PRIMEIRA PÁGINA
Brasil
perde altitude, mas ensaia arremetida
Em ritmo menor, de 2,7%, economia deve ganhar hoje
novo impulso com corte de juro.
Projetos
podem dar mais rigor à Lei Seca
Congresso discute ao menos 45 propostas para mudar
legislação sobre bebida e direção.
EDITORIAL
Flexibilidade
na Lei Seca
A Câmara dos Deputados está prestes a aprovar uma
flexibilização na chamada tolerância zero para motoristas que ingerem álcool
antes de dirigir. A alteração da Lei Seca, menos de quatro anos depois de sua
entrada em vigor, prevê um parâmetro para diferenciar o motorista que
eventualmente tenha bebido um copo de cerveja daquele que dirige embriagado.
Condutor que for pego depois de ter ingerido qualquer dose de álcool, porém,
vai continuar sendo submetido a multas e à perda da carteira de habilitação.
Parece sensato. Não tem sentido abrir processo criminal contra pessoas que
consomem álcool com parcimônia.
O importante é que as pretendidas mudanças na lei,
se entrarem em vigor, possam contribuir para facilitar a aplicação das punições
e não simplesmente para reforçar ainda mais a impunidade. Sob os parâmetros
atuais, o Brasil dispõe de um rigor equivalente ao usado contra motoristas que
dirigem depois de ingerir bebida alcoólica em países como Noruega, Suécia e
Polônia.
Na América do Sul, a tolerância brasileira ao uso
do álcool antes de dirigir fica atrás só da estipulada na Colômbia, onde o
limite é realmente zero. Isso explica o fato de, mesmo continuando a figurar
entre os recordistas de mortes no tráfego, a maioria das quais associadas à ingestão
em excesso de bebida pelo motorista, o Brasil estar conseguindo finalmente
reduzir as estatísticas trágicas. A questão é que, no entendimento da Justiça,
motoristas não são obrigados a se submeter a exames ou ao bafômetro, o que
dificulta as punições.
Um dos méritos da Lei Seca, em vigor desde 2008, é
o de vir contribuindo para conter o número de acidentes e de mortes no
trânsito, graças ao seu rigor e ao debate despertado na sociedade. É importante
que a disposição se mantenha, pois esse instrumento legal precisa continuar
colaborando para a redução da mortandade no trânsito, sem dar margem a qualquer
tipo de excesso ou injustiça.
COLUNAS
PÁGINA 10
Rosane
de Oliveira
Eles tinham razão
Quando o piso salarial foi aprovado e transformado
em lei, com previsão de reajuste pela variação do custo/aluno Fundeb, a então
secretária de Educação, Mariza Abreu, fez uma advertência: para pagar, seria
preciso mudar o plano de carreira do magistério gaúcho. Aliás, a própria lei do
piso previa a adequação dos planos de carreira. Mariza só faltou ser
crucificada pelo Cpers e pelos líderes do PT por propor o que era considerado
uma heresia.
Em janeiro deste ano, o secretário da Fazenda, Odir
Tonollier, disse que se o piso fosse corrigido em 22% (índice do Fundeb), o
governo não conseguiria implementá-lo nem em 2014. Quase caiu o mundo. O
Piratini correu para garantir que o pagamento do piso era promessa de campanha
e que isso seria feito de forma escalonada. Tonollier foi temporariamente
desautorizado.
Os fatos posteriores mostram que Mariza e Tonollier
tinham razão: o Estado não tem como pagar o piso de R$ 1.451 sem comprometer as
finanças públicas e, por isso, vai recorrer à Justiça para contestar o reajuste
de 22,2% e tentar provar que a correção deve ser feita pelo INPC. Pela primeira
vez, o Piratini admitiu que, se prevalecer a correção pelo Fundeb, será preciso
discutir mudanças no plano de carreira. A realidade das finanças do Estado
falou mais alto.
Mariza sustenta que o plano de carreira tem um
problema crucial: a enorme diferença entre o vencimento básico e a remuneração
final. A diferença entre o vencimento inicial de um professor no nível médio
para o de nível superior, com licenciatura plena, é de 85% no Rio Grande do
Sul. Em São Paulo, fica em 15,76% e, em Santa Catarina, em 16%.
Mariza chegou a elaborar uma proposta de mudança no
plano, mas não teve condições políticas de levá-la adiante. O projeto reduzia a
diferença entre o nível médio e o superior de 85% para 30%, eliminava degraus
que já não fazem sentido na carreira e instituía a remuneração variável de
acordo com o desempenho da escola. Antes que conseguisse convencer os
professores e os aliados, a secretária caiu.
AFINIDADE PARTIDÁRIA
Foram inúteis a pressão dos oficiais da Brigada
Militar e os discursos de advertência da oposição. Com 28 votos, o governo
conseguiu aprovar o polêmico projeto que altera os critérios de avaliação dos
oficiais da Brigada Militar, que, segundo a oposição, abre as portas para a
partidarização da instituição.
– Este projeto fere o interesse público e, de
maneira perigosa para a sociedade, coloca a corporação sujeita aos interesses
políticos – esbravejou o líder da bancada do PMDB, Márcio Biolchi (E), sem dar
ouvidos aos argumentos do líder do governo, Valdeci Oliveira (D).
O governo alega que as promoções são aprovadas por
uma comissão de coronéis, renovada regularmente, sem interferência do governo.
Biolchi disse que, com a mudança, na balança das
promoções uma graduação superior valerá 15 vezes menos do que ter relação
pessoal com o comandante ou ligação partidária com o governo.
ALIÁS
Pelos cálculos da ex-secretária Mariza Abreu, com
os adicionais de tempo de serviço um professor chega ao fim da carreira
ganhando 350% a mais do que o salário básico de quem está entrando.
PT revogou mudança
O presidente do PP, Celso Bernardi, diz que o PT
não tem autoridade para propor alteração no plano de carreira do magistério.
Uma mudança foi aprovada no governo de Antônio Britto, mas, quando assumiu o
Piratini, Olívio Dutra apresentou projeto revogando as alterações e conseguiu
que o plano voltasse ao original.
O projeto aprovado no governo Britto só atingia os
professores que entrassem para o Estado a partir da vigência da lei. Entre as
mudanças, estava a redução dos níveis na carreira do magistério, de seis para
quatro, e a exigência de curso superior para quem quisesse ser professor.
Por pressão da oposição, o governo retirou de pauta
o projeto que previa a criação do 13º salário para os secretários estaduais.
Mais promoções
A principal justificativa do governo para aprovar a
mudança nas promoções é "facilitar a chegada ao topo da carreira". O
secretário da Assessoria Superior do governador, João Victor Domingues, informa
que, além das promoções que ocorrerão em abril, o governo enviará novo projeto
de lei à Assembleia, ainda em março, criando mais vagas de capitão, major,
tenente-coronel e coronel.
A base aliada passou o rodo na Assembleia e aprovou
tudo o que o governo queria sem discussão profunda, já que a maioria das
propostas foi apresentada em regime de urgência.
Pergunta essencial
A Promotoria do Patrimônio Público e o Ministério
Público de Contas encaminharam ofício ao Instituto de Previdência do Estado, ao
Banrisul e ao Previmpa (fundo de pensão dos servidores da prefeitura da
Capital) para que confirmem ou neguem se estão participando de negociações para
integrar a sociedade com a Andrade Gutierrez para reformar e administrar o
Beira-Rio.
Há sérias dúvidas sobre a legalidade de uma
eventual participação dessas entidades no fundo que o Banrisul pretendia criar
para ajudar a financiar as obras.
O procurador-geral do Ministério Público de Contas,
Geraldo Da Camino, já avisou o presidente do Inter, Giovanni Luigi, que, para
evitar conflito de interesse, deixará a Comissão de Obras, que integra na
condição de torcedor colorado, se houver dinheiro público no negócio.
RS Lilás
Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, a
Secretaria de Políticas para as Mulheres está promovendo uma série de
iniciativas e lançando o selo RS Lilás.
Amanhã, o Centro Administrativo vai ser iluminado
de lilás, o Palácio Piratini ganhará um banner com a marca RS Lilás,
guarda-chuva de todas as ações do governo voltadas para as mulheres.
Empresas estatais vão distribuir documento como a
Lei Maria da Penha
Disque 123
Por unanimidade, a Assembleia derrubou o veto do
governador Tarso Genro ao projeto do deputado Paulo Borges (DEM) que institui o
Disque 123 como novo número telefônico da Central de Transplantes.
Até os deputados da base aliada concordaram que o
veto era equivocado.
ARTIGOS
Os vagabundos
e os bandidos de toga
Gabriel Wedy
É um fato histórico e uma constante a ação
institucional da Associação dos Juízes Federais do Brasil no Congresso Nacional
defendendo a elaboração de leis mais rígidas no combate a corrupção, nepotismo,
lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e improbidade na administração pública.
Foi com esses princípios éticos e morais de atuação
que no ano de 2004 a Ajufe defendeu a criação do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), com a aprovação da EC 45, para que se realizasse o controle externo do
Poder Judiciário com a finalidade de democratizá-lo e torná-lo mais transparente
à sociedade, como devem ser, aliás, todos os poderes da República.
Por coerência, a Ajufe é integralmente favorável às
atribuições da Corregedoria Nacional de Justiça, previstas na Constituição
Federal. E espera que, para além de manifestações nas páginas dos jornais e nas
telas da televisão, nunca antes vistas na história do necessariamente recatado
Judiciário brasileiro, sejam adotadas medidas concretas nos autos dos processos
administrativo-disciplinares, para punir aquela ínfima minoria de juízes que
comprovadamente cometeram infrações administrativas. Foi assim que fizeram de
modo efetivo, à altura da liturgia do cargo, todos os ministros do STJ que
ocuparam, sempre com efetividade, a Corregedoria Nacional de Justiça ao longo
de sua história.
Discursos marcados pela retórica populista e a
verborragia carregada e pueril, de todo incompatíveis com os preceitos
definidos pela Lei Orgânica da Magistratura (Loman), não podem impressionar a
sociedade e evidentemente não contribuem em nada para o combate à impunidade.
Os juízes federais brasileiros "não são
vagabundos" e estão longe de serem "bandidos de toga". Dos 62
juízes investigados pelo CNJ por movimentações financeiras atípicas, em um
universo de mais de 24 mil, nenhum é magistrado federal. Ao contrário, os
magistrados federais são operosos, cumprem as metas de produtividade do CNJ, e
exercem com honradez o sacerdócio da toga.
É importante lembrar que a insensatez e
generalizações, ao longo da história, levaram a barbáries coletivas, com
respaldo da opinião pública, como na Revolução Francesa, na "Era do
Terror", com a implacável guilhotina, e na Santa Inquisição, quando o nome
de Deus foi usado para a queima de "bruxas" nas fogueiras. A mais
emblemática de todas foi, no entanto, o julgamento popular de Jesus Cristo,
que, condenado, foi crucificado no meio de dois ladrões.
*Presidente
da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe)
POLÍTICA
Assembléia
aprova novos critérios
Base aliada garantiu a mudança nos procedimentos
usados para ascensão de oficiais, ampliando o peso dado a análises subjetivas
Em uma sessão marcada por vaias, pegadinhas e ânimos
exaltados, foi aprovado ontem, na Assembleia Legislativa, o projeto de lei que
altera os critérios de promoção dos oficiais da Brigada Militar. Com isso, o
peso da nota subjetiva dada aos aspirantes aos postos de major e
tenente-coronel será triplicado, ampliando a chance de "caronas" na
corporação – estratégia utilizada para acelerar a ascensão de determinados
candidatos na carreira.
As "caronas", como ZH revelou na edição
de segunda-feira, tornaram-se comuns no processo a partir de 2006. Desde então,
cabe a uma subcomissão designada pelo comandante avaliar as características
pessoais de cada concorrente.
Em abril, quando deve ser divulgada a nova leva de
promovidos da gestão Tarso Genro, o poder da subcomissão já deverá estar
aditivado. A nota máxima, que hoje é quatro, passará a seis e ainda será
multiplicada por três, chegando a 18. Em contrapartida, a pontuação dada por um
doutorado, por exemplo, continuará em 1,6.
Enviado em regime de urgência à Assembleia, o
projeto vinha causando controvérsia desde a última semana. Ontem, os aliados
decidiram votar a favor, mas apenas dois deles – Raul Pont e Jeferson
Fernandes, ambos do PT – subiram à tribuna. Foram vaiados por cinco dezenas de
oficiais nas galerias.
– Se mais deputados da base não estão se pronunciando,
o motivo é óbvio. A oposição quer apenas provocar debate – disse Fernandes.
Às 16h30min, na tentativa de suspender a sessão, a
oposição deu o troco – mas sem êxito. Surpreendeu os governistas ao pedir a
recontagem dos parlamentares para verificar quórum. A manobra, relativamente
comum no parlamento, causou correria de assessores atrás de deputados que
estavam dispersos no cafezinho, no salão Júlio de Castilhos – e até no
banheiro.
No fim da tarde, em uma última tentativa, a
oposição apresentou cinco emendas. Não teve sucesso. O líder do governo,
Valdeci Oliveira (PT), pediu preferência à votação do texto da proposta,
ignorando as emendas. Indignados, os opositores decidiram abandonar o plenário.
– Não vamos dar respaldo a esse atropelamento –
criticou o líder da bancada do PMDB, Márcio Biolchi.
A votação durou menos de cinco minutos. De costas,
o oficialato protestou em vão. Resultado: 28 votos a zero.
JULIANA
BUBLITZ
Para
entidades, decisão foi "humilhante"
A aprovação do projeto de lei que muda as regras para
a promoção de oficiais na Brigada Militar, que se deu sem qualquer alteração na
proposta inicial, foi comemorada pelo líder do governo na Assembleia, Valdeci
Oliveira (PT). A nova redação da lei, porém, foi criticada pelo presidente da
Associação dos Oficiais da Brigada Militar, José Carlos Riccardi Guimarães.
Ao final da votação, rodeado de jornalistas,
Oliveira disse que as mudanças contribuirão para "oxigenar" a BM e
não demonstrou qualquer preocupação diante das críticas da corporação.
Já Riccardi classificou o resultado como
"lamentável" e "humilhante" para a categoria.
– As alterações vão desmoralizar a Brigada –
resumiu.
Piso
regional terá aumento de 14,75%
Assembleia confirmou ontem reajuste que elevou para R$ 700
a faixa salarial mais baixa
Por unanimidade, os deputados estaduais aprovaram o
novo piso regional do Estado. O texto apresentado pelo governo gaúcho passou na
íntegra pela Assembleia Legislativa e garante salário de R$ 700 para as
categorias incluídas na primeira faixa.
A alta de 14,75% aprovada na noite de ontem tem
efeito retroativo. Passa a valer em 1º de março nas quatro faixas, válido para
trabalhadores que não têm sindicatos organizados e acordo coletivo de trabalho.
Embora não alcance o valor mais alto pago entre os cinco Estados que adotam o
piso regional, o reajuste causou divergência entre entidades empresariais,
governo e sindicatos. São Paulo ficou com o piso mais baixo, de R$ 690, e o
Paraná, mesmo sem definir o reajuste para 2012, ainda paga o maior valor entre
os Estados que adotam o instrumento, de R$ 708,74.
Com o argumento de que o piso regional reduz a
competitividade do Estado, entidades empresariais como Federasul, Fecomércio,
Fiergs, Farsul e FCDL se reuniram com o presidente da Assembleia Legislativa,
Alexandre Postal (PMDB).
– Pedimos emenda que excluísse as categorias que
têm sindicatos organizados, já que não podemos acabar com o piso – disse Zildo
de Marchi, presidente da Fecomércio-RS.
A medida não teve adesão e a única emenda
apresentada, pelo deputado Paulo Borges (DEM), foi rejeitada. O texto
determinava que os trabalhadores de hotéis, bares e restaurantes não entrassem
no piso regional, reivindicação do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de
Porto Alegre (SindPoa), com o argumento de que a categoria é organizada e tem
acordo coletivo de trabalho.
– O governo não pode interferir na negociação entre
trabalhadores e empregadores organizados – diz José de Jesus Santos, presidente
do SindPoa.
Presidente da Central Única dos Trabalhadores no
Estado (CUT-RS), Celso Woyciechowski diz que a medida protege trabalhadores de
cidades onde não há acordos:
– Se trabalhadores e patrões tiverem acordo
coletivo, o piso não é aplicado.
Com a aprovação, são incluídos no piso regional
funcionários de garagens e estacionamentos e em exibidoras e distribuidoras
cinematográficas.
A proposta aprovada ontem também altera a data-base
do piso regional, a partir de 2013, de 1º de maio para 1º de janeiro,
acompanhando a data-base do mínimo nacional.
TÁSSIA
KASTNER
Procurador
sugere a não prorrogação dos pedágios
Após análise do relatório de auditoria operacional
do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o procurador-geral do Ministério Público
de Contas, Geraldo Da Camino, emitiu ontem parecer opinando pela não
prorrogação das atuais concessões de estradas pedagiadas. Ele ainda requereu ao
TCE a expedição de medida cautelar que determine ao Daer o cumprimento do itens
do parecer.
Outras quatro diretrizes foram publicadas por Da
Camino. As três primeiras orientam o Estado a não reconhecer a existência de
dívida com as empresas decorrente do desequilíbrio econômico e financeiro
enquanto não houver deliberação do TCE, garantir a integridade do patrimônio
rodoviário concedido e encaminhar novo processo de licitação em tempo hábil.
O último apontamento solicita a realização de
estudos, em até 120 dias, acerca do alegado desequilíbrio do contrato – as
concessionárias reclamam por não terem recebido reajustes de tarifas e por
enfrentarem prejuízos ocasionados pela abertura de rotas de fuga nas cercanias
das praças de pedágio.
Baseado em parecer do Tribunal de Contas da União
(TCU), Da Camino alerta que o Estado deve fazer o cálculo do desequilíbrio
levando em consideração uma taxa interna de retorno (TIR) compatível com o
atual momento econômico do país, e não com os padrões de 15 anos atrás, quando
os contratos foram firmados.
ECONOMIA
Alemanha
interessada na privatização de aeroportos
Investimentos foram discutidos durante almoço com
participação das chefes de governo
Apesar da troca de farpas entre a presidente Dilma
Rousseff e a chanceler Angela Merkel em razão da guerra cambial, empresários
alemães estão interessados em investir pesado no Brasil na área de
infraestrutura. Aeroportos e o setor de energia eólica são as duas áreas de
maior interesse dos europeus.
Durante um almoço com a participação de Dilma e
Angela, um empresário comentou que chegou a se interessar na última rodada de
privatização de aeroportos. A presidente lembrou que ainda haverá novos
leilões. Outro representante de indústrias da região afirmou que há também interesse
em energia eólica.
– A crise é grande na União Europeia, e eles estão
buscando alternativas de investimentos – comentou um dos participantes do
encontro.
Momentos antes, a presidente e a chanceler fizeram
um passeio de quase duas horas pela Cebit, maior feira de tecnologia do mundo.
O clima entre elas não parecia nada descontraído, mas tiveram de conversar com
expositores e participar de momentos curiosos, como a experiência de colocar um
tablete resistente dentro d"água. A visita, porém, começou pelo estande do
Brasil. Estrategicamente, o momento da foto de Dilma para a imprensa
internacional foi em frente ao espaço da Embraer. Ao lado do cordão de
isolamento, manifestantes carregavam cartazes contra a usina de Angra 3.
Alemanha ainda não tem decisão sobre Angra 3
Ao final da caminhada, as duas conversaram
rapidamente com a imprensa. Em resposta às críticas de Angela ao protecionismo,
Dilma disse que fará de tudo para proteger o Brasil do risco da
desindustrialização, uma das consequências da valorização artificial do real. A
chanceler desconversou:
– Na história há muitos exemplos de que grandes
volumes de liquidez conduziram à instabilidade. Vamos conversar sobre o assunto
na cúpula do G-20 no México.
Pressionada internamente por ambientalistas, Angela
respondeu à pergunta sobre os investimentos em Angra 3, dizendo que o governo
alemão ainda não tomou uma decisão sobre o financiamento da usina brasileira.
Já Dilma avisou que o Planalto vai construir a usina.
– Não temos uma posição de demonizar a energia
nuclear – avisou.
CAROLINA
BAHIA | Enviada Especial/Hannover
Empresas
mineiras avaliam Pelotas
Diretores de cinco empresas do Vale do Aço, em
Minas Gerais, conhecem hoje as condições para investir em Pelotas.
Os investidores pretendem formar um polo para
produzir módulos e outros componentes para a indústria naval de Rio Grande.
Caso se confirmem, os investimentos poderão somar
US$ 100 milhões e gerar 250 empregos diretos. As empresas são Ata Indústria
Mecânica, CMI Montagem Industrial, Facome, Viga Caldeiraria e Kadaba Interprice.
É possível que representantes do estaleiro de Cingapura participem do encontro,
mas a presença não está confirmada.
Interesse em fornecer ao polo de Rio Grande e estar
próximo a uma saída marítima é o que move as companhias ao Estado. De acordo
com Nelson Naibert, diretor da Rosa Naibert Investimentos, que presta
consultoria ao grupo, os empresários visitarão terrenos disponíveis e
participarão de encontros com prefeitura e universidades para conhecer
incentivos fiscais e a oferta de mão de obra.
– Em duas semanas, as empresas deverão anunciar a
decisão quanto ao investimento – afirma Naibert.
Três fabricantes de módulos visitaram Pelotas nos
últimos meses para prospectar investimentos, de acordo com a Secretaria de
Desenvolvimento do município.
Banrisul
obtém grau estável
O Banrisul informou ontem que a agência classificadora
de risco de crédito Standard & Poor"s Ratings Services atribuiu à
instituição grau de investimento BBB- em escala global.
Na escala nacional brasileira, o banco recebeu o
rating mais elevado possível: brAAA. O presidente do Banrisul, Túlio Zamin, destaca
que a agência Standard & Poor"s divulgou pela primeira vez a
classificação Investment Grade do banco.
CAMPO E LAVOURA
Votação
do Código é adiada
Sem consenso entre governo e bancada ruralista, a
Câmara dos Deputados adiou a votação do Código Florestal para a próxima semana.
Enquanto o Planalto insiste em manter integralmente o texto aprovado pelo
Senado em dezembro, ruralistas trabalham por mudanças no relatório do deputado
Paulo Piau (PMDB-MG).
Pressionado pelos dois lados, o peemedebista
atendeu ao governo e pediu mais uma semana para a análise do texto pelo
plenário, último passo antes de a reforma ser sancionada pela presidente Dilma
Rousseff.
A bancada insiste em alterar as regras para a
produção rural em áreas de preservação permanente (APP), como topos de morro,
encostas e margens de rios. Pretende deixar de fora do texto qualquer obrigação
de recuperar essas áreas. Os produtores querem trazer de volta a emenda que
anistiava desmatamentos em APPs. A presidente Dilma já disse que vetaria
anistia a desmatadores.
O governo avalia que é arriscado permitir qualquer
alteração no projeto e quer aprová-lo neste mês. Para isso, o Palácio do
Planalto sinaliza que usará um trunfo na negociação: o decreto que suspende
multas de proprietários que não estiverem em conformidade com o código atual. O
decreto, prorrogado há três anos, vence em 11 de abril.
Em Porto Alegre, protesto da Via Campesina – um
grupo de mulheres trancou o pedágio na BR-290 – demonstrou a insatisfação em
relação ao texto do código.
GERAL
Projetos
endurecem a Lei Seca
Tramitam no Congresso ao menos 45 propostas sobre a
associação do álcool com o volante, 90% criando regras mais rigorosas
A quantidade e o teor dos projetos em tramitação no
Congresso envolvendo embriaguez ao volante sugerem que os legisladores querem
aumentar o rigor das punições para quem bebe e dirige. Um levantamento no
sistema de busca disponível na internet revela pelo menos 45 propostas
diferentes enfocando o problema do álcool no trânsito. Acima de 90% trazem
medidas mais duras para os motoristas que ignoram a chamada Lei Seca.
Vários desses projetos são semelhantes e tramitam
de forma conjunta para, caso aprovados, se transformarem em uma nova lei única.
Analisados separadamente, porém, revelam que a grande maioria das sugestões de
mudança no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) procura aumentar penas,
facilitar a submissão a exames de alcoolemia como o bafômetro ou impor novos
castigos para quem dirige sob efeito do álcool e outras substâncias
entorpecentes.
Ontem, o autor de algumas das medidas em análise, o
deputado federal Hugo Leal (PSC/RJ), negou que o projeto que deverá alterar a
redação da Lei Seca terá o sentido de abrandá-la – como chegou a ser divulgado
na imprensa. Ele esclarece que o texto a ser apresentado ainda não está pronto,
mas deverá dobrar a penalidade administrativa para motoristas que reincidirem
na embriaguez ao volante.
– Não há nenhum tipo de afrouxamento da lei. Pelo
contrário. Estamos fazendo adequações para que as provas sejam ampliadas – garantiu.
Uma das ideias é permitir que outros meios, além do
bafômetro e do exame de sangue, permitam atestar a embriaguez – entre eles
testemunhos, imagens, vídeos, testes de sobriedade e de equilíbrio ou exames
clínicos. Diversas outras propostas trazem novas medidas, incluindo até a
possibilidade de o motorista embriagado perder a propriedade do veículo em caso
de se envolver em acidente.
Para o especialista em trânsito e transporte e
professor da Unisinos João Hermes Junqueira, reforçar o arsenal legal pode ser
positivo, mas de nada adianta se não houver reforço em fiscalização e aplicação
das normas.
– Tudo o que vem para reduzir a acidentalidade é
favorável. Mas nem sempre adianta muito, porque temos série de leis que não são
cumpridas. Fazer norma para não se cumprir é perda de tempo – avalia.
Exemplos de propostas
CONCORDÂNCIA PRÉVIA COM EXAMES
Confira algumas das medidas em tramitação no Congresso:
- O Projeto de Lei 3.194 de 2012, de autoria do deputado
paulista Jonas Donizette (PSB), prevê que os candidatos a motorista assinem um
termo de autorização e concordância para serem submetidos a testes ou exames
para apurar a influência de álcool ou outras substâncias psicoativas, ao
conduzir veículo automotor, como requisito para conquistar a CNH.
PERDA DO VEÍCULO EM CASO DE ACIDENTE
- Apresentado no ano passado, o projeto 2.852
estabelece que "o motorista alcoolizado poderá perder o veículo automotor
na hipótese de provocar acidente de trânsito com ou sem vítima". Estaria
sujeito a essa pena o condutor que estivesse guiando veículo com concentração
alcoólica suficiente para ser enquadrado em crime (seis decigramas por litro de
sangue).
PENAS MAIS DURAS
- Apresentado em 2010 e ainda em tramitação, o
projeto 7.596 prevê ampliação do castigo para os condutores que praticarem
homicídio culposo na direção de veículo automotor. Hoje, o homicídio culposo
resulta em até quatro anos de detenção, podendo ser ampliada em até a metade. A
proposta prevê até 15 anos, podendo ser aumentado também pela metade em caso de
embriaguez ou uso de tóxicos.
PERDA DO DIREITO À INDENIZAÇÃO
- O projeto 6.144 de 2009, que tramita anexado a
outra proposta semelhante, estabelece que a recusa do motorista em se submeter
ao bafômetro ou outro tipo de teste faz com que se presuma que ele está com
concentração alcoólica equivalente à prática de crime. A proposta também prevê
perda do direito do proprietário ou condutor do veículo em utilizar o seguro ou
receber qualquer indenização por danos pessoais ou materiais em caso de
acidente.
marcelo.gonzatto@zerohora.com.br
MARCELO GONZATTO
Ministério
busca mobilizar o país
A iniciativa do Ministério da Saúde de combater a
obesidade, envolvendo estudantes de cinco a 19 anos, integra a primeira edição
da Semana de Mobilização Saúde na Escola, que ocorre em todo o país. Participam
22 mil escolas. No Estado, são 58 municípios envolvidos. Lutar contra a obesidade
é uma forma de prevenir doenças.
– A ação nos permite a integração da educação e da
saúde dentro da sala de aula. Estamos pautando, no início dos trabalhos, o tema
da obesidade, mas vamos, ao longo do ano, tratar de assuntos como educação
sexual, deficiências auditivas e educação ambiental – diz Helvécio Magalhães
Júnior, secretário nacional de Atenção à Saúde.
Desarticulado
grupo que fraudava INSS
Esquema ocorria na Capital, e prejuízos são estimados em R$
3,1 milhões
Um grupo suspeito de fraudar benefícios
previdenciários de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez foi
desarticulado ontem, em Porto Alegre, em operação da Polícia Federal em
conjunto com a Previdência Social.
Os prejuízos ao Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) e à Justiça Federal são estimados em R$ 3,1 milhões nos últimos dois
anos, sem considerar os causados às empresas com o afastamento irregular dos
funcionários e ao Instituto de Previdência do Rio Grande do Sul (IPE).
A Operação Blindagem II cumpriu seis mandados de
busca e apreensão e quatro mandados de suspensão de exercício de atividade
econômica de um psiquiatra, dois advogados e um despachante previdenciário. As
investigações começaram em novembro passado, após denúncia do esquema.
Coordenadora da força-tarefa de Crimes
Previdenciários, Ilienara Karas explica que o médico expedia laudos falsos
atestando doenças psiquiátricas, cobrando entre R$ 120 e R$ 140. Intermediários
ou advogados utilizavam esses documentos para solicitar benefícios. O esquema
ocorria em Porto Alegre, mas pessoas de outras cidades teriam se beneficiado.
Os envolvidos serão intimados a depor e podem ter
de reembolsar a Previdência. Pessoas que utilizaram atestados falsos poderão
ser chamadas a depor. Participaram da operação 30 policiais federais e sete
servidores da Previdência.
"Os beneficiários do esquema criminoso não
possuíam doença incapacitante, sendo que muitos sequer iam até o médico,
obtendo os laudos através dos intermediários ou os recebendo pelos
Correios", informou nota do Ministério da Previdência.
Lei
Geral da Copa é aprovada na Câmara
Texto ainda precisa passar por votação no plenário da Casa
e no Senado
Após cinco meses de discussão, a comissão especial
da Câmara dos Deputados aprovou o texto da Lei Geral da Copa. A votação ganhou
ares de crise depois que o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, sugeriu um
"chute no traseiro" do Brasil para acelerar a aprovação do texto.
Duas polêmicas atingem diretamente o bolso da Fifa:
a meia-entrada e a liberação de bebida alcoólica. Pela versão aprovada, os
estudantes terão meia-entrada na categoria 4 de ingressos, com assentos menos
valorizados, e o preço será de US$ 25, com venda em sorteios. Os idosos terão
desconto em todas as categorias.
O texto da lei da Copa deverá ir ainda ao plenário
da Câmara, amanhã, e seguir para o Senado antes de ir à sanção da presidente
Dilma Rousseff.
Após diversas mudanças, o projeto aprovado na
comissão libera o consumo de cerveja nos estádios na Copa e na Copa das
Confederações.
A liberação foi um dos pontos que teve resistência
entre os próprios deputados, inclusive da base governista. Enquanto pela lei
brasileira, é proibido vender e consumir cerveja nos estádios, a FIFA exigia
sua incorporação, já que entre seus patrocinadores está a cervejaria Budweiser.
Os legisladores aprovaram uma exceção a essa norma
durante os jogos da Copa. Foi a votação mais apertada entre os pontos
discutidos: 15 a 9. Mesmo com cinco meses de discussão, a Fifa ainda terá que
se contentar com uma versão do texto sem todos os detalhes do compromisso.
A venda pela metade do preço para os maiores de 60
anos foi deixada no texto definitivamente. Os legisladores também concordaram
em reservar até 300 mil entradas a preços populares para estudantes e os
beneficiários mais pobres dos programas de assistência do governo, segundo o
líder do governo entre os deputados, Cândido Vaccarezza.
A Fifa queria incluir cláusula na qual caberia ao
governo cobrir prejuízos causados até por desastres naturais.
O governo queria garantir danos gerados por sua
própria "ação ou omissão". Ficou a versão do governo e, depois, a
Advocacia-Geral da União deverá detalhar o texto.
A polêmica
- A Lei Geral da Copa tornou-se um ponto de atrito
entre o governo brasileiro e a Fifa.
- Uma das principais polêmicas era a venda de
bebida alcoólica, que é proibida nos estádios brasileiros.
- Após vários adiamentos, os deputados já haviam
aprovado o texto principal na semana passada. Um erro regimental, porém, forçou
o presidente da comissão a anular a votação.
- A demora na aprovação da lei irritou o
secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo,
enviou um documento à entidade pedindo um novo interlocutor nos assuntos sobre
a Copa. Valcke pediu desculpas.
Bicicletada
pede mais segurança
Ciclistas de várias cidades brasileiras realizaram
na noite de ontem manifestações para pedir mais atenção às bicicletas como meio
de transporte. Chamada de Bicicletada Nacional, a ação tem por objetivo exigir
mais segurança no trânsito por meio de ações como a construção de ciclovias e a
realização de campanhas educativas para sensibilizar os motoristas.
A iniciativa é uma ampliação dos passeios que
grupos realizam semanalmente em cidades de todo o país e foi desencadeada
depois que ao menos menos três ciclistas perderam a vida, atropelados em apenas
um dia.
POLICIA
Bolívia
promete devolver carros
Nove meses depois de promulgar a Lei de Saneamento
do Veículo, que legaliza automóveis que circulavam ilegalmente na Bolívia, o
governo de Evo Morales divulga a intenção de repatriar carros que teriam
entrado irregularmente naquele país. A identificação dos carros roubados foi
feita durante o cadastramento dos veículos ilegais na Bolívia. Na lista estão
cerca de 130 mil automóveis. Desse total, 8,5 mil são do Brasil, mas só 483 são
identificados como roubados.
MUNDO
Bloqueios
no Chile detêm brasileiros
População tranca estradas em protesto contra preço
de produtos em região de difícil acesso
Ao protestarem contra o isolamento do resto do
país, moradores da região de Puerto Aysén, no sul do Chile, bloqueiam estradas
há três semanas, impedindo a passagem de caminhoneiros estrangeiros, entre eles
um gaúcho e um paranaense (leia a entrevista ao lado). A população exige do
governo chileno investimentos para minimizar no custo de vida o impacto dos
1.670 quilômetros de distância da capital, Santiago, em uma geografia
montanhosa.
As vias que interligam Aysén ao restante do
território chileno e também à Argentina estão interrompidas. Ontem,
manifestações reuniram 4 mil pessoas em Aysén e Coyhaique.
Cerca de 500 pessoas se mobilizaram também em
Santiago, mas o movimento foi dissolvido pela polícia. Outro ato semelhante
está programado para as 17h de hoje.
Agrupada no Movimento Social pela Região de Aysén,
a comunidade enviou ao presidente Sebastián Piñera reivindicações. Eles
reclamam do preço alto dos combustíveis, do gás de cozinha e de outros itens
básicos, como água – por conta do isolamento. Enquanto o governo não acena com
subsídios e redução nos custos, o trânsito não deverá ser liberado.
Na segunda-feira, uma reunião com o governo acabou
sem acordo.
– Não podemos desbloquear todas as estradas porque
não temos nada. Conhecendo as pessoas que estão nos governando, não
desbloquearemos as ruas – afirmou o presidente da entidade que representa
pescadores artesanais de Aysén, Honorino Angulo.
Santiago
REPORTAGEM ESPECIAL
Em voo
baixo
Depois de atingir uma camada de ar frio provocada
pelos ventos europeus e por medidas internas dedicadas a apagar o fogo da
inflação, a economia brasileira perdeu velocidade e fechou com alta de 2,7% no
ano passado. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) anunciado ontem pelo
IBGE ficou abaixo da expectativa, mas os dados mostram uma reativação no último
trimestre que ajuda a projetar voos mais altos neste ano.
Mais uma vez, o ritmo da economia brasileira foi
ditado pela demanda interna, ou seja, pelos gastos das pessoas e das empresas
dentro do país. Caso o PIB fosse medido apenas por esse critério, o crescimento
teria sido bem mais robusto, de 3,4%. Os negócios que dependiam do Exterior,
porém, provocaram redução de 0,7% no resultado. O sopro mais forte do mercado
doméstico foi, mais uma vez, o consumo das famílias, que subiu 4,1%. Mas apesar
de ter sido o oitavo ano seguido de expansão, o resultado foi o menor desde
2003.
Esse desempenho foi atribuído pelo próprio ministro
da Fazenda, Guido Mantega, aos esforços do governo para conter a inflação,
iniciados ainda no final de 2010. Autoridades e analistas ponderam, porém, que
esse cenário se alterou e permite projetar uma situação diferente para este
ano. É mais do que uma coincidência que a divulgação do PIB de 2011 tenha
ocorrido na véspera de uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do
Banco Central cercada de polêmica, com projeções de corte no juro básico de 0,5
ponto percentual até 1 ponto percentual. O juro ainda é a arma mais poderosa do
governo para calibrar o sobe e desce da economia: quando a taxa sobe, como no
início do ano passado, faz o PIB encolher. Quando diminui, estimula compras,
negócios e investimentos.
– Na medida do necessário, vamos anunciando novos
instrumentos e novas medidas que vão garantir para 2012 um crescimento maior –
avisou Mantega.
BC prevê ritmo mais forte
Em nota, o Banco Central destacou a expansão do
investimento no último trimestre de 2011 – nas contas do PIB, medido por um
indicador chamado Formação Bruta de Capital Fixo. Por isso, a instituição
aponta "intensificação do ritmo de atividade ao longo deste ano, com a
economia crescendo em ritmo maior do que o observado no ano passado".
Analistas concordam com a avaliação do BC, graças
ao efeito dos cortes do juro básico e da redução dos estoques na indústria no
final do ano, que tende a movimentar a indústria em 2012. O economista-sênior
para América Latina da Economist Intelligence Unit (EIU), Robert Wood, observa
que a melhora da economia global também deve ajudar o Brasil.
ESPORTE
Comitiva
da Fifa vistoria Beira-Rio
Uma equipe de 36 integrantes do corpo técnico da
Fifa e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014 chegou ontem à noite a
Porto Alegre. O grupo, chefiado por Fúlvio Danilas (Fifa) e Ricardo Trade
(COL), conhecerá detalhes da reforma do estádio e o cronograma de obras.
Integrantes da prefeitura da Capital e do governo do Estado tratarão sobre
transporte, segurança e hospitalidade.
Às 10h, os técnicos farão vistoria completa no
estádio. Porém, ainda não devem ver máquinas funcionando – no Inter, a determinação
é de que não haja nenhum movimento sem o contrato estar assinado. Na semana
passada, organizadores da Copa temiam que a Fifa pudesse dar um ultimato à
cidade por conta do imbróglio no Beira-Rio. Depois da manifestação da Andrade
Gutierrez, que chegou a locar equipamentos para a obra, o ânimo melhorou .
A primeira etapa das inspeções foi em setembro de
2011 nas quatro sedes confirmadas da Copa das Confederações de 2013 –
Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro – e nas duas pendentes –
Recife e Salvador.
A próxima visita do tipo ao Beira-Rio deve ser
daqui a seis meses, desta vez com a presença do secretário-geral da Fifa,
Jérôme Valcke.
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