PRIMEIRA PÁGINA
Lula é
internado em SP com infecção pulmonar
Ex-presidente volta ao hospital, sem previsão de
alta, após apresentar um quadro de febre. Segundo médicos, trata-se de uma
“reação rotineira” ao tratamento contra o câncer
Previdência
faz governo segurar novos concursos
Objetivo é nomear novos servidores federais só após
a mudança no sistema previdenciário que, entre outros pontos, acaba com a
aposentadoria integral
Recuo do
PC do B
Em artigo publicado ontem, Luciano Siqueira avisa
que seu partido não participará de reunião do “grupo alternativo”, que tenta
encontrar uma opção a João da Costa para a PCR
COLUNAS
Cláudio
Humberto
MPF investiga o BNB
Revoltada com os “lucros irrisórios” do Banco do
Nordeste do Brasil em 2011, ao contrário dos congêneres, sua associação de
funcionários fez duras críticas à má-gestão da entidade e defendeu que os
“culpados por essa sangria” respondam judicial, administrativa e criminalmente.
Segundo Rita Josina, que preside a entidade, o Ministério Público Federal
investiga “operações de crédito suspeitas de fraude” no BNB. A Controladoria
Geral da União também apura denúncias graves envolvendo a gestão do Banco do
Nordeste, cuja sede é em Fortaleza. A associação critica ainda da falta
transparência nas contas do banco, que também seria “alvo de denúncias de
favorecimento a políticos”. Segundo Rita Josina, o lucro do banco, de R$ 314
milhões, foi apenas 0,38% maior que em 2010, bem abaixo do esperado. O BNB
alega que, após o escândalo do Panamericano, o Banco Central endureceu as
regras, “reduzindo as operações e o lucro”.
Conspiração
Sem chances no PT-PE, o ex-prefeito do Recife João
Paulo (foto) tenta a intervenção do PT nacional no diretório municipal
(controlado pelo atual prefeito e inimigo João da Costa), e até no estadual
(controlado pelo senador Humberto Costa), para disputar de novo a prefeitura do
Recife.
Influência militar
Militares ainda mandam na Infraero: a mulher de um
brigadeiro cuida da área de RH e a de um coronel da desastrosa comunicação
social.
Pior que está, fica
O líder do PR, deputado Lincoln Portela (MG), não
perde a provocação: “Vamos chamar Haddad para ser vice de Tiririca em São
Paulo”.
Vida simplificada
Ellen Gracie, ministra aposentada do Supremo
Tribunal Federal, que agora mora no Rio, pode ser vista nos finais de tarde de
Ipanema calçando havaianas brancas de R$ 9,90 e passeando o cachorrinho.
Repaginada
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral,
Ricardo Lewandowski, resolveu dar uma repaginada em seu gabinete. Mandou
substituir a mobília antiga por estilo mais moderno. Presente do contribuinte.
Dólares herdados
Dilma herdou outra de Lula: a enxurrada de dólares,
ou “tsunami”, começou em 2008, quando ele prometeu providências, não sem antes
bravatear: “Poder vir dólar, euro, iene, o que quiser, que brasileiro não tem
preconceito contra dinheiro, nosso preconceito é contra a miséria".
Esperneio
Inconformado por ter perdido cadeira de senador
para Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Wilson Santiago (PMDB) tem espalhado que o
tucano pode perder o cargo com a validação da Lei da Ficha Limpa.
Arrastão
Aviso aos navegantes do ministério da Pesca: como
dizia o mestre Stanislaw Ponte Preta, “em rio de piranha, jacaré nada de
costas”.
Festivo
A Presidência da República, que terá 22 eventos até
o final do ano, reservou R$ 22,4 mil para pagar mestre de cerimônia e
recepcionistas.
Frase
“Preciso do
meu exército, preciso dos bons juízes” – Ministra Eliana Calmon, corregedora do
CNJ, pedindo ajuda para seguir investigando
Para a educação
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) apresentou
emendas, no valor de R$ 3,5 milhões, para capacitação técnica, reforma de
escola, apoio a ações educativas da Polícia Militar e implantação de
biblioteca.
Só pra contrariar
Líder do PSDB, o senador Alvaro Dias avisou ao
governador Beto Richa (Paraná) que não apoiará seu candidato, Luciano Ducci
(PSB), a prefeito de Curitiba: “Não tenho candidato”, diz Alvaro taxativo.
EDITORIAL
As duras
lições gregas
Circula na Europa um estudo com que o francês
Edmond About estreou como escritor, em 1858, com o título A Grécia
contemporânea, um duro libelo acusatório que alimenta uma tendência europeia
crescente de excluir aquele país da zona do euro. Entre outras coisas, About
dizia – há mais de 150 anos, como se vê – que a Grécia era o exemplo de um país
que vivia em plena bancarrota desde o dia em que nasceu. Para fazer eco a esse
estudo tão distante e associá-lo ao que está acontecendo nos dias correntes, é
realçado o trecho do estudo de About onde ele dizia que só se empresta a
governos que se julga estarem bem firmados e suficientemente honestos para
cumprirem os seus compromissos. O contraponto é exatamente a Grécia, à beira do
calote, mesmo quando recebe generosos empréstimos.
Nos dias em que a folia tirou todas as atenções dos
brasileiros para outros assuntos mais sérios, a Europa fazia mais um giro de
discussões sobre como tirar a Grécia da crise que estava latente mas ficou
visível no final de 2009 e ameaça os alicerces de um projeto de União Europeia
que parecia consolidar-se. Feitas as contas na Segunda-Feira de Carnaval,
chegou-se a uma soma que incomoda e faz aguçar a ideia da expulsão da Grécia,
até para evitar a contaminação em curso em outros países. A soma: o resgate da
Grécia deve custar 350 bilhões, aí somados um novo empréstimo de 130 bilhões
aos 110 bilhões de maio de 2010 e aos 107 bilhões de suspensão da dívida
privada. É muito dinheiro e muita concessão para um país que representa algo em
torno de 3% do PIB da Europa e que não parece apto a cumprir aqueles requisitos
de que falava o escritor francês do século 19.
A ideia de expulsar a Grécia da zona do Euro e
criar uma “barreira sanitária” para proteger os demais países vem sendo
alimentada por importantes segmentos, mas a contrapartida também é poderosa:
seria uma cura pior que a doença. E para os gregos uma e outra – cura e doença
– levam a um estado de depressão que ameaça sepultar a mística da democracia,
de que a Grécia serviu como berço. A situação dos trabalhadores, a sujeição dos
gregos a medidas rigorosíssimas, levam a uma tensão que tende a se agravar com
a expectativa hoje dominante de que os empréstimos não serão suficientes para
tirar o país do fundo do poço.
Não podemos trazer para as condições objetivas e
concretas que o Brasil vive hoje os mesmos vírus que prostraram a nação grega,
mas há, sim, sintomas dessa doença que devem nos servir de advertência. Devemos
lembrar, por exemplo, que a Grécia foi sede dos Jogos Olímpicos de 2004 e a
população vivia como vivem hoje grandes segmentos de brasileiros, gastando à
farta, levando bilhões de dólares para comprar quinquilharias no exterior e
vivendo uma farra de consumo, sem se dar conta de que não é possível a uma
nação permanecer estável quando gasta mais do que arrecada – assim também as
famílias –, ou tem uma dívida que tira em juros mais do que dispõe para a
educação e a saúde juntas.
POLITICA
PCdoB
recua e bloco alternativo sofre baixa
Em artigo publicado ontem, Luciano Siqueira avisa que seu
partido não participará de reunião do “grupo alternativo”, que tenta encontrar
uma opção a João da Costa para a PCR
Bruna Serra
Bruna Serra
A disputa nada silenciosa que se estabeleceu na
Frente Popular com vistas à eleição de outubro entra na fase do tudo ou nada
esta semana, com a pressão do prefeito João da Costa (PT) para que seu partido
referende logo o seu nome e com os defensores da candidatura alternativa em
vias de anunciar quem será o escolhido para representar a parcela de
insatisfeitos da aliança. Entretanto, antes mesmo da primeira reunião do grupo
alternativo, comandado pelo PTB do senador Armando Monteiro Neto, uma baixa já
pode ser contabilizada.
Em artigo publicado ontem em seu blog, o deputado
estadual Luciano Siqueira (PCdoB) avisou que seu partido não comparecerá ao
encontro. Oficialmente, a justificativa é que ele tem sua agenda ocupada por
uma reunião com delegados do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de
Pernambuco (Sintepe). Mas o artigo aponta um claro recuo do PCdoB, sob o
argumento de que as diretrizes estabelecidas pelo partido na sua conferência
municipal prega a união dos integrantes da frente. “Não nos interessa fazer um
grupo à parte, separado da frente. Não nos constituiremos num grupo à parte,
nosso grupo é a Frente Popular”, afirmou, categórico, o deputado, ontem, em
entrevista ao JC.
No texto publicado, Luciano Siqueira deixa claro
que está aberto ao diálogo com todos os demais partidos da aliança, mas que não
se dispõe a participar do que o parlamentar chamou de grupo de contestação ao
PT. “A posição do PCdoB é pela unidade, que tem duas formas de acontecer, ou na
candidatura única ou com um pacto de duas candidaturas, mas que seja em plena
sintonia com os demais partidos, inclusive o PT e o PSB. Nossa posição
estabelecida nas diretrizes é pela unidade”, reforçou.
Pego de surpresa com a posição dos comunistas, o senador
Armando Monteiro Neto lamentou a posição externada pelo líder do PCdoB.
“Ninguém levantou a hipótese de deixar a Frente Popular, só estamos construindo
uma alternativa. Lamento que ele tenha mudado de posição, ele conhecia todos os
detalhes da reunião, sabia como aconteceria”, queixou-se o trabalhista. Armando
Monteiro convidou oito partidos para participar do encontro de amanhã – PTB,
PP, PSD, PCdoB, PSC, PRB, PV e PDT. “Se todos irão comparecer, aí eu não posso
garantir”.
De seu lado, o PCdoB segue assegurando que não
houve pressão por parte de qualquer uma das tendências petistas para que
representantes do partido não participassem do encontro. “Ninguém nos procurou,
nós que entendemos que não era adequado”, ressalta Siqueira. PT e PCdoB são
aliados históricos tanto no governo federal quanto municipal. O próprio Luciano
foi vice-prefeito por oito anos na gestão do deputado federal João Paulo e teve
na sucessão de 2008 suas pretensões de ser o sucessor do petista derrubada em
detrimento da opção por João da Costa.
Eduardo
segura PSB paulista
João Domingos
Agência Estado
BRASÍLIA – A federalização da disputa pela
prefeitura de São Paulo entre o PSDB e o PT vai motivar o primeiro anúncio de
que poderá haver intervenção num diretório local de partido interessado em
fazer uma aliança que é desaprovada pela direção nacional da legenda. O
presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, dirá hoje ao presidente estadual do
partido, Márcio França, que as movimentações pró-candidatura do tucano José
Serra não têm validade alguma.
Também governador de Pernambuco, Campos aproveitará
sua passagem por São Paulo para conversar com os dirigentes locais do PSB. Vai
lembrá-los que o último congresso do partido decidiu que todas as alianças para
as eleições de outubro em capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes têm
de ser homologadas pelo diretório nacional.
Eduardo Campos é a favor da aliança com o petista
Fernando Haddad, nome lançado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para
disputar a sucessão de Gilberto Kassab (PSD). Como os socialistas só se
aproximaram de Serra, sem uma decisão tomada pelo diretório, Campos não
anunciará uma intervenção. Mas ela poderá ocorrer, caso os paulistas insistam
em ficar ao lado de Serra.
Em São Paulo os socialistas dizem que se sentem
esnobados pelo PT. De acordo com a assessoria do governador Eduardo Campos,
essa situação é bem entendida pela direção nacional. Mas a política de alianças
para a disputa pela prefeitura de São Paulo terá de ser a que vier da
orientação da presidência nacional do partido.
ECONOMIA
Governo
segura novas contratações
Objetivo é nomear novos servidores federais só após a
mudança no sistema previdenciário que, entre outros pontos, acaba com a
aposentadoria integral
BRASÍLIA – O governo federal está segurando a
realização de concursos para cargos no Executivo para acelerar as contratações,
a partir de 2013, quando o fundo de previdência complementar dos servidores
públicos deverá estar funcionando plenamente. A atitude se deve ao fato de que
40% dos servidores públicos federais terão tempo de serviço suficiente para se
aposentar em cinco anos e a ideia é contratar os substitutos já pelo novo
regime de previdência.
“Muitos concursos foram suspensos até que o fundo
seja aprovado”, afirmou o secretário de Políticas de Previdência Complementar
do Ministério da Previdência, Jaime Mariz.
O projeto de lei que cria o fundo de previdência
complementar dos servidores públicos, que aguarda apreciação pelo Congresso
Nacional desde 2007, estabelece que o teto de aposentadoria do funcionalismo
público federal será o mesmo que o do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), que atualmente é de R$ 3.916,20. Ou seja, os servidores que quiserem
ter uma aposentadoria superior ao teto do INSS terão que fazer uma contribuição
de 8,5% do salário para o fundo por 35 anos.
Deverão ser constituídos três fundos para atender
os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Os militares não estão contemplados.
Após dois adiamentos – no final do ano passado e um pouco antes do Carnaval, a
expectativa do governo é de que a proposta seja apreciada, em segunda votação,
na próxima terça-feira pela Câmara dos Deputados. Na avaliação da equipe da
presidente Dilma Rousseff, é de que o projeto não enfrentará grandes
resistências no Senado. “No momento em que o fundo for aprovado a avaliação do
País será outra. Além disso, estaremos corrigindo uma injustiça”, frisou Mariz.
O secretário explicou que o déficit dos servidores
públicos federais, incluindo os militares, deverá ultrapassar a marca dos R$ 60
bilhões em 2012 para atendimento de um pouco menos de um milhão de
trabalhadores. Já o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), administrado
pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), deve ter um resultado negativo
de cerca de R$ 39 bilhões neste ano com o pagamento de cerca de 24 milhões de
benefícios previdenciários.
Em 2012, não deverá haver um aumento substantivo
das despesas por conta do fundo porque não é esperada apenas a realização de
alguns concursos pontuais, conforme já foi anunciado pela ministra do
Planejamento, Miriam Belchior. Assim que for aprovado, no entanto, o governo
terá que fazer um ajuste no orçamento deste ano para incluir o aporte de R$ 100
milhões da União para o fundo.
Até 2014, haverá um acréscimo adicional nos gastos
públicos de cerca de R$ 30 milhões referente a contribuição da União para os
servidores que serão contratados sob o novo regime. Apesar dessa elevação
inicial das despesas, a expectativa é de que a União tenha uma economia de mais
de R$ 20 bilhões em 2070.
Receita
segue lei, mas prejudica aposentado
SÃO PAULO – A Receita Federal seguiu o que manda a
lei ao elaborar as regras para a declaração do Imposto de Renda deste ano. Mas,
ao fazer isso, o Fisco acabou prejudicando os aposentados que completaram 65
anos de idade até 31 de janeiro de 2011.
Pela lei, os aposentados e pensionistas gozam de um
valor extra de isenção mensal (a partir do mês em que completam 65 anos) e na
declaração anual. O benefício abrange apenas os valores pagos pela previdência
oficial ou por entidade privada.
Assim, quem completou 65 anos até 31 de janeiro de
2011 tem direito ao benefício pelos 12 meses do ano passado.
Mas a Receita, ao calcular o limite global dessa
isenção adicional para 2011 (incluindo o 13º salário), não seguiu a mesma regra
do limite de isenção normal concedido aos demais contribuintes (aqui incluídos
os aposentados com menos de 65 anos). Essa disparidade ocorreu porque em 2011
foram usados dois limites de isenção do IR: um de janeiro a março (R$ 1.499,15)
e outro de abril a dezembro (R$ 1.566,61).
Para o limite anual de isenção, a Receita usou o
valor maior multiplicado por 12 (R$ 18.799,32), conforme o inciso 1 do Artigo
10 da lei nº 12.469.
Já para o limite extra dado aos aposentados com 65
anos ou mais a Receita usou o valor menor por três meses e o maior por dez
meses (incluindo o 13º), conforme o inciso 3 do mesmo artigo. Assim, a soma dá
R$ 20.163,55 (esse é o valor máximo lançado na linha 06 da ficha Rendimentos
Isentos e Não Tributáveis). Se fosse usado o mesmo critério para os
aposentados, a soma seria de R$ 20.365,93 (13 vezes R$ 1.566,61). A diferença
de R$ 202,38 pode ser tributada se esses aposentados tiverem renda anual
tributável acima de R$ 23.499,15.
Um aposentado na alíquota de 7,5% pagará R$ 15,17 a
mais, um na de 15%, R$ 30,35, um na de 22,5%, R$ 45,53, e um na de 27,5%, R$
55,65. Esses valores serão menores se o aposentado completou 65 anos em
fevereiro ou em março do ano passado.
RESTITUIÇÃO
O contribuinte que enviar a declaração de 2012 na
primeira semana poderá receber a restituição em 16 de julho, data programada
para a liberação do segundo lote. Já no primeiro lote, que será pago no dia 15
de junho, receberão os contribuintes com mais de 60 anos, que têm prioridade.
Rápidas
- 'Tsunami' já é de US$ 8,8 trilhões
Os bancos centrais dos países ricos injetaram US$
8,8 trilhões em pouco mais de três anos em seus sistemas financeiros, o que
provoca fortes críticas de autoridades de nações emergentes e causa uma divisão
na comunidade internacional sobre como lidar com a crise. No total, o que a
presidente Dilma Rousseff chamou de “tsunami monetário” já supera em cerca de
quatro vezes o PIB do Brasil. Em uma reunião fechada na Basileia, sede do banco
central dos bancos centrais (BIS), e com a orientação a todos os participantes
para que não vazem nenhum elemento do encontro, o centro do debate foi mesmo a
inundação do mercado com dinheiro barato e a intervenção das autoridades
monetárias.
CAPA DOIS
Oposição
vai dominar Parlamento iraniano
TEERÃ – Conservadores aliados do aiatolá Ali
Khamenei e contrários ao presidente Mahmud Ahmadinejad deverão controlar pelo
menos 75% do novo Parlamento iraniano.
Com 90% dos votos apurados na eleição parlamentar
da última sexta-feira, os deputados da linha-dura conquistaram mais de três
quartos das 290 cadeiras em disputa. O resultado final oficial deve ser apresentado
hoje.
Com as alas reformistas escanteadas, a eleição
virou uma disputa entre facções conservadoras. O maior derrotado é Ahmadinejad,
que tem mandato até o ano que vem.
Dos 216 assentos já declarados, 112 foram ganhos
pelos conservadores que se alinham ao líder supremo. Também foram eleitos seis
candidatos independentes opositores de Ahmadinejad. As cadeiras restantes serão
divididas entre aliados do presidente iraniano e candidatos de centro – que
podem fechar coalizão com o bloco anti-Ahmadinejad.
Apesar de o Irã insistir que desenvolve um programa
nuclear pacífico, a tensão com as potências ocidentais cresce.
Israel cogita um ataque preventivo. Ontem, o
presidente americano, Barack Obama, que se reunirá hoje com o premiê israelense
Benjamin Netanyahu, reafirmou que a ação militar permanece sobre a mesa.
CIDADES
Segundo
mês sem bater meta
Apesar de registrar menos assassinatos em
fevereiro, comparado ao mesmo período de 2011, índice não atingiu redução de
12%
O governo do Estado divulgou os números de
homicídios registrados no mês de fevereiro. Assim como em janeiro, a violência
recuou, mas não atingiu a meta de redução de 12%, estipulada pelo programa
Pacto pela Vida. Foram 286 assassinatos este ano, contra 307, em fevereiro de
2011. Para tentar finalmente alcançar o índice desejado, a Secretaria de Defesa
Social (SDS) vai realizar esta semana uma série de mudanças nos comandos de
batalhões, territórios de segurança e delegacias seccionais.
Em números absolutos, a redução no comparativo de
fevereiro de 2012 com o mesmo período do ano passado é de 6,8%. No entanto, a
Gerência de Análise Criminal e Estatística da SDS, levando em consideração que
o mês passado teve um dia a mais do que fevereiro de 2011, calculou a queda na
taxa de homicídios em 11%.
Desde o ano passado, a SDS vem adotando novas
estratégias para tentar repetir o sucesso da redução de homicídios alcançado em
2010, que fechou com uma queda de 14% na taxa de assassinatos de Pernambuco.
Suspensão de férias dos policiais, proibição da saída de presos do regime
semi-aberto no fim do ano, priorização da captura de homicidas contumazes e
rodízio no comando de áreas consideradas mais importantes foram algumas das
medidas postas em prática.
Para o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio,
as estratégias estão dando resultado. No entanto, a diminuição da violência
desejada precisa de mais tempo para ser atingida. “Há dez meses seguidos, temos
menos de 300 homicídios no Estado. Janeiro e fevereiro registraram os menores
números de assassinatos desde 1996, quando começamos a arquivar esses números.
Faremos algumas mudanças de comando agora para valorizar os profissionais que
apresentaram bons resultados e iremos distribuí-los em posições-chave”,
explicou o secretário de Defesa Social.
Uma das principais mudanças será a ida do
tenente-coronel Paulo Pacífico do comando do Batalhão de Choque para a gerência
do território da Região Metropolitana do Recife. Comandos de território geralmente
são de responsabilidade de coronéis, mas o tenente-coronel Pacífico foi bem
avaliado como chefe do Batalhão de Choque e agora vai administrar o
policiamento ostensivo nos 13 municípios que circundam a capital pernambucana.
CADERNO C
Em carta
para Dilma, cineastas criticam Sky
André Miranda
Agência O Globo
Mais de 20 associações ou sindicatos de
profissionais do setor de audiovisual enviaram carta aberta à presidente Dilma
Rousseff criticando a campanha publicitária que a operadora de TV por satélite
Sky vem fazendo contra a Lei 12.485. Aprovada no ano passado, e atualmente
dependendo de regulamentação da Agência Nacional de Cinema (Ancine) para ser
posta em prática, a lei versa sobre a TV por assinatura, criando, por exemplo,
cotas de proteção para a produção nacional.
A Sky vem atacando a Ancine em anúncios em revistas
e na internet, argumentando que a lei vai representar aumento de preço para o
consumidor e que pode prejudicar alguns gêneros de programas, como os
esportivos. O que os signatários da carta enviada a Dilma dizem, porém, é que a
campanha da Sky “tem como objetivo apenas beneficiar empresas exclusivamente
voltadas para a exploração de nosso crescente mercado interno, sem nada
oferecer em troca”.
O texto segue dizendo que os responsáveis pela
campanha “buscam confundir ‘regulamentação’ com ‘censura’ e ‘imposição
autocrática’”. Assinam a carta grupos como a Associação Brasileira dos
Produtores Independentes de Televisão (Abpitv), a Associação Brasileira de
Cineastas (Abracine) e o Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual do
Rio (Sicav-RJ). A Sky teve acesso ao documento, mas preferiu não se manifestar.
A Agência O Globo mostrou, contudo, que as críticas
sobre o excesso de burocracia na Ancine não são exclusivas da Sky. Durante a
semana, os produtores Renata de Almeida Magalhães e Luiz Carlos Barreto
divulgaram um texto, que intitularam Declaração dos direitos dos cineastas, em
que lamentam o nível de exigência feito pela agência para prestação de contas
dos projetos. Na última terça-feira, a Ancine estendeu por mais 60 dias uma
consulta pública para estabelecer novas normas sobre o tema, o que tem gerado
preocupação no setor.
“São dois assuntos diferentes. As cotas foram
acordadas dentro do Congresso, todos fizeram concessões. Conseguiu-se uma lei
sobre a TV por assinatura que não é a ideal para ninguém, mas era a lei
possível. A Sky está rompendo um consenso de todo o setor”, diz Luiz Carlos
Barreto. “Mas eu acho que a regulamentação da lei deve ser simples. As pessoas
começam a fazer regulamentos em cima de regulamentos, regras em cima de regras,
e muitas vezes isso deturpa o espírito da lei”, continuou o cineasta.
Sobre a Declaração dos direitos dos cineastas, Luiz
Carlos Barreto explica que o texto surgiu a partir de uma nova Instrução
Normativa que a Ancine quer aprovar.
“As normas que estão sendo propostas pioram a
burocracia que já existe hoje. Houve uma inabilidade da Ancine de ter ao mesmo
tempo dois debates de regras polêmicas e pesadas” diz Barreto.
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