PRIMEIRA PÁGINA
Classe
média no sufoco
Pesquisa da Fundação Getulio Vargas mostra que
entre 2001 e 2009 a renda dos 50% de brasileiros mais pobres deu um salto de
69,8%, enquanto a dos 10% mais ricos subiu apenas 12,8%. No mesmo período, as
famílias chefiadas por analfabetos passaram a ganhar 53,5% a mais, enquanto os
ganhos das pessoas com 12 anos ou mais de estudos caíram 9%. Com isso, a classe B, com renda familiar
entre R$ 7.400 e R$ 9.700, vê seu poder aquisitivo perder fôlego frente a
demandas de custo crescente. Além de escolas de bom nível e cursos de línguas
para os filhos, é preciso ter carros, TV a cabo, internet de alta velocidade e
acompanhar a evolução tecnológica de computadores, tablets e eletrodomésticos
Sem
cheque em branco
A Comunidade Europeia decidiu tentar tirar a
economia grega do fundo do poço, mas o país terá que fazer rigoroso ajuste
fiscal. Novo pacote, de 130 bilhões de euros, permitirá o pagamento de parcela
de 14,5 bilhões de euros em março, impedindo que a Grécia decrete moratória
Chávez
fará nova cirurgia
Diante de crescentes rumores sobre seu estado de
saúde, presidente afirma que tem uma lesão, mas nega metástase
EDITORIAL
O
sacrifício dos gregos
Para fugir ao calote, Grécia terá de cortar renda e até
mudar sua Constituição
É muito alto, para não dizer humilhante, o
sacrifício que se pretende impor ao povo grego em troca do novo pacote de
resgate da dívida externa do país (bancos e nações europeias). Depois de 13
horas de reuniões marcadas pela tensão, os ministros das finanças da Zona do
Euro chegaram a um acordo pelo qual vão garantir um empréstimo de 130 bilhões
de euros ( cerca de R$ 294,4 bilhões). Com isso, a cúpula da União Europeia
espera que, além de fazer frente aos vencimentos de curto prazo (14,5 bilhões
de euros até 20 de março), que não seriam quitados, a Grécia possa prosseguir
na redução seu pesado endividamento. Atualmente, a dívida grega equivale a 160%
do Produto Interno Bruto (PIB), que é de cerca de US$ 300 bilhões, e o plano
das autoridades monetárias da Zona do Euro prevê a inversão da tendência de
crescimento dessa dívida (em razãodos juros cada vez mais altos que a Grécia
venso sendo obrigada a pagar). A meta é baixar para 120% do PIB até 2020. Além
de uma série de descontos sobre o principal da dívida concedidos por governos e
por organismos multilaterais, os bancos privados, que são credores de algo como
100 bilhões de euros na forma de títulos soberanos da Grécia, aceitaram ampliar
de 50% (percentual antes concedido) para 53,5% o total do rebaixamento do valor
de face desses papéis.
É, sem dúvida, um esforço enorme dos credores, mas
ainda cabem dúvidas se ele será suficiente. Debilitada e sem acesso ao crédito
comercial para tocar seus negócios, a economia grega, que já não é das mais
competitivas, terá dificuldades para gerar riqueza e tirar o país do abismo em
que se meteu. De saída, a maioria das contrapartidas exigidas pelos credores
vão na contramão da criação de empregos e renda , o que implica em perda de
dinamismo do mercado interno. E como a Grécia está longe de ter presença no
comércio mundial como exportadora, a dependência excessiva de seu próprio
mercado em período recessivo tende a agravar a situação. Ao mundo cabe observar
e tirar a lição de que a Grécia não chegou a esse ponto de um dia para outro.
Há anos, os governos que se sucederam depois da
entrada do país na Zona do Euro vinham colocando os interesses eleitorais acima
da realidade econômica. A expansão desmedida do Estado como grande empregador e
ótimo pagador de salários, a concessão de benesses – como aposentadorias
precoces – e outras estravagâncias com o dinheiro público levaram opaís a
gastar mais do que arrecada. O resultado foi se afundar em dívidas. Como na
vida das pessoas comuns, essa conta não fecha e, a certa altura, ninguém mais
aceita correr o risco de emprestar dinheiro aos perdulários. A Grécia, como
qualquer país nessa situação, terá de tomar o remédio amargo da austeridade e
da humilhação de ter suas contas vigiadas por monitores externos. Terá até
mesmo de mudar sua Constituição para tornar o pagamento aos credores
prioritário em relação aos gastos com serviços prestados à população. A
alternativa é ainda pior, embora pareça soar bem a certos ouvidos
irresponsáveis: o calote e o isolamento econômico. Para quem já passou por fase
semelhante, embora menos traumática (mais de uma década de ajuste fiscal, baixo
crescimento econômico e desemprego), o Brasil já pode se orgulhar de ter
cumprido sua purgação. Só não pode se esquecer de qualquer país pode obrigar
seu povo ao sofrimento grego. Basta ser imprudente.
OPINIÃO
Fraternidade
e saúde
A campanha da Igreja este ano considera o SUS um caos,
sobretudo perante os olhos dos mais necessitados de seus serviços
Frei Betto
Escritor, autor, em parceria com Marcelo Gleiser e Waldemar
Falcão, de Conversa sobre a fé e a ciência (Agir)
Fraternidade e saúde pública é o tema da Campanha
da Fraternidade 2012, promovida pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil). Iniciada na quarta-feira de cinzas, a campanha se estende até o
domingo de Páscoa e tem como lema um versículo do livro do Eclesiástico:
"Que a saúde se difunda sobre a Terra" (38, 8). Saúde e tradição
cristã estão intimamente associadas. Nos evangelhos, Jesus prima por curar
física, psíquica e espiritualmente. Ao longo da história ocidental, a Igreja se
destacou como provedora da saúde. De sua iniciativa surgiram os primeiros
hospitais, sanatórios e, no Brasil, Santas Casas de Misericórdia.
Nos santuários, de Aparecida a Juazeiro do Norte, a
manifestação de fé do povo na cura – bênção de Deus por intercessão de santos
–, aparece das salas dos milagres, onde se enfileiram os ex-votos. Os bispos
reconhecem os avanços da saúde no Brasil, como a redução da mortalidade
infantil (na qual a Pastoral da Criança, iniciativa de Zilda Arns, desempenha
papel fundamental). Em 1980, eram registrados 69,12 óbitos por 1 mil nascidos
vivos. Em 2010, o índice caiu para 19,88.
A expectativa de vida no Brasil apresenta evolução
significativa nas últimas décadas. Em 2008, a esperança de vida dos
brasileiros, ao nascer, chegou a 72 anos, 10 meses e 10 dias. A média entre
homens é de 69,11 anos e, entre mulheres, 76,71. De 1980 a 2000, a população de
idosos cresceu 107%, enquanto a dos jovens de até 14 anos apenas 14%
(Ministério da Saúde, 2011). Em 1980, as crianças de 0 a 14 anos correspondiam
a 38,25% da população e, em 2009, representavam 26,04%. Entretanto, o
contingente com 65 anos ou mais de idade pulou de 4,01% para 6,67% no mesmo
período. Em 2050, o primeiro grupo representará 13,15%, ao passo que os idosos
ultrapassarão os 22,17% da população total.
A melhoria, no Brasil, das condições de vida em
geral trouxe maior longevidade à população. O número de idosos já chega a 21
milhões de pessoas. As projeções apontam para a duplicação desse contingente
nos próximos 20 anos, ou seja, ampliação de 8% para 15%. Porém, o percentual de
crianças e jovens está em queda. Uma das causas é a diminuição do índice de
fecundidade por casal, que, em 2008, caiu para 1,8 filhos, o que aproxima o
Brasil dos países com as menores taxas de fecundidade. Como a mortalidade
infantil ainda é alta em relação aos melhores indicadores – 19,88/1 mil –
verifica-se a preocupante diminuição percentual da faixa etária mais jovem.
Portanto, uma impactante transição demográfica está em curso no país.
A julgar pelas projeções, essa transição
demográfica mudará a face da população brasileira. Segundo estimativas, em
2050, haverá 100 milhões de indivíduos com mais de 50 anos, causando reflexos
diretos no campo da saúde. Hoje, a hipertensão afeta metade dos idosos. Dores
na coluna, artrite, reumatismo são doenças muito comuns entre as pessoas de 60
anos ou mais.
O consumismo e a falta de educação nutricional
mudam, agora, o padrão físico do brasileiro. O excesso de peso ou sobrepeso e a
obesidade explodiram. Segundo o IBGE, em 2009, o sobrepeso atingiu mais de 30%
das crianças entre 5 e 9 anos de idade; cerca de 20% da população entre 10 e 19
anos; 48% das mulheres; 50,1% dos homens acima de 20 anos. Em suma, 48,1% da
população brasileira estão acima do peso, e 15% são obesos.
Apesar dos avanços, a Campanha da Fraternidade
considera o SUS um "caos, sobretudo perante os olhos dos mais necessitados
de seus serviços". Garantir para a população direitos e recursos previstos
na Constituição sobre a Seguridade Social (Assistência Social, Previdência
Social e Saúde) é um dos principais desafios na atualidade. Na contramão do que
prevê a Constituição, são as famílias que mais gastam com saúde.
Dados do IBGE mostram que o gasto com a saúde
representou 8,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, em 2007. Do total
registrado, 58,4% (ou R$ 128,9 bilhões) foram gastos pelas famílias, enquanto
41,6% (R$ 93,4 bilhões) ficaram a cargo do setor público. Nos países ricos, 70%
dos gastos com saúde são cobertos pelo governo e apenas 30% pelas famílias.
Para especialistas na área de saúde pública, o gasto total com a saúde, em
2009, foi de R$ 270 bilhões (8,5% do PIB), sendo R$ 127 bilhões (47% dos
recursos ou 4% do PIB) de recursos públicos e R$ 143 bilhões (53% dos recursos
ou 4,5% do PIB) de recursos privados.
O orçamento da União para a saúde, em 2011, foi de
R$ 68,8 bilhões. Desse total, somente R$ 12 bilhões serão investidos na atenção
básica à saúde, por meio de programas do Ministério da Saúde. O Brasil conta
com mais de 192 milhões de habitantes e 5.565 municípios. Entretanto, várias cidades,
principalmente das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, não dispõem de
profissionais de saúde para os cuidados básicos, sendo que, em centenas deles,
não há médicos para atendimento diário à população. Cerca de 150 (78% da
população) milhões de brasileiros dependem do SUS para ter acesso aos serviços
de saúde. Pois não têm o privilégio da parcela de 40 milhões que pagam planos
privados de saúde, com medo da ineficiência do SUS.
"Vim para que todos tenham vida e vida em
abundância", disse Jesus (João 10, 10). Se assim não ocorre, resta-nos
fazer de nosso voto e cidadania pressão e exigência de uma nação saudável.
COLUNAS
Brasil
S/A
Antônio Machado
Agora é pra valer Ano vai passar voando com tantas decisões
já datadas, do socorro à Grécia aos ajustes no Brasil
Logo mais, acabada a folia, o ano começa para valer
e deve passar voando, considerando-se as decisões já datadas, como o socorro
dos governos europeus à Grécia, que estava a passos da insolvência sem outra
batelada de empréstimos para saldar as dívidas a vencer nos próximos dias. O
calendário será agitado para todos em toda parte.
A presidente Dilma Rousseff voltará do carnaval
atenta à tragédia da Grécia – um dos agentes desestabilizadores da economia
global – e, sobretudo, para o cenário nacional. O tempo joga a seu favor.
No Brasil, o alívio da inflação, com emprego, renda
e consumo em patamares elevados, dá tempo ao governo para, em dois movimentos,
desfibrar a ainda obesa taxa de juros básica e ajustar a política econômica
para que o investimento público supere o fraco resultado de 2011 e o
investimento privado ganhe força. A ideia é que ambos tomem da demanda o papel
de locomotivas do crescimento econômico.
O desafio é ousado, mas é o que há a fazer. Medido
em relação ao PIB, o investimento está estagnado há anos. Sem destravá-lo, diz
o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV),
"é muito difícil chegar a um número para a tendência de longo prazo de
expansão da economia que supere o intervalo entre 3,5% e 4%". Cada
espichada do PIB, como os 7,5% de crescimento em 2010, age como fermento sobre
a inflação e os déficits externos.
Tal barreira ao crescimento, segundo a carta do
Ibre, coloca a presidente "na difícil situação de administrar a
expectativa de melhora em relação a um nível (o de Lula) que, visto com os
dados de hoje, parece claramente insuperável". A receita do Ibre não é
diferente da que ela sugere ao cortar R$ 55 bilhões do orçamento e cobrar
eficiência na execução das obras de infraestrutura – maior gargalo do
crescimento, rivalizando-se com a carga tributária.
O conselho do Ibre: "Se quiser evitar um sabor
de anticlímax no seu governo, a presidente terá de induzir a sociedade a
realizar um enorme e árduo esforço de mudança, enfrentando uma agenda de
estímulo à poupança e ao aumento da eficiência econômica".
Os dedaços de Bruxelas
Agendas assemelhadas, visando ao crescimento, estão
em toda parte. O Brasil está até mais bem preparado para tocá-la, se Dilma
souber usar o tempo de que dispõe. Tempo é o que falta a Lucas Papademos,
primeiro-ministro da Grécia, um ex-comissário da União Europeia, em Bruxelas,
eleito no fim de 2011 pelo Parlamento por pressão dos caciques da Zona do Euro
para enxugar sem dó o Estado grego.
A Europa dos grandes embates políticos foi engolida
pela crise e muito mais será virado pelo avesso, como a magnífica rede de
bem-estar social, já em avançado processo de desmontagem na Espanha, Itália,
Portugal e Irlanda, além da Grécia. Onde os políticos não tiveram estômago para
implantá-la, o dedaço de Bruxelas disse quem chamar – caso do primeiro-ministro
da Itália, Mário Monti, outro tecnocrata também escolhido por eleição indireta
como Papademos.
Grécia entregou a chave
Nesse mundo de decisões frias, embora nem sempre
racionais, onde o mercado financeiro impõe os critérios de solvência e enquadra
as razões da política, quem depender de dívidas está ralado. Grécia depende
mais que os outros, e o seu "castigo" está sendo exemplar.
Sem receita fiscal para manter os compromissos do
Estado grego, sem divisas para pagar as importações, devendo até as tampas aos
bancos de seus parceiros da Zona do Euro, Papademos deu as chaves do governo à
União Europeia, ao Banco Central Europeu e ao Fundo Monetário Internacional, a
chamada troica, e fez o que mandaram.
Dará certo? Não parece
Em troca de 130 bilhões de euros adicionais aos 110
bilhões de euros liberados em maio, imaginados como suficientes para reduzir a
dívida soberana grega de 160% do PIB para 120,5% até 2020, o Parlamento da
Grécia aprovou um programa de cortes de gastos cujo resultado será uma deflação
de salários equivalente a uma desvalorização cambial – impossível no regime da
união monetária – de 30% a 50%.
A banca também deve aceitar uma perda de 53,5% dos
papéis gregos, mais de 70% a valor presente. Vai funcionar? O ceticismo é
geral. No máximo, dizem figurões como Kenneth Rogoff, ex-economista-chefe do
FMI, a Europa ganhou tempo para resolver o passivo dos bancos.
O Banco Central Europeu emitiu quase 500 bilhões de
euros para recolher papéis soberanos sem lastro em dezembro e fará nova emissão
no dia 29. Assentada a poeira, a Grécia estaria livre para sair da Zona do Euro
por num período sabático, o tempo para depreciar o dracma, sua antiga moeda, e
limpar a casa. Tempo é a receita para todos.
POLITICA
Ressaca
depois da folia
Passado o carnaval, presidente Dilma tem pela frente uma
série de desafios na área econômica. No Congresso, uma das preocupações é com o
Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Federais
Victor Martins e Karla Correia
Brasília – A quarta-feira de cinzas é quando, diz a
tradição popular, o ano realmente começa. Para a presidente Dilma Rousseff,
este 2012 iniciado ao meio-dia de hoje traz a ressaca da inflação persistente,
da indústria fragilizada e das importações em alta. Para completar, ela ainda
sofre as dores de cabeça de votações paradas no Congresso e das ameaças de
greve do funcionalismo. A equipe da presidente já se sente frustrada pelo
crescimento minguado de 2011, em torno de 2,7%. Quando miram o futuro, os
economistas do governo ainda veem o fantasma da crise europeia assombrar
investidores e a expansão do Produto Interno Bruto (PIB).
O carnaval, encerrado ontem, foi a trégua de todos
esses males. Hoje, porém, a realidade bate à porta novamente. A inflação,
apesar de ter desacelerado no acumulado de 12 meses, continua alta: na prévia
da carestia oficial de fevereiro, a taxa acumulada está em 5,98%, longe do
centro da meta, definida em 4,5%. Apesar da política monetária e da crise que
derruba preços das commodities (produtos básicos com cotação internacional), os
serviços não cederam e continuam apertando o bolso do consumidor.
Especialistas ouvidos pelo Estado de Minas garantem
que a disparidade entre o que o país fabrica e consome vai afetar ainda a taxa
de crescimento em 2012. Com estoques elevados e sem capacidade de competir com
os importados, os industriais continuarão estagnados no primeiro semestre.
"A indústria terá um início de ano ruim. Ela estreou 2012 muito estocada
e, por isso, deve reduzir o ritmo", explica o economista Luís Otávio de
Souza Leal. Nos cálculos dele, o país vai se expandir 3,7% este ano. O
crescimento inócuo de 2011 também atrapalha 2012. "A expansão do ano vai
ser pequena porque o país carrega o pesado fardo de 2011", diz.
O PIB deste ano só não ficará mais próximo do de
2011 em função do novo salário mínimo, que foi reajustado em 14,1% ao passar de
R$ 545 para R$ 622 – o que representa uma injeção de R$ 47 bilhões na economia
brasileira. Pelos cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), com esse incremento, o governo vai arrecadar R$ 22,9
bilhões a mais devido ao aumento de consumo. Essa elevação, contudo, deverá ser
a única liberada por Dilma, mesmo diante das pressões do funcionalismo.
Votações Acalmados os ânimos entre o Planalto e o
presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), a votação do projeto que cria o Fundo
de Previdência Complementar dos Servidores Públicos Federais (Funpresp) retorna
ao plenário da Câmara como prioridade na agenda da semana pós-carnaval. De
acordo com o líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP), o projeto
deve ser votado no dia 28.O Funpresp ainda enfrenta resistência de setores da
bancada governista, sobretudo do PDT, por pressão da Força Sindical, que é contrária
ao projeto. "A presidente reforçou, durante reunião do Conselho Político,
a importância de a base aliada estar unida na aprovação do projeto e viabilizar
uma votação rápida na semana depois do carnaval, como ficou acordado pelo
colégio de líderes da Câmara", diz Vaccarezza.
O Planalto também indicou que pretende apressar a
votação da Lei Geral da Copa. De acordo com Vaccarezza, a expectativa é que o
projeto seja votado na comissão também no dia 28 e vá, em seguida, para o
plenário da Casa. Ele é, na prática, o único tema que o governo tem urgência
para aprovar neste ano. O relatório do deputado Vicente Cândido (PT-SP) mantém
o direito a meia-entrada para maiores de 60 anos tanto nos ingressos mais caros
quanto na categoria promocional de ingressos — ponto de discórdia entre o
governo e a Fifa. O parecer ainda admite a venda e o consumo de bebidas
alcoólicas nas arenas dos eventos esportivos, desde que o produto seja vendido
em copos de plástico.
Passeio
presidencial
A presidente Dilma Rousseff fez um longo passeio,
numa lancha da Marinha, na manhã de ontem. Ela percorreu várias ilhas situadas
na Baía de Todos os Santos, na Bahia. Dilma está passando o feriadão de
carnaval na praia privativa de Inema, na Base Naval de Aratu, onde também se
hospedou no feriado do réveillon. Ela chegou à Bahia no início da tarde da
sexta-feira e tem previsão de retorno a Brasília na manhã desta quarta-feira de
cinzas. A presidente deixou a base por volta das 6h15 e somente retornou ao
local onde está hospedada por volta do meio-dia. Esse foi o segundo passeio de
lancha feito pela presidente desde que ela chegou a Inema. Não foi possível
visualizar a presidente porque ela se manteve durante todo do passeio dentro da
cabine da lancha, utilizada em patrulha.Com as lentes dos fotógrafos voltadas
para a praia, a presidente tem evitado o banho de mar, diferentemente dos
familiares que a acompanham no descanso, que têm aproveitado o forte sol do
verão baiano. Ela somente apareceu na praia no fim da tarde de segunda-feira.
O
silêncio de Marina
Erich Decat
À parte da polarização de boa parte da política
brasileira na disputa entre PT e PSDB, uma das questões que se anunciam para as
próximas eleições municipais diz respeito a como será utilizado o capital político
construído pela ex-senadora Marina Silva (AC) no último pleito presidencial,
quando ela atingiu a surpreendente marca de 19,5 milhões de votos em todo o
país. Segundo aliados de Marina, o atual silêncio da política acreana é
estratégico. "A Marina está num momento de 100% de controle da sua
agenda", ressalta João Paulo Capobianco, coordenador de campanha da
ex-senadora nas eleições de 2010.
O silêncio também coloca uma incógnita sobre o
futuro partidário de Marina. O ingresso numa nova legenda está descartado, no
momento. A criação de um novo partido não passa de um possibilidade distante, a
ser materializada depois de outubro. "Ela poderá ter um peso muito grande
nas eleições municipais, com os candidatos que aderirem à agenda da
sustentabilidade urbana", acrescenta Capobianco.
Para os especialistas, ao privilegiar a agenda da
sustentabilidade, a candidata se afasta da política partidária, o que pode
confundir seu eleitorado. "Dentro desse contexto, vai ser muito eclético.
Pode ocorrer apoio ao PT em um lugar e em outro ao PSDB. Isso pode confundir um
pouco", avaliou o cientista político da Universidade de Brasília David
Fleischer.
Em razão da falta de um palanque, Marina deve
permanecer sob os holofotes em eventos como a Rio+20, prevista para junho. Em relação
aos debates previstos no Congresso Nacional, Marina também deve ter destaque no
debate do Código Florestal previsto para ser votado nesse semestre.
Alianças
dividem petistas
Apesar da rejeição por parte dos militantes, legenda deve
priorizar projeto nacional para impor acordos durante as eleições municipais em
estados como o Rio de Janeiro e o Paraná
Karla Correia
A costura de coligações com ex-adversários
políticos tem causado "pesadelos" em petistas não só na capital
paulista, onde a senadora Marta Suplicy (PT-SP) já declarou que teme um dia
"acordar num palanque de mãos dadas" com o prefeito Gilberto Kassab
(PSD). Ex-DEM, opositor de Marta no pleito pela Prefeitura de São Paulo em
2008, Kassab é tratado pela cúpula do partido como peça-chave na disputa pelo
Palácio do Anhangabaú. E execrado pela militância petista – vide as sonoras
vaias dedicadas ao pessedista na solenidade de aniversário de 32 anos do PT,
comemorado no dia 10.
O modelo "adorado pela cúpula e odiado pela
militância" se repete em Curitiba, onde caciques do partido articulam o
apoio petista à candidatura de Gustavo Fruet (PDT) para a prefeitura da capital
paranaense. A coligação tem defensores de peso, como os ministros da Casa
Civil, Gleisi Hoffmann, e das Comunicações, Paulo Bernardo. Mas está longe de
representar um consenso. A vice-presidente do diretório municipal do PT em
Curitiba, Miriam Gonçalves, renunciou ao cargo como protesto contra a aliança
pró-Fruet. "Lá, o partido está dividido entre fruetistas e
antifruetistas", reconhece o deputado Zeca Dirceu (PT-PR).
Para os antifruetistas, o eleitorado não assimila
bem esse tipo de coligação entre ex-adversários políticos. "Mas já há uma maioria favorável à
aliança, hoje", minimiza Dirceu, que atribui ao empenho do deputado
estadual Tadeu Veneri (PT) em lançar sua candidatura o principal fator de
rejeição da militância petista a Fruet. "As divisões do partido no estado
são históricas, mas a militância é disciplinada, não vai comprometer uma
eleição", avalia.
Caso semelhante se desenrola no Rio de Janeiro, onde
o deputado Alessandro Molon (PT) lançou o movimento "Coragem para
Mudar", em repúdio à aliança que dará suporte à reeleição do prefeito
Eduardo Paes (PMDB). "Discordo frontalmente da aliança e vou batalhar até
o último minuto pela candidatura própria do PT", diz o deputado. Assim
como em São Paulo, a coligação tem como seus padrinhos o ex-presidente Lula.
Pressão Em situação próxima à de Curitiba, Paes tem
um histórico de oposição e também foi algoz do PT durante a CPI dos Correios,
quando ocupou a relatoria-adjunta. Mas a crise entre PT e PMDB no estado
estourou quando o presidente do PMDB fluminense, Jorge Picciani, comunicou que
seu partido não apoiaria candidaturas petistas em cidades estratégicas no
estado, como Petrópolis e Niterói. Ato contínuo, parte do PT-RJ passou a
defender a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) à sucessão estadual,
em 2014.
A dissonância entre os interesses nacionais da
legenda e os regionais é ponto em comum na maior parte dos problemas que o PT
enfrenta na formação de alianças. Vice-presidente do diretório nacional do PT,
o deputado José Guimarães (CE) aponta, entre os objetivos das coligações nas
eleições municipais, a consolidação da base de sustentação política do governo
de Dilma Rousseff e a prevenção de uma retomada de fôlego do PSDB e do DEM em
regiões que o PT obteve crescimento em 2010, como o Nordeste. Os aliados
preferenciais do partido vêm do PMDB e do PSB. "As candidaturas próprias
são importantes para fortalecer o partido, mas as alianças são fundamentais na
lógica nacional. Elas são uma forma de reforçar a rede de apoio ao governo e de
isolar a oposição", avalia Guimarães.
Enquanto isso...
Em belo horizonte
Se em algumas capitais, como São Paulo, alianças
apoiadas pela cúpula nacional do PT despertam ódio na militância, o sentimento
das bases em Belo Horizonte sobre possível reedição da união com o PSB e o
arquirrival PSDB será conhecido no próximo mês. Por ora, a legenda segue
dividida sobre o participação na reeleição de Marcio Lacerda (PSB). Se de um
lado o presidente nacional do PT, Rui Falcão, já declarou apoio à aliança,
inclusive com os tucanos, do outro, o vice-prefeito Roberto Carvalho garante
ter conseguido 3.730 assinaturas de militantes em rejeição à união. Em março,
os filiados elegem delegados para os representarem na decisão sobre a candidatura
própria ou o repeteco da aliança.
Jogo de
interesses tumultua Cultura
Guilherme Amado
Brasília – A contratação de profissionais do
mercado cultural como peritos técnicos parecia ser a solução para a demora do
Ministério da Cultura (MinC) em avaliar quais projetos podem ser beneficiados
por leis de incentivo. Mas o sistema de pareceristas chega a seu terceiro ano
de existência envolvido em suspeitas de conflitos de interesses que ameaçam a
isenção dos pareceres emitidos e a eficácia da ideia. Pareceristas ouvidos pelo
Estado de Minas relatam como a falta de critério do MinC leva a distorções, em
que peritos trocam informações entre si e se valem do cargo para benefício
próprio. Sem filtro, o ministério já chegou a pedir um parecer para o próprio
autor do projeto.
Criado na gestão do ex-ministro Juca Ferreira, o
banco de pareceristas tem a missão de escrutinar cada detalhe dos projetos,
como orçamento, impacto social e cultural e a capacidade de o proponente
executar a ideia. Seguindo uma tabela de preços que varia entre R$ 122 e R$
1.649, de acordo com o valor do patrocínio, cabe ao parecerista dizer se o
produtor de um show, peça de teatro, filme ou outro projeto cultural deve
ter sua ideia beneficiada pela Lei Rouanet.
Embora se trate de dinheiro público, com a previsão
de cerca de R$ 1,35 bilhão de incentivo fiscal só em 2011, o MinC não impede
que uma pessoa seja, ao mesmo tempo, perito e proponente. Sequer existe uma
peneira na Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, responsável pelas leis
de incentivo, para evitar situações como a que ocorreu com o perito Sérgio
Mendonça, dono da gravadora paulista Pôr do Som. O ministério já enviou um
projeto inscrito pelo próprio Sérgio para que ele avaliasse. "Fui ético e
declinei da missão, informando sobre o conflito", explica o produtor.
O choque de interesses não é raro. Segundo um
perito que pediu para não ser identificado, não existe controle por parte do
ministério. "Como uma pessoa é jurídica e a outra é física, o ministério
não tem filtro. É CNPJ e CPF. Para eles, não aparece que é a mesma
pessoa."
Vantagens Os peritos também têm uma série de
vantagens em relação ao resto do mercado. Ainda à espera do primeiro parecer, a
perita Cristiani Zonzini, que também é produtora executiva do grupo circense Os
parlapatões, admite que o status de parecerista traz benefícios. "Quando
sai uma informação do ministério a respeito das leis, eu fico sabendo
primeiro", conta Cristiani, que não pretende avaliar projetos dos
Parlapatões.
O domínio das informações e o conhecimento sobre
como aprovar um projeto faz com que, não por acaso, muitos peritos ofereçam
seus serviços como consultores especializados em formatar ideias para serem
aprovadas na Lei Rouanet. Em seu site na internet, o produtor teatral Pablo
Orrico oferece o serviço de "formatação para leis de incentivo". No
currículo, apresenta-se como parecerista, o que é comum entre os profissionais
que atuam nas duas funções. Pablo alega diferenciar uma tarefa da outra.
"Não há conflitos. Eu nunca avalio um projeto em que esteja
envolvido", afirma.
FALTA DE CRITÉRIOS Ao ter a ideia de terceirizar
para peritos técnicos a análise dos projetos culturais, o MinC acelerou um
processo de meses, mas não conseguiu, com isso, fazer com que projetos de
grande visibilidade comercial, como o Rock in Rio ou a Festa do Peão de
Barretos, que tem mais facilidade para receber patrocínio, sejam menos
beneficiados com dinheiro público. Por trás disso, está a orientação para que
os pareceristas aprovem praticamente tudo. Segundo peritos, cerca de 90% dos
projetos inscritos são autorizados a captar, por meio da Lei Rouanet, sem
critérios para analisar quais projetos de fato precisam de apoio público.
"É só fazer a lição de casa que o projeto é aprovado. Tem aparecido
projetos com volumes de dinheiro enormes, como o Rock in Rio", lamenta um
perito.
Em tese, depois de passar pelo parecerista, o
projeto deveria ser avaliado numa segunda instância. Mas peritos afirmam que
isso não ocorre. "O certo seria ver se tem algum absurdo no projeto. Mas
acaba que, pelo volume, não é tudo que passa por esse crivo." O Ministério
da Cultura foi procurado desde a semana passada mas, até ontem, não havia
enviado qualquer resposta à reportagem.
Saiba mais
Incentivo à arte
Em vigor desde 1991, a Lei Rouanet permite que uma
empresa ou pessoa tenha abatimento no Imposto de Renda por investimento em
projetos culturais. Embora tenha turbinado a produção cultural no país, a
legislação foi alvo de críticas por causa da burocracia para se obter os
recursos. Por isso, no fim de 2010, o Ministério da Cultura editou uma
instrução normativa unificando as normas para concessão do benefício e
informatizando o processo.
ECONOMIA
Inflação
dos serviços arrocha classe média
Famílias com ganho entre R$ 7.400 e R$ 9.700 sofrem com
avanço do rendimento abaixo da alta de preços de itens como escolas, viagens e
empregada doméstica e apertam orçamento
Zulmira Furbino e Marinella Castro
Com rendimento entre R$ 7.400 e R$ 9.700, famílias
da tradicional classe média brasileira (hoje classe B) estão levando a vida no
sufoco. É que está cada dia mais difícil manter o padrão tipo A de consumo num
país que caminha para o primeiro mundo, levando consigo – e para o alto – os
preços de serviços, empregados domésticos, escolas, viagens, médicos, dentistas
e até manicure. A chamada classe B não alivia o orçamento usando serviços
públicos, em parte degradados, como a classe C, mas também não tem a renda da classe
A para bancar suas despesas. A situação piora em momentos de crise, como
ocorreu em 2011.
Esse sufoco pode ser retratado com um dado curioso
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que mostra que a renda
que mais cresce no Brasil é a das pessoas com menor escolaridade em comparação
com a da tradicional – e educada – classe média. Um recorte da Pnad, feito pelo
Centro de Políticas Sociais (CPS), da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra que
no país as famílias chefiadas por analfabetos tiveram um aumento de 53,5% em
sua renda entre 2001 e 2009, ante uma queda de 9% na renda das famílias nas
quais as pessoas de referência têm 12 anos ou mais de estudos completos. No
mesmo período, a renda dos indivíduos com pelo menos o curso superior incompleto
subiu 17,5%, enquanto a dos sem escolaridade avançou quase três vezes mais:
46,7%.
Para apagar o incêndio, muitos serviços começam a
ser cortados pela classe B. Dados do CPS apontam para um fenômeno que Marcelo
Neri, seu coordenador, já apelidou de indianização da economia brasileira.
Segundo ele, entre 2001 e 2009, última informação disponível, a renda dos
brasileiros 10% mais ricos cresceu 12,8%, enquanto a dos 50% mais pobres
evoluiu 69,08%. "A renda cresceu 580% mais rápido no lado "indiano"
do Brasil do que do lado "belga". A ideia de uma "Belíndia"
continua mais atual do que nunca. Só que o lado indiano cresce enquanto o belga
é rebaixado", explica.
Além da alta dos preços, essa camada da população
vem sendo bombardeada pela globalização e pela evolução da tecnologia. Hoje uma
família de classe B quer ter vários – e bons – telefones celulares, para os
pais e para os filhos. É preciso pagar internet, TV a cabo, cursos de línguas,
escolas de alto nível para as crianças. As famílias também se sentem pressionadas
a comprar os melhores computadores, notebooks, tablets. O problema é que a
correção anual dos rendimentos do trabalho não acompanha uma intensificação tão
grande nos gastos. "Sinto que hoje temos tudo muitas vezes e pagamos
muitas vezes também. O celular é câmera e, ao mesmo tempo, internet. O
computador também oferece vários serviços e a TV idem. A comunicação e a
informação chegam várias vezes, por vários meios", diz a dona de casa
Kátia Signorini.
Para eles, não é fácil fechar as contas do orçamento
doméstico. Enquanto entre 2001 e 2009 a renda dessas famílias cresceu 10%, os
gastos com empregados domésticos avançaram 109,9% entre 2002 e 2009. De 2009 a
2011, subiram mais 25,1%, aponta o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
que mede a inflação oficial no país. Do mesmo modo, os gastos com os filhos que
cursam o ensino médio ficaram 73,9% mais caros de 2002 a 2009 e ainda subiram
mais 17,2% entre 2009 e 2011. Os preços das passagens aéreas subiram 114,5%
entre 2002 e 2009 e outros 63,1% nos últimos dois anos. O valor das consultas
médicas subiu 68,8% entre 2002 e 2009 e 24,6% de 2009 ao ano passado. E a conta
de telefone celular 72,1% no primeiro período. No segundo, subiu mais 7,4%. Só
para ficar nesses exemplos.
Corte de gastos e austeridade
Para apagar o incêndio, muitos gastos começam a ser
cortados. "A classe B pagou o pato pelo desempenho ruim da economia no ano
passado", diz o diretor do curso de administração da Fundação Armando
Álvares Penteado (Faap), o economista Tharcísio de Souza. Como esse contingente
da população é relativamente pequeno em relação à C e D, seu sufoco termina
sendo esquecido, segundo o professor. E o cenário não é otimista. De acordo com
o especialista, os salários devem continuar este ano com reajustes abaixo da
elevação do preço dos serviços. Ao mesmo tempo, a contrapartida pública, com
cortes no orçamento da saúde e educação, não deve promover migração desta
classe para a rede pública. "A classe B terá de cortar consumo e se
contentar em se tornar C+ em vez de aspirar a se tornar A-", compara, numa
alusão ao sistema adotado pelas agências de classificação de risco.
Kátia Signorini não é especialista em finanças, mas
antes de o seu orçamento adoecer ela começou um tratamento de choque, com
medidas de austeridade. "O aperto do custo de vida é difícil de medir, mas
fácil de sentir. A renda não acompanha a alta de preços", diz. Sua família
classe B mora na Zona Sul da cidade e para fazer frente ao reajuste de 10% da
escola particular, ao crescimento dos preços do lazer como a alimentação fora
de casa, e até dos medicamentos, alguns cortes foram feitos. "Não tenho
empregado doméstico e raramente contrato uma diarista." No lazer ela
utiliza bastante os espaços públicos e sempre que pode participa de promoções
em que ganha ingressos para o cinema. Ajustes necessários para manter produtos
e serviços que fazem parte do topo da pirâmide social.
Pirâmide social
Classe renda familiar
A acima de R$ 9,7 mil
B acima de R$ 7,4 mil
C acima de R$ 1,6 mil
FONTE: FGV
GERAIS
Violência
e mortes nas estradas
Pelo menos 29 pessoas morreram em BRs e MGs desde o início
do carnaval em Minas. Volta registra engarrafamentos
Junia Oliveira
Pelo menos 29 pessoas morreram em acidentes nas
estradas mineiras durante o carnaval, entre a sexta-feira e a noite de ontem, o
que serve de alerta para quem deixou para retornar para casa hoje. O movimento
mais intenso deve ser registrado até o início da tarde. Nas estradas federais,
segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram 21 mortes registradas. Nas
rodovias administradas pelo estado, pelo menos oito. Além das vidas perdidas,
os desastres provocaram lentidão na volta para casa em várias regiões.
O acidente mais grave da terça-feira ocorreu no km
605 da BR-116, em Manhuaçu, na Zona da Mata, envolvendo um carro e uma carreta.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), um Corsa de Cataguases, na
Zona da Mata, tentou ultrapassar a carreta com placa de Caratinga, no Vale do
Rio Doce, não conseguiu e, ao retornar para a faixa, bateu na lateral do
veículo de carga. Com o impacto, o motorista perdeu o controle da direção, saiu
da pista e caiu numa ribanceira. Duas crianças e um adulto que estavam no
automóvel morreram na hora. Outros dois ocupantes foram levados para hospitais
próximos.
Na BR-364, na zona rural de Frutal, no Triângulo
mineiro, um motorista morreu numa colisão entre um caminhão e uma carreta. O
acidente ocorreu no km 22, perto de uma ponte, onde os veículos trafegavam em
sentidos opostos. O condutor Joaquim Ribeiro Pinto, de 62 anos, que estava no
caminhão placa CQH 0172, sentido Frutal, morreu no local. O motorista da
carreta, Osvaldo Rodrigues Pereira, de 51, que transitava na direção da cidade
de Planura, foi levado em estado grave para o Hospital Escola, em Uberaba.
Em uma rodovia federal e em uma estadual, três
pessoas perderam a vida em acidentes envolvendo motocicletas. Na BR-381, km
415, em Nova União, Sérgio de Freitas, de 59 anos, morreu ao bater a moto placa
EON 9191, de Jaboticabal (SP), num caminhão com placa de Ribeirão Pires (SP). O
trânsito ficou complicado nos dois sentidos da via. Anteontem, por volta das
23h, um motorista embriagado que dirigia um Palio causou a morte de duas
pessoas ao passar pelo km 20 da MG-427, perto de Água Comprida, no Triângulo
mineiro.
Gildo dos Reis da Silva, de 44 anos, tentou uma
ultrapassagem e não viu a moto em sentido contrário, batendo de frente com ela.
O motoqueiro Paulo César Ribeiro, de 33 anos, inabilitado, chegou a ser
socorrido, mas morreu a caminho do hospital. A mulher que estava na garupa,
Maria Ribeiro, de 43 anos, morreu na hora. Segundo a Polícia Militar, no teste
do bafômetro, Gildo da Silva apresentou teor de 0,16 miligramas de álcool por
litro de sangue. Na noite de ontem, uma pessoa morreu e duas ficaram gravemente
feridas em uma capotagem no km 625 da BR-381, em Oliveira, Centro-Oeste do
estado. (Colaborou Pedro Ferreira)
Incêndios causam destruição Um incêndio na noite de
ontem destruiu um apartamento na Rua Bueno Brandão, no Bairro Santa Tereza,
Região Leste de Belo Horizonte. O casal que mora no imóvel, no terceiro andar
de um prédio inacabado (na foto, à direita), estava fora e foi avisado pelos
vizinhos. Quando as vítimas chegaram, os bombeiros já estavam no local.
Bombeiros informaram que o prédio não tem projeto de prevenção de incêndio e
pânico aprovado pela corporação. A Defesa Civil deve avaliar se o imóvel sofreu
danos estruturais. Em Sacramento, a 453 quilômetros de Belo Horizonte, no Alto
Paranaíba, um transformador da Usina Hidrelétrica de Jaguara, administrada pela
Cemig, pegou fogo no início da noite de ontem. O Corpo de Bombeiros de Uberaba,
que enviou 20 militares ao local, informou não haver vítimas e estimou em 100
mil litros a quantidade de óleo mineral queimado no incidente.
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