento do mercado imobiliário, a modalidade avançou 35%.
– Estamos financiando a atividade imobiliária para
aquecer a economia, atrair novos clientes e buscar um relacionamento mais
duradouro com os atuais – explicou Zamin.
Em 2011, o número de clientes permaneceu
praticamente estável, em 3 milhões. O crescimento dos negócios sobre a mesma
base verificada em 2011 indica que ainda há oportunidades a explorar com os
atuais usuários.
Captação no Exterior ajuda a reforçar fundos
Já estão traçadas as estratégias para ampliar o
financiamento imobiliário, disse Zamin. O Banrisul tem procurado entidades de
servidores e associações de funcionários para oferecer produtos sob diferentes
formatos. Em outubro, lançou um produto para saldar o débito habitacional de
servidores públicos estaduais.
Parte dos recursos para expandir a linha poderão
ser originados da captação de US$ 500 milhões no mercado externo em emissão de
bônus, no final de janeiro. Zamin detalhou que a operação dá mais conforto para
o banco atender às exigências das regras de Basileia (cidade suíça onde
funciona a instituição mundial de regulação do sistema financeiro). Esses
recursos devem permitir operações de crédito nove vezes superiores – US$ 4,5
bilhões (cerca de R$ 7,7 bilhões).
O avanço do lucro líquido foi atri- buído ao
aumento das operações de crédito e ao baixo nível de inadimplência. Em 2011, o
Banrisul liberou R$ 33 bilhões em crédito, alta de 8,7%.
O governador Tarso Genro comemorou os resultados:
– Enquanto em outros locais o Estado está sendo
chamado para drenar recursos para que os bancos não quebrem, aqui o Banrisul
tem apresentado crescimento e rentabilidade.
Correios
contratam rede até setembro
Foi cassada a liminar que suspendia a licitação de
agências franqueadas dos Correios em todo o país. O Tribunal Regional Federal
da 1ª Região publicou na segunda-feira a decisão do juiz federal Ricardo
Machado Rabelo. Por determinação legal e do governo federal, os Correios têm
prazo até setembro deste ano para contratar, por licitação, a rede de
franqueadas.
Até agora, 500 agências já foram licitadas,
demonstrando a aceitação do modelo no mercado e a condução da estatal no
processo de seleção.
HT
Micron antecipa investimento no Estado
Em reunião com o governador Tarso Genro,
representantes da HT Micron anunciaram a antecipação de um novo produto no
mercado brasileiro a partir de junho, um ano antes do previsto.
Com investimento de US$ 15 milhões, a empresa, uma
joint venture formada pela sul-coreana Hana Micro e a brasileira Parit
Participações, passará a fabricar chips de memória DDR 3, destinados a
notebooks e microcomputadores.
Segundo o presidente da companhia, Ricardo Felizzola,
a estimativa é de produzir 3 milhões por mês. O número de funcionários, hoje em
30, deverá ser ampliado para cem profissionais, chegando a 800 no prazo de dois
anos. Instalado provisoriamente no parque tecnológico da Unisinos, o grupo
deverá transferir-se para sede própria em março do próximo ano.
CAMPO E LAVOURA
Efeitos
da crise preocupam funcionários da Doux em Caxias
A dispensa por 10 dias e as férias coletivas para
647 funcionários da fábrica da Doux Frangosul, em Montenegro, no Vale do Caí,
colocaram em alerta os cerca de 700 trabalhadores da unidade de Ana Rech, em
Caxias do Sul. As dificuldades da companhia em honrar o pagamento aos
produtores integrados têm levado à falta de matéria-prima.
– O pessoal da desossa está sem trabalho. Tem dois
meses em que se trabalha até o meio-dia e à tarde não tem trabalho. Na semana
seguinte, parece que vai engrenar, mas acontece de novo – diz uma funcionária
que prefere não ser identificada.
Milton dos Santos, vice-presidente do Sindicato dos
Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Caxias, relata que segunda-feira
não houve abate. O mesmo ocorreu em 23 de janeiro, quando o trabalho foi
compensado no sábado, dia 28. A fábrica de Ana Rech produz embutidos e cortes
suínos para os mercados interno e externo. A média de 3,2 mil abates ao dia
teria caído para 2,8 mil desde janeiro.
Segundo a entidade, o pagamento de salários está em
dia, e o fundo de garantia foi regularizado. Mas a participação dos lucros, de
R$ 600 por trabalhador, não foi paga. O sindicato pretende aguardar até a
próxima quarta-feira para ingressar com ação conjunta pela cobrança dos valores
devidos. Procurada pela reportagem, a empresa preferiu não se manifestar.
VIVIAN KRATZ | Caxias do Sul
GERAL
Aeronáutica
autua empresa dona de Legacy
A Junta de Julgamento da Aeronáutica decidiu autuar
a empresa ExcelAire, dona do jato executivo Legacy que se chocou com um avião
da Gol, em 2006, provocando o acidente que matou 154 pessoas. Segundo a
Comunicação Social da Aeronáutica, a empresa já foi informada da decisão e
poderá apresentar defesa.
A autuação ocorreu por descumprimento de pontos da
legislação de tráfego aéreo, como o preenchimento incorreto do plano de voo e a
prática de voar com o transponder desligado. O equipamento informa a posição da
aeronave aos controladores. O valor da multa só será decidido depois do
julgamento.
A ExcelAire já havia sido multada pela Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) em R$ 7 mil. Está em andamento no Tribunal
Regional Federal, em Brasília, o processo criminal contra os pilotos. Na
primeira instância, eles foram considerados culpados pelo acidente.
Anvisa
irá fiscalizar próteses importadas
Uma audiência realizada ontem no Senado discutiu
benefícios para mulheres que precisem substituir próteses de silicone
alteradas. Ficou definida a garantia de que o Sistema Único de Saúde (SUS) dará
toda a assistência necessária.
Durante o encontro, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) garantiu ainda que todas as próteses que entrarem no país, a
partir de agora, serão fiscalizadas. Além disso, uma análise das próteses
retiradas das mulheres também está em andamento para verificar se elas contêm
substância nociva ao organismo, já que algumas romperam e extravasaram para os
tecidos. A informação é do vice-presidente da Sociedade Brasileira de
Mastologia, José Luiz Pedrini, que participou da reunião. Situações como a de
uma gaúcha que precisou garantir na Justiça a troca da prótese não deverão mais
ocorrer.
– Agora, todos os hospitais credenciados pelo SUS
são obrigados a efetuar a troca. O ministério vai se responsabilizar para que
as mulheres tenham acesso ao serviço – destacou o médico.
Pedrini aproveitou para lançar, em nome da
Sociedade Brasileira de Mastologia, um projeto de lei que garante às mulheres
que precisarem amputar a mama a reconstrução imediata do órgão, poupando
procedimentos tardios.
– É bom para a mulher porque já sai pronta, e para
o SUS, que economiza realizando cirurgia única. Caso a reconstrução não seja
feita, os médicos deverão informar no prontuário os motivos, que só podem ser
de impossibilidade clínica ou negativa do paciente – explicou Pedrini.
Reforço
policial para frear mortes
Feriado de Carnaval deste ano terá 9% mais agentes vigiando
trânsito
Um dos feriados que costuma registrar mais mortes
nas estradas, o Carnaval será o mais bem vigiado dos últimos anos, pelo menos
no Rio Grande do Sul. Terá 9% policiais a mais nas estradas e avenidas do que
no mesmo período de 2011. O efetivo será 17% maior do que o das folias de Momo
de 2010.
Aexemplo dos três últimos feriadões, as autoridades
gaúchas montarão uma força-tarefa para patrulhar as estradas, com o nome de
Operação Viagem Segura. As folgas de policiais serão remanejadas e serão
convocados voluntários para atuar nos quatro dias de folia, bem como no dia que
antecede o feriadão, a sexta-feira. Como vem acontecendo desde novembro do ano
passado, a ação vai reunir as principais forças da segurança pública no Estado:
Polícia Rodoviária Federal (PRF), Comando Rodoviário da BM (CRBM), com reforço
de PMs e policiais civis em barreiras. Serão 1.544 policiais nas ruas, estradas
e avenidas do Estado.
Serão focados 19 pontos levantados pelo
Departamento Estadual de Trânsito (Detran) como de alta acidentalidade, com
destaque para rodovias de acesso ao Litoral e aos acessos de estradas às
cidades.
Os efetivos em termos de patrulheiros rodoviários
federais e estaduais serão quase iguais aos de outros feriados. A novidade é a
presença de PMs e policiais civis, uma inovação trazida pela Operação Viagem
Segura, que estreou no feriado da Proclamação da República do ano passado, o 15
de novembro. Os policiais militares reforçam barreiras, enquanto os civis
operam em delegacias móveis.
– Serão dois ônibus equipados com computador,
xadrez (para prisões em flagrante) e quatro policiais, cada. Um deles ficará no
Litoral Sul e outro no Litoral Norte. Lavraremos as prisões na própria estrada
– anuncia o delegado Ranolfo Vieira Junior, chefe da Polícia Civil gaúcha.
Cem PMs atuarão em barreiras de trânsito
A PRF terá no feriadão um efetivo 50% maior que o
dos fins de semana convencionais. Para isso, remanejou as folgas e convocou
voluntários. Providência semelhante foi tomada pelo CRBM, que atuará com 732
patrulheiros, cerca de 25% a mais que nos finais de semana usuais.
Outra inovação é a presença de PMs, que aumentará
nos locais de tráfego intenso. O subcomandante-geral da BM, coronel Altair
Cunha, adianta que cerca de cem policiais militares convencionais atuarão em
barreiras exclusivamente para o trânsito. Alguns, reforçando a Operação Viagem
Segura nas estradas. Outros, na Operação Balada Segura (que ocorre nas ruas de
Porto Alegre e no Litoral), reprimindo embriaguez ao volante ou em barreiras feitas
pelos batalhões comuns:
– No último Carnaval, não tínhamos essas duas
operações específicas de trânsito, o efetivo era menor.
A liberação desses cem PMs para atuar no trânsito
será possível porque 330 alunos de cursos de formação de PM foram convocados
para patrulhar festejos no Carnaval, sobretudo o desfile no Porto Seco, em
Porto Alegre.
O Detran também fará um trabalho preventivo,
veiculando nas TVs e rádios comerciais sobre a Operação Viagem Segura. O
objetivo é evitar que ocorram massacres, como os 19 mortos no último fim de
semana nas estradas. E repetir o sucesso que tem sido alcançado nessas ações.
Na edição de Ano-Novo, a operação alcançou redução de 62% no número de mortes
em acidentes em relação ao Natal. Foram 10 mortos no final de ano, contra 26 no
feriado anterior.
HUMBERTO TREZZI
MUNDO
Irã
pauta visita de Dilma aos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já
tem pelo menos um tema a ser discutido na visita oficial de Dilma Rousseff ao
país em 9 de abril: o Irã. A informação, de acordo com o jornal O Estado de
S.Paulo, é do secretário assistente de Relações Públicas do Departamento de
Estado americano, Michael Hammer.
Obama pretende aproveitar a mudança da posição
brasileira em relação à república islâmica para atrair o Brasil ao eixo de
pressão que busca evitar o desenvolvimento de um arsenal nuclear por Teerã.
"Reconhecemos que a opinião do Brasil importa.
O Brasil é importante na ONU e ao redor do mundo e tem uma voz relevante",
afirmou Hammer, segundo o jornal. "Nós podemos seguir discutindo esse
tema, comparar as nossas avaliações e trabalhar juntos para pressionar o Irã a
adotar a via diplomática pacífica. Essa é a questão-chave", disse o
secretário assistente.
Em maio de 2010, ex-presidente Luís Inácio Lula da
Silva e o premiê turco Recep Tayyip Erdogan tentaram mediar acordo para
transferir urânio enriquecido do Irã para a Turquia para a comunidade
internacional apoiar o programa nuclear iraniano. A proposta, no entanto, foi
rejeitada pelo regime de Mahmoud Ahmadinejad, e ignorada por grandes potências.
Washington
Relações com Teerã
- Brasil e Irã estreitaram as relações comerciais,
principalmente, durante o segundo mandato do presidente Lula.
- Em 2010, Lula fez uma visita oficial ao Irã. A
intenção era o fortalecimento da relação entre ambos os países e a busca de uma
solução para a polêmica sobre o programa nuclear iraniano.
- Com uma postura diferente em relação ao
antecessor, a presidente Dilma Rousseff esfriou as relações com o Irã.
- Em matéria publicada pelo jornal Folha de
S.Paulo, um porta-voz oficial iraniano, Ali Akbar Javanfekr, criticou duramente
a diplomacia brasileira sob o governo de Dilma e a acusou de destruir as boas
relações que havia entre os países.
- Em janeiro, Ahmadinejad passou por quatro países
da América Latina: Venezuela, Nicarágua, Equador e Cuba.
- Sobre não vir ao Brasil, o presidente iraniano
alegou problemas de agenda. No entanto, teria garantido que ainda visitaria o
país durante o Rio+20.
Acre na
rota de imigrantes asiáticos
Depois de haitianos, Ministério da Justiça identifica novo
fluxo imigratório
Destacadas nos últimos meses como o ponto de entrada
de mais de 4 mil haitianos em busca de emprego no Brasil, as fronteiras do Acre
e do Amazonas também são procuradas por cidadãos de origem asiática. O
secretário executivo do ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, revelou na
noite de segunda-feira a existência de um fluxo imigratório de cidadãos do
Afeganistão, do Paquistão, de Bangladesh e da China.
Pelo menos 40 pedidos de visto dessas
nacionalidades foram recebidos pelo ministério, que detectou o ingresso dos
estrangeiros por meio de um trabalho de inteligência desenvolvido desde 2010.
– Até em um fluxo imigratório, é estranho uma
pessoa do Afeganistão entrando por uma fronteira do Acre, quando esse fluxo não
existia – disse Barreto em uma audiência pública da Comissão de Relações
Exteriores e Defesa Nacional do Senado.
O secretário executivo também descreveu a atuação
de uma máfia de "coiotes" (atravessadores ilegais) na região, que
aproveitam as facilidades da legislação de imigração em países sul-americanos
para trazerem os estrangeiros até o território brasileiro.
O governo acredita que os imigrantes sejam atraídos
pela promessa de emprego na construção da usina de Belo Monte, no Pará. Um
levantamento de ZH constatou que esses estrangeiros não teriam chegado ao Rio
Grande do Sul.
Servidor relata que estrangeiros buscam refúgio
A rota usada por eles para entrar no Brasil seria
parecida à dos haitianos: ingressando na América do Sul pelo Equador, que não
exige visto de entrada. Segundo a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do
Acre, esse fluxo é normal nas fronteiras do Estado, eventualmente cruzadas por
indianos, colombianos e cubanos. Geralmente, eles solicitam refúgio e partem
para regiões diferentes do Brasil.
Um funcionário do governo acreano em Brasileia (na
fronteira do Brasil com a Bolívia), ponto de chegada de haitianos, informou
que, no ano passado, cidadãos da Tanzânia, da Libéria, da África do Sul e da
República Dominicana passaram pela cidade. Mais recentemente, dois homens de
Bangladesh foram contratados ali por um empresário mineiro.
Na audiência pública, foi discutida a situação de
347 haitianos que estão em um impasse jurídico em Tabatinga (AM). Eles entraram
no país após uma decisão do governo brasileiro de conceder visto humanitário
apenas para quem havia chegado antes do dia 13 de janeiro.
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