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Dilma pressiona construtora por
obra no Beira-Rio
Ao assumir a reforma do Beira-Rio como questão
pessoal, presidente dá ultimato à empreiteira Andrade Gutierrez
Por que
piso deixa Tarso em saia justa
Apesar de discordar do cálculo de reajuste para professores,
RS não participa de mobilização
COLUNAS
Informe
Econômico
Maria Isabel Hammes
Trilhões evaporados
A crise mundial que assola os países do mundo todo
deixou um rastro de perdas em todas as bolsas do mundo. No acumulado, a
desvalorização sofrida pelos pregões no período de 2008 a 2011 chega a 12% do
valor de mercado de 2007 frente ao de dezembro passado.
Em valor financeiro acumulado no mesmo período,
chega-se a US$ 50,4 trilhões, conforme dados do Instituto Assaf, a partir de
informações de mercados mundiais.
Zero a lamentar
Confiante de que a obra no Beira-Rio possa sair do
chão a partir do ultimato dado ontem pela presidente Dilma, Aod Cunha, ex-CEO
do clube, não tem qualquer arrependimento de ter levado à frente as negociações
para acertar o contrato com a Andrade Gutierrez. Afastado da reforma desde
fevereiro do ano passado, diz que não havia outra opção por duas razões: o
clube não tinha condições de levá-la sozinho no modelo pretendido e um projeto
com este vulto, sem comprometer as finanças do Inter, só poderia ser tocado por
uma empresa grande:
– Sobre a decisão, tenho zero de arrependimento,
mas o que veio depois sobre sua condução e fazer com que ela acontecesse mesmo
é outra história.
Know-how gaúcho
Um incorporador imobiliário entende que várias
construtoras teriam condições técnicas de tocar o projeto, como a intenção
manifestada pelo Nex Group. O problema é outro, o mesmo que enfrenta a Andrade
Gutierrez (AG): a falta de um investidor:
– Nosso negócio é construir, não administrar
estádio por 20, 30 anos, isso não tem nada a ver com nossa operação. Construir
um estádio é fácil, há umas seis empresas aqui com capacidade para isso. Agora,
buscar um fundo, internacional ou do país, não é fácil na pressa por todo este
atraso que ocorreu no processo.
– O que a AG fez com o Estado foi uma grande
enganação, o prefeito José Fortunati está certo ao falar que estávamos sendo
engambelados pela empresa – comentou outro empresário da construção.
Antes da Andrade Gutierrez
O leitor Paulo Guaraci Rodrigues, atento às
discussões sobre os rumos do Beira-Rio, lembra que o Inter já havia recebido
uma proposta para a reforma do estádio, em 2008. A empresa espanhola MKG
visitou o clube (representantes na foto ao lado) há quatro anos.
Entre as vantagens oferecidas, destacou o leitor,
seria a inexistência de custos para o Inter, o que também teria evitado a venda
do Eucaliptos. O clube ignorou a oferta.
Azul contrata
Uma equipe da Azul Linhas Aéreas – formada por
comandantes e pessoal de recursos humanos – fica até hoje na PUCRS realizando
uma seleção para copilotos da companhia. Participam do processo 29 diplomados
pela Faculdade de Ciências Aeronáuticas da universidade, a grande maioria
formada no último semestre.
A seleção envolve provas de conhecimentos gerais,
exames médicos, provas de inglês, entre outros. A expectativa do diretor da
faculdade, professor Elones Ribeiro, é que todos sejam contratados.
Reestruturada para crescer
Apesar de admitir incertezas na economia,
especialmente no segundo semestre, o diretor-presidente do Grupo Competence,
João Satt Filho, projeta receita 15% maior em 2012. O plano é gerar mais
negócios nos três Estados da Região Sul, mas não estão descartadas parcerias
com agências de outras regiões, inclusive o Nordeste.
A meta de crescimento é calcada em um processo de
restruturação técnica e de diretoria que pretende reforçar os setores de
estratégia, criação e multicanais.
Capital indiano investe em Nova Santa Rita
Nova Santa Rita está prestes a ganhar investimento
importante. É a nova fábrica e sede administrativa da Dorf Ketal Brasil,
empresa de capital indiano que produz aditivos químicos para o mercado de
extração, produção e refino de petróleo, bem como para os mercados petroquímico
e de combustíveis e com atuação em toda a América Latina.
Investimento de R$ 8,5 milhões, a obra, a cargo da
Adelchi Colnaghi Arquitetura & Construção, inclui ainda um laboratório de
pesquisas e aplicações, a instalação de um novo reator e a ampliação da área de
tancagens, estruturas que devem ser concluídas em 2013.
Colaboraram
Erik Farina e Tássia Kastner
Brasília
Carolina Bahia
Vestindo a camisa
Diante do risco de Porto Alegre passar pelo fiasco
de perder a Copa, a presidente Dilma finalmente resolveu interferir, acionando
a cúpula da Andrade Gutierrez. Como a opção por um novo consórcio significaria
ainda mais perda de tempo e desgaste, ela determina que a empresa honre o
compromisso. Empreiteira com inúmeros contratos com a União, é claro que a AG
não tem interesse em um mal-estar com o Planalto. A empresa é líder da
construção da hidrelétrica de Belo Monte, principal obra do PAC. O que ainda
não está claro é como esse imbróglio chegará ao fim, uma vez que a falta de
garantias continua. O difícil é entender a postura da AG, que, cada vez mais
pressionada, não age com transparência. O próprio consórcio apresentado ao Banrisul,
com a previsão de recursos de fundos de pensão do Estado e do município, só
agora é desvendado.
Padrinho
Carlos Araújo (foto) foi acionado pela cúpula do
Inter e procurou a presidente Dilma, pedindo solução para o impasse no
Beira-Rio. Ex-marido e conselheiro, Araújo encaminhou detalhes sobre as
negociações. Diante da solicitação especial, Dilma passou a monitorar o caso.
Três em um
O Planalto sucumbiu aos evangélicos e nomeou
Marcelo Crivella (PRB), um dos principais nomes da Igreja Universal do Reino de
Deus, o novo ministro da Pesca. A jogada acalma a bancada no Congresso, mesmo
que a pasta não possua prestígio algum. Ligado aos militares, o senador também
auxiliará nessa relação. Em jogo, ainda, a renúncia de Celso Russomanno (PRB) à
prefeitura de São Paulo, beneficiando Fernando Haddad (PT).
Corneta
Apesar da tensão no Planalto envolvendo as obras no
Beira-Rio, interlocutores da presidente Dilma não perderam o senso de humor. Um
deles brincou, dizendo que os jogos da Copa deveriam ocorrer no estádio do
Caxias ou no do Novo Hamburgo, em uma referência aos dois finalistas do
primeiro turno do Gauchão.
RECORTE E COBRE
Consolação - Quanto ao Ministério dos Transportes,
o Planalto avisa: é mais fácil Dilma renunciar do que devolver o posto ao PR. O
partido reivindica um lugar na Esplanada e deve ganhar uma vaga de importância
equivalente à da Pesca.
POLÍTICA
Assinatura
na lei do piso engessa atuação de Tarso
Apesar de discordar do cálculo de reajuste para
professores, RS não participa de mobilização
Tarso Genro aprovou – está lá seu nome, embaixo da
assinatura do então presidente Lula – a lei que agora quer mudar. À época
ministro da Justiça, o atual governador concordou com um critério de reajuste
do piso nacional do magistério que se revela assustador para o Piratini. Agora,
ele se equilibra entre o lobby para alterar a legislação e o constrangimento de
quem "deu um tiro no pé", como avalia um assessor.
Embora Tarso assuma abertamente que é impossível
cumprir a lei, seus movimentos são acanhados. Na terça-feira, 10 governadores
foram ao Congresso pressionar os presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e
do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pela aprovação de uma proposta que derruba a
atual forma de corrigir o piso. O governante gaúcho, segundo sua assessoria,
tinha outras questões para resolver. Um secretário próximo analisa assim:
– Ele é signatário da lei. Não vai se expor muito,
não vai ficar na linha de frente. Tem um lado meio constrangedor. O fato é que
esta lei precisa mudar, porque os reajustes são insustentáveis.
Atualmente, o índice utilizado para o reajuste
baseia-se no valor gasto por aluno no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica (Fundeb). É o que manda a lei – assinada, em 2008, pelo próprio
Tarso. E é o que desejam os sindicatos.
Ocorre que essa forma de correção do piso resultou
em um aumento de 22% em 2012. A tendência é esse índice crescer ano após ano.
Por isso, os governadores lutam pelo reajuste ditado pelo INPC, que girou em
torno de 6% no ano passado e baseou a proposta de Tarso para elevar o salário
dos professores (veja quadro).
No Piratini, a interpretação é de que o governador
faz tudo o que pode, oferecendo ao magistério o maior reajuste dos últimos
anos. A contradição mora na lei que ele subscreveu em 2008. Na época, conta um
antigo assessor de Lula, Tarso ajudou a idealizar o piso. Mas nunca defendeu a
utilização do Fundeb como forma de reajuste – essa questão surgiu no Congresso,
após pressão de sindicatos sobre parlamentares.
Na hora de sancionar a lei, Lula entendeu que seria
um prejuízo político vetar o artigo. Aprovou, com a assinatura de Tarso
embaixo, e na semana seguinte enviou outro projeto que trocaria o Fundeb pelo
INPC. O texto até hoje aguarda votação.
PMDB
tenta contornar crise no diretório
Na tentativa de sepultar a crise que abala o
partido, o PMDB gaúcho deve confirmar hoje, em reunião do diretório estadual, a
permanência de Ibsen Pinheiro no comando da sigla no Rio Grande do Sul. Ele
está no centro de uma disputa interna em relação ao futuro da legenda na
Capital: lançar candidato próprio ou apoiar a reeleição de José Fortunati
(PDT).
Em dezembro, Ibsen surpreendeu os colegas ao
comunicar sua saída. Setores da legenda acreditam que ele pretendia ficar livre
para concorrer à prefeitura da Capital, como defendem integrantes do diretório
estadual. Já o diretório municipal prefere indicar o vice na chapa de
Fortunati. Com a divisão, o PMDB acabou afundando em discórdia.
A intenção hoje é sensibilizar o ex-deputado para
que volte atrás. A mobilização inclui o deputado Marco Alba, que chegou a liderar
uma chapa de oposição a Ibsen nas eleições para o diretório estadual.
– Ibsen é necessário ao partido. Queremos que ele
fique no comando, e vamos fazer de tudo para que isso aconteça – disse Alba.
Osmar Terra defende candidatura própria
Procurado por ZH, Ibsen não retornou as ligações.
Apesar disso, sua permanência é dada como certa. Se nesse ponto há sinais de
entendimento, o mesmo não se pode dizer em relação às eleições na Capital, cujo
debate promete esquentar.
O presidente do PMDB em Porto Alegre, Sebastião
Melo, segue convicto de que a sigla deve se manter fiel a Fortunati.
Para o deputado federal Osmar Terra, a opção pode
enfraquecer ainda mais o partido, que viu sua influência diminuir drasticamente
nas eleições de 2010. Terra não descarta a hipótese de que Ibsen possa ser
candidato, mesmo retomando o comando do diretório estadual.
– Tanto a bancada federal quanto a estadual
precisam ser ouvidas. Vamos provocar essa discussão na reunião. Seria um erro
se não fizéssemos isso – adianta Terra.
Para
ajudar Haddad, troca na Esplanada
Inclusão de Marcelo Crivella (PRB) deve incluir desistência
da sigla em SP
Ainda que tenha ficado imune à maré de denúncias de
corrupção que atingiu o governo Dilma Rousseff vitimando sete ministros, o
Ministério da Pesca caminha para ser um campeão de trocas. Supostamente fruto
de um arranjo político relacionado à eleição para prefeito de São Paulo, a
dança das cadeiras derrubou o ministro Luiz Sérgio (PT-RJ) – que sucedera Ideli
Salvatti (PT-SC) – para acomodar o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ).
Assim como Luiz Sérgio e Ideli, Crivella não tem
relação com a cadeia pesqueira. O Planalto nega, mas o objetivo de Dilma
Rousseff ao escolher o senador fluminense seria facilitar a vida do ex-ministro
Fernando Haddad (PT). Com a candidatura do ex-governador José Serra (PSDB) a
prefeito de São Paulo, pode ser crucial para o sucesso petista a saída de Celso
Russomano (PRB) do páreo. Russomano nega que vá sair e Crivella, por sua vez,
que o convite tenha ocorrido para impulsionar Haddad.
PT do Rio não sabia que perderia vaga na Esplanada
Outra boa razão para incluir o senador no primeiro
escalão é a identificação dele com a bancada evangélica. Ainda que não seja
reconhecido como líder por outros integrantes do grupo, a inclusão de Crivella
distensiona o diálogo entre o Planalto e os religiosos, em pé de guerra com
Dilma desde que a Presidência colocou a feminista Eleonora Menicucci na
Secretaria de Políticas para Mulheres. De quebra, a presidente incorpora outra
legenda aliada ao emaranhado de poder da Esplanada. O partido tem um senador e
10 deputados.
– Dilma usou de toda sua genialidade política para
abrigar um partido por afinidade – afirmou Crivella.
O novo troca-troca na Pesca surpreendeu até o PT do
Rio. Mesmo pisando em ovos para não constranger um aliado de peso como
Crivella, os petistas fluminenses não esconderam a frustração.
– Me surpreendeu isso, não esperava. Viram a
notícia na internet, na sede do partido, e me avisaram – afirmou o presidente
do PT-RJ, Jorge Florêncio.
Em seguida, ele completou:
– Foi uma surpresa desagradável. Podiam ter nos
informado antes, pelo menos.
Brasília
Se
eleito, Serra promete não renunciar ao cargo
Em sua primeira entrevista como pré-candidato a
prefeito de São Paulo pelo PSDB, o ex-governador José Serra disse que o
"sonho" de disputar novamente a Presidência da República está
"adormecido, pelo menos até 2016". Ele afirmou ainda que, se eleito,
cumprirá os quatro anos de mandato na chefia da cidade de São Paulo.
Prestes a completar 70 anos no dia 19, Serra
afirmou que tem "muito tempo pela frente".
– Estou no auge da minha energia – disse.
Ele, no entanto, evitou falar sobre 2018, quando
poderia pensar novamente na disputa nacional, aos 76 anos:
– Está muito longe.
Serra foi eleito prefeito em 2004, dois anos depois
de perder a corrida presidencial para o ex-presidente Lula. Mesmo tendo
assinado um documento em que se comprometia a cumprir o mandato até o final, o
tucano deixou a prefeitura em 2006 para concorrer ao governo do Estado – e,
assim, pavimentar o caminho para voltar a disputar a Presidência, em 2010.
Ontem, rechaçou abandonar a prefeitura novamente,
se eleito.
– Eu estou sendo candidato para governar a cidade
até quando o mandato dura, que é 2016. Estou dizendo: vou cumprir os quatro
anos. Isso é mais que uma promessa – afirmou.
TJ abre
processo por fraude na Assembleia
Chegou esta semana ao órgão especial do Tribunal de
Justiça (TJ) um inquérito contra 11 pessoas suspeitas de envolvimento em
suposta fraude na Assembleia Legislativa entre 2003 e 2008.
O inquérito da Polícia Federal, que originou o
indiciamento, surgiu como desdobramento das investigações da Operação Solidária
e foi finalizado em outubro de 2011, quando seguiu para parecer do Ministério
Público. Antes de chegar ao TJ, o inquérito também foi analisado no Tribunal
Regional Federal da 4ª Região. O caso tramita em segredo de Justiça, mas os
indiciamentos seriam por estelionato.
A Polícia Federal apurou que cinco funcionários da
Assembleia recebiam salários sem trabalhar. Os outros seis indiciados seriam
servidores e intermediários que colaboravam com a suposta fraude. Entre os
funcionários fantasmas, dois teriam atuado no gabinete do ex-deputado Marco
Peixoto, à época integrante da bancada do PP. Atualmente, Peixoto é conselheiro
do Tribunal de Contas do Estado. O presidente da Assembleia, Alexandre Postal
(PMDB), afirmou que irá se pronunciar sobre o caso somente após receber
informações oficiais.
Contraponto
O que diz Marco Peixoto
ZH deixou recado na caixa postal do telefone
celular dele, que não retornou as ligações. A assessoria do ex-parlamentar
informou, em contato com a RBS TV, desconhecer qualquer indiciamento de pessoa
que tenha prestado serviço no gabinete de Peixoto.
Operação
na Europa faz o BC intervir no câmbio
Perspectiva de que parte dos euros liberados possa chegar
ao país provocou valorização do real
Para conter a crise e aumentar a oferta de crédito
na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) fez uma oferta maciça de
dinheiro aos bancos. A expectativa de que o Brasil receba parte dos recursos
forçou ontem uma dupla intervenção do Banco Central (BC) no mercado de câmbio
nacional.
No Exterior, o BCE repassou 529,23 bilhões de euros
com prazo de refinanciamento de três anos a 800 bancos. O valor ficou bem acima
do estimado pelo mercado, de 450 bilhões de euros.
Poucas horas depois do anúncio, os negócios abriram
no Brasil com forte demanda pelo real. O interesse pela moeda brasileira era,
segundo analistas, apenas uma amostra da avalanche de recursos que pode aportar
na esteira da superinjeção nos bancos europeus. Isso porque parte dos valores
emprestados pelo BCE pode rumar para mercados emergentes em busca de juro mais
alto.
– A tendência é de que o BC fique ainda mais
atuante. Acho que a frequência das ações do governo deve voltar ao que era no
primeiro semestre do ano passado com, por exemplo, compras mais próximas à
frequência diária – disse Rafael Bistafa, economista da Rosenberg &
Associados.
Depois da atuação do BC, o dólar, que chegou a
recuar para R$ 1,68, fechou cotado a R$ 1,7143 no mercado à vista da BM&F
Bovespa.
Foi a segunda injeção maciça de recursos no
continente europeu em pouco mais de dois meses. A anterior ocorreu em 21 de
dezembro passado, quando 523 instituições financeiras aceitaram 489 bilhões de
euros. Na operação de dezembro, os bancos usaram o dinheiro principalmente para
comprar títulos de governos, o que ajudou a aliviar o custo de financiamento de
diversas nações em situação financeira difícil.
Uma delas é a Itália, terceira maior economia da
zona do euro, que deve o equivalente a 120% do seu Produto Interno Bruto (PIB,
soma das riquezas produzidas por um país). Na última segunda-feira, o governo
italiano conseguiu captar cerca de 12 bilhões de euros por meio de oferta de
títulos de curto prazo, oferecendo retorno abaixo de 2% ao ano. Há poucos
meses, havia sido forçado a ofertar bônus com juro na casa de 6%.
A operação de socorro ao sistema financeiro, no
entanto, não freou os contínuos protestos no continente europeu. Na Espanha,
estudantes secundaristas e universitários criticaram cortes na educação.
Em Barcelona, os protestos foram marcados pela
violência. Quando a passeata chegou perto da bolsa de valores, foram lançados
objetos contra o edifício. A polícia dispersou os manifestantes e prendeu
alguns deles. Um grupo de jovens, alguns com os rostos cobertos, quebrou as
portas de vidro de um banco e colocou fogo em contêineres de lixo.
Operação
na Europa faz o BC intervir no câmbio
Perspectiva de que parte dos euros liberados possa chegar
ao país provocou valorização do real
Para conter a crise e aumentar a oferta de crédito
na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) fez uma oferta maciça de dinheiro
aos bancos. A expectativa de que o Brasil receba parte dos recursos forçou
ontem uma dupla intervenção do Banco Central (BC) no mercado de câmbio
nacional.
No Exterior, o BCE repassou 529,23 bilhões de euros
com prazo de refinanciamento de três anos a 800 bancos. O valor ficou bem acima
do estimado pelo mercado, de 450 bilhões de euros.
Poucas horas depois do anúncio, os negócios abriram
no Brasil com forte demanda pelo real. O interesse pela moeda brasileira era,
segundo analistas, apenas uma amostra da avalanche de recursos que pode aportar
na esteira da superinjeção nos bancos europeus. Isso porque parte dos valores
emprestados pelo BCE pode rumar para mercados emergentes em busca de juro mais
alto.
– A tendência é de que o BC fique ainda mais atuante.
Acho que a frequência das ações do governo deve voltar ao que era no primeiro
semestre do ano passado com, por exemplo, compras mais próximas à frequência
diária – disse Rafael Bistafa, economista da Rosenberg & Associados.
Depois da atuação do BC, o dólar, que chegou a
recuar para R$ 1,68, fechou cotado a R$ 1,7143 no mercado à vista da BM&F
Bovespa.
Foi a segunda injeção maciça de recursos no
continente europeu em pouco mais de dois meses. A anterior ocorreu em 21 de
dezembro passado, quando 523 instituições financeiras aceitaram 489 bilhões de
euros. Na operação de dezembro, os bancos usaram o dinheiro principalmente para
comprar títulos de governos, o que ajudou a aliviar o custo de financiamento de
diversas nações em situação financeira difícil.
Uma delas é a Itália, terceira maior economia da
zona do euro, que deve o equivalente a 120% do seu Produto Interno Bruto (PIB,
soma das riquezas produzidas por um país). Na última segunda-feira, o governo
italiano conseguiu captar cerca de 12 bilhões de euros por meio de oferta de
títulos de curto prazo, oferecendo retorno abaixo de 2% ao ano. Há poucos
meses, havia sido forçado a ofertar bônus com juro na casa de 6%.
A operação de socorro ao sistema financeiro, no
entanto, não freou os contínuos protestos no continente europeu. Na Espanha,
estudantes secundaristas e universitários criticaram cortes na educação.
Em Barcelona, os protestos foram marcados pela
violência. Quando a passeata chegou perto da bolsa de valores, foram lançados
objetos contra o edifício. A polícia dispersou os manifestantes e prendeu
alguns deles. Um grupo de jovens, alguns com os rostos cobertos, quebrou as
portas de vidro de um banco e colocou fogo em contêineres de lixo.
Gol
pretende voar para os Estados Unidos
A Gol prepara a entrada no mercado de voos
regulares entre o Brasil e os Estados Unidos. Há duas semanas, a Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac) concedeu à companhia o direito de operar 14 voos
semanais no trecho.
A aérea confirmou ontem o interesse em voltar a
atuar nesse mercado, mas não forneceu detalhes do projeto. O plano de retomar
as rotas de longo curso – iniciadas com a bandeira Varig, logo depois da compra
da empresa, em 2007 –, contradiz o discurso repetido até recentemente.
Nos últimos anos, a Gol tem reafirmado que as
prioridades são o mercado doméstico e o internacional de médio curso, restrito
a voos para a América do Sul e o Caribe. Logo depois de adquirir a Varig, a
companhia chegou a operar voos para Frankfurt, Paris e Cidade do México, mas
resolveu extinguir as rotas.
Com aviões ultrapassados, que consumiam muito
combustível, a Gol fracassou na empreitada. A falta de uma estratégia
diferenciada de preços e serviços também foi um entrave para o sucesso no
segmento. Em 2009, a aérea também chegou a operar voos fretados para Orlando,
nos EUA.
Se realmente iniciar essas operações, a Gol entrará
em um segmento de rentabilidade mais elevada dentro do setor aéreo.
– Usualmente, as margens são maiores nas rotas de
longo curso. Você consegue diluir melhor seus custos fixos em voos de maior
duração – explica o professor Marcio Migon, do MBA em Logística da Fundação
Getulio Vargas no Rio.
No início de dezembro passado, a Gol anunciou um
acordo comercial com a Delta Air Lines. A americana comprou participação
minoritária de 3% por US$ 100 milhões. Conforme informado na data,a partir do
terceiro trimestre de 2012 deve haver expansão do compartilhamento de voos
(code share) entre as duas companhias, o que permitirá, por exemplo, que
passageiros comprem trechos internacionais da Delta pela Gol, e trechos de
viagens no Brasil pela Delta.
Envio de
declaração começa hoje
A entrega da declaração do Imposto de Renda Pessoa
Física 2012 começa hoje. A Receita espera receber, até 30 de abril, 25 milhões
de declarações, ante 24,37 milhões em 2011.
Foram feitas pequenas alterações no imposto.
Doações em dinheiro aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
nacional, estaduais e municipais – efetuadas entre 1º de janeiro e 30 de abril
deste ano –, por exemplo, poderão ser abatidas já na atual declaração.
Precisa declarar, entre outras condições, quem
recebeu, em 2011, rendimento bruto tributável superior a R$ 23.499,15 ou
rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados apenas na fonte acima de R$
40 mil.
Embora não seja obrigado, quem teve IR retido em
2011 e tem direito à restituição precisa entregar a declaração para recebê-la.
Leão na rede
- O programa para o preenchimento da declaração
está em www.receita.fazenda.gov.br
CAMPO E LAVOURA
Seca e
Argentina causam dispensa nas indústrias
Unidade gaúcha da Agco demite 55 em Santa Rosa, e redução
de vagas supera 2 mil no país
A redução na exportação para a Argentina e a seca,
que diminui o investimento de produtores gaúchos, estão se refletindo na queda
das vendas de máquinas agrícolas no Estado, e as demissões começam a aumentar.
Desde outubro do ano passado, o segmento perdeu 2.322 postos de trabalho no
país, número ao qual se somaram, na terça-feira, 55 funcionários da Agco do
Brasil dispensados em Santa Rosa, noroeste do Estado.
Em 2011, a John Deere havia desligado mais de 300
operários. O fato de a agricultura movimentar valores apenas durante as safras
foi a principal causa apontada pela Agco para justificar as demissões.
A situação se agravou em decorrência da seca, que
causou prejuízos nas lavouras de milho e soja, duas das principais culturas de
verão.
Presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas
e Implementos Agrícolas, Claudio Bier relata redução de 10% na produção de
máquinas agrícolas no Estado nos últimos seis meses. O dirigente culpa também a
retração do mercado argentino. Destino de 25,3% das máquinas exportadas pelo
Brasil, a Argentina apresentou, em 2011, queda de 8,1% nas compras em relação a
2010. A diminuição significa R$ 60 milhões a menos circulando na indústria.
– A Argentina impôs licenças prévias para produtos
brasileiros, o que restringiu a entrada das mercadorias. Logo depois liberaram,
por pressão do Brasil. Só que, de outubro para cá, voltaram a restringir. Como
10% do que é feito no Estado era exportado para lá, é um lucro significativo
que deixa de entrar – explica Bier.
Dirigente projeta crescimento menor
A perspectiva da Associação Brasileira da Indústria
de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) para o desempenho do faturamento nacional
em 2012 foi reduzida. A expectativa de alta de até 8% caiu para 5%.
O fraco desempenho reflete nos empregos. Apesar de
2011 ter registrado crescimento de 3,6% nas vagas em comparação a 2010, há
risco de novas dispensas.
– A tendência é de mais demissões – afirma o
presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto.
ROBERTO
WITTER
Regras
para exportar tabaco à China
O Ministério da Agricultura publicou ontem os
critérios a serem seguidos pelo tabaco produzido no Brasil, curado em estufa e
em galpão, que tenha a China com destino. A regra prevê monitoramento do agente
causador do mofo azul, doença que ataca as folhas, destruindo o produto final.
Ruralistas
insistem em anistia a desmatadores
Na retomada da discussão da reforma do Código
Florestal na Câmara dos Deputados, prevista para este mês, a bancada ruralista
corre o risco de tropeçar nas regras do Congresso. Defendida pelo grupo, a
anista a desmatadores seria dificultada pelas normas internas.
Aemenda 164 autoriza a retirada de vegetação e a
manutenção de áreas desmatadas em qualquer tipo de atividade no campo. O
problema apontado pela bancada é que o Senado alterou o texto original,
estabelecendo a necessidade de recompor áreas de preservação permanente em
margens de rio. A bancada ruralista pressiona pela dispensa total de reposição
para quem desmatou em margens de rios até 22 de julho de 2008.
Segundo consultores legislativos, como a Câmara e o
Senado já aprovaram a medida, pode haver restrições no regimento interno –
normas de votação no Parlamento – para modificar esse ponto. A Câmara pode
retomar o texto original, acolher o texto do Senado ou fazer ajustes na
proposta. Não pode inserir medidas não tratadas nas análises anteriores.
Relator do código, o deputado Paulo Piau (PMDB-MG) avisa que muitos
parlamentares pretendem retomar a emenda 164.
– Um grupo de deputados quer ver de volta essa
emenda 164, vamos ver a possibilidade. Esse vai ser o grande problema – prevê
Piau.
A origem da controvérsia
COMO É HOJE
- Um produtor que desmata pode receber multa de até
R$ 50 milhões, ter a atividade suspensa e ser preso.
Como vai ficar
- Se aprovado, o código vai permitir que o
desmatador se inscreva em um programa de regularização ambiental.
O CÓDIGO FLORESTAL
- Peça-chave da legislação ambiental, define as
áreas que devem ter vegetação conservada e as que podem ser usadas para
agricultura, pecuária e silvicultura (plantação de florestas com objetivo
comercial). Atualiza o código vigente, implantado ainda em 1965.
GERAL
Ministro
quer incluir ciências em exame
O Ministério da Educação quer incluir a disciplina
de ciências na Prova Brasil, a principal avaliação da educação básica.
Atualmente, o exame analisa apenas o desempenho dos alunos em matemática e
português.
A proposta foi anunciada ontem pelo ministro
Aloizio Mercadante. A Prova Brasil é aplicada a cada dois anos para alunos
entre a 5ª e a 9ª séries. Esse exame é um dos principais componentes para a
formação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que analisa a
qualidade de escolas e redes de ensino. Mercadante, no entanto, não deu
detalhes sobre a inclusão da nova disciplina na Prova Brasil.
Frente
parlamentar propõe "SUS" para animais
Animais domésticos que vagam por ruas e vilas terão
a saúde monitorada pelo Estado. Essa é a intenção de um projeto de lei que
prevê criação de um programa nacional de atendimento veterinário gratuito,
espécie de SUS animal.
Apresentada em 2011 pelo deputado federal paulista
Ricardo Izar (PSD), a proposta está no grupo de projetos discutidos a partir
das 18h de hoje no Plenarinho da Assembleia Legislativa, durante a passagem
pelo Estado da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais. O movimento visita
capitais brasileiras para mobilizar a sociedade em torno dos projetos
relacionados ao tema, que tramitam na Câmara dos Deputados.
Propostas como a proibição de animais em circos e
combate à caça ilegal e ao tráfico de espécies silvestres estão na pauta. Das
discussões com parlamentares, profissionais ligados a universidades e ONGs, o
grupo pretende ao final do ano redigir e enviar ao Congresso o texto de um
estatuto dos direitos dos animais.
A proposta do SUS animal é voltada para famílias de
baixa renda, de até três salários mínimos. Nesses casos, cães, gatos e outras
espécies receberão atendimento gratuito, envolvendo consultas e cirurgias.
Órgãos de controle de zoonoses, canis públicos e outros estabelecimentos
oficiais formarão a rede de assistência, na qual o poder público poderá firmar
convênios com ONGs, clínicas, empresas e entidades de classe.
– Hoje o animal domesticado faz parte da família.
Além disso, é um potencial transmissor de doenças. Tratá-los também é uma
questão de saúde pública – defende Ricardo Izar.
O financiamento para o programa virá de outro
projeto, que prevê a criação do Fundo Nacional de Defesa Animal, apto a receber
doações e a deduzir parte do imposto de renda.
– São propostas que contemplam o cuidado com o ser
vivo e atuam como medidas de prevenção de doenças entre a população de baixa
renda – elogia a médica veterinária Norma Centeno Rodrigues.
Outro projeto envolve os rodeios, com a proibição
de provas que consistam "em perseguição, seguida de laçada ou derrubada de
animal". Conforme Rodrigo Teixeira, da Associação Brasileira de Criadores
de Cavalos Crioulos, que promove o Freio de Ouro, se for aprovado o texto
implicará mudanças no rodeios de estilo americano, mais comuns no centro do
país.
As propostas
- SUS Animal – Projeto cria um programa de
atendimento veterinário gratuito para animais pertencentes a donos que
comprovem renda familiar de até três salários mínimos.
- Fundo de Defesa Animal – Proposta institui o
Fundo Nacional de Defesa Animal, autorizado a deduzir do imposto de renda de
pessoas físicas e jurídicas e a receber doações. Os recursos ajudariam na
manutenção da rede de assistência do SUS animal.
- Rodeios – Projeto de lei que proíbe rodeios e
eventos similares a realizar provas com perseguições seguidas de laçadas e
derrubadas dos animais.
GUILHERME
MAZUI
POLICIA
Pesquisa
avalia Forças Armadas na segurança
A maioria dos brasileiros ouvidos por pesquisadores
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) considera que as Forças
Armadas devem ser empregadas no combate ao crime. É o que aponta pesquisa do
Sistema de Indicadores de Percepção Social, divulgada ontem, para avaliar a
relação dos militares com a sociedade.
Apesquisa mostrou que 91,7% das 3.796 pessoas
consultadas em todos os Estados consideram que Exército, Marinha e Aeronáutica
devem colaborar com as polícias militar e estadual, atuando também na segurança
pública. Os entrevistados só se dividem quanto à frequência com que isso deve
ocorrer. Quase metade (47%) diz que o emprego dos militares deve ser constante,
enquanto os demais defendem que isso ocorra apenas em algumas situações
específicas.
A ideia de que as Forças Armadas atuem
cotidianamente contra os criminosos comuns é mais bem aceita entre as pessoas
mais velhas, as de menor faixa de renda familiar e as com menor grau de
escolaridade.
MUNDO
Promessa
em troca de comida
Coreia do Norte aceita paralisar programa atômico e testes
com mísseis para receber ajuda contra a fome crônica no país
A Coreia do Norte já fez muitas promessas nos
últimos anos para, em seguida, quebrá-las. Porém, o acordo anunciado ontem com
os EUA, segundo o qual o regime comunista paralisa o desenvolvimento de armas
nucleares e mísseis capazes de transportar ogivas em troca de comida, é um
passo importante – e positivo – em uma das regiões mais tensas do planeta.
Assinado em Pequim, na China, o novo tratado obriga
o regime de Kim Jong-un a suspender testes com armas atômicas, a parar de
enriquecero urânio e a permitir o retorno dos inspetores da Agência
Internacional de Energia Atômica, expulsos do país há três anos. A
contrapartida americana será o envio de 240 mil toneladas de comida – a
primeira remessa desde que a ajuda foi suspensa em 2009. Como tática de
negociação, os diplomatas de Washington precisaram reforçar repetidas vezes que
os EUA não tinham interesse em derrubar o regime.
A secretária de Estado Hillary Clinton, contudo,
foi cautelosa ao falar sobre o alcance do acordo:
– O anúncio representa um passo modesto na direção
correta. Nós, obviamente, vamos seguir olhando de perto e julgando os novos
líderes da Coreia do Norte por suas ações.
A nação comunista indicou que os EUA se ofereceram
para discutir a suspensão das sanções e o abastecimento de reatores de água
leve para gerar eletricidade como prioridade, uma vez que as negociações sobre
o desarmamento nuclear foram retomadas.
Segundo o especialista Gordon Flake, diretor da
Fundação Mansfield, os norte-coreanos aceitaram uma moratória e inspeções em
troca de algo que os EUA estão dispostos a dar – por isso, trata-se de um bom
acordo para o Ocidente. Pyongyang realizou testes nucleares em 2006 e 2009.
O regime comunista tem investido pesado em
pesquisas militares, mas se demonstrou incapaz de levar comida às mesas da
população do país. Nos anos 1990, uma grande fome matou milhares de pessoas. Ao
mesmo tempo, as agências de ajuda humanitária afirmam que a situação se
deteriorou novamente depois de um inverno inclemente sobre as lavouras
norte-coreanas.
Os quilos a mais de Kim Jon-un, (na foto)
demonstram que ele não passa pelos mesmos problemas de falta de comida
enfrentados pelos homens e mulheres que governa. Na sua estreia diplomática,
ele ao menos emite um sinal de que – ao contrário do pai – importa-se com a
população do país.
Pyongyang
REPORTAGEM ESPECIAL
Dilma
manda resolver
Ao assumir a reforma do Beira-Rio como questão pessoal,
presidente dá ultimato à empreiteira Andrade Gutierrez
A presidente Dilma Rousseff perdeu a paciência e
interveio nas negociações envolvendo a Andrade Gutierrez (AG), o Inter e o
Banrisul. Em um telefonema na terça-feira à direção da construtora, Dilma
enquadrou o presidente do conselho de administração, Sérgio Lins Andrade, e o
presidente-executivo do grupo, Otávio Marques de Azevedo:
– É o meu clube, é o meu Estado. Não há hipótese
nenhuma da empresa sair que nem cachorro e deixar todo mundo de pincel na mão –
esbravejou a presidente.
Irritada, Dilma cobrou uma solução rápida para o
impasse, proibindo a AG de abandonar o projeto. A presidente lembrou que foi a
empresa que se ofereceu para conduzir a reforma e agora precisa cumprir sua
parte.
Esta não foi a primeira vez que Dilma cobrou a
empreiteira. Em viagem recente à Venezuela, ela alertou executivos da AG que o
caso de Porto Alegre tinha uma importância pessoal, e que não admitia ser
"deixada na mão".
Dilma fez ainda referência direta ao caso
Itaquerão, emperrado até o ano passado por falta de garantias envolvendo a
empreiteira Odebrecht. Corintiano fanático, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva também emparedou os diretores da empreiteira e exigiu que a obra tivesse
início.
– Eu quero que o caso Odebrecht seja a inspiração
de vocês. A brincadeira acaba aqui – sentenciou a presidente na conversa com os
executivos da AG.
Do outro lado da linha, empresários garantiram que
o caso seria resolvido a tempo. Para o Planalto, a empreiteira não ousaria
desobedecer uma ordem da presidente. Em 2011, a AG recebeu pelo menos R$ 393
milhões da União referentes a contratos, a sexta construtora que mais recebeu
recursos.
O imbróglio envolvendo Inter e AG vinha sendo
monitorado pelo Planalto há bastante tempo. A nota publicada pela AG nos
jornais, culpando o Banrisul pelo atraso, repercutiu muito mal no Planalto.
– Resolvam de uma vez essa situação com o Banrisul
– determinou a presidente.
CAROLINA
BAHIA E KELLY MATOS | Brasília
Reunião
às pressas e decepção
Não foi ontem, no entanto, que o ultimato de Dilma
deu resultado. Foi sem avanço algum que terminou mais um encontro entre Andrade
Gutierrez e Banrisul, no final da tarde de ontem, na sede do banco, na Capital.
Quatro executivos da empreiteira – um deles, vice-presidente da área
financeira, chamado às pressas de São Paulo – participaram de um encontro para
detalhar a proposta de pedido de empréstimo já feita anteriormente ao
presidente Túlio Zamin:
– Eles só vieram aqui para apresentar um
detalhamento da proposta de ontem (terça-feira), mas não há qualquer diferença
em relação ao já apresentado – declarou Zamin, que veio de Teutônia para a
reunião.
Na reunião de terça, participaram o vice-presidente
de finanças corporativas da AG, Ricardo Campolina, o diretor de desenvolvimento
de novos negócios, Helder Dantas, o diretor de negócios estruturados, João da
Silva Neto, e o diretor de financiamentos estruturados, Luiz Jordão. Não foram
divulgados os nomes dos representantes da AG na reunião de ontem, sabe-se apenas
que Dantas foi um deles.
O único fato novo da reunião de ontem foi a oferta
de uma das empresas do grupo mineiro de fazer aplicações no Banrisul em troca
da liberação dos recursos:
– É algo interessante, mas não ataca o problema
central das garantias– disse o presidente do Banrisul.
Curiosamente, Zamin foi todo elogios ao consórcio
de empreiteiras gaúchas Nex Group, disposto a ser um plano B para a obra. Disse
mais de uma vez que se trata de um "grande parceiro" do Banrisul:
– Se vierem até nós, vamos olhar a proposta deles
com muito carinho.
No Inter, que em meio ao temporal de ontem realizou
uma rápida reunião com a Comissão de Obras, a expectativa é de que o ultimato
de Dilma faça com que a negociação avance significativamente em até 48 horas.
Porém, foi com incredulidade que o presidente Giovanni Luigi recebeu, por
telefone, esquivando-se da chuva, o resultado da reunião da AG com o Banrisul
que ocorria a poucos quilômetros do estádio:
– Mas que barbaridade...
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