PRIMEIRA PÁGINA
Projeto
de petistas tenta barrar prorrogação
Deputados preparam proposta para forçar licitação,
o que dificulta ainda mais a negociação com as concessionárias.
A luta
inglória para conter alta do real
Ingresso de dinheiro no país em busca do juro alto
preocupa governo.
EDITORIAL
Pesca de
interesses
Criado unicamente para acomodar interesses
políticos, o Ministério da Pesca e Aquicultura passa por nova transição: sai
Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira, que entrou em junho de 2011, e entra o senador
e bispo da Igreja Universal Marcelo Crivella, que também não carrega no seu
currículo de homem público qualquer afinidade com o setor pesqueiro. Na sua
primeira entrevista depois de ser confirmado para o cargo, ele mesmo ironizou a
situa- ção, afirmando que nem sequer sabe colocar uma minhoca no anzol. Vai
para o folclore da política brasileira, mas o problema nem é esse. Um ministro
nem sempre precisa ser especialista na área de atuação de seu ministério.
Cabe-lhe, isto sim, orientar, coordenar e supervisionar os órgãos federais sob
sua responsabilidade e referendar a política do governo. Pouco interessa para
os cidadãos se o ministro sabe ou não pescar. Interessa, antes de tudo, se o
ministério é útil e necessário para o país, e, em caso positivo, se ele está
capacitado para comandá-lo com eficiência e espírito público.
No caso específico, nenhuma dessas premissas está
sendo atendida. Esse ministério pouco significativo tem sido utilizado
reiteradamente para acomodar aliados políticos do governo. É o que está
acontecendo agora, novamente. Ninguém desconhece que o senador Crivella foi
chamado para atenuar a resistência de grupos religiosos ao candidato petista à
prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, estigmatizado por defender o chamado
kit gay durante sua passagem pelo Ministério da Educação. Marcelo Crivella é um
dos expoentes da bancada evangélica no Congresso Nacional – e aí se localiza
outra deformação do nosso sistema representativo. Os parlamentares deveriam
representar partidos políticos, e não grupos de interesse nem sempre afinados
com as demandas coletivas da sociedade.
Mas o mais preocupante é mesmo o loteamento do
governo por conta de alianças par- tidárias. A ampliação do número de
ministérios do governo Fernando Henrique (26 pastas) para o governo Lula (37
pastas) contribuiu para a elevação do gasto anual da folha de pagamento do
funcionalismo federal de R$ 75 bilhões em 2002 para R$ 179,5 bilhões em 2010.
Vários ministérios tiveram que alugar prédios em outras áreas de Brasília
devido à superlotação da Esplanada dos Ministérios. O da Pesca, por exemplo,
gasta R$ 7 milhões por ano no aluguel de um prédio de 14 andares que os
titulares da pasta sequer costumam frequentar, pois preferem dar expediente em
seus gabinetes na Esplanada.
Embora houvesse manifestado a intenção de promover
uma reforma ministerial com redução de pastas, a presidente Dilma entrou no
segundo ano de sua administração sem levar seu propósito adiante. É uma pena. E
também é lastimável que comprometa sua boa administração com concessões
políticas como a que transforma o polêmico Ministério da Pesca em palanque
eleitoral.
COLUNAS
BRASÍLIA:
Carolina Bahia
O voo da Copa
Depois de pressionarem a Andrade Gutierrez por uma
solução para o impasse no Beira-Rio, Tarso Genro e a presidente Dilma
aproveitarão o voo até Hannover para afinar o discurso. No foco da conversa, a
modelagem do consórcio e o papel do Banrisul. Há quem diga na Esplanada que o
banco está exagerando e poderia contribuir mais para um acordo. É um erro, no
entanto, misturar a questão técnica com a política. O Banrisul cumpre seu papel
ao endurecer nas garantias. Mas Dilma e Tarso também estão em seus papéis ao
pressionar politicamente a empreiteira. Uma reação, aliás, atrasada. Se tivesse
ocorrido meses atrás, talvez a obra já estivesse adiantada. Contra a parede,
finalmente ontem um representante da AG falou, acenando com uma solução no
prazo imposto por Tarso. Preocupa, no entanto, que a empresa queira atrair em
duas semanas os investidores que até agora não teve capacidade de apresentar.
Dilma e Tarso ainda têm muito o que se preocupar.
O chamado
Eram três horas da tarde de ontem quando o celular
do deputado Paulo Pimenta (PT, foto) tocou. A ligação era de Portugal.
– Boa tarde, aqui é Otávio Azevedo, presidente do
Grupo Andrade Gutierrez, tudo bem?
O executivo manifestou interesse por um encontro
com parlamentares gaúchos, mas avisou que permaneceria na Europa nos próximos
dias. Pimenta, então, sugeriu que a reunião ocorresse na quinta-feira, em
Brasília, e Azevedo confirmou presença.
Quase ministro
O deputado Vieira da Cunha já não acha graça quando
o chamam de ministro. O PDT desconfia de que a presidente Dilma desistiu de
devolver o Ministério do Trabalho para o partido. A pá de cal teria sido a
infidelidade na votação do fundo de previdência dos servidores. Vieira da Cunha
foi um dos que votaram contra o governo. PT e PTB estão na fila como candidatos
à vaga.
Escala
O governador Tarso Genro aproveita a passagem por
Brasília, antes de embarcar com Dilma para a Alemanha, e se reúne hoje com o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A ideia é agilizar repasses ao
Estado, para construção de novos presídios e para equipar agentes gaúchos na
Fronteira. O plano estadual de combate ao crack também está na pauta.
PARA CONFERIR ali adiante
Tabuleiro - Para acomodar o PR, uma das equações em
estudo no Planalto é transferir Mendes Ribeiro para o Ministério dos
Transportes e abrir a vaga da Agricultura para o senador Blairo Maggi (MT), um
dos maiores produtores de soja do mundo. Mendes, no entanto, jura que ninguém o
consultou.
POLÍTICA
Petistas
tentam proibir prorrogação
Deputados preparam projeto de lei para forçar o
Piratini a realizar licitação e alterar atual sistema de concessão de estradas
Desconfiada das reais intenções do Piratini em
relação ao lançamento de licitação para contratar novo modelo de pedágio em
2013, a bancada do PT na Assembleia está elaborando uma proposta para proibir o
governo Tarso Genro de renovar as atuais concessões. Os deputados petistas Raul
Pont e Marisa Formolo estão liderando o movimento que deixa ainda mais
embaralhado o futuro das estradas pedagiadas.
– O sentido é esse, de vedar, proibir a renovação
dos atuais contratos. A ideia é buscar o apoio de vários partidos – afirma o
deputado Raul Pont, presidente estadual do PT.
A proposta surgiu após movimentos dúbios do
Piratini. Ao mesmo tempo em que se declara favorável à licitação, mantem
negociações com o Univias – consórcio interessado na renovação das concessões.
Incomodados com o flerte entre o governo e a concessionária – que acena com a
redução da tarifa e a extinção da praça de Farroupilha, promessas de campanha
de Tarso Genro –, os petistas resolveram radicalizar no enfrentamento ao
Piratini.
– Vamos fazer uma organização com todos os partidos
da base e com aqueles que assinaram a criação da Frente Parlamentar Contra a
Prorrogação dos Pedágios – disse Marisa.
Chefe da Casa Civil nega constrangimento
Nas negociações com o Univias, o governo,
representado pelo titular da Assessoria Superior do Governador, João Victor
Domingues, chegou a solicitar, em janeiro, uma redução mais drástica da tarifa.
Foi justamente o avanço nas tratativas com o
Univias que sobressaltou os deputados. É possível que eles optem por um modelo
de projeto que necessite somente da aprovação parlamentar, dispensando a sanção
do governador, como um decreto legislativo ou uma emenda à Constituição
estadual. A tramitação da proposta, acredita Pont, poderá ser célere:
– É um projeto igual aos outros, temos de fazer
tramitar. Mas claro que, se for assinado por vários partidos, poderemos ter uma
aceleração.
O chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, assegura que
a iniciativa não constrange o governo:
– Não tem problema nenhum. Vai ao encontro do que
defendemos.
CARLOS
ROLLSING
Edital
gera divergência
O edital de contratação da consultoria que irá
desenhar um novo modelo de pedágios para o Estado também é alvo de polêmica
entre o Piratini, a bancada do PT e setores ligados à área dos transportes.
O termo de referência – documento que precede a
concorrência pública e lista as diretrizes para o futuro das praças de pedágio
– estaria sendo redigido com brechas supostamente facilitadoras para a
renovação das atuais concessões.
A deputada estadual Marisa Formolo (PT), cuja
atuação tem irritado o Piratini, e integrantes do Comitê Gaúcho de Controle
Social fizeram pedidos de alterações no conteúdo do termo de referência.
– Modernizar não é a mesma coisa do que encerrar os
contratos, por exemplo – afirma Marisa.
Para ela, a adoção do conceito
"modernizar" não significaria que a prorrogação das atuais concessões
está fora de cogitação. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de
Cargas e Logística (Setcergs), José Carlos Silvano, diz que as cerca de 40
páginas do termo de referência projetam a renovação das concessões de rodovias.
– Eles usam a semântica. Falam em modernização para
esconder o termo prorrogação. O termo de referência mira a continuidade do
atual plano estadual de rodovias – reclama Silvano.
O titular da Assessoria Superior do Governador,
João Victor Domingues, nega a existência de brechas:
– Isso é uma interpretação deles. E as sugestões
foram acatadas.
STJ
mantém pedágio a R$ 6,70
O governo Tarso Genro amargou nova derrota na
contenda contra o reajuste nas tarifas de pedágio, autorizadas pelo Tribunal
Regional Federal no início do ano após pedido das concessionárias.
O Superior Tribunal de Justiça negou pedido do
Piratini para suspender as liminares que garantiram o aumento para R$ 6,70. O
Estado alegou "grave lesão à ordem administrativa e à economia
pública".
Na resposta, o presidente da Corte, Ari Pargendler,
ressaltou que eles estão previstos nos contratos e que, "à míngua"
dos argumentos do governo, não há como falar em lesão à economia pública.
TSE pode
barrar 21 mil políticos
Medida torna inelegíveis candidatos que, em eleições
anteriores, tiveram contas recusadas
Em uma espécie de reforço à Lei da Ficha Limpa, o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) resolveu barrar todos os candidatos que
tiveram suas contas rejeitadas em eleições anteriores. A medida tem potencial
para tirar das urnas eletrônicas os nomes de 21 mil políticos.
Na prática, o TSE alterou sua interpretação sobre o
tema. Antes, bastava que o candidato apresentasse suas contas ao final da
campanha. A aptidão à candidatura estava garantida, independentemente de as
contas serem aprovadas ou não.
– Quem não tiver quitação eleitoral (contas
aprovadas), não terá o registro – afirmou o presidente do TSE, Ricardo
Lewandowski.
O novo impedimento para candidaturas consta de uma
resolução aprovada na quarta-feira pelo TSE. A norma estabelece regras para a
eleição municipal deste ano. O prazo de impedimento das candidaturas deverá ser
estabelecido pela Justiça Eleitoral durante o julgamento de casos concretos.
Esse detalhe deverá provocar diversos questionamentos judiciais de políticos
eventualmente barrados na eleição deste ano. Mas o TSE definiu que, se as
contas foram prestadas e a Justiça Eleitoral ainda não as analisou, o candidato
poderá participar da eleição.
Medida do TSE pode gerar série de disputas
jurídicas
A decisão tomada pelo TSE por 4 votos a 3 poderá,
em tese, ser contestada no TSE e no Supremo Tribunal Federal (STF), criando uma
confusão durante o período eleitoral, a exemplo do que ocorreu com a Ficha
Limpa. A constitucionalidade da resolução poderá ser questionada por meio de
uma ação direta de inconstitucionalidade, que pode ser proposta por partidos
políticos.
Brasília
Ibsen
anuncia que fica
Durante a reunião do diretório estadual do PMDB na
noite de ontem, integrantes do partido se revezaram nos apelos pela permanência
de Ibsen Pinheiro no comando da sigla. Após ouvir os colegas, o ex-deputado
anunciou que fica no cargo até dezembro.
Ele afirmou que, a partir de agora, assume o papel
de cabo eleitoral número 1 do PMDB nas eleições municipais:
– Unidade se faz inevitavelmente pela unificação de
conceito em pontos fundamentais.
Desde dezembro, quando havia comunicado sua saída
do cargo, Ibsen está no centro de uma disputa interna em relação ao futuro da
legenda na Capital: lançar candidato próprio ou apoiar a reeleição de José
Fortunati (PDT).
O tema das eleições em Porto Alegre também foi
debatido no encontro. Integrantes do diretório estadual defendem candidatura
própria – e Ibsen ainda era considerado uma possibilidade.
Já o diretório municipal deveria manter a resolução
de indicar o vice na chapa de Fortunati. O atual prefeito foi eleito vice de
José Fogaça (PMDB), que renunciou para concorrer a governador.
Senador
do PP defende práticas da ditadura militar
O senador Ivo Cassol (PP-RO) defendeu ontem a
adoção de práticas da ditadura militar (1964-1985) para garantir a eficiência
no serviço público.
Em audiência da Comissão de Agricultura, Cassol
disse que "tem hora que a democracia enche o saco e acaba
atrapalhando", por isso práticas como "tiro e grito" devem ser
implantadas no governo:
– De pessoas que só querem ganhar salário, não
querem produzir, já estamos com o saco cheio.
A audiência foi realizada para ouvir o
diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit),
general Jorge Fraxe, sobre a situação da BR-364, que liga Mato Grosso ao Acre e
a Rondônia. Cassol reclamou da situação das rodovias e da atuação do Dnit:
– Os caras que não derem para produzir, bota para
correr, porque não temos como ficar aguardando a morosidade de tudo em nome da
democracia.
E completou:
– Respeito a democracia, mas tem hora que enche o
saco, tem hora que acaba atrapalhando, porque é muito direitos humanos,
entendeu, para vagabundo, safado, sem vergonha.
ECONOMIA
Alta do
real vai exigir vigilância
Governo multiplica medidas para conter valorização do
câmbio, mas analistas advertem que iniciativas ainda são insuficientes
Bastou uma pequena melhora no cenário internacional
para que uma preocupação pré-crise voltasse a mobilizar o Brasil. Depois de
sucessivas intervenções no câmbio, ontem o governo tomou mais uma medida para
tentar segurar a alta do real frente ao dólar, exigindo que recursos em moeda
estrangeira fiquem mais tempo no país para não pagar imposto.
Embora bem avaliadas por especialistas, as medidas
adotadas nos últimos dias podem não ser suficientes para atingir o objetivo
desejado. Analistas afirmam que deverá ser necessária a adoção de medidas
adicionais – admitidas ontem pelo próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Entre as sugestões de economistas, estão desde uma supervisão mais forte do
Banco Central sobre o cumprimento das obrigações de empresas que fazem
investimentos considerados produtivos – em fábricas ou unidades comerciais no
Brasil – até a ampliação da atividade do Fundo Soberano Brasileiro para usar
melhor os recursos das reservas, inclusive para reduzir o custo do crédito para
exportações e importações.
– É preciso adotar uma quarentena para recursos
externos que ingressam no país por um prazo acima de seis meses – propôs o
ex-secretário de Política Econômica Luiz Gonzaga Belluzzo, voz respeitada no
Planalto.
Belluzzo inclusive usou a mesma expressão da
presidente Dilma Rousseff para se referir ao temor do governo, mencionando um
"tsunami de dinheiro" que está chegando ao Brasil.
– É uma medida na direção certa, mas é pouca coisa
– avaliou Roberto Troster, que já foi economista-chefe da Federação das
Associações de Bancos do país (Febraban).
Troster sugere que país invista mais no aumento da
produtividade interna, assim como Alcides Leite, professor da Trevisan Escola
de Negócios, para quem é necessário estabelecer uma política industrial de
longo prazo, com redução da carga tributária e dos custos de mão de obra e de
financiamento.
– Controles de capital no mundo globalizado são
medidas inócuas. É como tentar segurar a água com a mão. Sempre vai ter um
espaço, uma brecha – afirmou Leite.
Fundo soberano pode ser ativado para reforçar ação
Quem defende maior atuação do Fundo Soberano do
Brasil (FSB) é Natan Blanche, sócio da Tendências Consultoria:
– Medidas como o uso do IOF para empréstimos
externos podem ser eficientes de maneira pontual, mas não serão úteis para
atacar questões estruturais, como a injeção monumental de recursos pelos
principais bancos centrais do mundo.
– É uma briga que dificilmente vai se ganhar –
reforçou Fernando de Holanda Barbosa Filho, professor da Fundação Getulio
Vargas (FGV).
– A valorização do real decorre, neste momento,
muito mais das expectativas que se formam em torno da visão prospectiva de
elevados ingressos de recursos externos no país, do que da realidade presente –
analisou Sidnei Nehme, diretor executivo da NGO Corretora de Câmbio.
Tsunami
de Dilma e guerra de Mantega
Um dia depois da injeção de mais de 500 bilhões de
euros, a presidente Dilma Rousseff criticou o tipo de medida adotado contra a
crise.
– Nos preocupamos, sim, com esse tsunami monetário
dos países desenvolvidos, que literalmente despejam US$ 4,7 trilhões no mundo,
de forma muito perversa para o resto dos países, principalmente os emergentes –
afirmou Dilma, reclamando da "canibalização" desses mercados.
A palavra escolhida por Dilma para lembra outro
tsunami, usado pelo antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, para afirmar que o
efeito da crise de 2008 seria menos grave do que o temido no Brasil. Ao
explicar o aumento de imposto para capital estrangeiro, o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, admitiu que pretende desestimular a entrada de recursos de curto
prazo, que valoriza o real e reduz a competitividade das empresas brasileiras.
– É a chamada guerra cambial. O governo não verá
impassível essa guerra. Temos de nos defender.
Infraero
tem dúvidas sobre ampliação de pista
Presidente da estatal avalia que poderá ser necessário
construir novo aeroporto em Porto Alegre
Em audiência no Senado, o presidente da Infraero,
Gustavo do Vale, disse que o projeto do Exército para ampliar a pista do aeroporto
Salgado Filho mostrará se é viável expandi-la. A obra é esperada há pelo menos
15 anos. O estudo, apesar de o Exército garantir que entregou, ainda não está
com a estatal em Porto Alegre.
Conforme Vale, ainda neste semestre o governo vai
decidir o que fazer com o terminal da capital gaúcha. Para o executivo, a
ampliação da pista de 2.280 metros para 3,2 mil metros melhoraria a situação do
aeroporto por um período curto, mas logo se tornaria limitada em razão do
aumento de demanda, e não há espaço para a construção de outra, já que a cidade
cercou o Salgado Filho.
Em Porto Alegre, o superintendente do aeroporto
Salgado Filho, Jorge Herdina, disse que desconhece a possibilidade do projeto
de ampliação da pista ser suspenso:
– São coisas que precisam ser feitas paralelamente.
Um novo aeroporto pode levar até 15 anos para entrar em operação. Não recebi
nenhuma orientação de que o plano de ampliar a pista poderia ser suspenso.
O segundo terminal mais problemático do país
Ainda conforme Vale, uma opção seria começar
imediatamente o projeto de um novo aeroporto na região metropolitana da capital
gaúcha. A proposta já foi lançada e apresentada em Brasília ainda no ano
passado. Na audiência no Senado, o presidente da Infraero apontou o terminal de
Porto Alegre como o segundo mais problemático do país – o que pode determinar a
construção de um novo nos próximos 10 anos.
– Um aeroporto demora oito anos para ser concebido
e construído. Certamente nesse tempo o atual de Porto Alegre não vai comportar
a demanda, mesmo com a pista ampliada, e será necessário um novo – afirmou
Vale.
Na frente da capital gaúcha, a situação mais
problemática está em Rio Branco, no Acre. Vale classificou a atual pista do
aeroporto como "um verdadeiro tobogã". Segundo o dirigente, a pista
tem desníveis causados por problemas no terreno que fazem com que seja
necessário uma equipe permanente de manutenção no local. Para o presidente, o
mais provável é que a cidade também tenha de receber um novo terminal.
EUA
mantêm interesse em aviões
Os Estados Unidos continuam interessados em uma
possível compra de aeronaves leves de combate produzidos pela Embraer, apesar
de uma embaraçosa suspensão de contrato ocorrida esta semana. A informação foi
dada pelo subsecretário de Estado norte-americano, William Burns, acrescentando
que a suspensão não tem a ver com o avião Super Tucano, que deveria ser usado
no Afeganistão.
– A Embraer é uma grande empresa e o Super Tucano é
um ótimo avião – disse Burns.
TAM é
notificada sobre atraso
A Agência Nacional de Aviação Civil notificou ontem
a TAM para esclarecer a assistência dada aos passageiros do voo JJ 8084, que
atrasou quase oito horas para sair do aeroporto de Guarulhos em direção a
Londres. O voo deveria decolar às 22h50min, mas só partiu às 6h37min de ontem.
No período, passageiros disseram que não puderam sair da aeronave. A TAM pode
ser multada em até R$ 7 mil por passageiro, totalizando cerca de R$ 1,7 milhão.
2ª via
do CPF agora pela web
A segunda via do CPF foi liberada no site da
Receita Federal para qualquer cidadão que necessite comprovar que está inscrito
no Cadastro de Pessoas Físicas. Antes, a emissão do comprovante de inscrição no
site da Receita Federal só era permitida para quem era cadastrado no Centro
Atendimento ao Contribuinte (e-CAC), mediante o uso de certificado digital ou
código de acesso obtido com o número do recibo das duas últimas declarações do
Imposto de Renda.
RS tem
terceiro melhor serviço do SUS
O Rio Grande do Sul tem o terceiro melhor serviço
do Sistema Único de Saúde (SUS) do país. A nota de 5,9 (vai de zero a 10) foi
divulgada ontem pelo Ministério da Saúde, no lançamento do Índice de Desempenho
do SUS (Idsus), que também selecionou Porto Alegre como a quarta melhor
capital, com 6,51 pontos.
A Região Sul dominou os rankings do Idsus, que
apresentou Santa Catarina e Paraná na frente entre os Estados. As capitais
foram lideradas por Vitória, Curitiba e Florianópolis (veja quadro ao lado). A
média de pontuação nacional é de 5,47. Técnicos do ministério afirmaram que a
média 7 teria sido considerada aceitável para o país.
– Na atenção básica, o acesso é mais fácil. Já na
atenção especializada, como cirurgias, o acesso está mais difícil e, por isso,
jogou a nota mais para baixo – explicou Afonso dos Reis, coordenador-geral de
Monitoramento e Avaliação do SUS no ministério.
– O índice nacional mostra claramente que o acesso
e a qualidade é o grande desafio do SUS – afirmou o ministro da Saúde,
Alexandre Padilha.
O indicador foi feito a partir do desempenho
alcançado pelas cidades em 24 quesitos, como número de equipes de saúde da
família, média de consultas durante pré-natal e mortalidade de menores de 15
anos nas UTIs. Eles foram escolhidos por serem, na avaliação do ministério,
capazes de identificar o grau de acesso da população aos serviços e a qualidade
do atendimento.
Os números foram coletados entre 2007 e 2010. Dos
5.633 municípios analisados, 20,7% tiveram notas entre 0 e 4,9. Estas cidades
concentram 27,1% da população brasileira. O Idsus será calculado a cada três
anos. Porém, o ministério pretende fornecer uma avaliação anual às prefeituras
e Estados, com o objetivo de estimular os gestores locais a cumprir metas.
MUNDO
O jogo
argentino nas Malvinas
Ao mesmo tempo em que endurece no campo econômico,
Buenos Aires propõe novas linhas aéreas para território britânico
A um mês do aniversário de 30 anos da Guerra das
Malvinas, em 2 de abril, o tom das provocações entre Argentina e Grã-Bretanha
esquentou ontem, acrescentando um contorno econômico para um problema
diplomático. Londres convocou o encarregado de negócios da embaixada argentina
em Londres para explicações, logo após a ministra da Economia do país
latino-americano pedir a 20 empresas nacionais que deixassem de importar
produtos britânicos.
O governo de Cristina Kirchner ainda manifestou o
desejo de que só fossem consumidos bens de países que reconhecem as Malvinas
(Falkland Islands, para os britânicos) como território argentino. Em uma
mistura de malandragem política com apaziguamento, também ontem, a presidente
do país, propôs a criação de dois ou três voos semanais saindo de Buenos Aires
com a companhia aérea Aerolíneas Argentinas, uma estatal, tendo como destino o
arquipélago do Atlântico Sul. Atualmente, as Malvinas são ligadas ao continente
por quatro voos mensais saindo de Santiago, capital do Chile, pela companhia
LAN, para o aeroporto de Mount Pleasant, a poucos quilômetros da cidade de Port
Stanley, capital das ilhas. Duas vezes ao mês, as aeronaves fazem escala em Río
Gallegos, a 2,5 mil quilômetros de Buenos Aires.
Seis voos mensais às ilhas partem da Grã-Bretanha
Nos voos, em geral, viajam britânicos (ligados à
pesca e à exploração de petróleo), chilenos (que trabalham por temporadas nas ilhas),
além de veteranos e familiares de soldados mortos, para render homenagem. Há
poucos turistas, que em geral preferem a via marítima para chegar às ilhas.
Outros seis voos mensais chegam da Grã-Bretanha. O anúncio foi surpreendente
porque os cidadãos britânicos das Malvinas temiam que as linhas fossem
interrompidas pela Argentina em meio à recente escalada entre Londres e Buenos
Aires.
Na quinta-feira, a Argentina pediu que a União de
Nações Sul-Americanas (Unasul) se reúna com membros da União Europeia (UE) para
analisar o conflito sobre a soberania do arquipélago, depois que Londres
recorreu à mediação de Bruxelas pelo boicote comercial proposto pelo governo de
Cristina.
Buenos Aires
“A
Argentina quer obrigar a Grã-Bretanha a negociar”
Mario Rapoport, Professor da Universidade de Buenos Aires
Autor de 15 livros sobre diplomacia e história
argentina, Mario Rapoport afirma que as reclamações sobre as Malvinas se
intensificaram pelas reações do governo britânico a uma reivindicação
histórica. Confira:
Zero Hora – Por que a disputa agora?
Mario Rapoport – É uma demanda permanente da
Argentina. Não é uma questão ocasional ou pontual. É uma reação a partir das
iniciativas do britânicos nas Malvinas em torno do petróleo e outras atividades
econômicas que querem realizar ali. Não é uma questão conjuntural, que tenha a
ver com problema político interno argentino. A reação britânica foi forte
também, o que obriga o governo argentino a uma réplica maior.
ZH – A população argentina respalda essa reclamação?
Rapoport – Absolutamente. É um tema trabalhado
desde a escola primária. As crianças aprendem que as Malvinas pertencem à
Argentina desde o primário, está nos mapas, está por todos os lados. É uma
reivindicação histórica da Argentina.
ZH – Há possibilidade de um conflito armado?
Rapoport – Esqueça o conflito armado. Isso foi uma
questão de uma ditadura militar pavorosa que tivemos. O que há de diferente
neste momento é o apoio dos países latino-americanos. Existe um processo de
integração no continente que favorece as reclamações em relação às Malvinas. E,
ao mesmo tempo, a Grã-Bretanha tem dificuldades porque a União Europeia está em
uma grave crise. O que a Argentina quer é obrigar a Grã-Bretanha a negociar,
nada mais do que isso.
Chávez
diz estar “levantando voo”
Após suposta hemorragia, venezuelano descreve recuperação
em Cuba
Depois de ser operado em Havana, para a retirada de
um tumor na região pélvica, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, postou em
seu Twitter que está "levantando voo como um condor". Mas a
recuperação da cirurgia realizada no início da semana não estaria sendo tão
tranquila.
Chávez teria sofrido uma hemorragia na noite de
quarta-feira, conforme informações do blogueiro e colunista do jornal El
Universal Nelson Bocaranda e do colunista do jornal O Globo Merval Pereira. Na
semana anterior, foi Bocaranda quem revelou que Chávez teria de novamente ser
tratado em Cuba por conta de uma reincidência do tumor do qual foi operado em
junho. Segundo Bocaranda, o problema teria sido causado por um dreno, e
estancado, não sendo necessária uma nova cirurgia.
Pouco depois do anúncio da suposta hemorragia,
Chávez falou por telefone com a emissora oficial VTV. Disse estar "feliz e
maravilhado", comentou um programa social do governo de Caracas, relatou
que já estava andando e contou que comeu iogurte pela manhã. Mais cedo,
escreveu em sua conta no Twitter que está atento a tudo o que acontece no país
durante a sua convalescença em Cuba.
"Bom dia! Estou muito feliz vendo por nossa
VTV como avança a Grande Missão Vivenda Venezuela!", escreveu Chávez.
Esta foi a quinta mensagem escrita pelo presidente
no Twitter desde a quarta-feira, quando reapareceu pela primeira vez depois de
sua operação, para assegurar que está "levantando voo como o
condor!".
Caracas
REPORTAGEM ESPECIAL
PMDB se
rebela e presidente busca Lula
Em meio à efervescência política que envolve o PDT,
o PMDB se valeu ontem da temporada de negociações eleitorais para apresentar
sua fatura para a presidente Dilma Rousseff. Para conter a pressão do PMDB, ela
procurou o ex-presidente Lula. A visita reservada em São Bernardo do Campo foi
o primeiro encontro entre os dois desde que José Serra (PSDB) virou
pré-candidato à prefeitura de São Paulo.
Incomodado com as ações do governo para a
construção de um palanque sólido para Fernando Haddad na capital paulista, o
comando peemedebista autorizou um manifesto dos deputados contra a
"hegemonia" do PT.
O estopim da crise foi a nomeação do senador
Marcelo Crivella (PRB-RJ) para a pasta da Pesca sem que o vice-presidente
Michel Temer tivesse sido comunicado. Temer não deteve a rebelião, o que
permitiu a adesão de seus aliados. No documento, o grupo diz que a relação
PT-PMDB é "desigual e injusta" e que vive em uma "encruzilhada,
onde o PT se prepara, com ampla estrutura governamental, para tirar do PMDB o
protagonismo municipalista no país".
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